Estudos Sobre a Histeria

Estudos Sobre a Histeria Sigmund Freud
Josef Breuer




Resenhas - Freud (1893-1895)


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Jess.Carmo 25/03/2024

Um comentário para além da obra
Segundo Foucault, a grande honra política da psicanálise, desde seu nascimento, apresenta uma linha de ruptura com a teoria da degenerescência, esta que precedeu o ápice do racismo de Estado, mas isso não ocorre sem exceções. Lendo o segundo volume da edição da Imago de “Estudos sobre a histeria” – Edição que parece não ter passado pelas mãos de nenhum revisor -, encontrei diversas passagens de Freud em referência à tese da teoria da degenerescência.

A noção de degenerescência de Morel - que esteve em voga na psiquiatria francesa na segunda metade do século XIX – advém de um certo evolucionismo biológico sobre a psiquiatria. “Será chamada de ‘degenerada’ a criança sobre a qual pesam a título de estigmas ou de marcas, os restos da loucura dos pais ou dos ascendentes” (FOUCAULT). Ou seja, o degenerado seria aquele indivíduo que tem predisposição para a anomalia da loucura. A partir desse mecanismo surge uma rede de mecanismos higienistas no campo psi. Para essa teoria é preciso, a todo custo, evitar uma degeneração do homem-espécie.

Como dito anteriormente, Freud faz um importante movimento de ruptura com essa teoria, mas essa ruptura não é total; ainda há um resquício dessa lógica psiquiátrica. Em seu texto de 1893, quando Freud ainda não tinha a sua teoria psicanalítica, esse resquício é evidente em diversos trechos de seus relatos clínicos. Segue um desses trechos: “A predisposição neuropática (...) já está marcada, antes da instalação da doença, pelo quantum da contaminação hereditária do sujeito" (p. 153). Outras diversas vezes ele se refere a boa e “má hereditariedade” para justificar o aparecimento dos quadros sintomáticos.

Enfim, trata-se de um texto bem inicial da obra freudiana, mas isso persiste em outros momentos, como no trecho dos 3 ensaios em que ele admite acreditar que o fator etiológico dos casos de histeria e neurose obsessiva seria uma herança paterna sifilítica, “sua constituição sexual anormal é que devia ser considerada como a última ramificação de sua herança sifilítica.”

Decidi escrever esse texto para falar que a psicanálise também pode reproduzir alguns efeitos iatrogênicos. Costumamos nos colocar acima dos outros saberes psi, com certa empáfia, sem perceber que também existem problemas em nossa teoria e prática.

site: https://www.instagram.com/carmojess/
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Mateus 29/01/2024

Estudos: a pré-história da psicanálise
Decidi embarcar nesse livro pois já li alguns autores pós-freudianos, mas quase nada do próprio pai da psicanalise, gostei do livro principalmente de seu inicio e do final.

O caso de Anna O. descrito de forma magistral por Breuer foi um ponto alto do livro, gostei das considerações finais de Freud sobre o advento da técnica analítica de cura pela fala e pesquisa da patogênese dos sintomas nos acometidos de histeria, inclusive Freud cita os termos resistência e defesa (que seriam assuntos da psicanalise nos anos posteriores), realmente é uma obra inicial, e que se promete ser isso, uma experimentação de como funcionava o processo de tratamento, inclusive com uso de hipnose (que Freud irá abandonar anos depois).

Sei que lerei obras de Freud bem melhores que essa, mas acompanhar esse percurso é realmente importante na formação que estou buscando, entender como os conceitos foram criados, melhorados e aplicados, acredito que a análise é isso, é o processo de melhoramento da prática da psicologia.
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Laisa 17/01/2024

É um livro extremamente importante para entender os fenômenos histéricos e como o processo catártico tem importância para lidar com os afetos não ab-reagidos. Mas é necessário pontuar que é uma leitura extremamente complicada e que pra quem não tem o costume frequente de ler artigos pode ser muito cansativa.
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MateusReis 30/12/2023

Sigmundo Freud - Estudos sobre a histeria ????
Não poderia deixar de mencionar essa esplêndida obra de Sigmundo Freud, o estudo sobre a histeria, revela todo um estudo com casos clínicos de total relevância para a psicanálise.

Casos clínicos:

1 - Srta. Anna O.

2 - Sra. Emmy Von N..., 40 anos, da Livônia

3 - Miss Lucy R., 30 anos

4 - Katharina

5 - Srta. Elisabeth Von R...

Considerações Teóricas:

1. Todos os fenômenos histéricos são Ideogênicos ?

2. A excitação tônica Intra cerebral - Os afetos

3. A conversão Histérica

4. Estados hipnoides

5. Ideias inconscientes e insuscetíveis de consciência - Cisão da psique

6. Predisposição Origina; Desenvolvimento Da Histeria

Capítulo IV - A psicoterapia da Histeria ???
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Monique355 31/08/2023

Interessantíssimo ver os primeiros esboços de uma teoria tão incrível. Ver os equívocos do mestre e suas correções ajuda demais a encontrar o próprio fazer dentro da psicanálise e a fazer as pazes com o não saber tudo de pronto.
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M. Dias 25/07/2023

O Início da Construção
Esse livro e admirável, tem uma importância fundamental para a ciência, tanto para o pensamento científico como para a psicanálise naturalmente. Nesse livro é possível ver e acompanhar a psicanálise no seu momento inicial, assistimos passo a passo o trabalho de Freud e Breuer através de casos clínicos, onde é mostrado os métodos utilizados por eles para chegar a uma resposta.
Os métodos sejam por sugestão hipnótica, catártico ou concentração eram muito bem feitos. É como se fosse várias aulas sobre o assunto, não deixando dúvidas ao leitor.
Acredito que não voltarei a ler o livro novamente, mas recomendo para quem esteja iniciando seus estudos sobre psicanálise.
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Abinaécia 17/07/2023

Neste livro está o cerne da psicanálise!
Freud dá um show a parte!
? Na neurose traumática não é o ferimento físico insignificante a causa efetiva da doença, mas o afeto, o trauma psíquico?.
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Igao, apenas 01/07/2023

O "Big bang" da Psicanálise.
Estudos sobre a Histeria é uma obra revolucionária que marca e conta alguns acontecimentos mais importantes para o futuro da psicanálise.

A histeria na época, caracterizada por sintomas físicos inexplicáveis, como paralisia, cegueira, convulsões e falta de sensibilidade, intrigava e desafiava os médicos da época. Freud e Breuer, em sua colaboração pioneira, propuseram uma nova abordagem para compreender e tratar essa condição, abrindo caminho para o desenvolvimento da psicanálise.

No livro os autores descorrem 5 casos de pacientes histéricas, cada uma com sua peculiariade histérica. Temos o caso mais famoso de histeria (Anna O) tratado por Breuer, e um que não é tao famoso mas na minha percepção é um dos mais importantes (Emmy Von N) pois é nele que surge bem camuflado a técnica de associação livre que conhecemos até hoje no contemporâneo.

Obs: A escrita do livro é excelente, as notas de rodapé muito bem feitas e introduzidas.

É bom ler e não esquecer que esse estudo se passava no seculo XIX onde mulheres ainda não tinham opinião relevante em nada, e pouco faziam, acho que fica mais claro entender a ideia passada no livro quando você leva esses pontos em consideração, além de associar também com os dias atuais.
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Alice 01/04/2023

Estudos sobre a histeria
No final do século XIX as neuroses que se manifestavam por meio de somatizações, alucinações e angústias eram chamadas de histerias. Para estudar esse fenômeno, Freud escreveu junto com o médico Breuer os Estudos sobre a histeria - obra essencial para a compreensão da psicanálise. Relatando os casos de cinco pacientes - entre elas a célebre Anna O. -, eles argumentam que os histéricos sofrem por haverem sufocado a memória dos eventos que originaram a doença. É preciso, então, trazer à luz esses traumas, inicialmente por meio da hipnose. Mas, como isso não funciona com alguns pacientes, Freud passa a recorrer à associação livre, tornando seu método ainda mais complexo.
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Alice 07/03/2023

Sobre a histeria
Esse livro traça a história dos conceitos por trás da histeria, Freud e breuer juntos lançam a construção do que em Lacan se estruturaria ainda melhor como uma estrutura componente do grupo das neuroses, um livro para iniciar a busca dos conceitos por trás da histeria, há de se separar na leitura o conceito psiquiátrico para não confundir o leitor iniciante nos estudos psicanalíticos
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imsolucke 14/02/2023

Me senti burro, mas valeu a pena (fiz vários memes no Twitter)
Estudos sobre a Histeria é o primeiro livro que leio na vida sobre psicologia, e o primeiro que leio sobre psicanálise. E, bom... Eu não sou muito acostumado com termos médicos, muito menos com uma linguagem mais "antiga" (sou contemporâneo até demais, e não me orgulho disso), então foi complicado entender algumas coisas (se é que entendi), mas uma amiga disse que era pra eu ler mesmo sem entender, e assim cheguei ao final da leitura, e devo dizer que, apesar dos pesares, foi interessante.

Toda vez que pensava em ler algo de Freud, ainda mais textos mais antigos, como esse livro, imaginei uma leitura mais maçante. E, de fato, em alguns momentos fica complicado de entender, mas a leitura é bem fluida, tanto que li tudo em pouco tempo (acho que três semanas), e capítulos maiores do livro consegui finalizar rapidamente, sem sentir a leitura ou ficar cansado. Pra falar a verdade foi mais interessante ler Estudos Sobre a Histeria mesmo entendendo pouco do que outras leituras que li no mesmo período.

O livro começa a definir o que é histeria para a psicanálise (um amigo psicólogo diz que as definições trazidas aqui são muito importantes para trabalhos posteriores - ou melhor, ulteriores, termo que tem bastante no livro kkkkkk - e para a área no geral), e trazem alguns casos clínicos que não só foram minha parte favorita do livro como até entendi melhor algumas ideias trazidas na leitura (mas isso vai de mim, que entendo melhor coisas com exemplos do que só com a teoria).

Não me vejo lendo de novo, mas foi uma experiência super válida.
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Jess.Carmo 03/09/2022

Um comentário para além da obra.
Segundo Foucault, a grande honra política da psicanálise, desde seu nascimento, apresenta uma linha de ruptura com a teoria da degenerescência, esta que precedeu o ápice do racismo de Estado, mas isso não ocorre sem exceções. Lendo o segundo volume da edição da Imago de “Estudos sobre a histeria” – Edição que parece não ter passado pelas mãos de nenhum revisor -, encontrei diversas passagens de Freud em referência à tese da teoria da degenerescência.

A noção de degenerescência de Morel - que esteve em voga na psiquiatria francesa na segunda metade do século XIX – advém de um certo evolucionismo biológico sobre a psiquiatria. “Será chamada de ‘degenerada’ a criança sobre a qual pesam a título de estigmas ou de marcas, os restos da loucura dos pais ou dos ascendentes” (FOUCAULT). Ou seja, o degenerado seria aquele indivíduo que tem predisposição para a anomalia da loucura. A partir desse mecanismo surge uma rede de mecanismos higienistas no campo psi. Para essa teoria é preciso, a todo custo, evitar uma degeneração do homem-espécie.

Como dito anteriormente, Freud faz um importante movimento de ruptura com essa teoria, mas essa ruptura não é total; ainda há um resquício dessa lógica psiquiátrica. Em seu texto de 1893, quando Freud ainda não tinha a sua teoria psicanalítica, esse resquício é evidente em diversos trechos de seus relatos clínicos. Segue um desses trechos: “A predisposição neuropática (...) já está marcada, antes da instalação da doença, pelo quantum da contaminação hereditária do sujeito" (p. 153). Outras diversas vezes ele se refere a boa e “má hereditariedade” para justificar o aparecimento dos quadros sintomáticos.

Enfim, trata-se de um texto bem inicial da obra freudiana, mas isso persiste em outros momentos, como no trecho dos 3 ensaios em que ele admite acreditar que o fator etiológico dos casos de histeria e neurose obsessiva seria uma herança paterna sifilítica, “sua constituição sexual anormal é que devia ser considerada como a última ramificação de sua herança sifilítica.”

Decidi escrever esse texto para falar que a psicanálise também pode reproduzir alguns efeitos iatrogênicos. Costumamos nos colocar acima dos outros saberes psi, com certa empáfia, sem perceber que também existem problemas em nossa teoria e prática.

site: https://www.instagram.com/carmojess/
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Marafa 21/08/2022

Este livro representa o início da psicanálise e do pensamento de Freud. Aqui, podemos analisar os primórdios dessa ciência, que tipo de acontecimentos despertaram certas compreensões e quais as dificuldades encontradas neste primeiro momento. Vale muito a pena ler e conhecer esse livro, pois é um marco da ciência psicológica mundial. Ansioso pelos próximos
Black Flower 20/01/2023minha estante
O livro Quando Nietzsche chorou fala melhor sobre esse caso. Principalmente sobre o médico Breuer e o caso de Anna O. Até o Freud aparece nesse livro tbm. É muito bom.


Marafa 20/01/2023minha estante
Oi! Obrigado pela indicação, vou procurar!


Black Flower 20/01/2023minha estante
Disponha!




Ceci 10/08/2022

Estudos sobre a histeria trata de casos de adoecimento misterioso especialmente em mulheres, com sintomas como paralisia, mutismo e estrabismo. É interessante analisar a sociedade machista da época, que acreditava que as mulheres estariam fingindo seu adoecimento e não poderiam estimular seus órgãos sexuais.
Freud é a frente de seu tempo
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Adeilson Melo - @adeehmello 23/07/2022

Um Freud e um Breuer
Para compreender esse livro é necessário entender primeiro que ele parte de um cotidiano do século XIX (19). Logo, é preciso ter caltela nos pensamentos, pois estamos falando de uma sociedade extremamente machista, branca e européia. E isso é necessário para que se tenha em mente que os dois autores que escreveram tais pensamentos, são homens da sua época, ou seja, são homens que viveram nesse tipo de sociedade e portanto carregam suas características. Esse pensamento primário é importante para garantir uma boa leitura, sem julgamentos ou conceitos pré definidos.

Estudos sobre Histeria é um dos primeiros pensamentos Freudianos - em parceria com Josef Breuer - que vem dando início ao pensamentos psicanalítico. Nele, Freud vai explicar o que está por trás dos sintomas das pessoas histéricas. Levando em consideração as pressões e as regras sociais, esses fenômenos psíquicos quando não analisados/vivenciados tendem a deixar marcas físicas nos indivíduos.

O livro é muito bem organizado, nos primeiros capítulos é feita uma bela introdução do que seria a histeria, logo em seguida é abordado alguns casos clínicos de Freud e Breuer e ao finalzinho de cada caso existe uma explicação clínica da história pessoal de cada paciente para cada um deles. Um desses casos, o mais famoso inclusive, o de Anna O. Ao final, é feita uma explicação técnica e clínica sobre os fenômenos histéricos. Vale lembrar que o livro precisa ser lido com calma, afinal tem uma linguagem bastante técnica realmente, principalmente nos capítulos escritos por Breuer (ele é super concreto), e isso não tem absolutamente nada a ver com a edição, pelo contrário, ela está belíssima. Mas sim, com a própria escrita e significado daquilo na época, pois precisamos partir do pressuposto de que naquele tempo (no início da construção da psicanálise), Freud ainda queria que esses conhecimentos se tornassem ciência, por isso essa visão técnica nos seus escritos.

Obs: mais precisamente até "A interpretação dos Sonhos 1 e 2" Freud ainda tenta fazer da psicanálise uma ciência. Eu particularmente acho que quando ele "desiste" desse pensamento, os pensamentos e contribuições psicanalíticos fluem bem melhor.

Estudos sobre histeria é uma obra magnífica, está próximo a toda a introdução da construção psicanalítica. Essa versão da Cia das Letras está impecável e com toda certeza é uma das melhores que ja ví. É nesse livro também que Freud dá os primeiros passos para o entendimento das fantasias, e como elas se formam através do nosso inconsciente e afetam a nossa vida, ou seja, os estudos Freudianos eles precisam estar bem articulados, pois cada um deles tem um detalhe que pode acompanhar o resto de sua obra inteira.

Vale muito a leitura, recomendo lindamente.

"Recordar sem afeto é quase sempre ineficaz; o processo psíquico que ocorreu originalmente deve ser repetido da maneira mais viva possível, levando ao status nascendi e então expresso".

♥♥♥♥♥
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