Alisson 12/11/2016
David Sarac e sua memória bugada
Esse aí é o tipo de livro que eu gosto. Uma trama intrincada e muito bem construída, onde três estórias paralelas são contadas mas que sabemos que vão se cruzar no final. Aliás, é a mesma situação apresentada por óticas diferentes. Todos atrás de Jano.
Jano é um deus romano de duas faces. Em Memorandom, possivelmente é um informante ultra-secreto infiltrado no crime organizado que já ajudou a polícia de Estocolmo em muitas situações. David Sarac é o agente de informantes que reporta diretamente a Jano. O problema é que apenas ele sabe quem é esse informante e o crime organizado acaba de descobrir isso.
O livro começa no momento em que Sarac sofre um acidente e perde a memória. No começo ele fica feliz em encontrar os amigos, porém recebe bilhetes anônimos escritos "Não confie em ninguém. Todos mentem." A princípio, acredita que ele mesmo escreveu os bilhetes, já que não se lembra de muita coisa. A cabeça "bugada" dele vai nos fazer descobrir situações bem embaraçosas envolvendo todo um sistema de informantes da Polícia Nacional. Todos estão interessados em descobrir quem é Jano. Todos estão vigiando David Sarac.
Paralelo a isso, há várias outras óticas que se encaixam no final. Atif, um ex-criminoso iraquiano que acaba de perder o irmão assassinado. Para se vingar, ele precisa encontrar o Jano. Natalie, uma jovem criminosa que é descoberta, mas que pode ter sua ficha limpa se descobrir quem é Jano. O Ministro da Justiça que se envolveu na morte da sua amante, mas para que ninguém saiba disso, ele precisa encontrar Jano.
Enfim, o livro é muito mais complexo que essa resenha. Os personagens precisam ser bem estudados. Os diálogos são fáceis de compreender, os flashbacks de David nos motivam a querer descobrir a verdade sobre Jano. A escrita do autor é muito bem elaborada, com capítulos muito bem distribuídos.
Apesar do receio inicial por causa de várias óticas diferentes, é um livro que vale a pena ler até o fim.