Leila de Carvalho e Gonçalves 27/08/2021
O Furto
?Às vezes, a melhor maneira de encontrar uma obra-prima roubada é roubando outra??
Publicado em 2016 no Brasil, dois anos após seu lançamento nos Estados Unidos, O Caso Caravaggio é mais um best-seller de Daniel Silva. Trata-se do décimo quarto livro da série Gabriel Allon, um restaurador de obras de arte que também é um espiao a serviço da inteligência de Israel.
A narrativa gira em torno de um caso real, jamais solucionado: o furto da pintura Natividade com São Francisco e São Lourenço, de Caravaggio. ?Avaliada em 20 milhões de dólares, ela foi subtraída do altar de um oratório em Palermo, capital da Sicília, em 1969. Um detalhe do crime chamou atenção: a obra foi perfeitamente retirada de sua moldura com uma faca, sem deixar nenhum vestígio, mesmo tendo 2,68 metros de altura por quase 2 metros de largura. Desde então, inúmeras versões sobre o que teria ocorrido circulam na imprensa, todas relatadas por antigos membros da máfia siciliana Cosa Nostra, apontada como a organização criminosa por trás do roubo.? (Revista Veja, 26/12/2018)
Portanto, reunindo fato e ficção, mais uma vez Gabriel Allon terá um desafio e tanto pela frente. Em poucas linhas, para livrar um amigo de uma acusação de homicídio, ele precisará encontrar não só o verdadeiro assassino, como descobrir o paradeiro da referida pintura. Uma trajetória que abrirá as portas do comércio de obras de arte roubadas como moeda de troca para transações escusas, levando-o até um pequeno banco privado austríaco onde está escondida a fortuna ilícita de uma dinastia ditatorial que governa a Síria. Uma rara oportunidade de ?matar dois coelhos com uma única cajadada?, isto é, recuperar o Caravaggio e num golpe audacioso, desaparecer com 8 bilhões de euros sem deixar qualquer vestígio.
O resultado é uma trama ágil com reviravoltas que sugerem que alguns assuntos poderão ser pautados no futuro, aliás, Silva distingue-se por aproveitar personagens de outros livros em novas histórias. Por sinal, personagens esféricos que desafiam o juízo do leitor e o próprio Allon é um bom exemplo.
Particularmente, devorei as quatrocentas páginas do livro num fim de semana e posso adiantar que ele é uma companhia perfeita, se você está em busca de entretenimento.
Finalizando, convém sempre estar atento as promoções da Amazon. Paguei menos de um dólar pelo e-book, uma pechincha.
?Apesar da incrível riqueza do petróleo, um quinto do mundo árabe sobrevive com menos de dois dólares por dia. Sessenta e cinco milhões de árabes, a maioria deles mulheres, não sabem ler ou escrever, e milhões não têm nenhuma educação. Os árabes, que já foram pioneiros no campo da matemática e geometria, ficaram para trás em termos de pesquisa científica e tecnológica. Durante o último milênio, os árabes traduziram menos livros que a Espanha traduz em um único ano. Em muitas partes do mundo árabe, o Corão é o único livro que importa.? (Página 272)