Maria19642 08/01/2024
"Se Erik fosse bonito, haveria de me amar, Christine?"
Eu ouvi uma vez, em algum lugar que eu não me lembro, que os franceses eram um povo seco que mal demonstravam emoção, além de desprezo. E eu não duvidei disso até ir às lágrimas com essa teia de infortúnios e de tristezas, a qual é chamada de O fantasma da ópera. Eu tenho muitas opiniões sobre esse livro e também sobre o musical, até fiz uma teoria que chamei de “Teoria da beleza”, mas eu só gostaria de enfatizar um ponto tão gritante no livro que chega a ser polêmico.
Nenhum, eu repito, nenhum dos protagonistas tem completa inocência sobre o que aconteceu. Erik, mesmo que toda a sua personalidade tenha sido afetada pela sua infância e juventude difícil, ainda é culpado de várias mortes e sequestros durante (e antes) toda a história. Raoul é basicamente uma criança e o mais inocente entre os três, mas ainda tomou muitas decisões erradas, como insinuar que a Christine era prostituta, afastando ela, e a briga com o Conde. A Christine é um amor e eu gostei de suas partes e da sua decisão, bem como o final dela, mas ela deveria ter contado toda a história do Fantasma para o Raoul ou para a M. Valerius, assim que ela descobriu o “segredo de Erik”. (Mesmo que eu passe pano pra ela porque ela estava com um medo terrível.)
Eu falei dos três aqui, como alguém falaria de um triângulo amoroso, mas o livro não é um romance romântico, mas um romance investigativo (Desculpe, tive que fazer essa piada). Eu encaixaria em uma seção de filosofia facilmente, por causa das reflexões que ele me trouxe sobre beleza, sociedade, verdade e, até mesmo, o amor.
Será que amamos alguém pelo que ela é realmente ou pela sua aparência? Será que amamos alguém de verdade ou somente pelo que ela tem a oferecer? Será que amamos outro alguém de verdade quando não amamos nem mesmo a nós mesmos?
É, eu viajei muito.
De qualquer maneira, eu adorei esse livro. Recomendo para todos os leitores que se interessarem (o musical também!!!) por qualquer ponto dito aqui ou que foi visto em outro lugar. É muito bom ver que a qualidade da escrita do Leroux, o “atormentado pelo demônio da literatura”, não cai em nenhuma parte do romance, ao contrário, vai melhorando.
Ah, e não levem em consideração os meus comentários sobre os protagonistas acima, eu passo pano para todos eles, mesmo que não tenha perdoado o Erik por ter ************* o Daroga e ******** a Christine!