spoiler visualizarDebinha 03/03/2022
Açúcar amargo, de Luiz Puntel
Marta morava com seus pais Zefa e Pedro, e Altair, o irmão mais velho, numa fazenda no interior de São Paulo. Seu pai acreditava que ter uma profissão era mais importante que estudar, e por isso não gostava que a filha frequentasse a escola.
Marta estudava para não ficar igual a mãe : ?na beirada do fogão e do tanque a vida toda?, e por isso acordava cedo para pegar o ônibus que a deixava em Catanduva, cidade distante da região onde morava e, onde ficava sua escola.
Pedro era um ótimo lavrador, mas um pai bravo, ranzinza, sempre de cara fechada com Marta, mas era carinhoso e afetuoso com Altair, o único sobrevivente dos três filhos homens que Zefa teve.
A família de Marta foi expulsa da fazenda, pois o dono da mesma iria alugar a terra para uma usina de cana de açúcar. As plantações, a casa e tudo o que tinha na fazenda seria destruído. Procuraram outras fazendas para trabalhar, mas todas estavam demitindo os lavradores e investindo na cana de açúcar.
A família de Marta foi para a cidade de Bebedouro, pois em Catanduva ( onde Marta estudava) não havia emprego. Enquanto não encontrava uma fazenda ou sítio para trabalhar, foram morar na periferia da cidade, e seu pai e seu irmão conseguiram trabalhar como bóias - frias ( saiam de madrugada, ficavam o dia inteiro fora de casa, e não tinham um local fixo de trabalho).
A situação da família ficava cada vez pior: o pai mais ranzinza, a saúde da mãe precária, e Marta abandonou os estudos para cuidar da casa. No ano seguinte, insistiu para que o pai a deixasse voltar a estudar e, como a saúde da mãe estava melhor, Marta voltou aos estudos.
Altair, o filho mais velho, morre num acidente com o caminhão que transportava os bóias - frias, e a família vai para a cidade de Guariba. Pedro consegue um trabalho na plantação de cana - de açúcar e Marta, para provar ao pai que é capaz de conciliar trabalho e estudo, se disfarça de homem, adotando o nome de João, mas passa a ser conhecido como Mudinho, pois trabalhava em silêncio. Até ser descoberta, Marta ajuda o pai no canavial, participa de protestos por melhores condições de trabalho e salário junto aos demais lavradores e conhece o primeiro amor.
Uma história de luta, superação, conquistas por direitos, machismo, cujos detalhes da narrativa transportam o leitor para uma realidade que se fez presente na história do Brasil, em 1980, da economia cafeeira à cana - de - açúcar, vinda de trabalhadores de todas as regiões do país para o interior de São Paulo, em busca de emprego nos canaviais.