Julia G 26/09/2016Caçadores de Trolls Conheci a escrita de Guillermo Del Toro há alguns anos atrás, quando li Noturno. Naquela ocasião, fiquei hipnotizada pelo enredo aterrorizante e envolvente criado pelo autor; a leitura foi incrível, mas me deixou sem coragem de ler os volumes seguintes da Trilogia da Escuridão.
Caçadores de Trolls, em coautoria com Daniel Kraus, veio em boa hora. Monstros embaixo da cama? Sim, eles existem. Comedores de crianças? Aham. Bonitinhos? Nada disso. A sinopse prometia uma história de terror, mas resolvi arriscar por envolver personagens mais adolescentes, então não deveria ser tão assustador assim, não é verdade? Definitivamente, está longe de ser fofinho, para se dizer o mínimo, mas não chegou a ser assustador.
Isso não quer dizer que o enredo não possua todas as características próprias do autor. A excelência da criatividade está ali, com seres mitológicos e submundos compreendidos em descrições extremamente cruas e detalhistas a ponto de deixar um leitor mais sensível com o estômago totalmente embrulhado. Tudo disputando espaço ainda com a vida comum dos personagens, os dramas e romances adolescentes e algumas batalhas diárias com os grandalhões da escola.
O mais encantador do livro é exatamente essa mistura entre opostos. O delicado e o bruto, o belo e o feio, a força e a fraqueza, o medo e a coragem. Há conflitos desse tipo por toda a parte, e os autores mostram que não é preciso eliminar um polo para que o outro prevaleça. RRRÁÁÁ, para mim, foi o exemplo mais nítido disso, uma troll pura força bruta e de tamanho assustador que tinha uma delicadeza sem igual.
A obra é toda intercalada por ilustrações das cenas principais, feitas por Sean Murray, que trouxeram a magnitude daquilo que os autores quiseram retratar. Além de serem visualmente atrativas (e devo destacar aqui a bela composição feita pela Editora Intrínseca), contribuem para mergulhar o leitor naquele universo único que faz parte da trama.
Muito mais do que um terror, a obra é repleta de aventura, cenas de luta e ação. Existem intensidade e dinamicidade nos acontecimentos que tornam a leitura rápida e gostosa. Trata-se de uma trama jovem e com preceitos aparentemente bobos, mas foi com seriedade que os seres míticos ganharam vida nas páginas de Caçadores de Trolls, tornando-a apta a ser conhecida por leitores de quaisquer idade.
O livro deve ganhar uma versão animada, com previsão ainda para 2016, por meio da parceria entre Del Toro, o estúdio Dreamworks e a Netflix. Espero que chegue logo ao streaming, porque estou mais do que curiosa para assistir.
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http://conjuntodaobra.blogspot.com.br/2016/08/cacadores-de-trolls-guillermo-del-toro.html