Jordana Martins(Jô) 13/02/2016Hollen: Anjo Caído “A corrupção distorceu a utopia criada por Deus. Sem aceitar o advento do homem, Lúcifer, o primeiro Querubim, a Estrela da Manhã, engendrou a maior de todas as traições, e uma guerra sem precedentes mobilizou as hostes celestes. Derrotado, uma secessão se fez no plano divino, precipitando a terça parte dos anjos à ruína.
Arrependido de ter se aliado a Lúcifer, Hollen, um anjo caído, elevou suas orações, clamando pelo perdão. Capturado pelos infernais, foi condenado à morte, sendo lançado no abismo sem fim, fadado a cair por toda a eternidade.”
Recebi a oportunidade de ler mais um bom livro. E como o próprio título já diz Hollen – Anjo Caído, trata-se de mais um livro com preceito sobre anjos. Meu currículo com livros com este tema é até vasto. Já li vários com esta premissa, e cada um impressionou a seu modo. Hollen não foge a regra, como todos os de seu tema possuem as semelhanças e o essencial: as diferenças.
A obra é de um autor nacional Fernando Raposo,que também é ilustrador.
Hollen foi um dos anjos que se voltou contra o criador e decidiu optar pelo lado de Lúcifer, ex-estrela da manhã. Perdeu a alvura de sua pele e asas e também o direito de viver junto ao Criador. Condenado a viver no Sheol junto com os outros caídos e a se manter através do sofrimento dos outros. Só que Hollen com o passar do tempo e das situações, passou a ver que tomara uma decisão errada e se voltou contra Lúcifer.
Com isso ele acaba ganhando uma segunda chance. Elohim (Deus ou se preferir O Criador) tem um novo propósito para esse, que apesar de tudo ainda é sua obra. Os atos feitos por Hollen no presente foram determinantes para que essa sua nova chance fosse ofertada. Nesta jornada na qual Hollen entra sabendo que há um propósito, mas não sabe o qual, é que nós entramos para descobrir junto com ele o seu novo destino.
Pontuei alguns fatos que achei interessante e que não me recordo de ter sido feito em outros livros com a mesma temática.
1º: Foi a primeira vez que eu vi Jesus Cristo sendo citado em um livro “do mundo” como é descrito nas Escrituras. Filho de Elohim e que foi o único a adentrar a mansão dos mortos e sair nos três dias do qual fala a Bíblia.
2º: Os incarnais, ótimos demônios (não estou dizendo que sou partidária), achei esses espectros bem interessantes, pois são as almas daqueles espíritos atormentadores.
3º: A Batalha no Paraíso, a inveja que incitou a expulsão do homem do jardim sagrado, o modo como o autor a retratou, assim como Cristo, foi semelhante à Bíblia, o que normalmente é ignorado por outros autores.
O livro foi escrito em primeira pessoa. Vemos sempre a história sob o olhar de Hollen. Durante a leitura temos passagens da vida do anjo caído, para melhor compreendermos como tudo ocorreu. É uma constante a mistura fatos que ocorreram tanto no passado, como os que estão no presente. O que de fato é bem interessante como os pontos das histórias estão interligados.
Pontos negativos observados é a repetição demasiada de determinadas palavras, principalmente “criatura”. O autor na sua busca por descrever tanto a raça humana como seres fantásticos, usa criatura o que torna a leitura em um primeiro momento confusa.
“Havia criaturas pacificas. Subitamente surgiu outra pequena criatura…”.
“As criaturas acabaram recuando…”.
“Voltei a estender o braço e a pequena criatura repousou…”.
Essas repetições ocorre em apenas uma página. O que acaba por se juntar ao segundo ponto negativo: a falta de descrição. O autor peca pela falta constante de descrição. Fica difícil saber como são os lugares e os personagens se eles são descritos de maneira tão vaga, assim como as “criaturas” inúmeras vezes citadas no livro. Terceiro e último ponto negativo: o mau acabamento dos capítulos. Começar a escrever é difícil, mas quando um capítulo termina de forma vaga e o outro que se dá inicio logo após não dá uma continuidade fluente, acaba por fazer o leitor ficar meio confuso com o fim ou inicio abrupto de alguns capítulos.
Nada que uma revisãozinha não resolva estes pequenos problemas, que apesar de existirem, não tira o interesse pela história escrita, que é cheia de ação. Você mal passa um capitulo sem alguém passar pelo fio da espada. Lúcifer é sempre o culpado, o que não o difere das outras obras publicadas, bom menos na do Neil Gaiman, que dá uma nova roupagem a Lúcifer. Hollen quer ser perdoado pelos seus atos, seu desejo é recuperar a sua glória perante o Pai, e ele não mede esforços para isso. Lúcifer sabe muito bem o que seus atos fizeram com ele.
“Quem semeia a injustiça, colherá a desgraça”.
É uma leitura que recomendo. Admiro esses novos autores nacionais que estão começando a investir na área de fantasia, pois os autores nacionais não dão tanta importância neste gênero.