Luiz Ehlers 18/03/2010
Um livro contemporâneo aos moldes clássicos...
Elegância clássica, ação, lirismo e objetividade são os elementos que formam a pequena obra de Dhyan Shanasa. O pequeno refere-se ao número de páginas (207 ao todo) e não a qualidade do texto e ao bom enredo da história.
O Livro de Tunes (Editora Livro Novo) é uma obra de fantasia no melhor estilo dos grandes clássicos da fantasia como o Senhor dos Anéis. Porém, quando me refiro ao estilo, não estou relacionando o enredo, que nada tem de plágio da obra de Tolkien.
O Livro de Tunes conta basicamente a história de um menino chamado Tunes, que é levado e abandonado em um imenso castelo, o Galboriä das Mil Torres, que na verdade é mais do que uma simples construção, trata-se de um reino inteiro que atualmente está em ruinas. O enredo trata basicamente dos encontros e "aventuras" de Tunes dentro do Galboriä, onde ele conhece a bela Lalín Feä e enfrenta os Sólruz, uma espécie de espectros escuros servos da temida bruxa Patelle Arondarôn. Os eventos culminam em uma grande batalha épica envolvendo elfos, duendes, orcs, dragões, bruxas e os Senhores dos Ventos: os Val-atär.
O livro é escrito com um lirismo belíssimo, minuciosamente lapidado pela mente do exigente autor. O Livro de Tunes é claramente apenas a "ponta do iceberg" de todo um universo criado pelo autor, mas que neste livro apresenta-se como uma história firme e suficiente, com início, meio e fim.
O autor conseguiu a difícil tarefa de dosar as descrições e lirismos, sem que os mesmos tornassem a história pesada ou cansativa. O Livro de Tunes é quase como uma versão mais objetiva do Senhor dos Anéis, mas com a mesma escrita bela. A fixação por objetividade que o autor mostra através de conversas entre narrador-leitor, atrapalha muito pouco o desenrolar da história. Trata-se de um livro bonito e que flui facilmente, apesar da linguagem clássica com palavras robustas e pomposas.
Eu realmente confesso que fiquei muito surpreso com a qualidade da obra e até com gostinho de quero mais, ou seja, que o livro tivesse mais páginas. Contudo, talvez a força da obra esteja justamente em sua objetividade, como tanto preza o autor.
O Livro de Tunes é uma obra de "gente grande" e quebra um pouco esta tendência que o brasileiro têm de que fantasia é história de criança. Eu tenho lido muitas obras de autores nacionais e cada uma delas é sempre uma supresa. Por isso, atrevo-me a dizer que Dhyan Shanasa já está no próximo degrau de evolução da nossa literatura nacional fantástica e ele é a prova de que estamos chegando lá.
Não tinha como dar menos do que cinco estrelas e como um autor novato também bater aquela "inveja saudável", se é que ela existe (risos).
Fica registrado a minha recomendação e meus parabéns ao trabalho do autor que manipulou o clássico e o trouxe ao contemporâneo, sem ser chato e penoso. Ele é quase um mago (risos).
PS: Não percam a entrevista com o autor brevemente no meu blog: luizehlers.blogspot.com