felipe feng 31/05/2021
A obra conta com a narração de Niétotchka sobre a sua vida, a partir do momento que adquiriu "consciência" e começou a observar e entender os acontecimentos de sua casa. Ela se passa em três momentos distintos, o primeiro, quando vive em uma casa extremamente pobre, onde sua mãe sustenta Iefimov, um violinista fracassado cuja única felicidade é falar mal de outros músicos; o segundo, quando após a morte de ambos os pais, vai viver na casa do Principe, e durante a sua estadia apaixona-se por Kátia - essa parte é interessante porque mostra o amor delas de forma bem natural, em contraposição ao século XIX quando a homossexualidade era vista como doença; a última parte mostra Niétotchka com 16 anos morando com parentes do Principe. Apesar do amor que ela sente pela sua benfeitora, a protagonista percebe um clima misterioso na casa; todos se portam de forma taciturna, como se estivessem sozinhos, criando uma tensão insuportável que Niétotchka com sua curiosidade afiada deseja entender. É um bom livro, não é o melhor do Dostoíevski, mas para quem gosta de Psicanálise freudiana vai se interessar pelas tramas familiares, do relato sobre o amor da personagem principal pelo pai, e das emoções oscilantes entre amor e ódio que ela sente pela mãe.