Isa 10/05/2013
Para (Não) Esquecer?
Para Não Esquecer é leitura obrigatória, mas é um livro de difícil compreensão. Clarice Lispector nunca foi “clara”, sempre escreveu entre as entrelinhas, o sentimento sem nome, os ecos, as ressonâncias, as sensações informuladas.
Composto por crônicas do cotidiano e textos de “pensamento alto” – muitos textos parece algo retirado de um diário; seus pensamentos soltos. Uns de fácil entendimento, outros, para entender, talvez se tenha que estar como o narrador Rodrigo S.M de “A Hora da Estrela”, “Não fazer a barba durante dias e adquirir olheiras escuras por dormir pouco”; tem-se que estar cru, “ou toca, ou não toca”.
Para mim, não foi um dos melhores livros de crônica da Clarice,o que não significa que não é bom. É um livro interessante, digo que é um livro a ser explorado. Gostei de poucas crônicas, mas me identifiquei de corpo e alma com “Por não estarem distraídos”
“ Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos. Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham. Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram. Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue..”
Mas, como a própria autora falou que só é entendida nas releituras , numa próxima leitura de “Para não esquecer”, talvez eu não o esqueça mesmo.