CamsCampoos 15/03/2021
Reflexivo
O garoto quase atropelado me surpreendeu de tantas formas que será difícil colocar em palavras, no começo eu pensava que se tratava apenas de um livro adolescente sobre a descoberta do amor e essas coisas, mas o livro em si é bem mais profundo e mostra uma adolescência nua e crua. Começamos pelo protagonista que perdeu alguém bastante importante na vida dele e vive em depressão trancando no quarto até conhecer a garota do cabelo de raposa (Laís) e os amigos dela (Natalia e Acácio) mais pra frente descobrimos o que de fato aconteceu com o melhor amigo do protagonista (Thiago) e isso me fez chorar tanto porque mostra como o ensino médio pode ser bom para algumas pessoas porém cruel com outras, das duas formas se torna algo inesquecível na vida do ser humano. Com seus novos amigos, o protagonista acha um novo motivo pra viver e se torna meio que uma âncora para o grupo já que cada um deles tem uma história, não estão ali só para serem amigos do garoto quase atropelado. Todos os três mostra um pouco como a vida pode ser dura, Acácio é um jovem gay que foi expulso de casa, entrou em um relacionamento que o cara não estava nem ai pra ele foi espancando apenas por ser gay e mesmo assim, vê a vida de uma maneira totalmente incrível. Natalia sofre de bulimia e a forma como isso é narrado no livro é sem igual, até mesmo o fato de como os amigos não enxergavam isso como um problema é de fato bem escrito e por último a Lais, talvez o trauma que mais doeu pra mim como mulher, Lais perdeu os pais cedo e foi morar com a avó e o novo marido dela que abusava da Laís e o modo como o livro explora isso é de doer o coração como esse trauma é levado para a vida adulta e afasta todos os sentimentos que voce poderia ter sobre outras pessoas, pelo simples fato de não confiar e principalmente não se amar.
Outro ponto bem abordado no livro é sobre o luto, eu sempre gostei quando os livros lidam com a morte de uma maneira sincera e esse livro não é diferente, o protagonista vive em um eterno luto pelo melhor amigo que ele nem mesmo conseguiu se despedir, Laís vive em um luto com um misto de ódio por seus pais terem falecido e a deixado, Acácio vive em luto pelo seu pai ter morrido sem ele conseguir o perdoar por expulsar de casa e a Natália de luto pela Amy Winehouse que era a única que entendia sua dor, a forma como o livro destaca o luto e a morte em si é sem igual, e é um dos motivos de eu gostar tanto dele.
A minha única crítica para esse livro seria enrolar em algumas partes não tão necessárias porém de resto está tudo maravilhoso, entrega o que propôs e ainda mais. Vou sentir falta da história do garoto quase atropelado e uma dica: "sempre podemos nos sentir quase atropelados, basta nos permitir isso."