Tirza

Tirza Arnon Grunberg




Resenhas - Tirza


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Mariana Dal Chico 01/07/2020

[Na estante]
“Tirza” de Arnon Grunberg, publicado no Brasil pela Radio Londres. Leitura de setembro de 2015, foi meu primeiro contato com o autor, que me transformou em fã logo de cara.

O começo é um pouco lento, mostra a rotina de uma família, a narrativa é bem fragmentada, mas logo o leitor começa a encaixar as peças. De cara podemos perceber que há algo muito errado com o protagonista e lá pro meio da leitura, o medo psicológico começa a crescer a ponto de ser praticamente impossível interromper a leitura, a tensão é toda baseada nas entrelinhas, naquilo que não é dito.

A dinâmica familiar é bastante disfuncional, temos um relacionamento entre pai e filha mais nova que é codependente e destrutivo.

Há um evento terrível e muito marcante na narrativa que à princípio fica subentendido e quando o autor faz sua descrição quase no final do livro, impressiona pela forma como ele usa um cenário singelo, palavras brandas, para descrever algo brutal.

Os personagens são muito bem construídos, o autor mostra para o leitor a humanidade presente no algoz, bem como a maldade no inocente. O desenvolvimento de cada personagem é bem engendrado e suas atitudes, mesmo as mais excêntricas, são verossímeis.

Ainda que narrado em terceira pessoa, o autor consegue aproximar o leitor e personagens, tanto com sentimentos como com pensamentos, quebrando um pouco aquela ideia preconcebida de que apenas a narrativa em primeira pessoa pode ser “íntima”.

O final é surpreendente e me deixou sem fôlego, assim que finalizei o capítulo, voltei para uma releitura imediatamente.

Esse é um livro pesado, indigesto, que incomoda e eu compreendo completamente quem não teve estômago para passar da metade da leitura. Mas se você gosta de livros que reviram pensamentos e tiram seus pés do chão, Tirza é mais que recomendado.


site: https://www.instagram.com/p/CCGwL6pj8pv/
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Bookster Pedro Pacifico 01/03/2020

Tirza, Arnon Grunberg - Nota 10/10
Uma das grandes surpresas desse ano! Nessa obra, considerada como o maior sucesso do autor holandês, o leitor se depara com Jörgen Hofmeester, um homem aparentemente comum, com um trabalho bem sucedido, uma esposa atraente e filhas educadas! O que poderia ser uma vida calma e feliz acaba, na verdade, se tornando uma vida repleta de acontecimentos traumáticos. De fato, após ser abandonado pela mulher, perder seu emprego, presenciar uma cena constrangedora envolvendo uma das suas filhas, Jörgen desenvolve uma obsessão paterna por Tirza,
sua segunda filha, e passa a se comportar como um perturbado, controlador e instável! Tive a sensação de que a qualquer momento Jörgen poderia cometer alguma loucura e virar sua vida de cabeça para baixo... O livro realmente prende o leitor, que não sabe o que encontrará nas próximas páginas! Fiquei impressionado como o autor conseguiu construir um personagem que me incomodou tanto... Jörgen é realmente detestável! Na verdade, não é apenas ele, mas todos da sua família, um alimentando a "loucura" do outro! Um romance psicológico excelente, um dos melhores que já li!!!

site: https://www.instagram.com/book.ster
simone.b.xavier 19/04/2020minha estante
Maravilhoso!


Ferreira.Souza 14/12/2020minha estante
gostei
gostei ,achei genial o capítulo 03 da primeira parte , porém o livro as vezes cansa




Janaína Calmet 27/03/2020

Definitivamente, um livro para sair da zona de conforto.
Com uma escrita impecável e um final, no mínimo, impactante, é, em última análise, o retrato de um homem que fracassou em todos os seus projetos.

"Quando olha para o passado, não vê nada de que se possa orgulhar. O que vê na neblina de sua própria história são pequenas derrotas, bastante insignificantes. Nenhuma grande, à exceção de uma. A derrota diária, que não se deixa diferenciar da vergonha diária."
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Ladyce 30/09/2015

Imprevisível
Há muito tempo não leio um autor que demonstra tamanho domínio de seu texto como Arnon Grunberg. Ele brinca com o leitor sem que este o perceba. Ele nos envolve, nos seduz, nos puxa pela mão, mostra o que quer, esconde o que não precisa ser contado. Brinca. Cria. Joga xadrez conosco. Não percebemos a manipulação. Muito pelo contrário, queremos mais. Queremos mais de tudo, e as páginas são lidas com sofreguidão. O que as embala é uma sensação de que algo está para acontecer, algo será revelado a qualquer momento. A tensão é semelhante a de um filme de Alfred Hitchcock. Não se trata de uma história de uma centena de páginas. São 464 páginas em que o autor constrói aos poucos, deliberadamente, detalhes das personalidades envolvidas na narrativa, fazendo-nos íntimos dos membros da família Hofmeester. Ficamos familiarizados principalmente com Jörgen Hofmeester, pai de duas meninas, marido de uma artista plástica que entra e sai de sua vida à vontade, editor de ficção estrangeira de uma casa editorial em Amsterdã, homem em idade próxima à da aposentadoria, que mora num bairro da cidade de fazer inveja aos amigos, que possui uma casa de veraneio, que junta economias e as investe na Suíça, um homem, que tenta, porque tenta, sem colocar quaisquer barreiras, fazer aquilo que é certo e esperado dele. E, no entanto, há uma tensão imensa dentro desse pai de família. Tudo nele é quase obsessivo, mas sob controle. A perfeição é sua meta quer na cozinha, onde aprende a cozinhar quando sua mulher o deixa para “se encontrar”, quer no controle financeiro de sua vida, com a intenção de deixar um patrimônio sólido para as filhas.

Tirza é o nome da filha caçula de Jörgen Hofmeester, sua filha preferida, aquela que completa 18 anos e está pronta para entrar na universidade. Para comemorar essa passagem decide viajar pela África, e uma festa colocará o ponto final na vida anterior e marcará o início de sua nova aventura. Seu pai prepara a festa com cuidado, fazendo, ele mesmo, os quitutes, arranjando as bebidas. Durante esses preparativos aprendemos sobre a família. Sobre a mãe, as meninas, Ibi, a irmã que já não mora na Holanda e, sobretudo, conhecemos Jörgen. Apesar de um tanto fora da norma, nossa identificação com ele é inevitável. Conhecemos seus desejos, seus desapontamentos. Sua absoluta solidão. Há humor nessa narrativa, muito humor, porque entendemos sua visão do absurdo. Ocasionalmente a vida parece caótica e surreal, mas o humor vem mesmo das situações cotidianas, daquelas pequenas decisões que não dão certo, das expectativas frustradas,de sua inépcia social.

Mas, há sempre a sensação de algo oculto. Há uma expectativa subjacente. Uma perturbação que nos deixa alerta. Há a sensação de que algo já aconteceu, mas não sabemos o que, há um ponto cego: incesto? Violência no casamento? O que? É como se tivéssemos sido as rãs numa panela com a água quente e não percebemos que a água ferveu. Esse mistério, essa dúvida só se esclarece nas últimas páginas. E é surpreendente. Um final estarrecedor. Imprevisível. Vale todas as horas dedicadas à leitura.

Este está, para mim, entre os melhores livros lidos neste ano e tem tudo para estar entre os meus favoritos de todos os tempos. É impossível discuti-lo sem revelar mais do que deveria. Mas recomendo sem constrangimento sua leitura para todos os leitores.
Nanci 30/09/2015minha estante
Ladyce,
Conheci o Arnon, mês passado, em São Paulo. Fiquei impressionada e encantada com tudo que ouvi - sobre sua experiência de vida e seus livros. Seu senso de humor, perspicácia e inteligência se sobressaem - Tinha certeza de que Tirza é um grande livro & adorei sua resenha apaixonada. Em breve, quero comentar minha leitura com você.


Ladyce 01/10/2015minha estante
Que bom. Estou louca para poder conversar com alguém. Essa foi a minha sugestão de leitura para o mês de outubro no grupo de leitura. Mas Stoner venceu, e Tirza, não ganhou NENHUM voto. Mas eu ainda não havia lido. Faltou paixão na minha defesa do livro. Não que a seleção -- Stoner -- não tenha sido boa, mas tenho a impressão de que TIRZA é um livro mais universal. Veremos.


Nanci 13/10/2015minha estante
Ladyce,

Que livro surpreendente. Ainda estou zonza. Depois de desvendar o motivo dessa tensão imensa que nos acompanha o tempo todo, e de descobrir o que esteve sempre a ponto de cair sobre nossa cabeça (mas que não pude adivinhar), olho o pobre Jorgen em retrospectiva, para chorar, de novo, por ele, pelos outros, e por todos nós, homens civilizados. E sobra uma vontade enorme de xingar o Arnon Grunberg por ter escrito um texto que é tão perturbador - quase abusivo.


ElisaCazorla 13/10/2015minha estante
Puxa, com essa resenha apaixonada sua e da Nanci é impossível não desejar ler este livro!!


Ladyce 15/10/2015minha estante
Nanci, ao final, voltei para reler algumas e passagens. Para descobrir a construção do texto. Tenho que tirar o chapéu para o autor. E a escolha do ponto de vista foi perfeita. O ponto de vista do pai. Como me identifiquei com ele muitas vezes... Para continuar com a conversa temos que usar o in-box. Porque não vale a pena explicar coisas para quem não leu. Vou procurar outros livros do Arnon. bj


Ladyce 19/10/2015minha estante
Elisa, vale a pena ler. É surpreendente.


DIRCE 12/02/2016minha estante
Esta resenha e os comentários feitos me deixaram não só com vontade de ler esse livro , como também lê-lo com urgência


Eloiza Cirne 10/05/2016minha estante
Recomendado por Ladyce e Nanci... A leitura urge.




Mari Pereira 15/01/2021

A decadência do homem branco de classe média
Tirza é um livro perturbador, profundamente perturbador. Entre devaneios de um homem branco frustrado, diálogos bizarros e relações sociais em frangalhos, mergulhamos na vida e na mente de uma pessoa completamente doentia (ou talvez seja só mais um branco egocêntrico e racista, como tantos que vemos por aí).
A escrita é sensacional e você simplesmente não quer parar de ler.
Mas prepare o estômago. Não é para fracos.
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João Pedro 25/01/2022

Romance de obsessão
Sabe aquela leitura que te balança pra lá e pra cá, sem dó nem piedade? Então, assim foi “Tirza”. Eu me interessei pelo livro lendo uma resenha e coloquei em minha lista. Por intuição, resolvi não ler a orelha do livro – decisão mais acertada que fiz, pois achei o resumo ali contido muito revelador. Felizmente, a quarta capa só contém comentários da obra. Encarei a experiência com a mera expectativa de uma boa leitura. Fui surpreendido.

Escrito pelo holandês Arnon Grunberg, o livro é dividido em três partes, intituladas “O aluguel”, “O sacrifício” e “O deserto”, e tem como protagonista Jörgen Hofmeester, pai de família, pessoa comum, bem-sucedida, que gosta do conforto e calmaria de seu estilo de vida e, sobretudo, de sua casa, muitíssimo bem localizada no subúrbio de Amsterdã, e de sua filha adolescente, Tirza, que mora com ele e está prestes a concluir o ensino médio.

É assim que a história se apresenta de início. Gradualmente, porém, o romance vai desvendando camadas, introduzindo outras personagens, criando cenários que aparentam um contorno simples, mas que rapidamente descambam para uma inesperada atmosfera de tensão. Resumo esse livro em tensão. Uma espiral de tensão psicológica. Diálogos sagazes, atitudes impensadas, personagens completamente desequilibrados. Do início ao fim, a sensação é de que uma coisa estupidamente trágica está para acontecer.

Não considero uma leitura tranquila, justamente por ser um livro incômodo. É um romance de obsessão, sentimentos profundos e reprimidos e psicologicamente violento. E é muito bem escrito! Daqueles que não te faz querer largar. Vale demais a leitura, mas esteja preparado(a). Requer fôlego.

“Ele a examinou. Primeiro seu rosto; e depois sua mala. Por um instante, sentiu a inexplicável tentação de apertá-la contra seu corpo, de mantê-la durante vários minutos abraçada junto dele. Tudo o que fez foi apoiar-se na parede com a mão direita, fingindo indiferença. O pano de prato pendendo na mão esquerda. Hofmeester era um homem que tinha passado toda a vida em busca de uma postura e, agora que a vida estava quase no fim, ainda não tinha encontrado. A postura, ele não havia encontrado, mas o pano de prato, sim.” (p. 18)
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Mari 27/06/2021

Segui para a leitura de Tirza sem fazer quase nenhuma ideia do que se tratava, então, fui bastante surpreendida não apenas pelo 'plot twist' realmente inesperado, como por toda a trama, construída ao redor de relações bastante complexas de uma família de classe média (aspecto que ganha relevância na colocação de temas como independência financeira, exploração de pessoas em situação de fragilidade econômica, oposição entre valores eurocêntricos e muçulmanos) na Amsterdã nos idos da primeira década do ano 2000.
Dizendo de forma bem direta e informal: que rolê bizarro!
O livro vai se adentrando, aos poucos, a casa de Jorgen Hofmeester, que próximo dos 60 anos de idade, tem um bom emprego, uma ótima casa "na mlehor rua de Amsterdã", mas que simplesmente não sabe como lidar com a esposa, com as filhas, com a neurótica relação com dinheiro e status, com o que acha que é esperado de si, e como não poderia deixar de ser, com as próprias emoções.
É interessante que o livro se passa basicamente em dois tempos bem distintos: metade (ou mais; seguramente umas 200 páginas) se concentra em uma festa na casa de Hofmeester, com uma pausa insólita que conduz à parte restante do livro, na qual acompanhamos o desenrolar de uma viagem inesperada do protagonista. A mudança de cenário tem um impacto profundo não só na trama, como também na própria forma de contar a história (e um dos melhores trechos do livro é justamente o momento em que Hofmeester reflete sobre a contraposição desses tempos-espaços).
Embora haja essa marcação bem distinta de momentos, o livro traz ainda vários flashbacks, através dos quais as relações entre o pai, a esposa e as filhas vão sendo reveladas, sempre de forma tensa, tornando crescente o mal estar da leitura, e mais próxima a sensação de que seja lá como for terminar a história, algo vai dar muito, muito errado.
Enfim... é um livro que causa impacto, mas sobre o qual é difícil dizer: gostei ou não gostei. É um livro bem construído, e que é difícil largar, ainda que a contragosto.
Viviane @resenhasdaviviane 27/06/2021minha estante
Acabei de colocar esse livro na minha lista de leituras!


Mari 27/06/2021minha estante
Pois então, é um livro bem impactante!




Elaine | @naneverso 12/09/2020

É bom, mas não gostei
Eu sei, contraditório demais. Discorri sobre essa opinião não tão popular no meu Instagram (@naneandherbooks) para quem quiser entender melhor. Trata de assuntos importantes, é maravilhosamente escrito, mas não foi uma leitura para mim.
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Lê Rebeschini 20/03/2024

O livro mais perturbador que já li!!
Aos 35% eu quase abandonei esse livro, mas que bom que não o fiz.
Apesar de ser holandês, a escrita é super fluida. Os capítulos são bem longos, quase todos com mais de uma hora, mas esse livro é tão perturbador que quando me dava conta já tinha terminado o capítulo.
Primeiro livro que leio desse autor (e nem sei se ele tem mais obras publicadas no Brasil), mas já percebi que ele sabe o que faz. Passei o livro toda agoniada, com gastura dos diálogos e das situações apresentadas (principalmente na parte um e três), sem saber o que o autor queria passar e que rumo o livro ia tomar (por todos esse motivos eu quase abandonei). Lia e não acreditava no que estava lendo. Mas isso foi exatamente intencional, exatamente o que o autor quis causar e passar. Tanto que o nome do livro é Tirza, mas ela não é a personagem principal, e sim seu pai. Por isso tbm a capa do livro é um homem e não uma mulher representando a Tirza (tudo intencional).
Ele conseguiu transmitir com precisão e crueza a mente de uma pessoa com problema mental e uma família totalmente disfuncional. E conseguiu fazer tudo isso narrando em terceira pessoa!
Apesar de ter amado, eu não recomendo pelos gatilhos (mas se arriscar, aposto que nunca mais lerá nada parecido!)
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janagcm 19/07/2020

não gosto de você, não sinto verdade em você
Então... Queria começar fazendo uma reclamação contra os comentários que colocaram na contracapa do livro: "COMICAMENTE SINISTRO e implacável" (The NEw York Times); "começa como uma comédia cáustica no estilo de Woody Allen...". Gente, em momento nenhum desse livro eu vi algum resquício de algo cômico, irônico, sarcástico.
Nossa relação com o personagem é tipo aquele meme: Não gosto de você, não sinto verdade em você, acho você, sim, incoerente, você está onde te convém...
O autor quer exatamente nos passar esse incômodo, criar esse personagem antipático, podre e nos levar nessa história seguindo esse caminho meio psicótico...Tudo bem, eu entendi, mas pra mim, pessoalmente, a leitura não foi legal. Talvez a experiência tenha sido contaminada porque, nessa época de isolamento, a impaciência e o estresse estão presentes em mim, e aí como leitora isso influenciou na minha impossibilidade de me conectar. Só pensava no quão absurdo e antipático era tudo aquilo, fiquei impaciente com tudo e só terminei porque me disseram que o final era surpreendente (realmente me surpreendi).

Resumo da ópera: realmente é bem escrito, a história é interessante e o autor consegue passar o que quer. Mas, pra mim, leitura passa também pela nossa experiência pessoal no processo, e pra mim não foi legal.
Luana 08/08/2020minha estante
Também li por agora em meio ao isolamento social e compartilho do seu sentimento. Talvez lendo em outro momento e em outro contexto eu teria melhor experiência. Mas gostei de ter passado por esse livro mesmo assim. Ainda preciso de alguns dias para digerir melhor toda a história e ver se com o tempo ela cresce mais dentro de mim.


Ferferferfer 12/12/2021minha estante
Estou no começo do livro e já estou com a mesma opinião. Não sei até que ponto é interessante construir personagens odiáveis e, pior ainda, o narrador, que passa um pano danado para as besteiras ditas.




Maria Clara 09/07/2020

Já sabia do tom conturbado da história quando comecei o livro, o final acabou sendo como eu esperava mesmo (e isso não é algo ruim!). O autor nos infiltra cada vez mais dentro da mente do protagonista, nos expões seus pensamentos e opiniões para que possamos analisá-los e tirar nossas conclusões sobre ele.
Não é aquele tipo de leitura prazerosa, muito pelo contrário, ela incomoda bastante, algumas partes despertam o asco, a repugnância e o desprezo, no entanto, outras (poucas) despertam a compaixão, tristeza e pena. Eu senti que foi uma leitura violenta.
O livro nos permite refletir sobre o significado da relação amor-ódio-posse, sobre os limites e fronteiras entre idealização e concretização de uma agressão (em todas as suas formas) e sobre as profundezas da solidão.
Recomendo, mas esteja preparado e de bom humor!
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Tah_baddauy 22/09/2020

Talvez um dia eu volte para opinar sobre esse livro, mas no momento estou desnorteada.
Karina.Agra 22/09/2020minha estante
E a nota, hein? Estou curiosa!




Luana 19/03/2024

Completamente chocada
Esse livro me deixou muito agoniada em diversos momentos, confesso que não tava esperando por esse final. O livro todo é narrado em primeira pessoa e mostra o quanto o ser humano pode ser bizarro. Teve alguns momentos de diálogo que me deixaram agoniada e algumas cenas que precisei parar pra assimilar. Acho que o autor quis impactar, e conseguiu.
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Monique | @moniqueeoslivros 26/05/2022

Tirza
{Leitura 24/2022 - ?? Holanda}
Tirza - Arnon Grunberg

É incrível como os livros têm o poder de mexer com você. Roland Barthes dizia que um texto de fruição é "aquele que põe em estado de perda, aquele que desconforta (talvez até um certo enfado), faz vacilar as bases históricas, culturais, psicológicas do leitor". Não tivesse Barthes vindo antes de Grunberg, eu diria que essa definição é sobre Tirza.

Tirza é um livro que realmente desconforta. O protagonista, Jörgen Hofmeester, é um homem de meia-idade, editor de livros, com duas filhas jovens e uma esposa que os deixou para viver um amor da adolescência. O livro começa com ele preparando sushis para a festa de formatura da filha mais nova, Tirza. Também por esses dias, sua esposa volta para casa depois de três anos.

Em meio a esses conflitos familiares, vamos conhecendo um pouco mais sobre essa família. Pai, mãe e filhas, todos eles complexos e inquietantes. Uma dica para a leitura pode ser a de prestar atenção ao narrador, já que o livro é todo narrado em terceira pessoa, e há um distanciamento importante aqui, feito com maestria.

E embora tenha quase 500 páginas, esse é um livro em que você não consegue vislumbrar o que vem a seguir, não importa em qual parte você esteja. O leitor tateia em completa escuridão, de mãos dadas com o narrador, o único que parece saber alguma coisa ali.

Tirza é uma leitura bem profunda e altamente psicológica. O cotidiano de Hofmeester vai se revelando aos poucos, mas já de cara compreendemos que, por trás de toda a aparente normalidade, tem alguma coisa que nos incomoda ali. A gente só não sabe o quê.

Não há como passar imune a essa leitura. Não há identificação com os personagens, mas ao mesmo tempo eles são tão próximos de nós que isso assusta. E nos faz vacilar, como tão bem compreendia Barthes. Além é claro, do final, que é surpreendente e inquietante.

Se você tiver oportunidade de encontrar esse livro (com o "sumiço" da Rádio Londres, está bem difícil de encontrá-lo), não deixe de o ler. Jörgen Hofmeester e sua família são daqueles personagens que a gente não esquece mais.
.
Texto citado:
BARTHES, Roland. O prazer do texto. 4° ed. São Paulo: Perspectiva, 2008.
Mari Pereira 26/05/2022minha estante
Adorei a resenha!


Monique | @moniqueeoslivros 26/05/2022minha estante
Obrigada, Mari! Realmente é como tu disse, um baita livro!


Mari Pereira 26/05/2022minha estante
Inesquecível né!
O que eu mais gostei foi essa sensação de pessoas muito perturbadas mas ao mesmo tempo aparentemente muito "normais e civilizadas". Acho que o autor foi genial em colocar em xeque uma ideia de civilização branca europeia que às vezes se sustenta só pela aparência, privilégios, poder e esteriótipos.


Monique | @moniqueeoslivros 26/05/2022minha estante
Sim, com certeza, essa ideia de que não nos identificamos com eles mas ao mesmo tempo estão muito perto de nós. O que eu mais gostei foi do narrador, a "condução" da história foi de um jeito bem interessante.




Ana Aymoré 20/07/2020

Tirza e a urdidura do enigma
Em outra resenha, a propósito de O filho de mil homens, comentei, aludindo a um texto teórico bem conhecido, de Anatol Rosenfeld, alguns breves pontos acerca do processo de composição de personagens ficcionais. Para Rosenfeld, "A ficção é um lugar ontológico privilegiado", que nos permite não apenas contemplar mas, de algum modo, viver outras existências que não as nossas, possibilitando-nos essa experiência tão necessária da empatia, ao nos colocarmos no lugar do outro.
.
No entanto, sublinha o teórico, isso não significa que esse aprendizado não possa ser igualmente relevante quando as personagens ficcionais são modelos em negativo, ou seja, quando se afastam diametralmente de nossas próprias convicções e preceitos morais. Pelo contrário, as grandes obras literárias apresentam-nos frequentemente seres problemáticos, inescrupulosos, criminosos, sádicos, mesquinhos, egoístas, ou, ainda, que jamais, mesmo depois de se chegar à palavra final, serão totalmente transparentes para nós, "refazendo", ainda segundo Rosenfeld, "o mistério do ser humano".
.
Quando Jörgen Hofmeester, o protagonista do romance de Grunberg, expressa à esposa seu inconformismo pelo fato do namorado da filha Tirza assemelhar-se inquietantemente a um dos terroristas do onze de setembro, e que, portanto, teria o mesmo "ódio de nós", a mulher retruca: "Mas quem somos nós, então, Jörgen?" Nessa pergunta encontra-se o cerne de Tirza, e esse cerne é desvendado, ao longo do romance, como se fosse um quebra-cabeças dotado de um singular dinamismo, em que cada encaixe torna-se, adiante, duvidoso ou insuficiente, criando zonas de opacidade nunca definitivamente resolvidas.
.
Levei mais de uma centena de páginas para me convencer de que lia um bom livro, e só no terço final compreendi que lia um livro extremamente bem urdido. E foi necessário chegar ao desfecho para compreender não só a referência à Tirzah da Torá, mas também o intertexto genial com o poema de Blake, To Tirza. Todas as pistas para o enigma do romance estão ali, ocultas diante dos nossos olhos, como a carta roubada do conto de Poe.
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