Tamy 24/02/2011Emocionei, mesmo não querendo admitir! ESSA RESENHA TEM SPOILER, MAS VOCÊ, COM CERTEZA, VAI QUERER LER ESSE LIVRO. ACREDITE-ME.
Li pessoas reclamando sobre Leaving Paradise. Reclamando porque Maggie, como narradora personagem, reclama praticamente o tempo todo de como sua vida está arruinada desde um acidente de carro. Reclamando por ter sido abandonada pelo pai, por não poder mais jogar tênis por mancar, por receber olhares na escola. Confesso que no início isso me irritou, mas não muito. Aquele pensamento vergonhoso de “nossa, que garota chata” passou pela minha cabeça enquanto ela se afundava em autopiedade. O problema foi que conheci Caleb.
O outro narrador personagem, aquele que atropelou Maggie, que a deixou com cicatrizes e com uma vida social reduzida a zero. Aquele que passou um ano em um centro de detenção para delinqüentes juvenis. Aquele que é visto pelos pais como a decepção da família, o maldito egoísta, quando, na verdade, ele fez o que fez por amor. E mesmo assim, a vida deles desmoronou.
Não culpo Maggie por sua lamentações, se você não quer ler alguém que se queixe de uma condição imposta a ela, mesmo que por acidente e que muda toda a sua vida, não leia o livro. Se quiser encarar a realidade e sentir como você mesma se sentiria no lugar de Maggie, leia e prepare os lencinhos. Você pode chorar litros, caso seja uma manteiga derretida como eu.
Maggie tem medo de suas limitações, tem medo do que os outros pensam e de não ser tão boa quanto fora um dia, naquela que ela julgava ser a única coisa que lhe dava forças - o tênnis -, que a fazia esperar para encontrar o pai e fazê-lo orgulhoso. Caleb se retraiu em um mundo de culpa, assumiu responsabilidades muitos grandes, se vê marcado como o ex-detento, o cara que já foi para a prisão por deixar uma menina deficiente e, ainda por cima, tem de suportar o peso de levar a culpa pela ruína de sua família. Os personagens estão passando por uma período de intensa transformação. O tal acidente refletiu em todos a sua volta de uma maneira que nem eles mesmos puderam perceber à princípio.
Leaving Paradise não termina como você pode querer, não terminou como eu quis e até agora não consigo me conformar em ver Caleb ir embora e a Maggie aceitar tudo com tanta calma. É ter muita força, é ser digna de ser a protagonista de uma história que tem tudo para ser Mary Sue e Gary Stue happily ever after. Mas não é. A melhor personagem do livro vai embora, para sempre, e você não pode nem mesmo protestar porque sabia que isso ia acontecer, desde o minuto em que ela entrou ali para mudar tudo. E sabe o que mais? Não é uma história de amor com final feliz. É uma história sobre como aprender a aceitar as mudanças, aceitar a si próprio e seguir o caminho que escolheu. É sobre não fugir dos problemas, encará-los de frente, sobre perdoar, se superar.
Se eu fosse Maggie, não deixaria Caleb partir, mas talvez eu não tivesse feito, assumido ou concluído metade das coisas que ela fez, assumiu e concluiu. De uma pessoa que só sabe reclamar do rumo que sua vida tomou após ser atropelada, de uma típica popular que caiu e se tornou uma típica perdedora dos besteiróis americanos, Maggie cresceu pra mim, passou a ser de verdade, a ser forte. Mesmo com toda a ladainha do Caleb de dizer que ela o tornou forte, é verdade. Ele ainda não superou tudo, mas o que alcançou foi por ela. E pela melhor personagem do livro, claro. Garanto, tudo isso é verdade.
Se você quer finais felizes para o happy couple, se você quer justiça aos olhos do mundo, se você quer que tudo se acerte... Esqueça. Não leia. Esse não vai ser o seu livro. Eu procurei por isso no final, enquanto via as páginas chegando ao fim e nada do que eu queria estava acontecendo, então, esqueça.
Se você quer uma história que se aproxima da vida real, siga em frente de peito aberto, esqueça o preconceito com protagonistas que se lamentam e narradores personagens porque, se você para pra pensar, assim é a vida. Você é o narrador, você é o personagem, e você reclama, e chora, e se apaixona, e sofre. Você faria a mesma coisa no lugar dela. Ou não, mas então eu lhe aplaudiria de pé.