@retratodaleitora 15/11/2015E a "fórmula" dá certo, mais uma vez... "Quando estamos juntos ninguém cai, desaba ou desiste."
Zac Meier tem 17 anos e está internado em total confinamento junto apenas de sua mãe, que não larga do seu pé. A vida no hospital é totalmente sem-graça e sua rotina é entediante. Ele passou por um transplante de medula, depois que seu câncer se recusou a responder às quimioterapias, e agora precisa ficar trancado em um quarto esterilizado esperando e torcendo para que seu corpo aceite a novidade.
Sua rotina, que se resume a jogar palavras cruzadas com sua mãe e ter suas fezes monitoradas por enfermeiras, é quebrada quando uma novata ocupa o quarto 2, ao lado do seu.
Mia Phillips também tem 17 anos, e seu câncer é na perna. Mal-humorada, bonita e totalmente contra qualquer cirurgia que tentem fazer antes de sua formatura, dali a pouco tempo. Logo no primeiro dia testa a paciência de Zac colocando Lady Gaga para tocar no último volume. Quem ela pensa que é?
Logo eles vão aprendendo mais um sobre o outro durante o tempo que estão ali, seja por gritos e discussões familiares no quarto de um, ou uma espiada no quarto do outro. Ou também com o código só deles, batidas na parede às 3 da manhã podem significar muito.
Mia não consegue aceitar a realidade de sua doença. Zac já está a tanto tempo ali que não consegue mais lembrar de outra realidade. Ambos estão doentes. Ambos precisam conversar. Mas parece que só o Zac está disposto a fazer alguma coisa...
Narrado sob dois pontos de vista diferentes e com 39 capítulos, dividido em 3 partes, Zac & Mia é um sick-lit com todas as características presentes no gênero, mas possui a particularidade de não possuir um romance iminente.
Zac tem leucemia e está a meses passando por diversos tratamentos; agora se recuperando de um transplante de medula em um quarto pequeno e totalmente esterilizado tendo como companhia sua mãe, que nunca vai para casa. Zac aceita sua realidade, ele está nas estatísticas. Não tinha como ser diferente. São números. E ele se agarra nesses números para, quem sabe, estar entre os sobreviventes também.
Já Mia não aceita de jeito nenhum o rumo que sua vida tomou. Ela era uma garota bonita, forte e popular. O tipo de garota que causa inveja nas colegas e que está sempre em destaque nas festas, chamando atenção por onde passa. E agora, puff, está com câncer e seus cabelos estão caindo; além de ter que lidar com uma possível amputação. Não é fácil para ela acompanhar esse desenrolar e não poder fazer nada para pausar os acontecimentos e recuperar sua vida de aparências.
Os dois personagens não possuem nada em comum além do fato de estarem doentes e no mesmo corredor do hospital. Zac vive em uma fazenda com sua família amorosa e unida. Mia vive apenas com sua mãe, em uma relação baseada em brigas e mais brigas.
O Zac faz de tudo para ajudá-la, tirando força de onde já não tem para fazer com que ela se sinta melhor, bonita e interessante, sem querer nada em troca. E por ajudá-la tanto, acaba esquecendo um pouco seus próprios dramas, se doando para a garota que, sem mais nem menos, invade sua vida sem se importar com as pessoas que fere no caminho.
A narrativa tem um ritmo frenético do começo ao fim, o que faz com que o leitor devore suas páginas em pouquíssimo tempo.
Apesar de ter feito a leitura em poucas horas, algumas coisas me incomodaram no livro.
A personagem Mia é muito, muito chata e por vezes egocêntrica ao extremo! Ok, ela está passando por um momento horrível em sua vida, e não pode de uma hora para a outra aceitar isso e pronto. Mas a autora quis mostrar isso de uma forma que, para mim, deixou os capítulos da personagem bem repetitivos.
O Zac foi um personagem bem construído e com capítulos rápidos e gostosos de ler. Ele tem seus momentos de rebeldia adolescente, mas são coerentes e vêm em momentos oportunos. Nada nele é forçado, ao meu ver.
A escrita da autora é boa; simples e de fácil compreensão. Mantem certa previsibilidade no enredo, e introduz humor irônico e drama nos pontos certos. A personagem da Mia não me convenceu, mas todos os outros pontos foram bem construídos. Inclusive a reviravolta nos últimos capítulos, que contribuiu com o final fechadinho, mas que deixa o leitor livre para imaginar além.
Como um exemplar do já tão explorado Sick-Lit, o livro não foge muito além do que já esperamos. É mais um livro com adolescentes com câncer, sim, mas o segredo está nas características desses adolescentes, em suas atitudes e na maneira que encontram para lutar contra a doença. Por não possuir um romance logo de cara, a autora mostra que não precisa disso para prender seus leitores.
A edição está muito bonita e eu amo essa capa! A diagramação é ótima, bom espaçamento e letras de tamanho confortável. O trabalho de revisão está muito bom, também, e possui algumas notas de rodapé super bem-vindas!
Para os fãs do gênero, mais uma boa leitura para a lista!
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