Onde Andará Dulce Veiga?

Onde Andará Dulce Veiga? Caio Fernando Abreu




Resenhas - Onde andará Dulce Veiga?


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Clareana Arôxa 06/09/2010

Onde andará Dulce Veiga?
Apenas se deveriam ler os livros que nos
picam e que nos mordem.
Se o livro que lemos não nos desperta como
um murro no crânio, para que lê-lo?
[ Franz Kafka]



Onde andará Dulce Veiga? é o segundo romance, de Caio Fernando Abreu. Publicado nos anos 90, o livro tem um quê de filme e impõe ao leitor uma busca de vários sentidos e caminhos, ao longo das páginas. Não se sabe se a perseguição a Dulce é mero faro jornalístico do personagem ou se é uma a necessidade de algo que faça sentido e contenha respostas - a grande ferida dos considerados pós-modernos.

O livro conta a história de um jornalista fracassado, cuja vida é recheada de contradições e lacunas. De repente, ele se vê mergulhado no mistério do desaparecimento da cantora Dulce Veiga e a partir disso entra em contato com tudo o que o atormenta. Caracterizando uma geração dos anos 80, cheia de mazelas herdadas da época repressiva da ditadura, Caio veste os personagens com o excesso dos que sentem demais e dos que não sabem lidar com si mesmos. Tudo é real, tocável e pede pressa, inclusive o leitor.

A perseguição por respostas é contínua ao longo do livro. Sejam elas no âmbito do medo, da sexualidade, da falta de sentido. Tudo corrói aos poucos. Adepto dos que vivem realmente e não apenas mudam o dia no calendário, Caio descreve um homem repleto de paranoias e que de tão típico, assusta. A cada página um aviso: olha o que você pode ser. Ler Onde andará Dulce Veiga? é a certeza que dali não se sai mais o mesmo.

Na verdade, eu deveria cantar.



*Na edição da Agir, ainda há cartas do autor endereçadas a amigos que relatam como foi escrever Onde andará Dulce Veiga?, “Então fica assim: Onde andará Dulce Veiga? foi o livro que mais me doeu. Veja só: em nenhum momento ele fluiu. Foi escrito gota -a- gota, palavra por palavra”, relata Caio em uma das cartas.


larissa dowdney 25/02/2010

Começa muito bem, mas do meio pro final ele se perde um pouco na narrativa e nos personagens. Mas, ainda assim, é um livro cheio de sentimento e tiradas dessas que você sublinha no livro pra reler depois. Não é um dos melhores do Caio F. - que, por sinal, é magnífico - mas é bom.
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Gláucia 09/07/2010

Passável
Mistura suspense num clima de nostalgia e a partir de um determinado momento você também ficará perdido, assim como Dulce Veiga.
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Vanessa Isis 26/07/2010

Fascinante! O termo mais adequado para se utilizar ao referir-se a esta história maravilhosa do Caio Fernando Abreu. O livro consegue, do começo ao fim, prender a atenção do leitor de uma forma singular. Cabe perfeitamente dentro do seleto grupo que quando você termina tem vontade de voltar ao começo e ler tudo de novo. Fantástico, um dos meus favoritos.
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Ghiza Rocha 21/02/2011

"- São tudo histórias, menino. A historia que está sendo contada, cada um a transforma em outra, na história que quiser. Escolha, entre todas elas, aquela que seu coração mais gostar, e persiga-a até o fim do mundo. Mesmo que ninguém compreenda, como se fosse um combate. Um bom combate, o melhor de todos, o único que vale a pena. O resto é engano, meu filho, é perdição."

Este livro me fez repensar o outro. Repensar a mim mesma... A gente acha que tem tudo já pronto na mente. O Caio me fez olhar sob uma nova ótica...
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Marina 19/07/2011

Abri o chuveiro, mas a água fria não conseguia resgatar aqueles restos
e reflexos de imagens perdidas, viradas pelo avesso. Entre os pêlos negros do peito, contei à toa dois fios inteiramente brancos. Amanhã, serão três pensei. Depois dez, cem. Mil, em direção a quê? (ABREU, 2003, p. 76)

- São tudo histórias menino. A história que está sendo contada, cada
um transforma em outra, na história que quiser. Escolha, entre todas elas, aquela que seu coração mais gostar, e persiga-a até o fim do mundo. Mesmo que ninguém compreenda, como se fosse um combate. Um bom combate, o melhor de todos, o único que vale a pena. O resto é engano, meu filho, é perdição.
(ABREU, 2003, p. 204)

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Andressa 27/12/2011

Caio F. Abreu - Onde Andará Dulce Veiga? Um Romance B.
Onde Andará Dulce Veiga? Um Romance B é um romance de Caio Fernando Abreu. Conta a história de um jornalista que, depois de muito tempo desempregado, consegue um “trabalhinho de repórter no Diário da Cidade, talvez o pior jornal do mundo”. Sua tarefa é fazer uma entrevista com a banda feminina de rock “Márcia Felácio e as Vaginas Dentatas” Quando ele consegue marcar a tal da entrevista com a vocalista Márcia, descobre que ela é filha de Dulce Veiga, cantora que desapareceu misteriosamente há vinte anos. Ao comentar esse curioso fato com seu chefe Castilhos, este lhe incumbe de escrever uma crônica sobre a cantora desaparecida. Retornando à Dulce Veiga, a narrativa se desenvolve numa fusão de recordações (do narrador, das fontes que são ouvidas, de informações coletadas na mídia, de outros textos literários, de mitos da tradição e de ícones da indústria cultural). Depois de publicada, a crônica comove o público de tal forma que o dono do jornal, Rafic, promove o jornalista a “detetive” para que este tente encontrar o paradeiro de Dulce. No meio de sua procura, vários mistérios surgem, várias mentiras se confundem com verdades e muitas versões da mesma história são contadas. As personagens são bem características de Caio e bem variadas: prostitutas, macumbeiros, velhos, bêbados, mendigos, ricos, pobres, etc. A trama vai ficando cada vez mais confusa.
Caio F. morreu em 25 de fevereiro de 1996, em Porto Alegre, aos 47 anos, no auge da carreira literária internacional, vítima de HIV. A presença do vírus foi confirmada em 94, mas Caio desconfiava desde os anos 80, dúvida que assombrou e deixou marcas profundas em sua obra, inclusive em Dulce Veiga: a “contaminação” está presente em diferentes situações, mas pode ser sintetizada nos versos da banda Vaginas Dentatas, liderada pela filha de Dulce, a roqueira Márcia: “o passado é uma cilada,/ não há presente nem nada,/ o futuro está demente: estamos todos contaminados” (ABREU, 1990, p. 79).
No romance há quatro personagens soropositivos: dois ausentes. O primeiro é Pedro, que desapareceu após o caso de amor com o repórter-narrador. O segundo leva o nome de Ícaro, que morreu vitimado pelo HIV, ex-namorado de Márcia. Ela é a terceira vítima. O quarto personagem é o narrador jornalista. Contudo, a palavra Aids só aparece uma vez ao longo de toda a narrativa e surge na voz da roqueira Márcia. Em todas as outras situações, Caio F. usa o recurso da elipse.
Dotado da linguagem baixo-astral bem comum nas histórias de Caio, o romance vai se desenrolado de maneira surpreendentemente agradável e simples. As personagens se conectam e alguns terminam por mostrar várias facetas de sua personalidade no decorrer das 213 páginas do livro.
Narrado em primeira pessoa, a leitura é simples e rápida. A maneira como o autor nos conta a história é instigante e faz com que o leitor devore o livro para tentar descobrir onde andará Dulce Veiga.
E por que B? A referência remete ao cinema e às classificações que buscam categorizar hierarquicamente a qualidade dos produtos culturais para seu público. Filmes B eram aqueles que originariamente possuíam baixos orçamentos e por isso tinham menos condições de representar, com o mesmo poder de ilusão, a realidade que os filmes A, considerados até então como melhores. Ao se apropriar do termo para o vasto terreno da literatura, Caio não só questiona essa categorização, como lança um alerta para a questão da precariedade material em que vive o escritor no Brasil, o baixo orçamento, o lugar que ocupa a literatura no país, o escritor, suas condições materiais e seu relevo.

ABREU, Caio Fernando. Onde andará Dulce Veiga? Um romance B. São Paulo: Companhia das Letras, 1990
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mila 10/07/2012

Primeiro livro que li do Caio Fernando e tenho que admitir que me surpreendi. Esse livro me inspirou de tal forma que escrevi um poema. O modo como ele descrevera as ruas de São Paulo e os seus personagens foi algo muito tocante pra mim e claro todo o mistério envolvido no romance sobre a cantora Dulce Veiga. É um livro rock'n roll, posso dizer. Drogas e sexo embutidos. Tive o prazer de ter muitas sensações ao lê-lo. Um ótimo livro.
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Jairo.Escudero 24/11/2012

Uma busca pessoal, com trama interessante, que toca em várias feridas de nossas cidades grandes.
A busca do personagem central (sem nome) por uma cantora de sucesso de tempos atrás, chamada Dulce Veiga, constitui o desenvolvimento e o suspense da história, a qual se passa numa só semana (de segunda a domingo). Bem contada, com momentos desvairados de descrições aleatórias, estranhos sonhos e "viagens" malucas, a história prende o leitor, fazendo com que ele queira realmente saber onde anda Dulce Veiga e porque ela desapareceu, há mais de 20 anos. A narrativa também expõe, se bem que sutilmente, pois fazem parte do ambiente habitado e traçado pelo protagonista, vários dos problemas das cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, tais como os sem-tetos, as drogas e a violência.

Um dos melhores momentos epifânicos acontece quando finalmente, depois de encontrar Dulce Veiga, ela lhe dá um chá que faz com que, durante a longa alucinação que se desenrola, ele ouça uma voz, sem saber de quem, a qual diz:

"— São tudo histórias, menino. A história que está sendo contada, cada um a transforma em outra, na história que quiser. Escolha, entre todas elas, aquela que seu coração mais gostar, e persiga-a até o fim do mundo. Mesmo que ninguém compreenda, como se fosse um combate. Um bom combate, o melhor de todos, o único que vale a pena. O resto é engano, meu filho, é perdição."

Literatura sempre deve fazer-nos refletir, e a citação acima juntamente com a metáfora do joguinho da gota de mercúrio no labirinto (cujo objetivo é chegar ao centro do labirinto inteira) foram as mais contundentes fontes de reflexão neste livro que, na minha opinião, vale a pena ler.
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Pascale <3 16/12/2013

Onde Andará Dulce Veiga?
Já li e reli essa obra por determinado motivo: Caio! Acompanho as obras desse autor fabuloso e considero esse livro o melhor de sua carreira. Por motivos diversos CFA dedicou-se a escrever crônicas ou textos curtos em detrimentos de histórias completas como esse caso. "Onde Andará Dulce Veiga" é uma exceção maravilhosa. O livro conta a história de um repórter, que vivendo uma vida solitária e doente redescobre o fascínio a partir do desaparecimento de uma antiga cantora fabulosamente conhecida. A trama envolve homossexualidade, Aids, suspense, drama e amor. Vale a pena uma conferida =)

site: @SagiPascale
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Léia Viana 03/06/2014

"Na-minha-vida-de-retinas-fatigadas tenho descoberto essa obviedade: talento é raríssimo, meu bem" E talento Caio tinha de sobra!
Ler Caio é sempre algo transformador e às vezes dolorido. A maneira como ele via a vida e construía suas histórias, tão cheias de sentimentos e tudo muito palpável, real e identificável. Talvez seja por isso que ler Caio, independentemente da história, conto, é algo revelador e muitas vezes conclusivo para o leitor.

“A vida não é apagável, pensei. Nem volta atrás. Ainda não construíram a máquina do tempo. Ninguém virá em meu socorro. Faz tanto tempo que invento meus próprios dias. Preciso começar por algum ponto.”

A narrativa começa demonstrando a apatia do personagem principal perante a vida e a tudo que o cerca. Além disso, outras questões fazem parte deste enredo, como a violência urbana, as drogas, o desencanto com o movimento das “diretas já”, tudo isto esta no cenário desse personagem nostálgico, perdido e muito humano, que não para de refletir sobre a sua vida, seu passado,seu presente e seu futuro. Há muitas voltas ao passado do personagem, o romance em muitos momentos é intimista, há o pensamento do personagem, e esse não é linear.

“-Não quero lembrar. Faz mal lembrar das coisas que se foram e não voltam. No começo, fiquei com raiva, achei que ela não pensou em mais ninguém quando desapareceu. Só nela mesma. Mas a gente nunca pode julgar o que acontece dentro dos outros. Ela queria outra coisa.”

Gostei da formação dos capítulos, que abre com o nome de um dia da semana para cada tema. Adorei a editora ter publicado no final do livro, as cartas enviadas a amigos, em que Caio conta o processo de criação deste livro.

“As coisas vivas, pensei, as coisas vivas não precisam pedir.”

Leitura recomendada!
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Carla 17/07/2014

Fascinante.
Sou suspeita pra falar de Caio, mas esse livro é fascinante, te prende do começo ao fim,uma viagem maravilhosa de se fazer.
Caio descreve São Paulo e os personagens de uma forma tão mágica que é impossível não montar mentalmente a cena exatamente como ela é.
Devorei esse livro em exatamente 4 dias e quando eu acabei eu queria mais do Caio, queria recomeçar o livro, anotar os melhores trechos, estudar cada frase, aliás, pra mim TUDO que Caio escreve é doce, é esplêndido, e como eu sempre digo pra todo mundo que me conhece, Caio deveria ser eterno.

Enfim, leiam e se entreguem.
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Caio Chaves 25/02/2016

Tinha muita curiosidade ler alguma sobre do Caio Fernando Abreu e não apenas aquelas frases desconexas que são postadas pra ganhar curtidas no Facebook. E esse romance dele acabou me chamando atenção, decidi dar uma chance, além de querer ler mais autores nacionais nesse ano de 2016.
Baixado o ebook, a história me envolveu logo, achei muita boa a narração do autor, muito fluída, repletas de referências a cultura pop, personagens bem ambíguos e situações hilárias.
Gostei bastante, só que na metade do livro a narração pra mim se perdeu um bocado em vários capítulos no excesso de referências e frases jogadas ao vento, só por isso não dei a nota máxima aqui no Skoob.
O submundo paulista narrado pela ótica do autor foi bem interessante e no clímax da história eu tive uma surpresa e fiquei triste que tenha sido tão rápida. A partir daí a história se torna bem melancólica.
É um livro que toda hora é uma montanha russa e isso é ótima, nem notei que 256 páginas depois não havia mais nada, fiquei triste ao me despedir dos personagens e não poderia pensar em um final melhor do que aquele.
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Adriana Scarpin 29/02/2016

Em honra dos 20 anos da morte de Caio Fernando Abreu
Se eu tivesse que escolher um livro para representar os anos 80 do século XX, escolheria esse, não só porque ele represetna uma simbologia deslumbrante daquela década, mas pelo estilo do Caio que comunga fortemente com o cinema, não é preciso que ninguém fale que ele é um cinéfilo, a forma de pensar dele é de quem injeta filmes nas veias e isso aparece nitidamente na escrita dele.
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Felipe.Oliveira 18/01/2017

Percebendo o mundo e a si mesmo.
Essa obra trata da busca de uma cantora famosa a muito tempo sumida, onde nosso personagem principal não identificado, nos relata sua investigação para descobrir seu paradeiro e ao mesmo tempo nos relata as diferentes experiências adquiridas no caminho ao conhecer os diferentes tipos de pessoas envolvidos tanto com a cantora, como perceber melhor as pessoas que estão a sua volta. Sempre opinativo e observador, nos leva a perceber o mundo em que ele mesmo está perdido e essa visão(em construção) do que está em sua volta é simples no dizer e complexa em sentir. Esse homem de aproximadamente 40 anos na verdade procura um novo sentido na vida e a jornada para encontrar Dulce Veiga, faz parte da descoberta desse novo sentido.
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