Reniére 19/08/2016Clube da Meia-NoiteCidade pequena, famílias poderosas e boatos que correm soltos. Esses são elementos em que se encontram as vidas dos personagens do suspense nacional de Marianna Leão.
Em O Clube da Meia-Noite, somos apresentados através da perspectiva de três personagens influentes na história à cidade de Sherwood e o misterioso caso sangrento envolvendo Phillip, um dos integrantes das famílias tradicionais, e o desaparecimento e assassinato de algumas jovens no ano de 1989.
Na intrincada trama, John Archild é um homem de grandes responsabilidades: trabalha na prefeitura da cidade e é responsável pela construção de uma pista de pouso, mudança tão radical para a pequena cidade ao ponto de alterar os ânimos dos moradores. Annie, filha de John, é outra personagem que ganha voz na narrativa da trama. Aos dezessete anos, a adolescente enfrenta todos os dilemas que sua posição social não impediu que ela vivesse neste período de sua vida: problemas com garotos, amizades e decisões que deverá tomar acerca do futuro. Já David é um homem nascido em Sherwood refugiado na Irlanda porque o homem acusado dos crimes cometidos anos atrás é ninguém menos que seu pai. Sendo rejeitado por todos os cidadãos de sua cidade de nascença pelos crimes do pai, David sente que não pertence mais ao seu lugar de origem, além de concordar com seus conterrâneos: ele acredita que alguns problemas psicológicos levaram seu pai a cometer as atrocidades e que tais problemas haviam sido herdados por ele.
Então, quando são encontrados vestígios inquestionáveis ligados aos assassinatos em detrimento das escavações feitas para a obra da pista de pouso, as autoridades sentem que haverá, finalmente, um esclarecimento concreto dos acontecidos. Em paralelo, David encontra-se sem outra saída a não ser voltar para a casa de sua mãe para ajudá-la com o bisavô – homem que detesta e que está à beira da morte. Assim que tais acontecimentos explodem na cidade, outra série de desaparecimentos e assassinatos voltam a acontecer, amedrontando a todos e fazendo com que eles tenham certeza de que o assassino é David, afinal ele está de volta junto com os genes problemáticos de seu pai.
A premissa construída por Marianna, bem como as personagens e suas tramas são bastante consistentes, de modo que pude facilmente acompanhar a história e os acontecimentos. A narrativa, feita em primeira pessoa inicialmente por John, Annie e David após um tempo passa a ser feita apenas por David e Annie, fazendo com que eu me afeiçoasse a todos os personagens e tivesse mais acesso ao “outro lado da moeda” na história.
Contudo, apesar de ter tido ótimas impressões acerca da premissa e da narrativa, senti que a história teve desenrolar lento e algumas cenas foram bastante desnecessárias. Isso porque em diversos momentos precisei me questionar qual foi a real intenção da autora ao construir a história de O Clube da Meia-Noite, ou seja, duvidei muito se o foco era na relação entre as personagens e o romance que se desenvolve na trama, ou o suspense propriamente dito. Me senti desanimar ao perceber que várias das páginas da obra serviram de desenrolar para o envolvimento das personagens, enquanto que o suspense já extremamente chamativo pela própria capa do livro me pareceu ter sido esquecido algumas vezes.
Por outro lado, o que a obra teve de extensa e de cenas desnecessárias ao meu ver, teve também de fluidez na leitura. O livro é composto por mais de 500 páginas que foram lidas de maneira bastante rápida, fato contribuído tanto pela escrita solta de Marianna quanto pela diagramação das páginas, com grande espaçamento das margens. Porém, ter sido capaz de ler rápido as várias páginas do livro não me impediu de perceber os vários erros de revisão cometidos na obra, talvez a minha maior queixa acerca da leitura. Sei que pode parecer desnecessário, mas de fato me incomodou.
No mais, o livro mostrou-se uma ótima leitura de entretenimento, com cenas de descontração e suspense ao longo de suas páginas, além de protagonistas bem desenvolvidos e revelações surpreendentes. Leitores do gênero certamente deveriam dar uma chance à leitura.
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