Jeff.Rodrigues 09/08/2017Resenha publicada no Leitor Compulsivo.com.brLi tantas resenhas exaltando este livro que criei expectativas astronômicas e fui logo com sede ao pote para embarcar na leitura. O resultado acabou sendo a decepção do ano. Apontada como uma história aterrorizante, a trama da Colina de Darrington me soou inocente e infantil demais, sem nenhum traço que pudesse causar aquela perturbação incômoda que as boas histórias de terror normalmente provocam.
Narrado em primeira pessoa, numa linguagem prá lá de simples, Horror na Colina de Darrington acompanha Benjamin Simons durante sua nada agradável estadia junto aos tios numa casa situada no local que dá nome ao livro. Com a tia doente presa à cama, Benjamin passa os dias cuidando da sobrinha Carla enquanto o tio garante o sustento da casa trabalhando. E é nesse cenário que estranhos acontecimentos passam a perturbar sua paz. Tem início, então, uma sequência de episódios bizarros e sobrenaturais que colocam em xeque a sanidade do protagonista.
Entrar em mais detalhes significa começar a dar spoilers, então falemos dos deméritos da história, que não são poucos. Em primeiro lugar, situar a trama nos Estados Unidos não convenceu e ficou inverossímil demais. Durante toda a leitura, as falas dos personagens, as referências de localização, as próprias situações do cotidiano, entre outros, me passaram claramente um DNA de Brasil, aquele estilozão interiorano brasileiro. Em nenhum momento consegui assimilar a história como algo norte-americano. Faltou uma imersão na cultura e no jeito americano de ser. O resultado foi uma trama bem nacional com nomes em inglês.
Já a diversidade de acontecimentos (fantasmas, almas, seitas…) se entrelaçando dentro do ritmo ágil da narrativa deixou muitos fios soltos. Num resumo geral, o livro é uma miscelânea de clichês de terror colocados ao acaso para tentar “dar medo”, sendo que qualquer um se bem desenvolvido dispensaria o uso dos demais.
O estilo veloz de contar a história, que poderia funcionar a seu favor, acabou contribuindo para seu desastre completo. Tudo foi tão jogado nessa pressa de assustar o leitor que não houve um desenvolvimento que conferisse o mínimo de veracidade à trama. Sim, veracidade! Por mais que seja ficção, um bom terror envolve o leitor a ponto de fazer daquela fantasia algo real, e aí gerar os medos, incômodos e sustos. Francamente, não se assusta ninguém apenas mencionando corpos pendurados no teto. É preciso criar uma atmosfera, boa, para que essa imagem cause medo.
A ideia-base de Horror na Colina de Darrington é muito boa, mas desde as primeiras frases, o livro já deixa bem evidente seu jeitão de filme B. As expectativas que criei acabaram sendo frustradas por um conjunto final bem distante daquilo que eu esperava. Não é um livro que vai assustar leitores acostumados com terror de verdade. Talvez se lido como conto infantil possa tirar o sono dos pequenos.
site:
http://leitorcompulsivo.com.br/2017/08/07/resenha-horror-na-colina-de-darrington-marcus-barcelos/