Rodrigo Santos 22/08/2014
Um grande reflexão acerca dos valores humanos
Fiz a leitura desse livro descompromissadamente, e não tenho conhecimento de alguma influência deste para o pensamento humano. Dessa forma, os comentários abaixo refletem tão somente a opinião de um leitor de primeira viagem.
Henry Thoreau decide se mudar para um bosque e levar uma vida simples, longe dos excessos da vida burguesa, sobrevivendo daquilo que ele próprio cultivava.
Vemos os relatos dos dias em que passara construíndo sua morada, da forma como conseguia seu alimento (cultivando seus vegetais e consumindo aquilo que a natureza oferecia) e de como se distraía na companhia da vida em volta de sua casa.
Há intrigantes reflexões acerca da maneira como o homem moderno levava sua vida (a saber, o homem do século XIX). É defendido que não se precisa de muito para sobreviver, e que todo o luxo e riqueza não passam de banalidades. Há de ser possível levar uma vida tranquila apenas com aquilo que é necessário para tal: alimento; uma casa que cumpra com sua função de refúgio, com a mobília básica, dispensando tudo que tem utilidade unicamente estética; roupas que cumpram com sua função de proteção contra o frio; entre outras coisas necessárias à sobrevivência.
Após essas reflexões, o autor se propõe a expor sua experiência vivendo longe da cidade, sem companhia humana, em uma casa no meio de um bosque.
Tem-se relatos a respeito das leituras que fez e de como elas às vezes se tornavam dispensáveis, visto que a própria vida em alguns momentos era o bastante; de sua solidão, que ele nega ter sentido (ele ainda oferece sua visão a respeito disso que chamam de solidão); das visitas que recebia, e de como por vezes eram interessantes, pois quase nunca eram superficiais; de sua plantação de feijões, que ele gostava de cultivar por conta de sua curiosidade em observar a terra produzindo leguminosas ("fazer a terra se afirmar em feijões e não em capim — eis o meu trabalho de cada dia"); do lago Walden e dos outros lagos dos arredores; da sua experiência como homem caçador; entre outros tantas ricas divagações.
Walden não é um livro para entreter ou distrair. Por ser bastante poético, é rico em detalhes, e apesar disso ser importante para se ter uma noção de como eram seus dias vivendo daquela forma, a leitura se torna por demais cansativa em alguns momentos. Entretanto, vale muito a pena lê-lo e refletir sobre os valores do homem e sua relação com a natureza que o abriga.
Da conclusão oferecida por Thoreau - pra mim, a melhor parte do livro -, temos grandes ensinamentos e conselhos dignos de nota. Termino com um trecho dessa conclusão:
"Com a minha experiência aprendi pelo menos isso: que se uma pessoa avançar confiantemente na direção de seus sonhos, e se esforçar por viver a vida que imaginou, há de se encontrar com um sucesso inesperado nas horas rotineiras. Há de deixar para trás uma porção de coisas e atravessar uma fronteira invisível; leis novas, universais e mais abertas começarão por se estabelecer ao redor e dentro dela; ou as leis velhas hão de ser expandidas e interpretadas a seu favor num sentido mais liberal, e ela há de viver com a aquiescência de uma ordem superior de seres. A medida que ela simplificar a sua vida, as leis do universo hão de lhe parecer menos complexas, e a solidão não será mais solidão, nem a pobreza será pobreza, nem a fraqueza, fraqueza. Se construístes castelos no ar, não terá sido em vão vosso trabalho; eles estão onde deviam estar. Agora colocai os alicerces por baixo."
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