O Mito de Sísifo

O Mito de Sísifo Albert Camus




Resenhas - O Mito de Sísifo


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DIRCE 26/07/2014

E o céu pode esperar.
Disse Drummond no seu poema Resíduo:“De tudo ficou um pouco”. Da leitura que fiz da obra O Mito de Sísifo também ficou um pouco, uma vez que minha familiaridade com a Filosofia se reduz a zero, portanto é com muita timidez que comentarei sobre o livro.
Não iniciei a leitura desavisada. Foi me dado saber por meio da leitura do "O Estrangeiro”- um convite as outras obras de Camus - que suas obras são permeada pela presença do absurdo, e foi a necessidade de entender um pouco mais sobre esse pensamento, somada a minha paixão pela Mitologia, que emendei uma leitura a outra – “O Estrangeiro” ao “Mito de Sísifo”.
O Mito de Sísifo é uma obra, um ensaio,de apenas 138 páginas( incluindo um apêndice sobre a esperança e o absurdo na obra de Kafka) que requer uma leitura cuidadosa o que me levou a releitura de vários parágrafos.
A questão levantada por Camus se concentra no princípio de que sendo a vida desprovida de sentido merece ser vivida? Ou seja, Viver ou Morrer,eis a questão (palavras minhas). Estando Deus "morto”, deixaremos de ser regidos por uma lei divina, não poderemos viver com a esperança - com a fé - de merecermos o paraíso em outra vida, tudo o que nos resta é a vida terrena repleta de desencantos, então o suicídio é o único caminho a ser percorrido?
Antes de seguir adiante, tenho que confessar que, por se tratar de um Ensaio, fui acometida, durante a leitura, vez ou outra, pelo fastio, mas isso não me impediu de ficar maravilhada(sim:é um paradoxo,eu sei) pela defesa que Camus faz da vida.
Entendi que Camus reduz o sagrado ao homem, portanto,a vida se torna sagrada, e assim sendo, o suicídio nada mais é do que uma ofensa à vida. Ele é nada mais é que um subterfúgio, é como se costuma dizer: jogar a tolha.
Mas se a vida é um absurdo como pode o homem viver,lidar com essa descoberta? Só lhe resta a revolta. E a revolta para Camus implica em ação – na manutenção consciente da vida absurda – e é essa revolta que dá valor à vida. É a revolta que leva o homem viver intensamente. (intensamente... - soa um tanto quanto Carpe Diem,não?)
A obra é composta de diversas partes e, na última,Camus dedica à analise do Mito de Sísifo.
Por amor à vida Sísifo pagou um preço alto: foi condenado pelos deuses a erguer por toda eternidade uma enorme pedra até o cume de um rochedo e quando era alcançado o cume, a pedra rolava rochedo abaixo.
Atesta Camus que Sísifo é um herói do absurdo.Tanto pela sua paixão como pelo seu tormento. E é se utilizando desse herói que Camus conclui seu discurso sobre o papel do homem na vida – lindamente, diga-se de passagem -: “(...)Esse universo, doravante,sem dono não lhe parece estéril nem fútil. Cada grão dessa pedra, cada fragmento mineral dessa montanha cheia de noite forma por si só um mundo. A própria luta para ao cume basta para encher o coração de um homem. É preciso imaginar Sísifo feliz”.
E, eu, concluo meu comentário me redimindo. Comecei meu comentário dizendo que tinha ficado um pouco da leitura que fiz, porém agora, depois de muito refletir, sei que ficou o BASTANTE. O BASTANTE para dizer que, no tocante a minha pessoinha, o Céu pode Esperar.Céu? Desviei de Camus com certeza, e aproveitando esse desvio, retorno ao meu passado, quando, ainda estudante, ouvi de um professor um poema do Tagore ( poeta indiano) que, até hoje, não entendia muito bem o significado porque, na ocasião, tive receio do ridículo e não ousei tentar esclarecer minha dúvida com o professor. Não sei dizer o que fez ficar cravada na minha memória a imagem do professor declamando: “ Terra te conheci estranho, despeço-me amigo”.
Minha dúvida: não sabia se a palavra TERRA tinha a conotação de mundo ou de pátria.Continuo sem saber, mas pouco importa. O que me importa é que, após a leitura do O Mito de Sísifo, essa palavra (TERRA) passou a significar VIDA. Quero, quando chegar a hora inexorável, me sentir assim: reconciliada com a vida, sua amiga. Quero ter chegado a constatação que consegui ser feliz mesmo diante dos infortúnios.



Paty 01/08/2014minha estante
Gostei! Vou ler.


Ronaldo.Brito 12/08/2015minha estante
Adorei seu comentário. Fiquei com vontade de ler o livro. Vou procurar para comprar. Obrigado.


AmandaVM 16/02/2020minha estante
Que resenha incrível!
Estou seguindo o mesmo caminho: lendo "O mito de Sísifo" logo após "O estrangeiro". E o sentimento é o mesmo!
Longe de pensar em desistir, agora fiquei mais entusiasmada com o teu depoimento!
E essa frase de Tagore resume bem uma sensação que já começo a ter com essa leitura!


laloarauxo 27/04/2020minha estante
Li em Fevereiro. Achei excelente! É preciso imaginar Sísifo feliz.


DIRCE 28/04/2020minha estante
Precisamos imaginar Sísifo feliz


Paulo.Sakumoto 13/06/2020minha estante
Curti. Acabei O Estrangeiro. Quero mais.


helbzn 21/04/2023minha estante
caramba, que reflexão




Miresenhs 07/03/2024

É preciso imaginar Sísifo feliz.
Uma releitura depois de 7 anos, após um amigo do cursinho ter tomado um monte de pílulas e ir para a aula e ter uma convulsão. Bem nesse dia estávamos vendo Camus para o vestibular, creio que nunca vou esquecer desse ocorrido que terminou em uma tragédia. Ironicamente, fiquei obcecada por tentar entender o absurdo, mas nunca consegui reler pelo trauma. O Mito de Sísifo é um livro escrito no formato ensaio pelo filósofo argelino-francês Albert Camus, e publicado em 1942. Por ter sido escrito durante o período da Segunda Guerra Mundial ? quando o mundo estava completamente absurdo ? a obra de Camus, com uma linguagem densa e complexa, exerceu grande influência sobre toda uma geração. Tratando sobre o absurdo e o suicídio. O grande diferencial desta obra é que destaca um mundo imerso em irracionalidades.
Apesar de ser um corpúsculo de 140 páginas, o raciocínio que o autor desempenha é super complexo e não é fácil de acompanhar. (Demorei mais de 2 meses para ler). Recomendo. leiam!!

Bom, o título do livro remete a um mito em que o ser chamado Sísifo é condenado pelos deuses a empurrar uma pedra por toda uma montanha até o seu topo. Chegando lá, a pedra rola de volta para a base, e Sísifo precisa refazer todo o trajeto. Isso, durante toda a eternidade.
A alegoria é usada por Camus para explicitar a ideia do absurdo da existência. E por que absurdo? Porque nossa vida segue exatamente o mesmo pressuposto. Nós nascemos e temos de viver uma vida corriqueira que não dará em nada, para, no fim, ter o mesmo destino: a morte.

?Camus dizia que o único verdadeiro papel do homem, nascido em um mundo absurdo, era viver, ter consciência de sua vida, de sua revolta, de sua liberdade".E o próprio Camus explicou como havia concebido o conjunto de sua obra: ?No início eu queria exprimir a negação. Em três formas: romanesca - foi O estrangeiro; dramática - Calígula, O equívoco; ideológica - O mito de Sísifo. E previa o positivo em três formas também: romanesca - A peste; dramática - O estado de sítio e Os justos; ideológica - O homem revoltado. Já entrevia uma terceira categoria, em torno do tema do amor".

Existe um fato evidente que parece inteiramente moral: é que um homem é sempre a presa de suas verdades. Uma vez reconhecidas, ele não saberia se desligar delas. E é preciso pagar um tanto por isso. Um homem que tomou consciência do absurdo se vê atado a ele para sempre. Um homem sem esperança e consciente de sê-lo não pertence mais ao futuro. Isso está na ordem. Mas está igualmente na ordem que ele se esforce por escapar ao universo de que é criador.

o absurdo só morre quando alguém se desvia dele. Assim, uma das únicas posições filosóficas coerentes é a revolta. Ela é um confronto permanente do homem com sua própria obscuridade. É exigência de uma impossível transparência. E, a cada segundo, questiona o mundo de novo. Assim como o perigo apresenta ao homem a insubstituível ocasião de apoderar-se dela, também a revolta metafísica estende toda a consciência ao longo da experiência. Ela é presença constante do homem consigo mesmo. Ela não é aspiração, não tem esperança. Essa revolta é apenas a certeza de um destino esmagador, sem a resignação que deveria acompanhá-la.

O mundo apaixonado da indiferença que resmunga no fundo do coração não nos prece em nada monstruoso.

Não se descobre o absurdo sem ser tentado a escrever algum manual de felicidade? No entanto, só existe um mundo. A felicidade é o absurdo são dois filhos da mesma terra. São inesperáveis.

Quando mais apaixonante é a vida, mais absurda é a ideia de perdê-la.
Miresenhs 07/03/2024minha estante
Obrigada de coração.
Estava relutante em postar.


stephany :) 08/03/2024minha estante
que resenha extraordinária




Rosangela Max 13/11/2023

Uma obra que mostra o lado filósofo do autor.
Como esperado, trata-se de ensaios filosóficos e, por serem profundos e de certa maneira complexos, requer um esforço maior para a compreensão.
Gostei especialmente do ?O absurdo é o suicídio? , ?O dom-juanismo? é ?O mito de Sísifo? que dá nome ao livro.
O apêndice, que é um estudo sobre Franz Kafka, é um show a parte.
Recomendo a leitura.
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book.hiraeth 07/03/2024

É preciso imaginar Sísifo feliz.
Uma releitura depois de 7 anos, após um amigo do cursinho ter tomado um monte de pílulas e ir para a aula e ter uma convulsão. Bem nesse dia estávamos vendo Camus para o vestibular, creio que nunca vou esquecer desse ocorrido que terminou em uma tragédia. Ironicamente, fiquei obcecada por tentar entender o absurdo, mas nunca consegui reler pelo trauma. O Mito de Sísifo é um livro escrito no formato ensaio pelo filósofo argelino-francês Albert Camus, e publicado em 1942. Por ter sido escrito durante o período da Segunda Guerra Mundial ? quando o mundo estava completamente absurdo ? a obra de Camus, com uma linguagem densa e complexa, exerceu grande influência sobre toda uma geração. Tratando sobre o absurdo e o suicídio. O grande diferencial desta obra é que destaca um mundo imerso em irracionalidades.
Apesar de ser um corpúsculo de 140 páginas, acompanhar todo o raciocínio do autor é um desafio. Suas ideias não são simples, é preciso ler ingerindo aos poucos, para absorver o máximo que conseguir.

Bom, o título do livro remete a um mito em que o ser chamado Sísifo é condenado pelos deuses a empurrar uma pedra por toda uma montanha até o seu topo. Chegando lá, a pedra rola de volta para a base, e Sísifo precisa refazer todo o trajeto. Isso, durante toda a eternidade.
A alegoria é usada por Camus para explicitar a ideia do absurdo da existência. E por que absurdo? Porque nossa vida segue exatamente o mesmo pressuposto. Nós nascemos e temos de viver uma vida corriqueira que não dará em nada, para, no fim, ter o mesmo destino: a morte.

?Camus dizia que o único verdadeiro papel do homem, nascido em um mundo absurdo, era viver, ter consciência de sua vida, de sua revolta, de sua liberdade".E o próprio Camus explicou como havia concebido o conjunto de sua obra: ?No início eu queria exprimir a negação. Em três formas: romanesca - foi O estrangeiro; dramática - Calígula, O equívoco; ideológica - O mito de Sísifo. E previa o positivo em três formas também: romanesca - A peste; dramática - O estado de sítio e Os justos; ideológica - O homem revoltado. Já entrevia uma terceira categoria, em torno do tema do amor".

Existe um fato evidente que parece inteiramente moral: é que um homem é sempre a presa de suas verdades. Uma vez reconhecidas, ele não saberia se desligar delas. E é preciso pagar um tanto por isso. Um homem que tomou consciência do absurdo se vê atado a ele para sempre. Um homem sem esperança e consciente de sê-lo não pertence mais ao futuro. Isso está na ordem. Mas está igualmente na ordem que ele se esforce por escapar ao universo de que é criador.

o absurdo só morre quando alguém se desvia dele. Assim, uma das únicas posições filosóficas coerentes é a revolta. Ela é um confronto permanente do homem com sua própria obscuridade. É exigência de uma impossível transparência. E, a cada segundo, questiona o mundo de novo. Assim como o perigo apresenta ao homem a insubstituível ocasião de apoderar-se dela, também a revolta metafísica estende toda a consciência ao longo da experiência. Ela é presença constante do homem consigo mesmo. Ela não é aspiração, não tem esperança. Essa revolta é apenas a certeza de um destino esmagador, sem a resignação que deveria acompanhá-la.

O mundo apaixonado da indiferença que resmunga no fundo do coração não nos prece em nada monstruoso.

Não se descobre o absurdo sem ser tentado a escrever algum manual de felicidade? No entanto, só existe um mundo. A felicidade é o absurdo são dois filhos da mesma terra. São inesperáveis.

Quando mais apaixonante é a vida, mais absurda é a ideia de perdê-la.
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Lista de Livros 22/12/2013

Lista de livros: O Mito de Sísifo – Albert Camus
“No apego de um homem à vida há alguma coisa de mais forte que todas as misérias do mundo.”
*
“Adquirimos o hábito de viver antes de adquirir o de pensar.”
*
“É quase impossível ser lógico até o fim.”
*
“Como as grandes obras, os sentimentos profundos sempre significam mais do que têm consciência de dizer.”
*
“Um homem é sempre a presa de suas verdades. Uma vez reconhecidas, ele não saberia se desligar delas. E é preciso pagar um tanto por isso.”
*
“Os deuses mudam junto com os homens.”
*
“Compreendo então por que as doutrinas que me explicam tudo me enfraquecem ao mesmo tempo. Elas me descarregam do peso da minha própria vida e o que é mais necessário, no entanto, é que eu o suporte sozinho.”
*
“Sob um de seus aspectos, o nada é feito exatamente da soma das vidas que ainda vêm e não serão as nossas.”
*
“O homem cotidiano não gosta nada de perder tempo. Tudo o impulsiona no sentido oposto. Mas, ao mesmo tempo, nada lhe interessa mais do que ele próprio, sobretudo quanto ao que ele poderia ser.”
*
“A metade de uma vida humana se passa em subentender, desviar a cabeça e se calar.”
*
“Não tenho muitas opiniões. No final de uma vida, o homem percebe que passou anos se convencendo de uma única verdade. Mas uma só, se é evidente, é bastante para a direção de uma existência.”
*
“As pessoas se habituam muito depressa. Querem ganhar dinheiro para viver felizes, e o máximo esforço, o melhor de uma vida se concentram nesse ganho. A felicidade é esquecida, o meio tomado como fim.”
*
Mais em:

site: https://listadelivros-doney.blogspot.com.br/2012/01/o-mito-de-sisifo-albert-camus.html
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Felipe 07/05/2021

O Mito Decisivo
Podemos dizer que Camus, em ?O Mito de Sísifo?, traz todas as camadas de sua interpretação sobre o absurdo. Sua conclusão de que o absurdo não existe por si, que nem o ser humano nem o universo são absurdos mas é a interação dos dois, e a busca falha de um por dar sentido ao outro que cria o absurdo. Poder ver o divórcio dos dois, é ter a noção dele. Aqui temos o que ele é, de onde vem, e uma pitada(de leve) sobre o que fazer (mas realmente só teremos um maior direcionamento no seu ciclo positivo - em A Peste, Os Justos, Estado de Sítio, e O homem revoltado).
Vemos que para Camus, a noção do absurdo tem como consequência dois tipos de enfrentamento, duas visões distintas sobre como agir. O primeiro, na visão de muitos, seria o suicídio (o suicídio pessoal, o suicídio político, ou o suicídio filosófico). Entretanto Camus, embora reconheça a linha de raciocínio que levou esses primeiros à fatídica conclusão, aponta as falhas no seu raciocínio e nos deixa com a segunda visão, e a única que realmente funcionaria: o Restabelecimento. E aí só lendo o livro pra ter o contato com o brilhantismo do pensamento do franco-argelino pra concluir isso.
Camus ainda faz questão de diferenciar o seu absurdismo do de Kierkegaard, e aponta a visão do filósofo dinamarquês acerca da necessidade da existência de um deus em contraponto ao desespero humano como um grande exemplo do suicídio filosófico.
Outros nomes surgem (uns sendo criticados, outros muito aplaudidos) como Nietzsche, Aristóteles, Jaspers, Chestov, Dostoiévski, Kafka (esse último tem quase um capítulo só pra ele. Podemos ver a inspiração de Kafka em Camus, e a importância de Kafka pra o mundo). E é bom ter pelo menos conhecimento prévio sobre as bases da briga Essencialismo X Existencialismo, niilismo passivo e ativo, e lido ?O Processo? de Kafka.
O ?Mito de Sísifo - ensaio sobre o absurdo? é um mergulho que damos com Camus no questionamento de tudo e é uma leitura que, não apenas nos transforma mas com certeza pede futuras releituras.
Não há sentido, e tá tudo bem.
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Carolina.Gomes 14/04/2021

O absurdo de Camus
?Os deuses condenaram Sísifo a rolar incessantemente uma rocha até o alto de uma montanha, de onde tornava a cair por seu próprio peso. Pensaram, com certa razão, que não há castigo mais terrível que o trabalho inútil e sem esperança.?

Através desse ensaio filosófico, Camus nos apresenta suas considerações sobre a grande questão da existência: a vida vale a pena ser vivida?

Já no inicio, o leitor se depara com provocações incômodas e, ao longo da narrativa vamos compreendendo melhor os protagonistas de O estrangeiro e A queda.

Penso que este ensaio é de fundamental importância para compreensão da obra do autor. Pra quem gosta de análises filosóficas sobre questões existenciais será uma experiência interessante.
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Cachamorra 08/09/2022

Vale a vida ser vivida?
Essa é a pergunta do Humano que racionalmente olha para o mundo irracional.

Peguei o livro para reler depois de muito tempo. O motivo foi bem triste. Uma aluna cometeu suicídio. No meio de tantas tarefas, de um retorno às atividades presenciais (após a terceira/quarta dose da vacina da COVID), de tantas coisas para retomar, não percebemos o que estava na nossa frente. Foi um golpe duro. Será que perdemos a sensibilidade para perceber o que nos cerca?

Esse foi o livro que voltou para me consolar, mas também para apontar o dedo e dizer o que deixamos de lado. O Mito de Sísifo é justamente o livro que vai propor uma reflexão sobre a vida em si, se vale a vida ser vivida. O real problema da filosofia seria então esse, diante da Irracionalidade do Mundo, por que vivemos? Qual é a pedra que levamos para o topo da montanha e, após vê-la cair para a base, o que nos levaria a carregar essa pedra novamente?

O livro me trouxe alguma paz. Mas, não o suficiente para que eu deixasse de pensar que aquela aluna respondeu essa pergunta e não percebemos que a resposta dela tinha sido "não vale", até ser tarde demais.
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Marcelo Rissi 14/10/2023

O mito de Sísifo (Camus). Desafio revisitado e vencido.
Há alguns anos, desafiei-me a ler a obra/ensaio O mito de Sísifo (Camus). Abandonei (depois de aproximadamente 30 páginas). Lia, lia e não absorvia nada. Todas aquelas reflexões, pensamentos e abstrações eram-me completamente inalcançáveis. Não captava sentido mínimo naquele emaranhado de ideias e, assim, sentia que apenas passava os olhos pelas linhas, sem apreender - e, assim, aprender - nada. Não estava à altura daquilo. Não, ao menos, naquele momento.

Há algumas semanas, desafiei-me novamente à leitura, após uma "provocação" que não foi dirigida diretamente a mim, mas que, lançada durante uma exposição/conversa que aconteceu na Flic em minha cidade (à qual estive presente, como espectador), me atingiu diretamente, fazendo-me eco.

Depois daquela primeira tentativa (há alguns anos), aferrei-me ao livro novamente. Numa trajetória indigesta e avançando a conta-gotas (fazendo, inclusive, um intervalo, com a inserção de uma leitura mais leve), encerrei hoje O mito de Sísifo.

Confesso que terminar uma obra anteriormente abandonada sempre me traz uma sensação de alívio e, mais que isso, de enorme satisfação. É assim que me sinto aqui, agora.

Tenho perfeita noção, claro, de que não captei a íntegra da ideia desenvolvida pelo autor, que publicou essa obra num outro contexto e por meio de uma narrativa dotada de altíssimo grau de abstração. De todo modo, creio que, diversamente do que aconteceu há alguns anos - quando abandonei a obra -, consegui, dessa vez, alcançar algum nível de compreensão. Consegui apreender a ideia central. A essência da mensagem.

Brinquei, ao início da leitura, que se, da outra vez, o problema era o de que eu não entendia nada, dessa vez, o "nó" era o de que eu estava compreendendo. Essa obra, por coincidência ou providência, chegou-me num momento em que eu questionava, no íntimo e em conversas, temas como o absurdo da existência (em toda e qualquer de suas formas ou expressões).

O cerne do livro é, justamente, o absurdo existencial. Ao início, imaginei que, talvez, essa leitura me fizesse mal, justamente pelo momento que vivia e sobre o qual eu refletia a respeito de questões idênticas (a obra conclui que a existência é inexplicável e, justamente por isso, sem sentido e, assim, sob certo ponto de vista, desnecessária).

De todo modo, a partir de argumentos refinados, o autor desenvolveu um potente ensaio por meio do qual sustentou, convincentemente, que a vida vale a pena, apesar da (no seu ponto de vista) absurdez da existência (absurdez essa decorrente da incapacidade humana de compreensão da origem e do "pós", se é que há algum).

O livro trouxe uma mensagem muito mais positiva e edificante àquela que, ao início, imaginei.

Eis um pensamento que, ao lado de tantos outros igualmente reflexivos, me marcou especialmente:

"Um homem é mais homem pelas coisas que silencia do que pelas que diz".

Frase enxuta, ideia gigante. Essa reflexão, atemporal, é especialmente oportuna em tempos em que tanta gente quer ter (e emitir) opinião sobre tudo, inclusive sobre o que não sabe/entende.

Ótima leitura, que recomendo.

Por fim, repito: estou realmente muito feliz por, dessa vez, ter alcançado o fim da obra - com algum grau de compreensão, ainda que mínimo - e, portanto, gostaria de aqui compartilhar essa alegria singela.

Boa leitura!
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Larissa 20/04/2022

Ou o Eterno ou o nada
Camus traz um livro que discute o sentido da existência humana basicamente em duas posições antagônicas:

I) Ou se crê em Deus e na vida eterna.

II) Ou não se crê e o homem se torna seu próprio deus e senhor absoluta da sua existência.

Toda discussão sobre o suicídio se desenrola daí. Muitas referências às obras de Dostoiévski e Franz Kafka que ajudam a materializar os pensamentos do autor. Livro interessante, mas filosófico e exigente do pensamento. Muito mais de estudo do que de descanso.
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Kit_Kat_ 15/04/2024

O mito de Sísifo
"Cada grão dessa pedra, cada fragmento mineral dessa montanha cheia de noite forma por si só um mundo. A própria luta para chegar ao cume basta para encher o coração de um homem."
"Pensar é antes de mais nada querer criar um mundo (ou limitar o próprio, o que dá no mesmo). É partir do desacordo fundamental que separa o homem da sua experiência, para encontrar um terreno de entendimento segundo a sua nostalgia, um universo engessado de razões ou iluminado por analogias que permita resolver o divórcio insuportável."
Um livro muito bom, mas que eu infelizmente não estava pronta para ele.. falta-me muita basica teórica para que um dia eu possa ler novamente O mito de Sisifo, mas esperarei ansiosa por esse dia. Agora, quero ler Os irmãos Karamazov.
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Paulo.Sakumoto 06/07/2020

Demorei pra ler mas entendi.
É um ensaio sobre viver ou não a vida. Para isso Albert Camus questiona algumas fugas como o suicídio pessoal, político e filosófico e vai derrubando cada um deles em favor da vida.

Para tanto ele confronta a ideia do absurdo que é o sentimento que surge na relação do homem com o universo.

Assim, somente consciente da vida sem sentido, consciente de sua tragédia, consciente do absurdo, o homem deve se revoltar.

Embora paradoxal, há aceitação, ele deve encarar sua realidade absurda, seu destino, sem apelos, com isso enchendo seu coração de vivacidade ("É preciso imaginar Sísifo feliz").
alex 02/08/2020minha estante
Te agradeço a explicação. Terminei de ler e confesso que me perdi na leitura. Não consegui alcançar uma compreensão ampla como a que vc expôs (e que parece fazer bastante sentido).




Lan 07/01/2024

O mito do sisifo: 3.5 de 5
Só existe um problema filosófico realmente sério: o suicídio. Julgar se a vida vale ou não vale a pena ser vivida é responder à pergunta fundamental da filosofia. O resto, se o mundo tem três dimensões, se o espírito tem nove ou doze categorias, vem depois.
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Douglas 26/12/2020

Não reclame da pedra, mas seja a pedra
Camus nos conduz ao conceito do absurdo, em que muito do que nos acontece não faz sentido. Não consigo parar de pensar na própria morte do autor, num acidente de carro, como a prova concreta do absurdo em nosso cotidiano. Uma obra seca, por vezes dolorida. Por vezes, Camus parece nos guiar para um outro nível de consciência. E assim como Sísifo não é mais o mesmo ao descer da montanha, não seremos os mesmos ao terminar essa obra.
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