Ana Júlia Coelho 09/05/2022Don e Rosie se casaram e agora moram em Nova York. Desde que engatou no relacionamento com Rosie, Don teve melhoras significativas em seus relacionamentos sociais e agora seu grupo de amigos conta com incríveis sete pessoas, muito mais do que as duas do último livro. E é nesse contexto que Rosie descobre que está grávida.
Don é do espectro autista, e para ele é difícil entender e lidar com os sentimentos (ou a falta de) que a espera de uma criança gera. E por isso ele decide pesquisar e aprender tudo que tiver que aprender até a chegada do bebê. Mas, nessa empreitada, ele se envolve em problemas com as autoridades, o que gera uma bola de neve de mentiras e segredos, levando até os amigos a mentirem por ele.
Esse livro trata com leveza e humor as dificuldades que uma pessoa do espectro autista enfrenta na vida. É problema pra identificar emoções e falar sobre elas, problema com preconceitos dentro e fora da família, problema em lidar com as limitações e identificar os potenciais que essas pessoas também têm. Mas também fala sobre amizade, companheirismo, lealdade, o que me fez amar diversos personagens novos.
Teve só uma personagem que odiei bastante, que foi Lydia, assistente social que, logo no início, foi totalmente preconceituosa ao afirmar que Don faria um bem para a sociedade se não procriasse. Essa afirmação desencadeou todas as inseguranças de Don a respeito do papel que logo ele precisaria representar: ser pai. E, mesmo achando essa personagem um horror, achei pertinente a inclusão dela na história para mostrar o tipo de julgamento que pessoas com esse tipo de transtorno sofrem e como isso reverbera, por muito tempo, em várias camadas da vida do indivíduo.
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