SAMUEL 17/07/2015
A ideia é boa
Cheguei a esta obra após ler em um site de notícias o autor ser anunciado como o "Asimov brasileiro". Confesso que isso foi o suficiente para ficar com um pé atrás; primeiro, porque acho esse tipo de comparação desnecessária, e na maioria das vezes, pretensiosa; segundo, acho Isaac Asimov um grande autor, e gosto de suas temáticas, por isso quis conferir, por mim mesmo, o que haveria levado o autor a obter a alcunha de "Asimov Brasileiro".
Redenção é um conto com uma temática futurista deveras interessante que, apesar de não ser 100% original, é pertinente e instigante, algo que ainda rende e vai continuar a render boas histórias; contudo, o autor derrapa em sua execução. Temos, aqui, duas narrações no texto, a primeira pelo Dr. Ângelo Costaverde, um brasileiro que leciona na Universidade de Harvard. A segunda narração vem das gravações feitas por um menino de 12 anos, Heydar, enquanto fugia com sua família de um ataque bélico invencível. Aí, encontramos vários problemas. Quanto à narração do professor, a linguagem é, na medida do possível, apropriada, ainda que o uso excessivo de travessões para marcar a continuidade da fala seja incômoda. Contudo, quando entramos na narração de Heydar, começam os tropeços; a linguagem não é a correspondente a um garoto de 12 anos, principalmente se levarmos em consideração que se trata da transcrição de gravações feitas por ele enquanto fugia, em uma situação de guerra; em muitos momentos Heydar se expressa como quem escreve um romance, e não como um menino desesperado que está em uma situação de perigo extremo.
O enredo também tem alguns furos, como o garoto conseguir gravar suas memórias mesmo depois de preso. Se não podemos considerar um furo, é ao menos algo que não foi muito bem explicado; assim como um empresário conseguir contruir um exercito de milhares de robôs soldados, ao mesmo tempo em que somos informados que o inimigo monitora todas as forças bélicas por um sofisticado sistema de vigilância por satélites.
Como se trata de uma publicação independente, entendo que a revisão não seja um primor, mas a falta do uso de vírgulas é algo que incomoda bastante, além da mistura de tempos verbais em alguns trechos, até mesmo no mesmo parágrafo.
Ao final da leitura, ficou uma sensação de uma história com grande potencial, que infelizmente não foi explorado da melhor forma.