Dark Schneider 20/04/2021
Uma aula de filosofia, minimalismo e anarquia na prática.
Thoreau é meu filósofo "moderno" favorito, e esse livro é uma "autobiografia" dele, que na verdade não é uma autobiografia: é ele descrevendo sua visão de mundo, suas reflexões, e sobre o tempo que passou morando as margens do lago Walden nos Estados Unidos.
Thoreau, diferente de 99% dos filósofos que tem todas as soluções pros problemas dos outros, de como eles devem viver, aplicou sua maneira de pensar na própria vida: juntou uma mixaria, arrumou um lote num terreno bem isolado e foi viver à parte da civilização, sozinho. Ele é uma versão antiga desses programas tipo "isolado no Alasca", mas mais filosófica e com menos recursos... Muito menos recursos...
Ele narra em detalhes quanto dinheiro gastou na empreitada, como conseguiu o dinheiro, onde foi cada centavo, inclusive quanto em tábuas, pregos, telhas etc ... Era muito organizado, raramente precisava de algo da "civilização", salvo raramente querosene e pólvora.
Caçava, plantava e pescava a própria comida, e vivia muito bem obrigado... Seu único luxo eram os livros dos quais não abria mão. Uma existência humana reduzida ao mínimo necessário pra sobreviver, e pela alegria dele em descrever essa vida, ele viveu muito bem, e foi mais feliz que durante sua vida "civilizada".
Que inveja... Ele viveu a vida que eu gostaria de ter vivido, tenho sincera inveja da coragem dele.
E como filósofo, e filosofia é a mãe de todas as ciências, ele analisava e esmiuçava a realidade ao seu redor, inclusive citando as espécies de animas pelos nomes científicos, mediu a circunferência e profundidade do Walden e lagos ao redor, as estações do ano, e constantemente usa citações de livros que leu, e leu muito... O cara vai de Ovídio a Shakespeare, passando pelo Baghavad Gita, Confúcio, a bíblia, todos os poetas gregos, da renascença, oriente e ocidente... O cabra tinha bagagem ? ele acaba se perdendo um pouco nas descrições da natureza em redor e divagando sobre, o que torna a leitura lenta, coisa que segundo as palavras dele é um manjar: pra ele a leitura precisa ser difícil pra exercitar o cérebro, eu discordo, mas é uma das poucas coisas que discordo dele, o que é raro ?
O livro é uma aula de DIY, de anarquia (embora os anarquistas não sei pq não o conhecem, parece que anarquista bom só russo, mas quem sou eu pra falar ...), de filosofia, desapego, e minimalismo.
Já era fã do sujeito, só fez melhorar minha admiração por ele ?????
Ps: se gostarem dele, leiam "Desobediência civil" ?