O Teatro da Ira

O Teatro da Ira Diego Guerra




Resenhas - O Teatro da Ira


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Ruh Dias (Perplexidade e Silêncio) 01/11/2018

Já Li
O clima do enredo é de guerra iminente. Os homens do norte e do sul trocam ameaças e reúnem forças, sobretudo ao redor da cidade de Karis. Para quem gosta de Bernard Cornwell, é uma leitura que segue o mesmo estilo. Diego Guerra fez um excelente trabalho criando o universo de seu livro, com povos, crenças, História e cronologia interessantes e bem amarradinhas.


Os pontos-de-vista dos capítulos se alternam entre Jhomm Krulgar e Thalla. Krulgar busca vingança pela morte de seu amor adolescente, Liliah, e ele tem uma conexão especial com os cães selvagens. Thalla, filha de um mercador, namora o príncipe do sul e vê na vingança de Krulgar uma maneira de atingir os próprios objetivos.

Thalla tem uma característica fantástica (literalmente) que me agradou. Ela sonha com eventos do passado e do futuro e consegue manipular as pessoas dentro de seus sonhos. Isso me lembrou alguns elementos da saga A Roda do Tempo, de Robert Jordan, sobretudo o Vol. 5: As Chamas do Paraíso. Lá, há Tel'aran'rhiod, o Mundo dos Sonhos, onde as mulheres se encontram para fazer o mesmo que Thalla faz neste livro de Diego Guerra.

Os elementos fantásticos da trama são sutis e, ao mesmo tempo, encantadores. Neste sentido, o que mais gostei foram as canções entoadas pelo povo dhäeni. Este povo acredita que faz parte da Grande Canção do mundo e, dependendo da situação, eles se valem de uma determinada música para alterar a realidade ao seu redor. Os dhäeni também podem promover a cura e a prosperidade através destas canções. Achei um toque poético muito bonito e que me lembrou A Crônica do Matador do Rei, de Patrick Rothfuss.

Como antagonistas, temos a figura dos Magistrados, que utilizam de seu poder e autoridade para manipular a guerra conforme suas conveniências. Representados por uma pena preta, eles postulam que uma mente sem pecados é uma mente leve mas que ninguém, nem mesmo eles próprios, estão livres do peso dos pecados. Estes elementos e os símbolos adotados para cada parte do Império (norte e sul, Leão Vermelho e Aranha Púrpura) parecem ter referência na saga Guerra dos Tronos. Ainda no quesito de antagonistas, Diego Guerra incorpora trolls ao longo da trama, o que confere à estória uma atmosfera medieval muito interessante.

Como ponto positivo, destaco as cenas de ação, que percorrem toda a trama e foram muito bem desenvolvidas. Além de trazerem emoção e conflito para o enredo, elas servem como uma ótima forma de mostrar as personalidades das personagens e suas principais motivações. Além disso, Diego Guerra tem um estilo de escrita maduro e sólido, que rapidamente envolve o leitor.

Minha única ressalva é em relação ao peso das referências - Cornwell, Rothfuss, George R. R. Martin, e assim por diante. Embora a estória de Diego Guerra seja original e bem desenvolvida, alguns trechos e elementos soaram familiares demais (principalmente para mim, que consumo literatura fantástica tanto quanto consumo café, ou seja, o tempo todo), atrapalhando o envolvimento com a leitura.

É uma leitura que recomendo. Tenho certeza que este livro calará muitas bocas que dizem que a literatura brasileira não tem nada de bom.

site: https://perplexidadesilencio.blogspot.com/2018/11/ja-li-80-chamas-do-imperio-vol-1-o.html
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Brena 08/08/2018

WAAAAAAAAAAARRRRRR
Ambientado na iminência de uma guerra, O Teatro da Ira é o primeiro volume das Chamas do Império. Seus personagens são cinzas, complexos; não há carisma aqui, apenas a realidade nua e crua, e muito sangue, muita sujeira e desonra!
Através do ponto de vista de Thalla e de Krulgar (e isso funcionou muito bem), somos apresentados a um mundo inteiramente novo, com sua própria cultura e mitologia, e magia… Magia? Sim! Esse elemento é bem sutil na trama, mas está por toda a parte.
O livro pode ser dividido em duas partes: antes e depois da ponte, a caminho de Illioth. Na primeira parte o ritmo é mais lento, conhecemos os personagens e a descrição do cenário é deixada um pouco de lado. Tem algumas descrições meio confusas, inclusive a que antecede a melhor parte da trama, o divisor de águas da narrativa; mas a batalha, senhores, amor eterno por toda a ira de Khirk! Essa cena foi uma ótima escolha para estampar a capa do livro.
A segunda parte é frenética, a velocidade da narrativa intercala com a descrição do cenário mais atenciosa, e eu não fiquei em paz até saber o desfecho da trama, toda a angústia que envolvia os personagens era sentida por mim também. O desfecho mostra a relevância dos dhaeni na estória, e possui o ponto alto de magia do livro. E dessa vez, apesar de toda a complexidade da ação, eu consegui imaginar tudo que ocorria.
O autor teve muito cuidado com tudo que criou, e apesar das inspirações evidentes, para mim foi uma estória nova. A falha aqui foi editorial, faltou uma revisão mais cuidadosa; não há erros bizarros, são pequenos erros que não deixam de constar a cada 5 ou 10 páginas, o que me incomodou um pouco.
Enfim, obra recomendadíssima, uma das melhores leituras nacionais do ano.
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Gleyzer.Wendrew 12/07/2018

Livraço!! A melhor fantasia nacional que já li...
Livro excelente. A melhor fantasia nacional que já li até hoje... Bem escrito, com personagens cinzas, boas descrições, tanto de cenário quanto de cenas de luta, pouco ou quase nenhum infodumping e sem mimimi! Trata-se de uma grimdark fantasy, portanto, tem bastante violência e temas adultos. Para quem busca por fantasias com uma pegada mais sombria e realista, esse é um dos melhores livros que o Brasil tem a oferecer. Vai sem medo que é um livraço!!
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Taverneiro 29/06/2017

Alta magia histórica? Acho que sim. XD
Uma fantasia épica muito muito boa! E orgulhosamente brasileira. XD

Primeiro livro da série Chamas do Império, escrito pelo autor Diego Guerra e lançado pela Editora Draco! Esse livro tem fortes influências de George R. R. Martin e Bernard Cornwell e conseguiu se destacar bastante misturando um mundo brutal e realista com magia, intrigas palacianas e ação.

Tendo como pontos fortes a tensão crescente, uma trama bem intrincada com arcos de personagens se chocando e ainda um mundo de alta fantasia surpreendentemente orgânico, esse é um livro altamente recomendado…

Vamos aos detalhes!

Alta magia histórica? Acho que sim. XD

A criação de mundos é uma parte essencial de qualquer livro de fantasia, então é muito importante saber: Esse mundo é legal?

Sim, é. ^^

Antes, um adendo: por mais que tenha todo um background, o mundo é apresentado de maneira bem moderada, mantendo o foco nos personagens e na trama enquanto lentamente enriquece a história (que é a maneira mais agradável de fazer isso a meu ver). Sem nem perceber no final do livro você já está um especialista no mundo. XD

A formação desse cenário gira em torno dos eldani, uma raça de seres místicos que vivem em comunidades isoladas e tem um grande respeito pela vida. Possuem o dom de criar canções capazes de alterar o mundo a seu redor (acalmando emoções, curando ferimentos…). Em um passado distante essa raça dominava os humanos, até que um homem, Therik, teve a família assassinada pelos eldani e foi executado. Ele retornou da morte como um deus da força e da coragem e liderou os humanos em uma rebelião contra os eldani.

Os humanos venceram e Therik conclamou que os eldani agora se tornariam dhäeni (aqueles que servem) e seriam para sempre escravos dos humanos como compensação pelos seus crimes. Pelo menos é isso que a história conta né…

Muito tempo se passou com os dhäeni escravizados, até que recentemente o imperador declarou a liberdade dessa raça. As grandes cidades do Norte do império adotaram as novas leis, mas o Sul, que tem como divindade principal Therik, reluta em adotar essas leis por causa dos costumes moldados entorno da fé guerreira de Therik e pelo prejuízo da perda de escravos. Esse impasse está levando a uma tensão cada vez maior de guerra civil.

Com o imperador ocupado lutando uma guerra no Norte, ele expõe as “costas” dele para o Sul, que pode aproveitar essa chance para atacar.

“— Hoje acordei me perguntando como saber se não estou encenando. Talvez eu esteja em uma peça; talvez eu seja apenas uma ilusão. Como ter certeza de se, em vez de mestre das marionetes, não somos títeres?

Derek não tinha tempo para adivinhas e nenhuma ilusão sobre ser mestre.

—Sei bem em qual ponta das cordinhas estou atado Ethron. Se fosse você, também não olharia muito para cima; o titereiro pode resolver cortar suas cordas. ”

O Diego acabou usando como “ponto de apoio” para a sua trama a Guerra Civil Americana, e com isso trouxe discussões raciais e políticas para o livro. Ele criou um mundo fantástico que consegue fazer todo o sentido histórico, onde tudo o que é no presente tem alguma explicação lógica em acontecimentos do passado, assim como é no nosso próprio mundo. De quebra o autor ainda entregou um cenário recheado de “bombas a explodir”, perfeito tanto para intrigas quanto para guerras abertas. 😉

A magia existe aqui, mas não é tão presente. Nesse livro podemos ver as canções Eldani, os ilusionismos dos coen (um tipo de artista) e ouvimos falar de outros tipos de magia, como o élan que impregna o ar. Mesmo com os elementos fantásticos muito presentes no livro, à sensação ainda é de baixa magia, quase uma ficção histórica. Você tem um mundo sujo, brutal e magico. Esse tom de “alta magia histórica” é uma característica usada de maneira primorosa pelo autor.

“— Quais os três passos da magia?

— Mentalização, canalização, materialização — Ele respondeu, quase sem pensar. — Deve-se mentalizar o que é real, deve-se canalizar o que é real, deve-se materializar o que é real.

O coen assentiu com a cabeça.

— E de onde vem a realidade?

— De todas as possibilidades. ”

Um pequeno comentário por algo que merece atenção: a criação dos nomes e culturas. O autor tomou o cuidado de diferenciar plurais e singulares em outras línguas, como dhäen (singular) e dhäeni (Plural). Esses pequenos detalhes mostram que foi um livro feito com carinho. ^^

Personagens Carismáticos e Bem Desenvolvidos.

Os personagens aqui são a linha condutora de tudo, e são ótimos. O ritmo de desenvolvimento de personagens no iniciozinho do livro me incomodou um pouco, mas quando engata vai com toda a velocidade.

O protagonismo aqui eu imagino que seja de Krulgar e Thalla, mas é tão dividido entre todo o elenco fica difícil apontar alguém mais importante. Eu vou falar um pouquinho sobre os que mais me chamaram atenção.

Krulgar, o mastim negro, um guerreiro mercenário furioso que tem apenas um objetivo: Assassinar um grupo de nobres que violentaram e mataram uma pessoa importante do seu passado. Eu achei o lance de guerreiro selvagem muito bom, embora isso seja falado mais vezes do que devia.

Khirk, o assassino com a marca Fahin. Ele é um eldani que foi banido de sua sociedade, não possui mais sua voz e é desprezado pelos outros dhäeni. Por algum pecado do seu passado se tornou um fahin, um eldani assombrado por um demônio. Apesar disso ele achou em Krulgar um amigo e companheiro de aventura. Ele é guerreiro MUITO perigoso. É o protagonista da cena de luta (ou devia dizer massacre?) mais legal do livro.

“Havia acabado de matar um homem. Cada pessoa que morria levava consigo um pedaço da Grande Canção do mundo. Caberia ao dhäen preencher aquele vazio; ele, no entanto, já não era capaz de fazer aquilo. Sua voz já tinha sido tomada quando a marca Fahin fora feita em seu rosto. Seu nome havia sido banido para sempre das canções de sua família. Tudo o que tocava virava silêncio e aquela morte era só outra prova disso. ”

Thalla, a sonhadora. Ela tem uma habilidade de invadir sonhos alheios, manipulando levemente e coletando informações. É filha de um nobre do Norte mais está tendo um caso com Oren, um príncipe do Sul. Está usando Krulgar para matar o irmão mais velho de Oren e assim garantir que ele se torne rei da maior cidade do Sul e, consequentemente, ela se torne rainha.

Dhommas e Oren, filhos do rei de Illioth, a maior cidade do sul. Dhommas quer a guerra com o império e a escravização dos dhäeni. Oren por outro lado quer a paz, o problema é que ele é o filho mais novo. Assim que o pai deles morrer (o que não está longe, dadas à saúde frágil e idade avançadas) Dhommas assumira iniciara a guerra.

Tem mais vários personagens que se envolvem na trama de diferentes formas, mas esses são os pontos centrais.

Narrativa F%$#@!

O livro se divide em duas partes principais. Na primeira metade temos os personagens sendo apresentados e conhecendo um ao outro. Por mais que já mostre a habilidade do autor em desenvolver a história com uma “complexidade simples” (introduz bem um mundo grande; mostra, sem excesso, passado e tramas paralelas…) e termine com a melhor cena de luta que estampa o quanto um dos personagens é f#$%, mesmo assim ainda tem um ritmo um pouco estranho. Eu mesmo não tinha reparado até chegar na segunda parte, essa sim muito mais fluida!

Quando os personagens se encontram e as tramas começam a se chocar e se misturar, cara… usando um linguajar mais rebuscado, vira um baguiu frenético! A tensão vai prendendo você na leitura até o final.

Inclusive eu acho que esse livro poderia ter aquele famigerado “Parte 1” e “Parte 2” dividindo o livro. Dada a mudança de clima, seria algo simpático de se ver, mas é só um detalhe estético mesmo.

Sobre as influências…

Esse livro tem uma influência muito forte de George R.R. Martin e Bernard Cornwell (Tendo até uma cena maneiríssima envolvendo uma parede de escudos XD) se você gosta desses autores, pode pegar esse livro para ler que você não vai se decepcionar!

Mesmo assim isso vai de encontro a um dos problemas que eu encontrei no livro. A narrativa é muito boa, os personagens são maneiros, o mundo foi bem feito bem apresentado… eu cheguei muito perto de dar 5 canecas para esse livro, mas as influências me detiveram. =/

Eu senti muito a mão pesada de outros autores e obras aqui. Não estou falando de plagio, estou falando de uma influência as vezes mais sentida, as vezes menos, mas que quando aparecia era evidente demais e isso me desagradou um pouco. Isso é algo muito pessoal meu, acho muito difícil alguém se incomodar também com esse aspecto, mas ainda assim foi algo que me veio a mente muitas vezes enquanto eu lia.

A capa é maneira né?

O ilustrador Camaleão tem vários trabalhos bem bacanas além dessa capa irada, como algumas ótimas HQs pela Draco, além de tirinhas. Vocês podem conferir mais do trabalho dele no blog Camaleão Caricaturas.

Concluindo…

O Teatro da Ira é um Livro muito bom, a narrativa dele é rica e muito bem construída! O seu mundo é fantástico e brutal e os seus personagens são carismáticos. Um primeiro terço com um ritmo estranho e uma influência muito forte de autores maiores em alguns momentos me incomodou, mas ainda assim não foi capaz de me tirar da cabeça que essa é um dos melhores livros de fantasia épica que eu já li! Se você é fã de fantasia pode ler a vontade que eu tenho certeza que vai curtir pra caramba da mesma forma que eu curti! ^^

OBS.: No aguardo do próximo da série… XD

site: https://tavernablog.com/2017/06/27/o-teatro-da-ira-de-diego-guerra-resenha/
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Um Simples Leitor 23/02/2017

O Teatro da Ira | Resenha
O Teatro de Ira é uma ficção medieval que nos apresenta um jovem chamado Jhomm Krulgar, um garoto que vive com seus parceiros até ter sonhos esquisitos. Algo mais levado para uma visão. Toda vez em seus momentos de sono, ele consegue ver uma garota, Liliah. No seu sonho ele enfrenta um monge que o ameaça com a morte e ele não sabe o que fazer.

Em outro momentos temos Thalla, filha do nobre Cirius, que tenta forçar ela a se casa com o príncipe Oren. Seu pai esconde um segredo: Como sua mãe morreu. Thalla se revolta e resolve então deixar o castelo para uma missão. Seu maior desejo é matar o próprio pai e quer por que quer descobrir toda a verdade. Thalla se encontra com Krugar e embarcam numa misteriosa e esquisita missão.

Jhomm Krugar é um dos personagens principais da trama e faz com que o livro seja dividido em duas narrações. A dele e a de Thalla. Os desejos de ambos acaba se encontrando e eles são orientados pelo mover da história a adentrar um mundo com criaturas estranhas e guerreiros que farão de tudo para combater a guerra que se aproxima.

A leitura é um pouco pesada e quando se lê um livro assim, você é obrigado a prestar um pouco mais de atenção. Muitas coisas rápidas acontecem e a conclusão é de que tudo é inocentemente realizado com muitos detalhes. Tem também uma outra parte que acaba nos confundindo. O verdadeiro teatro. Esse é o que bagunçou a minha cabeça, porque eu ficava me perguntando: "Que coisa é essa aqui?". Chega até a ser estranho no momento que lia, mas depois as coisas foram se entendendo.

Com toda minha sinceridade, eu não consegui terminar a leitura justamente por isso. Não sei muito bem ao certo o que me ocorreu, mas irei ler novamente assim que minha mente estiver preparada. Tudo que vocês estão lendo aqui, é apenas uma visão por alto das coisas. Li mais de 200 páginas e pude ter uma certa noção de como vai acabar, ou não, não sei.

Os personagens foram bem estruturados e com uma trama concisa. Drama, humor e suspense e me deixou com a dúvida: "Em quem posso acreditar aqui?". A guria quer matar o pai por um motivo relevante, o meio cão Jhomm é estranhamente confuso em tudo que faz até que chega o momento e diz que as coisas tem que mudar. O livro possui também frases inspiradoras que me colocou para refletir um pouco.

Como não conclui o livro, não consegui reconhecer a verdadeira mensagem que Diego nos aborda. Como eu disse, vou pegar ele para ler novamente assim que as coisas se acalmarem e eu volto aqui e digo pra vocês. A cena da capa é bem interessante. Se passa em um momento de desespero de alguns personagens e mortes são instauradas. Muito bacana a ideia. Chamou a atenção.

site: umsimplesleittor.blogspot.com.br
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Matheus Fellipe 21/07/2016

O Teatro da Ira é o primeiro ato de um grande espetáculo
Repleto de vingança, de desejo e de coragem, O Teatro da Ira, primeiro livro da série Chamas do Império, é a centelha que inicia um grande incêndio, o portão de entrada para um novo mundo de culturas e mitologias. O Império de Karis está ruindo e uma grande batalha se inicia.

“[...] O Império já está em chamas, magistrado, e vocês perdem tempo tentando adivinhar a cor da fumaça.” — Pág. 270

Diego Guerra mostra seu talento em cada linha escrita. Ele não tem piedade de suas criações. Se têm que dar um fim, ele faz sangrar até a última gota. O autor não adorna seus personagens, ele mostra a verdadeira face de cada um, seus sentimentos e suas qualidades, seus medos e seus defeitos. Seus personagens são notáveis, nos cativam a medida em que vamos os conhecendo. E por cativar eu não estou dizendo que eles são perfeitos, eu estou dizendo que suas imperfeições me mostraram o quão reais eles são. Dentre eles, os meus favoritos são Krulgar, Khirk e Thalla (até certo ponto).

“Ouviu o gemido da corda implorando para fazer voar a flecha. Era uma súplica sedenta de sangue. Um apelo pela alma do outro. É o canto da corda, não a ponta da flecha, que mata o alvo, dizia o ditado. Khirk abriu os dedos e deixou a corda cantar.” — Pág. 167

Khirk é um arqueiro dhäeni (uma antiga raça que foi libertada há poucos anos de sua condição de escravidão) que foi amaldiçoado pela marca fahin, a qual roubou sua voz e sua canção; o pouco da bondade que permaneceu nos recônditos de sua alma fez com que ele salvasse o pobre Krulgar, ainda criança, das injustiças que o assolavam.

“Queria sangue e se empanturrou com ele. Latindo e mordendo. Enterrando suas patas no coração dos monstros e ouvindo costelas estalando ao escancarar seus peitos a dentadas. Os rapazes fugiram. Krulgar farejou o corpo caído de Liliah, ferido e nu, e viu que o brilho havia escapado de seus olhos. Uivou, como fazem os cães quando o pesar é muito grande. Farejou Liliah novamente e sentiu o odor da morte tocar o seu corpo.” — Pág. 45

O mastim demônio, o selvagem que nasceu e cresceu sem esperanças, e Khirk se unem a um grupo de mercenários e iniciam uma peregrinação em busca de vingança. Krulgar deseja, mais que tudo no mundo, vingar a morte de Liliah, a única pessoa que amou em sua vida e aquela que teve um terrível fim. E ele não irá descansar enquanto todos não estiverem mortos.

“A maioria das pessoas tentava esquecer seus pesadelos, Krulgar se esforçava todos os dias para encontrá-los.” — Pág. 19

Thalla, filha do nobre mercador Círius, tem o poder de penetrar no sonho das pessoas, e por meio deles induz Krulgar a seguir um novo caminho. Seus objetivos são outros, mas quando o encontra ela lhe dá a garantia de vingança que ele sempre quis. Sem pensar muito, Krulgar aceita suas imposições e, junto com Khirk, Thalla, Evhin (a fiel dhäen da família) e outros personagens (que se juntam a eles durante o percurso), partem para o sul. Krulgar, em busca de vingança e os demais, atrás de seus próprios interesses.

“[...] Para os dhäeni, os sonhos eram uma forma pessoal de compreender a Grande Canção que regia o mundo. Para Thalla, os sonhos eram uma biblioteca invisível, na qual repousava, em linguagem cifrada, todos os segredos do mundo.” — Pág. 36

O império, as culturas, a política, as criaturas, a mitologia, as crenças... tudo foi criado e desenvolvido com maestria pelo autor. A magia de algumas culturas, uma forma de viajar mais rápido, através da Bota do Gigante, cada detalhe desse universo criado vai sendo descrito. Dentre as culturas e raças, a que mais foi desenvolvida nesse primeiro livro e a que mais me fascinou foi a dos dhäeni e seu envolvimento com a Grande Canção:

“[...] Tudo que um dhäen fazia em sua vida tinha uma canção. Do nascimento à morte, todas as suas tradições eram marcadas por uma música. Era por meio das músicas que passavam seu conhecimento e por meio da música que tocavam o outro lado da vida, aquele capaz de operar pequenos milagres.” — Pág. 89

Muita coisa acontece nesse primeiro livro de Chamas do Império e teria muito mais para comentar, mas deixarei para vocês descobrirem sozinhos. A princípio podemos nos perder um pouco com tantas informações, mas com o passar das páginas, tudo começa a fazer sentido. Vamos separando os protagonistas dos coadjuvantes, conhecemos os cenários, distinguimos as melhores atuações... O Teatro da Ira é o primeiro ato de um grande espetáculo.

“[...] Com um sorriso e um movimento lento e cheio de prazer, esfaqueou-o na barriga. O metal frio invadiu suas entranhas; um objeto desconhecido que o corpo se negava a entender. O homem torceu a faca, com um sorriso vitorioso, os dentes podres e lascados à mostra.” — Pág.16

Eu consegui sentir raiva, pena, alegria e tristeza a medida que as coisas aconteciam. Quem gosta de livros com batalhas, mortes, culturas e magia, certamente deve ler essa série. Chamas do Império, nada mais é, do que a melhor fantasia nacional que eu já li. Talvez vocês discordem de mim, mas gosto é gosto. O livro recebe nada menos do que 5 estrelas.

Se quiser saber um pouco mais da história, curiosidades e próximos lançamentos, basta acessar o site do autor. Outra coisa, a edição da Draco é excelente, e a capa então, nem se fala, uma das mais chamativas da minha estante.

site: http://leitornoturno.blogspot.com.br/2016/07/resenha-o-teatro-da-ira-diego-guerra.html
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Ana Patrícia 01/06/2016

Livro Incrível
Confesso que quis atrasar o término deste livro. Entretanto, o " fim" é inevitável ( ainda bem que vem mais por ae).
Confesso também que me envolvi, chorei, sorri e odiei. Ele nos causa um misto de emoções intensas. Isso te garanto.
O livro nos apresenta um Império em crise, trazendo para nós a visão de uma iminente guerra pelos olhos dos envolvidos, por entre as estradas imperiais, com direito a lutas, sangue, morte, perigo; cuja guerra é baseada principalmente em desejos próprios. Apresenta personagens egoístas, capazes de manipular os outros para conseguirem o que querem; soberbos, guerreiros, amantes vingativos, ambiciosos, frios, vítimas do passado, ansiando por um futuro diferente e por respostas ainda não conhecidas... Krulgar, Thalla, Khirk, Evin, Thamos, Círius, Dhommas, geram uma mistura entre ficção e realidade tão intensa, que fica impossível não se identificar com eles; confesso que vi um pouco de mim em cada um. E você também vai se ver neles. Sempre fui fascinada pela literatura americana e poucos são os livros de autores brasileiros que me atraem; e o Teatro da Ira foi um deles. A forma como foi escrito, a evolução que a história tem, as crescentes descobertas e os mistérios que ainda serão desvendados me prenderam a ponto de me fazer ansiar por mais. Esse é o pior problema. Esperar. O que me consola é saber que é apenas o começo de uma nova história, de um novo amor, de um novo mundo. Ainda temos muitas estradas imperiais para serem percorridas, muitas guerras para serem travadas, muitas mortes para serem lamentadas e, talvez, comemoradas , amores e traições para serem vivenciados; Então, vai valer a pena cada dia de espera. Recomendo este livro a vocês, amantes da leitura, invistam nele e embarquem nesta aventura pelas Chamas do Império.
Encerro minha singela frase, com a citação que este livro nos traz e que eu tomo para a minha própria vida:
" A coragem é o único caminho; o medo o único pecado"
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Renan Barcelos 25/05/2016

Fantasia Nacional de Qualidade
Seguindo tradições que remontam ao Sword & Sorcery, O Teatro da Ira, romance de estreia do designer Diego Guerra, se propõe a narrar uma história anti-tolkeniana onde não existe nenhum grande confronto entre o bem e o mal, apenas a iminência de uma guerra mesquinha e inescrupulosamente humana. Contando com narrativa e intrigas semelhantes a Guerra dos Tronos, mas com elementos que acabam tocando na saga do witcher Geralt de Rivia, a obra apresenta um mundo de fantasia sombria com uma história que não se afoga nos pressupostos do gênero e entrega um romance superior a algumas das obras mais conhecidas da literatura fantástica brasileira.

Em uma trama bem amarrada, o livro conta uma história de violência e intriga, com diferentes grupos querendo prevenir, ou iniciar, uma guerra entre os reinos ao sul e ao norte do Império de Karis. Jhomm Krulgar é apenas um mercenário, quase um animal em busca de vingança; já Thalla é filha de um dos mais ricos comerciantes do Império, capaz de acessar os sonhos alheios e direcionar as pessoas para onde ela quer que estejam. E é justamente Krulgar quem ela manipula e pretende usar como um assassino, como sua arma para matar um príncipe, evitar uma guerra e punir o seu pai. No entanto, eles e seus companheiros não são os únicos a ter olhos voltados para o sul, para o reino do rei Thuron; o magistrado Marhus Grahan viaja com uma comitiva imperial que leva presentes, pedidos de paz e ameaças veladas, sem saber que também carrega um assassino.

A primeira metade do livro funciona principalmente para juntar os personagens e colocá-los na direção de um teatro tanto literal quanto figurado que está sendo armado na cidade de Illioth. É impossível não fazer comparações com Guerra dos Tronos. A narrativa utilizada por Guerra é semelhante à de George Martin, valendo-se de cenas com pontos de vistas de diferentes personagens, que se auxiliam e antagonizam, para compor a história de intriga e violência que está sendo contada. É principalmente no início do livro que o estilo fica mais próximo dAs Crônicas de Gelo e Fogo. Enquanto os personagens estão separados, cada um apresentando a suas próprias premissas e diferentes aspectos do mundo de Qran e do Império de Karis, leitores de Martin irão facilmente fazer a correlação, embora, conforme os caminhos dos protagonistas começam a se juntar e suas cenas se intercalam, essa percepção diminua. É interessante notar que, diferente do autor de Guerra dos Tronos e, aliás, de muitos autores de fantasia da atualidade, Guerra não tem pudores em ocasionalmente alterar o foco do ponto de vista entre um parágrafo e outro, recurso que utiliza com eficiência e sem deixar a narrativa confusa.

A semelhança com Guerra dos Tronos também se estende à exposição do mundo fantástico que ambienta a história e, tal qual como na narrativa, este aspecto também sofre uma mudança do início para o meio do livro. Como na obra de Martin, o Teatro da Ira se importa pouco em explicar ou descrever o mundo de Qran, deixando que as informações pouco a pouco sejam absorvidas pelo leitor conforme vai tendo contato com os termos, locais e amostras da cultura local. Contudo, por suas cenas serem muito menores, o recurso acaba não funcionando tão bem quanto em Guerra dos Tronos e muitos conceitos acabam não sendo entendidos no momento em que deveriam e em alguns momentos informações parecem não ter sido bem apresentadas.

Conforme o livro vai chegando à sua metade, o autor parece ter mudado de ideia quanto ao assunto, e pode-se ocasionalmente encontrar trechos descrevendo e explicando aspectos do Império de Karis. Até mesmo os diálogos parecem funcionar melhor para fazer os leitores entender a história e a cultura do lugar. É uma pena que se tenha decidido expor menos a ambientação no início do livro, pois a história e a cultura de Karis, bem como a estranha magia que permeia a terra do lugar, são interessantes, originais, e valeriam uma exposição maior. Ainda assim, ao fim do livro é possível entender bem o suficiente dos elementos políticos e culturais mais relevantes para a história. O destaque vai para os eldani, raça élfica bastante tolkeniana em sua ideia geral, mas cuja situação de escravidão e preconceito – semelhante à saga de Geralt de Rivia – bem como sua religião, relacionada à Grande Música, os tornam extremamente interessantes. Como um todo, a obra – e o leitor – teria se beneficiado com mais detalhes sobre Qran e seus elementos fantásticos.

Tendo mais ou menos ambientação, o fato é que Teatro da Ira é uma obra centrada em seus personagens. E nesse ponto, Diego Guerra fez um excelente trabalho. Os protagonistas são muito bem desenvolvidos e os coadjuvantes são bastante carismáticos. O autor consegue estabelecer muito bem as suas personalidades ao longo do livro e, embora não se possa dizer que algum deles tenha evoluído durante a história – com a notável exceção de Khirk, mais coadjuvante do que protagonista –, em vários momentos eles têm suas crenças testadas. Não existe explicação sobre a maioria dos personagens. Seus modos, crenças e personalidades vão sendo estabelecidos ao longo das páginas - causando um certo estranhamento quando surgem passagens em que o autor resolve descrever a personalidade um coadjuvante que tem menos importância. Mesmo assim, de longe, a construção dos personagens é o ponto alto dos livros.

No entanto, mesmo no quesito caracterização, é possível apontar algumas questões adversas. Apesar de ser bem construído e explicado, o maior protagonista da história, Jhomm Krulgar, por exemplo, segue muito o clichê do personagem turrão de fantasia sombria. Ele é violento, impiedoso, cruel - e tem motivos para ser tudo isso -, mas ainda assim, tem momentos de empatia e fragilidade, não muito diferente do emblemático Guts, do mangá Berserk. Não que isso seja ruim por definição, mas em alguns momentos, o esforço para mostrar Krulgar como o “berserker” animalesco que no fundo ele é acaba prejudicando os outros personagens e parecendo um tanto quanto forçado. Com Thalla, o problema é um pouco diferente. A jovem foi muito bem trabalhada por Diego Guerra, sendo um dos melhores personagens da obra. Contudo, conforme o livro começa a se aproximar da metade, ela começa a ter menos destaque, ao ponto de uma de suas cenas finais, que poderia ter sido fenomenal, ser apenas boa, devido a ter pouca preparação em momentos anteriores e comedimento com as descrições.

Teatro da Ira não é um livro perfeito, mas o material entregue por Diego Guerra é de uma qualidade invejável. A obra possui seus defeitos, mas eles são pequenos e pontuais, de forma alguma comprometendo a história que está sendo contada. Talvez o maior problema tenha sido uma tendência a deixar a obra mais enxuta e direta. Por si só, isso não é um porém, contudo, quando o que o autor tem a oferecer é de qualidade e o mundo fantástico que ele cria é criativo e interessante, o leitor mais perde do que ganha ao ser privado dos pequenos detalhes que colorem e transformam a história em algo único. No momento, o que falta para que a saga das Chamas do Império esteja entre as obras brasileiras de fantasia mais queridas e comentadas é o reconhecimento - que o autor ainda não recebeu.




site: http://ovicio.com.br/teatro-da-ira/
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Vagner46 08/05/2016

Desbravando O Teatro da Ira
Apostando novamente em um livro de fantasia nacional, dei de cara com essa capa fodona de O Teatro da Ira nas minhas pesquisas por aí e decidi ler o quanto antes. Dez dias depois, cá estou eu fazendo mais uma resenha, escolhendo as melhores palavras para recomendar o livro aos leitores.

A história concentra-se em Karis, onde o seu atual imperador Arteen II tenta conter a ameaça dos homens do norte. Ao mesmo tempo, no sul, mais precisamente na região de Illioth, rumores de uma rebelião começam a se espalhar, acirrando os ânimos e antecipando tempos de guerra.

Logo no primeiro capítulo somos apresentados a Jhomm Krulgar, um dos protagonistas da série. Perseguido por monges após um assassinato e acompanhado por alguns cães, Krulgar é gravamente ferido e, antes que seja morto, salvo por um estranho com tatuagem negra sobre o olho direito, que depois descobrimos ser Khirk, um dhäen, membro de uma antiga raça escrava que foi libertada pelo Império 20 anos atrás, mas que ainda sofre abusos em diversas regiões de Karis. Sua libertação não foi bem aceita em todos os lugares do continente, principalmente no Sul, ao redor de Illioth.

Um fato interessante a respeito dos dhäeni é a sua estreita relação com a música, onde todos dizem ser parte da "Grande Canção", uma força que rege o mundo para que suas vontades sejam realizadas. Esse tipo de magia pode ser usado para cura, crescimento e fortalecimento das pessoas, além de trazer tranquilidade e outras coisas, ajudando naqueles momentos de maior necessidade.

Krulgar levará sua vida destinado a ter vingança pelo que fizeram com a sua amiga Liliah, cujos detalhes macabros vamos descobrindo aos poucos. No seu caminho encontrará Thalla, filha de um importante mercador envolvido em todos os tipos de negócios. Ela tem a habilidade de entrar nos sonhos das outras pessoas, o que acaba fazendo com bastante frequência enquanto procura uma maneira de impedir a iminente rebelião sulista. É uma personagem para se ficar de olho.

Grahan, um magistrado em (aparente) missão de paz, e Ethron, um coen (mago ilusionista), também darão as caras no decorrer dos capítulos, mostrando aos leitores diferentes pontos de vistas sobre o que acontece em Karis. Diversos tipos de criaturas também são mencionados ao longo da narrativa, como ladrões de vidas, trolls, entre tantos outros. Se eles aparecerão? Leia e descubra! :)

O autor também teve o cuidado de criar uma nomenclatura própria para títulos de senhores, raças existentes e nações presentes na história, o que acaba deixando o leitor meio confuso nas primeiras páginas, mas vamos nos acostumando facilmente aos nomes conforme as páginas vão sendo viradas.

O Teatro da Ira é narrado em 3ª pessoa, pelo ponto de vista de vários personagens diferentes, o que deixa tudo ainda mais interessante, já que todos pensam e agem de maneira totalmente diferente.

O desfecho deixará o leitor ansiando por mais e mais, querendo saber o destino de alguns protagonistas e as consequências dos acontecimentos mirabolantes dos últimos capítulos. Certamente lerei os outros livros do autor e demais contos que aparecerem pelo caminho!

Com uma escrita bem direta, sem enrolação, misturando momentos de ação pura e ferrenhas intrigas políticas, deixo a indicação desse livro para todos aqueles leitores que são fãs d'As Crônicas de Gelo e Fogo e da trilogia A Primeira Lei. Vocês encontrarão muitos elementos em comum enquanto desbravarem O Teatro da Ira, melhorando ainda mais a sua experiência de leitura. ;)

site: http://desbravandolivros.blogspot.ie/2016/05/resenha-o-teatro-da-ira-diego-guerra.html
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