Murilo 14/11/2015
Porque devemos valorizar cada dia de nossas vidas
A obra original foi publicada em 7 livros, entre 1913 e 1927, e conta a história de um homem que é recebido por sua mãe, com uma xícara de chá e um Madeleine (um doce). O aroma e o sabor dessa combinação o fazem recordar-se de sua infância, e ele começa a viajar pelas suas memórias mais importantes.
Confesso para vocês que eu não li nenhum dos 7 livros que compõem a obra, então essa resenha será baseada somente nessa adaptação para mangá e não terá nenhum tipo de comparativo entre os dois formatos.
No mangá, todos os acontecimentos são narrados pelo personagem principal, começando pela sua infância, onde era um garotinho cheio de sonhos e inseguranças como toda criança normal. Desde o começo, o personagem demonstra sua grande admiração pela literatura e fala sobre seu sonho de se tornar um escritor.
A obra é conduzida em um ritmo muito bom, sempre focando nos acontecimentos importantes da vida do personagem, e nas coisas que ele faz para se aproximar e tentar passar a integrar o círculo social dos nobres mais importantes.
O mangá mostra todas as suas desilusões amorosas, erros cometidos, frustrações... E mesmo com a obra original sendo de 1913, podemos notar muitos temas extremamente atuais. Por exemplo, na obra temos alguns personagens homossexuais, tanto homens, quanto mulheres, que naquela época eram chamados de Sodomitas e mulheres de Gomorra, pois a palavra "Gay" não era destinada aos homossexuais naquela época. E Proust mostra todo o preconceito que os homossexuais sofriam naqueles dias (ainda sofrem na verdade), onde eles tinham que fazer de tudo para esconderem suas relações, pois caso viessem a público, eles seriam envergonhados e perderiam toda a sua reputação.
Vários outros problemas que são comuns em nossa vida, são retratados na vida do protagonista, como o fato de seu coração querer uma coisa, mas seu corpo querer outra, não perceber que amamos alguém até chegar o momento em que é tarde demais para fazer qualquer coisa, ter um sonho e não correr atrás, e várias outras. O leitor acaba se identificando com o personagem em vários aspectos.
Em Busca do tempo Perdido é uma obra que me emocionou de uma forma que poucas fizeram esse ano: ao mostrar acontecimentos que podem ser reais, que se não passamos por elas, conhecemos alguém que passa. Recomendo muito, principalmente para o público jovem, por ainda ter muitas decisões a fazer em suas vidas, e perceberem que cada dia que perdemos por decisões erradas, são irrecuperáveis.
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