Alle_Marques 14/03/2022
Da Terra À ... À ... Terra
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Já não é surpresa para boa parte dos leitores habituais que Júlio Verne é um dos mais famoso e influentes escritores que já viveu e tamanha fama não é desmerecida, sua criatividade e imaginação pareciam sem limites, as aventuras que criou são, muitas vezes, fantásticas até para os dias atuais, sua maneira de escrever e conduzir as tramas são bem competentes e suas histórias sempre grandiosas em algum ponto, mas mesmo que “Da Terra À Lua” tenha todos os primeiros elemento da jornada épica, senti que faltou algo, faltou emoção, faltou ritmo, faltou aventuras, faltou ação, e, principalmente, faltou o final.
Não é a primeira obra de Verne que leio, mas ao contrario das outras, essa foi a mais cansativa, monótona e enganosa até agora, essa última parte pelo menos pra mim, estava esperando realmente uma aventura fantástica e inesquecível, como já havia visto anteriormente em outros livros do autor, quando na verdade é apenas uma ficção com teor quase acadêmica. Não consegui entender muito bem qual foi o objetivo de Verne aqui, não entendi porque se manter tão preso na terra quando havia logo ali a lua inteira para ser explorada, me pareceu um desperdício de páginas, um desperdício de talento, não que o livro seja irrelevante, ruim ou chato por causa disso, não conseguiria chamá-lo de nenhuma dessas coisas, apenas me pareceu um caso grande de potencial desperdiçado, Júlio Verne tinha capacidade mais do que suficiente para criar, inventar e inovar em cima da ciência necessária para mandar um foguete para a lua e fazer uma aventura interplanetária grandiosa enquanto isso, escolher apenas um desses temas para abordar foi decepcionante. E mesmo que a ciência e partes de suas áreas estejam presente no livro todo, ainda assim eu senti que os métodos científicos foram discutidos superficialmente demais, embora os métodos em si não sejam nenhum pouco superficiais, fora que as várias passagens envolvendo ciência, matemática e física torna a obra enfadonha, lenta e desnecessariamente difícil, também senti falta de ação e diálogos que no livro, infelizmente, estão escassos, tampouco consegui simpatizar muito com os personagens, não tem nada de desenvolvimento da parte deles e suas motivações são todas triviais demais, simples demais. Acredito que uma futura releitura fara muito bem à obra e às interpretações minhas e de outros leitores, deve também abrir nossos olhos para as reais intenções do autor, até lá ainda estou animada para ler outros livros do Verne, mas pelo menos para os próximos vou tentar ir preparada e não esperar tanto.
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[...] Um silêncio assustador pairava sobre toda a cena. Nenhum sopro de vento sobre a Terra! Nenhum suspiro nos espı́ritos! Os corações não ousavam bater. Os olhares assombrados se fixavam na boca escancarada da Columbiada.
Murchison não tirava os olhos da agulha de seu cronômetro. Faltavam 40 segundos para soar o instante da partida, e cada um deles durou um século.
No vigésimo, houve um frêmito geral e ocorreu ao pensamento de todos que os audaciosos viajantes encerrados no projétil também contavam aqueles segundos terrı́veis!
Alguns gritos isolados foram ouvidos:
— Trinta e cinco! — trinta e seis! — trinta e sete! — trinta e oito! — trinta e nove! — quarenta! Fogo!!! [...]
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6° de 2022
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