Caverna 14/06/2016
Ed e Lorraine Warren são um casal peculiar. Se casaram jovens, tiveram uma filha, e se dedicaram ao longo de mais de 50 anos ao paranormal.
Lorraine é uma clarividente comprovada. Ela enxerga a áurea das pessoas, detecta energias ruins, os locais exatos onde tragédias ocorreram e a história por trás delas, assim como possui a capacidade de se comunicar com espíritos.
Já Ed é um demonologista leigo reconhecido, ou seja, ele estuda o mal e demônios, mas não é um padre, embora seja completamente religioso. Quando criança, Ed morou numa casa assombrada, o que contribuiu para o seu conhecimento acerca do assunto.
Nesse livro, Ed e Lorraine contam resumidamente suas histórias de vida e ensinam o leitor a identificar os sinais sobrenaturais e a como interpretá-los. Ao longo dos anos, o casal deu diversas entrevistas e palestras, e o livro é basicamente como se estivéssemos numa palestra, um intensivão do desconhecido. Aprendemos sobre os espíritos e como distingui-los, se são aparições de transição, aparições de crise, fantasmas, poltergeists, demônios ou outras criaturas.
Para elucidar as diferenças, Ed e Lorraine apresentam Estudos de casos. Em suas investigações, o casal levava junto câmeras e gravadores para registrar a ocasião. Através desse material eles puderam montar os casos repletos de detalhes ricos. Essa foi sem dúvida a minha parte favorita. Me senti uma estudante de parapsicologia tentando desvendar o que assombrava a casa. Inclusive, o livro é estruturado por um sumário. Em cada capítulo o casal foca em um estado espiritual específico e por fim relata os estudos de caso, geralmente 3 deles. Portanto, a cada explicação temos três histórias diferentes vivenciadas pelos Warren.
Muitas dessas histórias foram adaptadas para livros e filmes, alguns dos quais eu conheço e por sinal adoro, então imaginem a euforia ao descobrir que de fato são reais e foram resolvidas pelos Warren. Alguns desses filmes famosos são: Horror em Amityville, Evocando Espíritos, A casa das almas perdidas, Invocação do mal (1 e 2) e Annabelle. Se já ouviram falar de algum desses, aposto que só conheceram o casal por Invocação do mal, um filme de grande sucesso cuja continuação estreou nos cinemas semana passada (dia 9).
Muito provavelmente vocês estejam se perguntando “Será que é verdade mesmo? Que provas você tem pra me convencer disso?” Bom, nenhuma. Mas o livro tem, e várias. Eu sou daquelas que dou risada na cara do “Baseado em fatos reais” no início de praticamente todos os filmes de terror. 90% deles sem dúvida são fraude, mas o que Ed e Lorraine descreveram, nem a mente mais produtiva seria capaz de inventar. E por essa observação, considero esse mero livro mais assustador que qualquer outro.
Horror em Amityville me fez tremer na base pela sinceridade de George, o pai da família da história que foi entrevistado por Ed. Ele deixou claro que o dinheiro lucrado com o lançamento do livro foi todo direcionado ao autor, enquanto eles continuaram na mesma pobreza de quando compraram a casa, mais o temor das lembranças de brinde. Uma horrível chacina ocorrera naquela casa, e por isso o preço estava vantajoso. Um dos estudos de caso é sobre Amityville, e é o único em que temos fotos de autoria própria de Ed e Lorraine no dia em que a investigação foi realizada.
A boneca Annabelle também é citada em uma das passagens, o que nos leva ao Museu de Ocultismo criado pelo casal. Lá estão guardados todos os itens e objetos maléficos encontrados pelo casal e, dentre elas, está a boneca.
E vocês devem estar pensando, “que gente doida de se envolver com coisas tão perigosas”. Tudo o que Ed e Lorraine fizeram foi ajudar. Por longos anos eles estudaram os fenômenos paranormais e ajudaram vítimas a se livrar do mal. Desde o inicio os Warren levantam os dois pontos principais para embarcar nessa jornada e se proteger: Fé e não mexer com o que não se deve. Os Warren possuem uma fé absoluta em Deus, são católicos que crêem e oram. Eles não alcançariam nada disso se não acreditassem num poder maior olhando por eles. E também somos alertados frequentemente da distancia que deve ser mantida de fontes obscuras como magia negra e tabuleiros Ouija. Não se deve brincar com essas forças, isso é interpretado a eles como um convite. Aquele que não se envolver com o desconhecido e tiver posição sobre o livre-arbítrio, está protegido. Ainda assim, na maioria dos casos relatados, o ceticismo das pessoas eram a maior ruína delas. Demoravam tanto a aceitar que algo não-humano estava realmente acontecendo que passavam anos sem procurar ajuda. Por isso, os Warren ressaltam que independente da religião, de como seu Deus é chamado, o importante é crer. Ao menos nessas horas.
Invocadores do mal foi uma surpresa totalmente positiva. Embora goste do filme, não achava nada de muito diferente da maioria dos outros de terror, mas agora eu tô é preparando loucamente uma maratona com todos esses filmes que falei pro final de semana.
O livro foi escrito por Cheryl A. Wicks, editora da revista da Sociedade de Pesquisas Psíquicas da Nova Inglaterra, fundada pelos Warren, e eles tiveram participação na produção da obra, que foi publicada originalmente em 2004. Infelizmente, Ed morreu em 2006 e Lorraine se aposentou, mas permanece dando visitas guiadas pelo Museu do Ocultismo.
Para quem não é chegado no assunto, imagino que não seja uma leitura fácil, mas certamente totalmente válida. Entendam que as investigações dos Warren foram extensas e que existe nesse livro um conteúdo abundante. É muito mais que apenas uma história de terror, é um relato de todas as experiências e da importância de se proteger.
E para os fanáticos por terror, sim, é demais! Toda a descrição de comportamento e condições que provocam os fenômenos paranormais são esclarecedoras (e empolgantes). Sou uma expert em entidades malignas agora #sqn #pegaosalgrosso
site: http://caverna-literaria.blogspot.com.br/2016/06/invocadores-do-mal.html