aleitora 12/03/2018
Garota com câncer + Garoto do interior desinteressado no futuro = cliché #SóQueNão
A menina que não acredita em milagres é o romance de estreia da autora Wendy Wunder, mas se eu não soubesse disso jamais teria imaginado. Wendy apresenta seus personagens, cenários e história de uma forma muito tranquila e bem desenvolvida. Parece que fez isso a vida toda e não é obrigada a apressar sua narrativa para agradar ninguém e nesse livro ela usou dessas características para nos apresentar a Campbell, uma jovem de dezessete anos que tem câncer em estágio quatro e acaba de voltar do oncologista com notícias nada boas.
Cam é uma garota forte que já passou por vários tratamentos agressivos em busca da cura que nunca veio, receber a notícia de que seus dias estão chegando ao fim poderia desestabiliza-la, mas não foi o caso, há muito tempo ela não sabe o que é ter esperança. O difícil é convencer a mãe e a irmã que anseiam por um milagre que a deixará saudável novamente. Cam não acredita em milagres, a garota acredita apenas no que pode ser explicado e comprovado cientificamente.
A morte do pai e a descoberta da doença moldaram Cam em uma jovem cética, não só espiritualmente como emocionalmente. Ela costuma esperar o pior das pessoas, não tem amizades além de Lily que está tão próxima da morte quanto ela e relacionamentos ou ir a faculdade não fazem parte dos seus planos. Pior que isso, Cam não planeja um futuro porque ela sabe que nunca haverá um. E essa filosofia de vida é apenas muito triste para pertencer a alguém que acaba de sair da adolescência.
No início a narrativa não estava me prendendo muito, confesso que a apresentação da rotina da família como parte do “elenco” da Disney foi entediante; a mãe dança hula em apresentações temáticas, Cam também sabe dançar mas prefere trabalhar na cozinha onde ela pode ser invisível enquanto que a irmã, ainda adolescente, não foi agraciada com as características samoanas da mãe e da irmã e muito menos com suas habilidades para a dança; mas quando a mãe as convence a ir até Promisse em busca de um milagre, ali a história passou a ficar interessante e eu comecei a devorar capítulos e mais capítulos e sempre ansiosa por mais.
Assim que chegaram a Promisse as mulheres estabeleceram uma rotina como se tivessem pertencido àquele lugar por toda a vida. Na cidade a garota teve um encontro de almas com Asher, um jovem local bonito e praticamente inatingível que está sempre disponível seja para concertar coisas ou incentivá-la a sair do quarto em busca de diversão, Asher é considerado um menino de ouro e dizem que foi a boa sorte da sua família que trouxe os milagres pra cidade. Ali ela também encontrou amigos que em pouco tempo de amizade demostraram ser muito leais e parceiros, Cam nunca havia sentido que pertencia a um grupinho e em Promisse ela encontrou os melhores amigos que poderia querer.
Com Asher, ela descobriu que os pequenos milagres existem, sejam eles espirituais ou não. A mágica de Promisse está em servir para lembra-la de que muito pode ser feito nesses dias ou meses que tem pela frente, inclusive ticar itens da Lista do Flamingo, uma espécie de lista de coisas para fazer antes de morrer, que fizera com a melhor amiga Lily e que agora conta com a ajuda de Asher para realizar cada ideia boba que colocou lá.
Assim temos a garota que não espera nada da milagrosa cidade de Promisse e o garoto que teme a vida fora dela trabalhando juntos para superar seus medos e aprendendo um com o outro que há coisas piores para se ter medo.
A menina que não acredita em milagres é mais que um sicklit sobre doença e morte. É uma lição sobre o valor da família e de amizades verdadeiras, é sobre estar junto sem esquecer que um dia podemos estar separados. É sobre reconhecer o valor das coisas mais singelas e belas e que para ser considerado um milagre, não precisa ser grandioso.
site: http://www.revelandosentimentos.com.br/2017/06/resenha-menina-que-nao-acredita-em.html