Ainda estou aqui

Ainda estou aqui Marcelo Rubens Paiva




Resenhas - Ainda Estou Aqui


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Alexandra 29/09/2015

Memórias
O que é história? São somente datas decoradas? Nomes de presidentes? História é mais que isso. É a análise das transformações na sociedade, política, economia e cultura em um período de tempo, mudanças cujas consequências ainda hoje nos afetam. É entender da onde viemos e para onde queremos ir.

Em “Ainda Estou Aqui”, Marcelo Rubens Paiva conta a história de sua família; da infância e juventude nos anos 60 e 70; da convivência com as quatro irmãs; da mãe dona de casa que se transformou em uma advogada renomada; e do pai torturado e morto pela ditadura na sede do DOI-Codi, um dos casos mais famosos analisados pela Comissão da Verdade.

Em 1982, Marcelo Rubens Paiva publicou “Feliz Ano Velho”, um relato autobiográfico de um jovem estudante que ficou tetraplégico. Cheio de ousadia, um livro que tinha tudo para ser triste consegue ser alto astral. Marcelo é divertido e cheio de ideias bacanas, um cara com quem as pessoas desejam tomar uma cerveja no bar.

Nesse seu último livro, também autobiográfico, encontramos um Marcelo com uma escrita mais amadurecida, mas não endurecida. Agora ele é pai e vê todo os dias novas memórias sendo formadas na cabeça de seu filho, ao mesmo tempo em que vê sua mãe, que tem Alzheimer, não conseguindo assimilar novas memórias.

No obra, o escritor mostra a visão de uma família de classe média alta durante a ditadura militar, fala tanto das assustadoras torturas sofridas por quem era contra o regime, como dos efeitos repercutidos na sociedade em geral: a construção de apartamentos para militares no Leblon, expulsando uma favela que lá havia; o genocídio indígena; o falso “milagre econômico”; e a sua posição como estudante, em uma geração diferente da de seus pais.

Também é uma época de grandes transformações no mundo todo. Marcelo vê as mudanças nos hábitos e costumes, como na sua mãe, que após a morte – ou “desaparecimento” – do marido, não estava mais disposta a se tornar somente a esposa ideal de outro homem, e tomou as rédeas de sua família com bravura. Eunice Paiva é a grande heroína dessa história, e o vilão não é somente uma ou outra pessoa. O algoz é o Estado inteiro, ontem e hoje, que pratica a tortura, aplaudidos e apoiados por nós.

“Ainda Estou Aqui” é um relato sobre família, mas também sobre o país. Marcelo escreve as suas memórias, já Eunice não consegue assimilar as suas adequadamente. Esperamos, então, que o povo brasileiro não sofra de um problema coletivo de memória, esquecendo o regime ditatorial que assolou o país por 21 anos. Leia esse livro se você não lembra mais disso.
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Camila(Aetria) 29/01/2017

Ainda Estou Aqui
E acho que esse livro já entra na minha meta de 2017 de livros que geralmente não leria. haha

Não sou de ler muitos livros de biografia, ou que tenham esse clima de drama que sei que vai me deixar destruída no final... esse livro veio no kit de dezembro da TAG Livros, e aí, começo do ano, aquela capa com soft touch que me atraiu loucamente... comecei a ler.

"E se perguntará se existe uma fase em que a comunicação com o mundo se passa pelo umbigo, e se as primeiras lembranças entram por ele."

Ainda estou aqui, Marcelo Rubens Paiva, p. 17

Não li Feliz Ano Velho, e depois de ler esse, e acabar criando um vínculo quase familiar (que quase... depois de saber tanto da família de alguém, é como se a gente ficasse super próximo...) com o autor e a família, acho que já foi pra lista de leituras necessárias.

O jeito como ele escreve é delicioso, é como se você sentasse para bater um papo com alguém e um assunto fosse puxando o outro, um acontecimento gerando aquelas pausas e links que aparentemente não tem nada a ver (conversas são assim, afinal de contas, a gente começa a contar de um dia na praia e termina falando de como ralou o joelho na rua de casa em meados de 1998).

A premissa é contar sobre Eunice Paiva, a mãe do autor, mas para fazer isso, é preciso fazer uma jornada por reminiscências que passam, obviamente pelo assassinato de Rubens Paiva (o pai do autor) durante a ditadura, pelo dia a dia de uma mulher tentando reconstruir a vida para criar cinco filhos, e ainda tendo independência suficiente para descobrir-se ela mesma.

"A cara de Eunice continuou molhada e salgada durante muito tempo, tal como naquela manhã de Búzios. A água é que não era mais do mar."
Ainda estou aqui, Marcelo Rubens Paiva, p. 36

Aliás, a força dessa mulher ainda me dá arrepios. E a proposta do livro existir para manter viva as memórias dela (já que ela mesma não pode fazê-lo), por mais que ainda esteja aqui, como ela mesma diz (aliás, que frase arrepiante vinda de alguém com Alzheimer).

"Não faríamos o papelão de sairmos tristes nas fotos. Nosso inimigo não iria nos derrubar. Família Rubens Paiva não chora na frente das câmeras, não faz cara de coitada, não se faz de vítima e não é revanchista. Trocou o comando, continua em pé e na luta. A família Rubens Paiva não é vítima da ditadura, o país que é."
Ainda estou aqui, Marcelo Rubens Paiva, p. 39

A história é densa. É pesada. É crua. E é por isso que gostei tanto, é sincera em todos os momentos que precisa ser, e por isso você se apega e vincula a todos que aparecem. Participa das mágoas, das lutas, das tensões, se questiona como deve ter sido viver tudo isso tão de perto (embora não estejamos tão longe, algumas partes lembram tantos os tempos atuais, que bate aquele medo), e ainda assim ter força de vontade para levantar a cabeça e falar "vocês ainda não viram nada".

"[…] dando a impressão que de repente toda a intelectualidade tinha virado comuna, e a tradicional família cristã sofria, seus filhos viam Nouvelle Vague, liam marxismo, diziam que religião é o ópio do povo, e outros, niilistas, falavam da morte de Deus, outros, de direitos civis, feminismo, sexo antes do casamento, duvidavam da monogamia, debatiam o sentido da vida, fumavam Gauloises e liam um casal de filósofos comuna e promíscuo, Sartre e Simone."
Ainda estou aqui, Marcelo Rubens Paiva, p. 134
Se eu chorei lendo? Ah, chorei. HAHA Chorei tanto quanto deu, para não impedir de dar aquele embaçado nas letras e poder continuar lendo. Mas acho que era pra chorar mesmo. Mas apenas por trás das câmeras. De resto, apenas motivação e esperança de ver se tenho tanta força quanto a Eunice.


site: http://www.castelodecartas.com.br/?p=4319
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Carol 21/01/2017

Uma ponta na história do Brasil
Uma leitura calma, viciante e de grande valor histórico. Parece que entrei em contato com o próprio Marcelo, toda vez que estive com o livro em mãos o imaginei ao meu lado contando a historia de seu pai um homem engraçado, calmo e apaixonado pelos filhos, que ao tentar ajudar seu país foi morto por militares, junto com muitas outras pessoas torturadas e/ou assassinadas nessa época de muito horror e injustiças. Sua mae uma mulher culta, engajada nas causas e de muita força, tentou ate o ultimo minuto, ganhar sua independencia e criar seus cinco filhos, até a doença a sucumbir. O livro nos monstra a mancha de sangue e terror que ficou marcada em nosso Brasil, o livro me prendeu e me ensinou coisas que eu nao sabia sobre a epoca da ditadura e me fez querer procurar ms sobre o assunto. Fico muito feliz em te- lo e indico a quem se interessar, vale muito a leitura.
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Victor Vale 13/01/2017

Marcelo Rubens Paiva mergulha em sua memória para relatar a impressionante vida de sua mãe, Eunice, e sua derradeira perda de memória. Vítimas da Ditadura Militar, passaram a vida em uma trajetória de sucessos (mesmo com tragédias e desilusões) fugindo da caricata persona vitimizada. O autor com clareza e emoção compartilhou as emoções, fantasias e decepções que tanto marcaram suas memórias e que agora se perde no nebuloso esquecimento causado pelo "maldito alemão".


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Maria Carolina 11/01/2017

Doloroso desabafo
Que livro incrível! Leitura fácil e agradável, apesar do conteúdo extremamente triste e que nos causa uma sensação horrível de injustiça.
A história da ditadura aos olhos de uma criança de 11 anos que sequer viu seu pai pela última vez.
Depois, a história da ditadura aos olhos de um acadêmico escrevendo sobre os desaparecidos políticos, em uma tentativa desesperada de buscar a verdade de seu pai.
Será que só os que "atentavam publicamente contra o governo" eram torturados, presos, punidos?
A ditadura deixou marcas tão profundas e sem explicações que até hoje, quase 50 anos depois, não podem ser explicadas.
Marcelo Rubens Paiva desvenda mais uma parte da história perdida de seu pai - junto à Comissão da Verdade -, e em cada palavra dá pra sentir seu desabafo. Um grito de liberdade que ficou engasgado por mais de 40 anos, e que ainda trava na garganta quando perguntamos porquê.
Junto com tudo isso, a avalanche causada pelo Alzheimer em uma mãe que aos 41 anos viu sua vida desmoronar com cinco crianças em casa, e que deu a volta por cima pra buscar a verdade de seu marido.
Ela ainda está lá.
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Pudima 08/01/2017

Incrível.
Que livro de presença. Sensacional.
É um livro que faz pensar, que me fez entrar na história, viver um pouco dela.
Recomendo a todos aqueles que, sem saber do que se trata, postam nas redes sociais que a ditadura é a solução de todos os problemas e que tratá apenas coisas boas.
Recomento àqueles que, como eu, têm ou tiveram alguém em sua família com Alzheimer, e que, assim como eu, sofreram com a perda gradativa de alguém que amam.
Recomendo a quem gosta de histórias, a quem dá valor a memórias, a quem busca entender a percepção alheia.
Repito: que livro incrível. Valeu cada página, cada tempo de leitura, cada lembrança que trouxe à tona.
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Escrivaninha Ortiz 31/01/2017

"Ainda estou aqui" - retrato de um país
Eu amo livro de memórias. Li "Feliz ano velho" na adolescência, há uns vinte anos. Agora acabo de ler "Ainda estou aqui", do mesmo autor querido.
No primeiro livro, mais famoso, Marcelo conta sobre seu acidente que o deixou paralisado, sobre uma cadeira de rodas. Menciona o desaparecimento do pai por perseguição política durante a ditadura militar do Brasil, mas não estende o assunto.
No segundo livro, mais recente, narra as memórias da família tendo como fio condutor a doença da mãe. Então o caso "Rubens Paiva" aparece com toda força.
É a história de uma família marcada pelo desaparecimento do pai, mas também pela luta da mãe. Guerreira, forte, admirável. Eunice Paiva não se dobrou ao destino. Foi à luta e viveu dignamente, apesar da ferida profunda causada pelo assassinato de seu marido.
A homenagem de Marcelo à mãe é justa e bonita.
O livro é um retrato dos tempos de trevas pelo qual nosso país passou. Indico a todo brasileiro. Justamente esse povo que, dizem, não tem memória.
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Rodrigo 06/01/2017

Mulher guerreira
O livro nos mostra a visão do Marcelo como criança e adulto sobre a mãe no mundo vivido na ditadura e pós. Excelente o livro!
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Nathalia.Azevedo 02/01/2017

É um livro excelente!

Relata o sofrimento e a batalha de uma família, dentre várias, que foi vítima da ditadura.

Eu já tinha ouvido muito falar sobre esse caso. Mas quando se vê o outro lado mais de perto... é impactante!

Porém, o tema central do livro é a Sra. Eunice Paiva, mãe do autor.

A força que ela teve para continuar em frente e lutar por justiça, foi incrível e inspirador. Uma mulher que não deixou a "peteca" cair em meio à tempestade, ao caos, ao desencontro... e que no final de sua vida, desenvolve uma doença que muda a sua rotina e de toda a sua família...

Enfim... AMEI o livro!
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Altieres 31/12/2016

Emocionante
Último livro lido por mim em 2016 e não poderia ser mais significativo e atual: Ainda Estou Aqui. Após ter seu mandato de Deputado Federal caçado pelo governo militar em 1964, Rubens Paiva, embora não fosse um subversivo nem participasse de lutas armadas, foi preso, torturado e morto em 1971. Seu corpo nunca foi encontrado.

Mais de 40 anos depois, seu filho, Marcelo Rubens Paiva, vendo as memórias de sua mãe serem perdidas em virtude do Alzheimer, resolve escrever o relato daqueles dias sombrios.
É revoltante e inimaginável, mas pior que ler o relato é identificar tantas coisas semelhantes com a atualidade. Um povo manobrado facilmente para atender aos anseios de determinada classe sob o discurso de que outra parte do povo quer implantar determinada ideologia. Algo que nunca chegou nem perto de ocorrer. Caminham ao precipício firmando-se na fé cega de que há salvadores dentre nós (ou eles). E essa é apenas uma das semelhanças!
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Vicente Moragas 29/12/2016

Um Livro pra Memória de todos os Brasileiros
Enquanto acompanha o declínio da memória da mãe, D. Eunice Paiva, o autor resgata a memória da família que passa pela luta política da ditadura, pelos porões do DOI-CODI e pela luta da família em seguir em frente, de cabeça erguida.

Definitivamente um livro necessário para quem quer conhecer a ditadura militar de perto, e de quebra saber informações sobre o Alzheimer.
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Joy 29/12/2016

Como fã do Marcelo a grande tempo, fui com grandes expectativas a esse livro e não me decepcionei. Escrita cativante e acessível tornam a leitura uma tarefa fácil e muito prazerosa, apesar dos temas espinhosos tratados. A maneira poética como descreve a memória e as lembranças deram um aconchego ao meu coração logo nas primeiras páginas. Acabei lendo tudo em dois dias, que teria sido facilmente um, se eu não precisasse trabalhar. Vai ficar na minha lembrança por muito tempo. Livro sensacional.
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