Confissões

Confissões Santo Agostinho




Resenhas - Confissões


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anaclaraleitegomes 25/11/2022

Confissões de Santo Agostinho, mas que poderiam ser minhas<3
?O livro é dividido em duas grandes partes.
?A primeira vai tratar acerca de toda a vida de Santo Agostinho até seu processo de conversão.
?Na segunda parte, ele vai tratar mais da filosofia, do materialismo, do Genesis, sobre a alma e sobre a bíblia
?Eu gostei muito do livro, me identifiquei muito com ele, com a melancolia, com os problemas com a castidade, com os amigos fiéis que me levaram para a fé católica.
?Ótimo livro para nossa caminhada de fé.
?Assim como santo Agostinho também demorei a amar o Amor, mas que bom que O amo agora.
?"Senhor, é duro te seguir, mas impossível te deixar"
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Aline330 17/11/2022

Esse aqui já é releitura anual obrigatória pra mim. Filosofia, cristianismo, autoconhecimento, devoção... Tudo que precisamos.
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Marco Antônio 13/11/2022

Filosofia
Livro de muita reflexão , que o torna lento para ler mas com muito conteúdo pra mudar nossa visão de mundo
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Julia 25/10/2022

Creio que sempre terei um carinho enorme a este livro e seu autor. Agostinho, em suas confissões, nos mostra sua trajetória de vida, desde a infância até o presente, com verdadeiro ar de confissão. A sensação que tive ao ler, era de estar diante de um confessionário, onde Agostinho contava todos seus pecados e desavenças. Para mim, Agostinho é um verdadeiro exemplo de convertido, que reconhecendo suas misérias, não para de louvar a Deus um segundo sequer.
Após terminar de contar sua história, ele passa a meditar sobre o presente, sobre seus questionamentos do tempo atual, sobre o futuro, sobre a criação, e sobre a essência de Deus. É uma obra completa, que aborda o passado, o presente e o futuro.
Meu pai me deu essa edição de presente, e sou eternamente grato por isto. Santo Agostinho é para mim, um grande modelo, tanto como pessoa, quanto como católico e escritor.
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Dan 23/10/2022

Bom, mas tem que ter paciência
O livro é bom, conta sobre a vida dele, a conversão dele. Além disso, ele da duas reflexões sobre a origem do mal e o tempo, muito boas, diria geniais. Mas o livro é muito extenso nos elogios a Deus, com várias frases que poderiam ser "puladas", mas eu entendo isso, visto o tempo em que ele viveu e a forma com que ele era devoto e religioso.
Nota 4 de 5 , em resumo, pelo bom livro, mas extenso e com muitas frases repetitivas com apologia a Deus.
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Daniel1562 20/10/2022

Uma filosofia do auto conhecimento e outras questões da vida
Confissões é um livro que trata de muitos temas. Incialmente, ele se propõe a confessar pecados cometidos ao longo da vida, antes de sua conversão. Trata-se, ao meu ver, de um homem piedoso, cheio de arrependimentos e muito grato pela imensa graça de ter se tornado católico. Sua história de vida, incluindo a história da sua mãe (exemplo de perseverança) é inspiradora.

Ao longo do livro, ele faz afirmações contundes sobre questões da vida, afirmações como ?ninguém se deve ter por seguro nesta vida, que toda ela se chama tentação?, dentre muitas outras, que me fizeram refletir muito. Sua filosofia me despertou interesse (grifei várias trechos da obra).

Outro aspecto desta é como Agostinho olha para dentro de si e faz uma profunda investigação dos seus sentimentos, da sua alma, da sua memória, enfim, das questões do seu ser.

Ao final, ele passa a fazer confissões mas não de pecados, e sim de ?descobertas?, como se ele estivesse conversando com Deus sobre o que ele descobriu sobre várias coisas. A sua reflexão sobre o tempo e a eternidade me impressionou, especialmente como ele aborda de maneira lógica tempo (passado, presente e futuro).
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Côrtes 11/10/2022

Mais ou menos
Livro muuuuito cansativo, obviamente é um livro muito bonito, além de possuir muitas lições interessantes, acho q por eu não ser lá a pessoa mais cristã q existe eu não me atrai tanto.
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Alane.Sthefany 20/09/2022

Confissões - Santo Agostinho
Eu lendo as confissões de Agostinho: ????

Agostinho:

"Mas por que deveriam os homens ouvir minhas confissões, como se a eles coubesse curar minhas enfermidades? Curiosos de conhecer a vida alheia, são indolentes em corrigir a própria. E por que desejam saber de mim quem sou, quando não se interessam em ouvir de ti quem são?"

"Mas então o que tenho eu a ver com os homens, para que escutem minhas confissões, como se devessem curar todos os meus males? Raça curiosa de conhecer a vida alheia, preguiçosa em corrigir a sua! Por que querem ouvir de mim quem eu sou, se não querem ouvir de ti quem eles são?"

??

?Tarde te amei! . . .?

Tarde te amei, ó beleza tão antiga e tão nova! Tarde demais eu te amei! Eis que habitavas dentro de mim e eu te procurava do lado de fora! Eu, disforme, lançava-me sobre as belas formas das tuas criaturas. Estavas comigo, mas eu não estava contigo.
Retinham-me longe de ti as tuas criaturas, que não existiriam se em ti não existissem. Tu me chamaste, e teu grito rompeu a minha surdez. Fulguraste e brilhaste e tua luz afugentou a minha cegueira. Espargiste tua fragrância e, respirando-a, suspirei por ti. Eu te saboreei, e agora tenho fome e sede de ti. Tu me tocaste, e agora estou ardendo no desejo de tua paz.

O Conceito de Tempo

O que é realmente o tempo? Quem poderia explicá-lo de modo fácil e breve?
Quem poderia captar o seu conceito, para exprimi-lo em palavras? No entanto, que assunto mais familiar e mais conhecido em nossas conversações? Sem dúvida, nós o compreendemos quando dele falamos, e compreendemos também o que nos dizem quando dele nos falam. Por conseguinte, o que é o tempo? Se ninguém me pergunta, eu sei; porém, se quero explicá-lo a quem me pergunta, então não sei. No entanto, posso dizer com segurança que não existiria um tempo passado, se nada passasse; e não existiria um tempo futuro, se nada devesse vir; e não haveria o tempo presente se nada existisse. De que modo existem esses dois tempos ? passado e futuro, ? uma vez que o passado não mais existe e o futuro ainda não existe? E quanto ao presente, se permanecesse sempre presente e não se tornasse passado, não seria mais tempo, mas eternidade. Portanto se o presente, para ser tempo, deve tornar-se passado, como poderemos dizer que existe, uma vez que a sua razão de ser é a mesma pela qual deixará de existir? Daí não podermos falar verdadeiramente da existência do tempo, senão enquanto tende a não existir.

Trechos Preferidos ?????

Diante de ti, o que havia mais indigno do que eu?

Ó alegria que tão tarde encontrei!

(...) minha mãe agitou-se, apreensiva e temerosa. Apesar de eu ainda não ser batizado, receou que eu enveredasse por caminhos tortuosos trilhados por aqueles que ?voltaram para ti as costas e não a face?.

Tua lei, Senhor, condena certamente o furto, como também o faz a lei inscrita no coração humano, e que a própria iniquidade não consegue apagar. Nem mesmo um ladrão tolera ser roubado, ainda que seja rico e o outro cometa o furto obrigado pela miséria.

A ambição, o que procura senão honras e glórias, enquanto somente tu és digno de ser honrado e glorificado eternamente?
A crueldade dos poderosos deseja ser temida; mas, quem deve ser temido, senão tu, meu Deus? Ao teu domínio nada pode fugir: quem o poderia fazer, e como, e quando?
Os carinhos dos voluptuosos buscam a reciprocidade do amor, mas nada é mais acariciante do que tua caridade, e nada mais salutar para ser amado, que a tua verdade, a mais bela e resplandecente de todas as coisas.
A curiosidade quer aparentar interesse pela ciência, mas só tu conheces plenamente tudo.
Até a ignorância e insipiência cobrem-se com o manto da simplicidade e da inocência; mas nada é mais simples, nada é mais inocente do que tu. As próprias obras é que prejudicam os malvados.
A preguiça parece desejar apenas a tranquilidade, mas que repouso seguro existe fora de ti, Senhor?
A luxúria quer ser chamada de saciedade e abundância; mas, só tu és a plenitude, tu és a fonte da suavidade inexaurível e incorruptível.
A prodigalidade cobre-se com a sombra da liberalidade; porém, és tu o mais generoso doador de todos os bens.
A avareza quer possuir muito, mas tu possuis todas as coisas.
A inveja pleiteia a primazia, mas quem mais excelente do que tu?
A cólera procura a vingança; qual a vingança mais justa que a tua?
O temor, enquanto zela pela segurança, detesta os acontecimentos insólitos e inesperados, que ameaçam os objetos amados; mas, para ti, que há de insólito ou inesperado? Quem pode separar-te daquilo que amas? Onde se encontra segurança, senão a teu lado?
A tristeza definha na perda dos bens, nos quais a cobiça se satisfaz, porque desejaria que nada, como a ti, se lhe pudesse tirar.

É assim que o homem peca, quando se afasta de ti e busca fora de ti a pureza e a limpidez, que ele não pode encontrar senão voltando para ti.

Todos aqueles que se afastam de ti e contra ti se rebelam, a ti estão imitando de forma pervertida. Ainda que imitando-te desse modo, mostram que és o criador do universo e, portanto, que não há para onde nos possamos afastar totalmente de ti.

Tão cegos são os homens, que chegam a gloriar-se da própria cegueira!

O mal é apenas privação do bem, privação esta que chega ao nada absoluto.

Deus é espírito e que não possui membros com medidas de comprimento e largura; nem é matéria, porque a matéria é menor em sua parte que no seu todo. Ainda que a matéria fosse infinita, seria menor em alguma de suas partes, limitada por certo espaço, do que na sua infinitude; nem se concentra toda inteira em qualquer parte, como o espírito, como Deus.

Senhor nosso Deus, faze que sejamos cheios de esperança à sombra de tuas asas, e dá-nos proteção e apoio. Tu nos sustentarás desde pequenos e até o tempo dos cabelos brancos, pois a nossa firmeza é firmeza quando se apóia em ti, mas é fraqueza quando se apóia em nós.

Afastem-se, fujam de ti os revoltados e os maus. Tu os vês e lhes distingues as sombras: o universo com eles é belo, embora sejam feios e disformes! Mas, que mal puderam fazer-te? Como puderam desonrar-te o reino, puro e santo, desde o mais alto dos céus às últimas extremidades da terra? Para onde fugiram, ao fugirem de tua face?
Em que lugar não os podes encontrar? Fugiram para não verem teu olhar a observá-los, ofuscados, e para esbarrarem contigo ? pois não abandonas as tuas criaturas; ? sim, para esbarrarem contigo e serem com justiça punidos. Quiseram fugir de tua bondade, e esbarraram na tua justiça, e incidiram na tua severidade. Evidentemente não sabem que estás em toda parte, que nenhum espaço te encerra, e que somente tu sempre estás presente, mesmo àqueles que se afastam de ti. Que voltem atrás e te procurem, porque não abandonas as tuas criaturas, como estas abandonam o Criador.

? Ciência humana e fé divina

Senhor, Deus da verdade, será suficiente conhecer essas coisas para te agradar?
Infeliz o homem que conhece tudo isso e não te conhece. Feliz aquele que te conhece, ainda que ignore o resto. Aquele que te conhece a ti e também as outras coisas, não é mais feliz por esse conhecimento, mas somente por conhecer a ti, e conhecendo-te, te glorifica pelo que és, e te rende graças, e não se perde em vãs reflexões. De fato, aquele que se reconhece possuidor de uma árvore e te é grato pelo uso que dela pode fazer, ainda que não saiba qual a altura ou largura dela, é melhor do que aquele que a mede, lhe conta os galhos, mas não a possui e não conhece nem ama o criador dela. Do mesmo modo, a pessoa de fé possui todas as riquezas do mundo e, mesmo que nada tenha, é como quem tudo possui, pois está unida a ti, Senhor de todas as coisas, pouco importando se nada sabe sobre o percurso da Ursa Maior! Seria loucura duvidar de que está em melhor situação do que aquele que sabe medir os céus, contar as estrelas e pesar os elementos, e no entanto despreza a ti, que tudo dispuseste com medida, quantidade e peso.

Entretanto, a febre aumentava, e eu ia morrer em perdição. De fato, morrendo, então para onde iria eu, senão para o fogo e para as penas estabelecidas por tua lei para um comportamento semelhante ao meu? (...)

Mas não permitiste, naquela condição de pecado, que eu sofresse as duas mortes: o coração de minha mãe receberia um golpe, do qual não se recuperaria jamais. Não é fácil explicar o que ela sentia por mim: sofria muito mais agora ao dar-me à luz pelo espírito, do que quando sofreu as dores do parto natural.
Não vejo como ela se recuperaria, se a minha morte, ocorrida em tais condições, tivesse ferido as entranhas do seu amor. E assim, para onde teriam ido tantas orações, tão constante e ininterruptas, senão para junto de ti? Tu, ó Deus de misericórdia, não podias desprezar ?o coração contrito e humilhado? de uma viúva pura e modesta, fiel nas esmolas e devota servidora de teus santos, que não deixava passar um dia sem apresentar ao altar a sua oferta, que duas vezes por dia, pela manhã e pela tarde, ia à igreja, não para inúteis tagarelices, conforme o costume de certas senhoras, mas para ouvir tua palavra e fazer-se ouvida por ti em suas orações.
Ela era assim por graça tua: poderias, acaso, recusar ajudá-la, não te importando com aquelas suas lágrimas, que não te pediam nem ouro, nem prata, nem outros bens frágeis e passageiros, senão apenas a salvação de seu filho? Certamente não, Senhor. Pelo contrário, estavas a seu lado e escutavas, realizando teu plano preestabelecido.

A salvação está longe dos ímpios. Eu era um deles, ainda que estivesse me aproximando dela paulatinamente e sem o perceber.

Chorava por mim como se estivesse morto, porém morto destinado à ressurreição, e me oferecia a ti no esquife do pensamento, a fim de que dissesses ao filho da viúva: ?Jovem, eu te ordeno, levanta-te?, para que ele revivesse e começasse a falar, e tu o entregasses à sua mãe. Assim, o coração não lhe estremeceu de tumultuada alegria ao ouvir que já havia acontecido em grande parte o que todos os dias ela te pedia chorando: eu ainda não chegara à verdade, mas já estava libertado do erro. Mas como estava certa de que realizarias o resto, pois tudo lhe havias prometido, respondeu-me com toda a tranquilidade e com o coração cheio de confiança, que em Cristo ela ainda esperava, antes de morrer, ver-me autêntico católico. Esta é a resposta que me deu. Mas a ti, fonte de misericórdia, ela aumentava cada vez mais as súplicas e lágrimas, a fim de que apressasses o teu auxílio e iluminasses as minhas trevas.

A vida é infelicidade, a hora da morte é incerta. Esta surge de repente: e eu, em que condições deixarei este mundo? Onde poderei aprender o que nesta vida negligenciei saber? Não terei antes que pagar com duras penas essa negligência?

Deus não realizaria para nós tantas maravilhas, se com a morte do corpo acabasse também a vida da alma. Por que não me decido então a abandonar as esperanças do mundo para dedicar-me inteiramente à busca de Deus e da verdadeira felicidade?

(...) tu o terias concedido a mim, se meus gemidos te houvessem ferido os ouvidos; se eu houvesse lançado aos teus pés, com extrema confiança, todas as minhas angústias.

Entendíamos que, diante da sincera amizade que nos unia, nada deveria pertencer a este ou àquele. Tudo deveria ser de todos e de cada um.

(...) muitos eram os nossos planos, mas o teu plano permanece eternamente. De fato, rias de nossas resoluções e preparavas as tuas, aguardando o momento oportuno para dar-nos o alimento e abrires a mão para saciar-nos com tuas bênçãos.

Ai do homem temerário que, afastando-se de ti, pensa encontrar algo bem melhor! Quer se volte ou revire para trás, para os lados ou para a frente, todas as posições lhe são incômodas, pois só em ti acha tranqüilidade. Mas eis que estás aqui, e nos libertas dos erros deploráveis, nos confortas e nos conduzes por teus caminhos, dizendo-nos: Correi, eu vos sustentarei, e vos conduzirei até o fim, e aí vos hei de manter.

Continuava a me perguntar: ?Mas quem me criou? Não foi o meu Deus, que não somente é bom, mas é ele a própria bondade? Como explicar que a minha vontade tenda para o mal e não para o bem? Será isso talvez uma punição justa? Quem plantou em mim esses germes de sofrimento e os alimentou, uma vez que sou criatura do meu Deus que é cheio de amor? Se foi o diabo, de onde vem ele? Se também ele se tornou diabo por sua própria vontade perversa, ele que era um anjo bom inteiramente criado por um Deus de bondade, de onde lhe veio essa vontade má que o tornou diabo??
E eu ficava novamente deprimido diante de tais reflexões, e sentia-me sufocado, mas de modo algum arrastado àquele inferno do erro, ?em que ninguém te confessa?, preferindo crer que estás sujeito ao mal a considerar o homem capaz de cometê-lo.

O poder e a vontade de Deus são o próprio Deus.
Para ti, que tudo conheces, existe acaso algo imprevisto? Enfim, nenhum ser existe, senão enquanto o conheces. Mas por que gastar tantas palavras para demonstrar que Deus não é substância corruptível, quando, se o fosse, já não seria Deus?

Assim imaginava eu a tua criação, limitada, mas cheia de ti, que és infinito. E dizia: ?Eis Deus, e eis as suas criaturas. Deus é bom, poderosíssimo e imensamente superior a elas. Sendo bom, criou coisas boas, e assim as envolve e completa. Mas então onde está o mal, de onde veio e como conseguiu penetrar? Qual a sua raiz, qual a sua semente? Ou talvez não exista?

Mas de onde vem o mal, se Deus é bom e fez boas todas as criaturas?
Ele é certamente o sumo bem, e as criaturas são bens menores. Mas, criador e criaturas, todos são bons. De onde então vem o mal? Porventura da matéria que ele usou? Haveria nela algo de mal, e Deus, ao dar-lhe forma e ordem, teria deixado algo por transformar em bem? E por que teria procedido dessa maneira? O Onipotente teria sido impotente para convertê-la, de modo que nela não permanecesse mal nenhum? Enfim, por que empregou essa matéria, ao invés de usar sua onipotência para reduzi-la ao nada?
Poderia ela existir contra a vontade dele? E se era eterna, por que a deixou subsistir nesse estado por um tempo infinito, para só depois decidir fazer uso dela? Ou se a decisão de agir foi repentina, por que sua onipotência não a reduziu ao nada, para que subsistisse apenas ele, verdadeiro, sumo e infinito bem? Ou se não era bom que a Bondade deixasse de realizar coisas boas por que não aniquilou a matéria má reduzindo-a ao nada, estabelecendo outra que fosse boa e com ela criando todas as coisas? Que onipotência era a sua, se não podia criar algo de bom sem o auxílio de matéria não criada por ele??

Somente tu conhecias os meus sofrimentos; ninguém mais.

E procurando o que era a iniquidade compreendi que ela não é uma substância existente em si, mas a perversão da vontade que, ao afastar-se do Ser supremo, que és tu, ó Deus, se volta para as criaturas inferiores; e, esvaziando-se por dentro, pavoneia-se exteriormente.

Era realmente necessário que houvesse heresias, a fim de que os firmes na fé se distinguissem dos fracos.

De fato, que possui o homem que não tenha recebido?

O general celebra o triunfo que alcançou. Mas não teria alcançado a vitória se não tivesse combatido, e quanto maior o perigo enfrentado na batalha, tanto maior a alegria do triunfo.

Não há prazer no comer e no beber, se não for precedido pelo mal-estar da fome e da sede.

Nunca nos abandonaste e, no entanto, sentimos dificuldade em retornar para ti.

Infeliz de mim! Quem me libertará deste corpo de morte, senão a tua graça, median-te o Senhor nosso, Jesus Cristo?

? Sentido de uma confissão, não só do passado, mas do presente

Mas por que deveriam os homens ouvir minhas confissões, como se a eles coubesse curar minhas enfermidades? Curiosos de conhecer a vida alheia, são indolentes em corrigir a própria. E por que desejam saber de mim quem sou, quando não se interessam em ouvir de ti quem são?
E como poderiam estar certos de que digo a verdade ao falar de mim mesmo, quando homem algum conhece o que se passa no homem, senão o espírito do homem que nele reside? Se de ti eles ouvem falar de si mesmo, não poderão dizer: ?O Senhor é falso?. Que vem a ser, de fato, ouvir falar de si, senão conhecer-se a si mesmo? E quem, depois de se conhecer a si mesmo, consegue dizer sem mentir: é falso? E como a ?caridade tudo crê?, ao menos entre aqueles que ela unifica unindo-os a si mesma, também eu, Senhor, te faço esta confissão, para que os homens a ouçam. Não posso provar a sinceridade da minha confissão, mas acreditarão em mim aqueles cujos ouvidos se me abram pela caridade.

? Na memória estão também os sentimentos da alma

Essa mesma memória contém ainda os sentimentos da alma, não do modo como o espírito sente no momento em que os experimenta, mas de maneira diferente, de acordo com o poder da própria memória. De fato, recordo-me de ter estado alegre, ainda que não o esteja neste momento, e lembro-me das minhas tristezas passadas, sem estar agora triste. Recordo-me de ter sentido às vezes medo, sem experimentá-lo agora, e me vem à mente um antigo desejo, sem que o sinta agora. Pelo contrário, acontece-me recordar a tristeza passada num momento de alegria, num momento triste recordar uma alegria.
Tratando-se do corpo, isso não deve causar espanto, pois alma e corpo são coisas diferentes. Por isso, não é de admirar que eu recorde com alegria uma dor do corpo já passada. No entanto, a memória também é espírito. De fato, quando recomendamos a alguém que grave algo na memória, dizemos: ?Vê lá, grava-o bem no teu espírito?. E se nos esquecemos, dizemos: ?Não conservei no espírito?; ou ainda: ?Fugiu-me do espírito?, assim, chamamos justamente a memória de espírito. Sendo assim, por que será que, evocando com alegria uma tristeza passada, a alma contém a alegria, e a memória contém a tristeza? Se o espírito está alegre contendo em si a alegria, por que a memória, que também contém a tristeza, não está triste? Será que a memória não faz parte da alma? Quem ousará afirmá-lo? O fato é que a memória é, por assim dizer, o estômago da alma. A alegria e a tristeza são como alimento, que ora é doce, ora é amargo. Quando tais emoções são confiadas à memória, podem ser aí despertadas como num estômago, mas perdem o sabor. Seria ridículo querer comparar sentimentos com alimentos; no entanto, não são completamente diferentes.

? A memória se lembra do esquecimento

Quando falo do esquecimento, e sei aquilo que nomeio, como poderia reconhecê-lo, se dele não me lembrasse? E não falo do som da palavra em si, mas da realidade que esta significa. Se eu a tivesse esquecido, não seria certamente capaz de reconhecer o que significa esse som. Portanto, quando me lembro da memória, é a própria memória que se apresenta a mim. Quando, pelo contrário, me lembro do esquecimento, tanto a memória como o esquecimento vêm à minha presença. A primeira é o meio pelo qual recordo; a segunda é o objeto que recordo. Mas o que é o esquecimento senão a privação da memória? E como pode estar presente, para que eu o recorde, se quando está presente não posso recordar? O que recordamos está guardado na memória, e se não nos lembrássemos do esquecimento, não poderíamos nem mesmo reconhecer o que significa esta palavra ao ser pronunciada, e isto quer dizer que a memória retém o esquecimento.
Assim, a presença do esquecimento faz com que não o esqueçamos, mas, quando está presente, nos esquecemos. Será que devemos concluir daí que o esquecimento não está presente na memória quando o recordamos, mas apenas a sua imagem, pois, se ele mesmo estivesse presente, não nos faria recordar e sim esquecer? Quem conseguirá penetrar nisso? Quem compreenderá como isto sucede?

? ?Tarde te amei! . . .?

Tarde te amei, ó beleza tão antiga e tão nova! Tarde demais eu te amei! Eis que habitavas dentro de mim e eu te procurava do lado de fora! Eu, disforme, lançava-me sobre as belas formas das tuas criaturas. Estavas comigo, mas eu não estava contigo.
Retinham-me longe de ti as tuas criaturas, que não existiriam se em ti não existissem. Tu me chamaste, e teu grito rompeu a minha surdez. Fulguraste e brilhaste e tua luz afugentou a minha cegueira. Espargiste tua fragrância e, respirando-a, suspirei por ti. Eu te saboreei, e agora tenho fome e sede de ti. Tu me tocaste, e agora estou ardendo no desejo de tua paz.

? O conceito de tempo

Não houve portanto um tempo em que nada fizeste, porque o próprio tempo foi feito por ti. E não há um tempo eterno contigo, porque tu és estável, e se o tempo fosse estável não seria tempo.
O que é realmente o tempo? Quem poderia explicá-lo de modo fácil e breve? Quem poderia captar o seu conceito, para exprimi-lo em palavras? No entanto, que assunto mais familiar e mais conhecido em nossas conversações? Sem dúvida, nós o compreendemos quando dele falamos, e compreendemos também o que nos dizem quando dele nos falam. Por conseguinte, o que é o tempo? Se ninguém me pergunta, eu sei; porém, se quero explicá-lo a quem me pergunta, então não sei. No entanto, posso dizer com segurança que não existiria um tempo passado, se nada passasse; e não existiria um tempo futuro, se nada devesse vir; e não haveria o tempo presente se nada existisse. De que modo existem esses dois tempos ? passado e futuro, ? uma vez que o passado não mais existe e o futuro ainda não existe? E quanto ao presente, se permanecesse sempre presente e não se tornasse passado, não seria mais tempo, mas eternidade. Portanto se o presente, para ser tempo, deve tornar-se passado, como poderemos dizer que existe, uma vez que a sua razão de ser é a mesma pela qual deixará de existir? Daí não podermos falar verdadeiramente da existência do tempo, senão enquanto tende a não existir.

O mistério da profecia

Dize-nos, pois, ó Rei da criação, de que maneira mostras às almas os fatos futuros?
De fato os mostraste aos teus profetas. Senhor, de que modo ensinas as coisas futuras, tu, para quem não existe futuro? Ou antes, como ensinas a eles o que há de presente nos acontecimentos futuros já que não existe aquilo que não pode ser mostrado? Esse teu modo de agir está longe da minha capacidade de entender; transcende as minhas forças, não o posso atingir. Com a tua força, o poderia, quando a concederes a mim, ó doce luz dos olhos de minha alma!

Meu desejo é conhecer o valor e a natureza do tempo, com o qual medimos os movimentos dos corpos, e dizemos, por exemplo, que um movimento é, quanto ao tempo, duas vezes mais longo do que outro. É isto que desejo saber: denominamos dia, não somente o período de tempo que o sol está sobre a terra, e que dá origem à distinção entre dia e noite, mas também ao giro completo de oriente a oriente, pelo qual dizemos:
?Passaram-se tantos dias?. E como compreendemos por dia também as respectivas noites, sem excluí-las. Ora, se o dia se completa pelo movimento de rotação do sol de oriente a oriente, procuro saber se o dia é o próprio movimento ou o intervalo de tempo durante o qual esse movimento realiza, ou as duas coisas. Se o dia fosse o movimento do sol, teríamos um dia, mesmo se o sol completasse aquele seu percurso no intervalo de uma hora. Se a duração do percurso do sol constituísse o dia, não haveria um dia se o intervalo entre um nascer a outro do sol durasse apenas uma hora. Seria preciso que o sol desse vinte e quatro voltas para completar um dia. Se um dia consistisse no movimento do sol e na duração desse movimento, não se poderia chamar de dia ao giro do sol que se completasse em uma hora, nem, na hipótese de o sol parar, ao espaço de tempo que ele utiliza hoje para percorrer o circuito habitual de uma a outra manhã.
Portanto, não me pergunto mais o que seja o dia, e sim o tempo, este tempo com o qual medimos o movimento de rotação do sol. Assim poderíamos dizer que tal movimento foi completado em um tempo que é a metade do habitual, se executado em doze horas.
Comparando as duas durações, diremos que uma é simples e a outra é dupla, ainda que o sol empregasse, de um nascer a outro, às vezes o tempo simples, outras vezes o tempo duplo. Portanto, ninguém me diga que o tempo é o movimento dos corpos celestes.
Porque, quando o sol parou a pedido de um homem para que pudesse concluir vitoriosamente uma batalha, o sol estava parado, mas o tempo continuava a passar. Com efeito, aquela batalha foi conduzida a termo no espaço de tempo que lhe era suficiente.
Vejo portanto que o tempo é uma espécie de extensão. Será que o percebo realmente, ou tenho a ilusão de viver? Mostra-me tu, ó Luz, ó Verdade.

(...) temos a tua promessa, e quem a destruirá? ?Se Deus está conosco, quem será contra nós? Pedi e vos será dado; buscai e achareis; batei e vos será aberto; pois todo aquele que pede recebe; quem procura encontra, e a quem bate lhe será aberta a porta?. São promessas tuas. Quem temerá ser enganado, se a própria Verdade é quem promete?

Que são as ?trevas? e o ?abismo?

Nossa terra era invisível e confusa, um profundo e impenetrável abismo onde não havia luz, pois não tinha forma. Por isso ordenaste que se escrevesse: ?As trevas cobriam o abismo?. Que significa isso, senão a falta de luz? Com efeito, se a luz existisse, onde poderia ela estar, senão acima de todas as coisas, para iluminar do alto? Onde não havia luz, que significavam as trevas, senão ausência de luz? As trevas reinavam sobre o abismo, porque sobre ele faltava a luz, do mesmo modo que reina o silêncio onde não há som. A existência do silêncio indica a inexistência do som. Não ensinaste, Senhor, a esta alma que te fala, não me ensinaste, Senhor, que antes de esta matéria informe receber de ti forma e ordem, nada existia, nem cor, nem figura, nem corpo, nem espírito? Não era, porém, um nada absoluto. Era apenas a massa informe, sem nenhuma aparência exterior.

Tanto mais longe estão de ti, quanto mais diferem de ti. Com efeito, aqui não se trata de distância espacial.
Portanto tu, Senhor, não és aqui uma coisa, e ali outra. Tu és sempre, sempre, sempre o mesmo, ?santo, santo, santo, Senhor Deus onipotente?.
Vladi 20/09/2022minha estante
A história de conversão de Agostinho descrita em suas confissões é das coisas mais lindas e inspiradoras que eu já li.


Alane.Sthefany 20/09/2022minha estante
Vladi,

Sim, demorei tanto para ler esse clássico, grande exemplo de vida ??
A forma que a mãe dele não cessava de interceder pela conversão do filho, que exemplo também de mulher, mãe e cristã.
Eu amei e pretendo ler outras obras dele ??


Mateusin 25/09/2022minha estante
Gostaria apenas de parabeniza-la, uma resenha/descrição fantástica. Demonstra que você realmente gosta desse lindo hábito, que neste caso não é somente a leitura mas sim o bom gosto. Reitero meus parabéns e obrigado por compartilhar sua opinião.


Alane.Sthefany 25/09/2022minha estante
Aahh, muito obrigado !!!
Fico feliz pelas suas palavras ?


LeandroBurla 02/11/2022minha estante
Santo Agostinho sempre sábio.


Pittspin 09/09/2023minha estante
Quero lê




Lanny 17/09/2022

Incrivelmente bom.. Não sei porque demorei tanto para ler essa obra prima. Santo Agostinho narra suas confissoes desde quando era uma criança. Tive que reler algumas partes, mas nada que desanimasse a leitura, e com certeza aprendi muito também!
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Vinoca 06/09/2022

Um homem que almejava um caminho
Agostinho em sua obra mais conhecida conta um pouco de sua história, até o momento atual onde está vivendo e escrevendo as confissões. Demonstra certa angústia em seu início de vida, não sabendo o que é a verdade, nem como consegui-lá. Nesse quesito, se perde em desejos e em "concepções erradas" sobre o mundo, ou sobre a verdade. Esse é o panorama que
Se inicia um dos maiores livros da conhecida Filosofia Medieval, não é apenas um livro sobre Deus, mas sobre alguém que seguiu e conseguiu chegar a verdade, há um nível de esclarecimento grandioso. É importante pontuar que no livro assuntos como a memória, o tempo e a criação são abordados de forma filosófica, mas isso não nega a vertente literária e poética que a obra possui nos livros (ou capítulos) durante todo o percurso de leitura. Essa obra não é apenas necessária para aqueles que gostam de Filosofia, mas para todo o tipo de público.
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Roberth 05/09/2022

Teologia em segunda pessoa...
Agostinho escreve diante de Deus e isso, por si só, já me arrebatou de um jeito incrível... Ele tem tanto da Palavra em seu coração que é nítida a fluidez de citações (ou paráfrases) no meio do discurso.

A forma tão crua com que expõe e confessa suas falhas, fraquezas e limites, ao passo em que desenvolve tanta coisa robusta, chacoalha, humilha e leva também o leitor à doxologia.

Ler Confissões foi um divisor de águas. E digo não apenas no aspecto intelectual ou cultural, mas em um nível muito pessoal e intimista...
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EduardaMarquess 26/08/2022

1 ano e 2 meses de leitura. Parei em vários momentos, tive que reler algumas partes, marquei um bocado e aprendi bastante. Algo que me chamou atenção desde o início, foi a sinceridade com que Agostinho fala e o fato dele colocar em palavras aquilo que eu não consegui, mas que, ao ler, me identifiquei. O livro é riquíssimo em diversos quesitos, não é a toa que é tão famoso e tão lido por diversos grupos. Como cristã protestante, gostei da obra e achei muito edificante, mesmo não concordando 100%. Sem sombra de duvidas, recomendo a leitura para todos.

Não consigo fazer uma resenha de confissões, então vou apenas deixar um dos vários trechos que gostei bastante: ?Tu me chamaste, e teu grito rompeu a minha surdez. Fulguraste e brilhaste e tua luz afugentou minha cegueira.
Espargiste tua fragrância e, respirando-a, suspirei por ti. Eu te saboreei, e agora tenho fome e sede de ti.?

Quero também deixar a recomendação de duas canções baseadas nos escritos de Agostinho:
1. Canção de Agostinho (Ana Heloysa)
2 Confissões: caverna de adulão (Aline Marques)
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Marianne Freire 06/08/2022

Confissões - Santo Agostinho
Santo Agostinho teve seu amor despertado pela sabedoria com a leitura do Hortensius de Cícero. Mas o que é uma busca pela sabedoria sem a luz da fé? Esse foi o problema de Agostinho. Ele gostava da eloquência do filósofo romano e quando leu a Bíblia, desprezou-a por sua linguagem relativamente pobre quando comparada aos retóricos da antiguidade. Tendo o espírito em confusão, Agostinho busca no maniqueísmo as respostas pelas quais ele busca. Agostinho estava impressionado pela fama de Fausto, bispo maniqueu; porém Fausto não parecia ter respostas para as perguntas mais profundas da alma de Agostinho. Quando viaja à Itália, vai até a cidade de Milão para escutar um sermão de Santo Ambrósio. Agostinho se afasta do maniqueísmo e passa a estudar os filósofos neoplatônicos, especialmente Plotino. Aos trinta anos, batiza-se. Uma conversão influenciada por Santo Ambrósio, Santa Mônica, a leitura com fé e sem apego à letra da Bíblia e a filosofia de Plotino, que o ajudou a se libertar do dualismo gnóstico-maniqueu.

Em Santo Agostinho não separa-se teologia da filosofia. E em ?Confissões? ambientada no século IV vai nos trazer à cristandade, astrologia, maniqueísmo, os platônicos (como eram conhecidos os adeptos do neo-platonismo), alegorese, geografia, influências literárias. Vemos um Agostinho que se descortina diante de Deus com uma linguagem refinada de memórias e confissões. Meditações, reflexões, pílulas e epifanias filosóficas diante da experiência íntima com Deus. Santo Agostinho nos expõe no arauto das suas Confissões para dizer que é preciso muita revelação individual e devoção sublime para conseguir descansar em Deus.

?Tarde te amei..Eis que habitavas dentro de mim e eu te procurava do lado de fora..?

Que obra meus amigos!!
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marcelinho 16/07/2022

Que livro perfeito. Quanta exuberância nas orações. Pomposidade, paixão, devoção, raciocínio, piedade, são elementos que estão fluindo como uma cachoeira nas Confissões.
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Juliane 06/07/2022

É o tipo de leitura que não gosto, admito! Mas conseguir ler, e em algumas passagens do livro percebi citações importante para uma convenção sincera. Notei também a entrega necessária que todo o cristão precisa ter na sua caminhada. Enfim, uma boa leitura.
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