A Identidade Cultural na Pós-Modernidade

A Identidade Cultural na Pós-Modernidade Stuart Hall




Resenhas - A Identidade Cultural na Pós-Modernidade


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Mylena136 30/08/2020

A identidade cultural na pós-modernidade
Servindo sobretudo como uma introdução às discussões sobre "identidade", o livro do sociólogo britânico-jamaicano Stuart Hall, é uma importante e agradável leitura.
Um livro dividido em seis curtos capítulos que discutem, além da questão da "identidade", temas como o "sujeito" e a "globalização".
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Jessy 02/08/2020

Bom
Tem uma leitura muito densa, porém vale a pena. O autor concorda que as velhas identidades estão em declínio, fazendo surgir novas identidades. com isso o sujeito moderno se fragmenta e há uma possível uma crise de identidade. O objetivo deste livro é identificar se ela realmente existe.
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Kevin 13/07/2020

Um ótimo livro.
São apresentados aspectos das identidades e das Nações, enquanto "comunidades imaginadas", como já nos tinha evidenciado Benedict Anderson. Hall faz análises no sentido da modernidade tardia, em períodos de descolonização, na qual as nações imperialistas lidam com problemáticas que, em muito, elas mesmas propiciaram, questões multiculturais, imigração, etc. Há pontos importantes de serem discutidos, que vemos em autores como Ramón Grosfoguel, Asad Haider, Achille Mbembe e afins, das questões de "racismo cultural" e conflitos de cunho nacional, cultural, linguístico, etc.
Gabriel 13/07/2020minha estante
Eu já li esse livro, ele é ótimo. Estou usando para a escrita do meu TCC :)


Kevin 13/07/2020minha estante
Realmente é muito bom. Estou nesse emblema de TCC e o livro em questão é de grande serventia em meu tema também. Boa sorte! :)


Gabriel 13/07/2020minha estante
Obrigado!!




@pedro.h1709 04/07/2020

A identidade cultural na pós-modernidade
?A identidade cultural na pós-modernidade? é um ótimo livro de Stuart Hall, que busca esclarecer, por meio das definições de sujeito ?iluminista?, ?sociológico? e ?pós-moderno?, as transformações que o conceito de ?identidade? sofreu ao longo do tempo.

Em seu texto, o autor questiona o aspecto aparentemente ?unificado? das identidades nacionais e seu caráter simbólico; reflete como os estudos de Marx, Freud, Foucault e Saussure contribuíram para uma nova concepção de sujeito ?descentrado?, ou seja, sem identidade fixa e permanente; além de buscar evidenciar a intensificação deste descentramento e pluralização de identidades, provocados pelos fenômenos recentes da globalização.

Outro tópico trazido à tona são as contradições existente dentro do próprio processo de globalização que, enquanto fortalece os interesses globais, também intensifica a valorização do local; que reduz as percepções de espaço e tempo; que possui uma própria ?geometria de poder?, já que não permite acesso igual a todos; que tem um aspecto de dominação ocidental, mas que também sofre influência das diferentes identidades culturais, em toda parte.

Creio que é uma leitura válida para repensar o sujeito e a sociedade como sistemas incompletos, em constante transformação e que sintetizam muitos aspectos divergentes e até contraditórios.
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Selennie 22/03/2019

Não é um livro que vai te responder, é um livro para você pensar. Muito importante de base para entender a cultura contemporânea.
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Paula.Vieira 07/10/2018

Comprei esse livro na época da faculdade pra fazer meu tcc, nem lembro se o usei mas sei que não terminei de lê-lo - por mais que seja bem pequeno rs - porém, no atual cenário político do Brasil em que opiniões polarizadas tomam conta do debate e que representatividade torna-se o emblema mais importante na hora escolha do voto, ter retomado a leitura dele foi ótimo pra expandir a visão.

De forma breve mas não simplista, adentrando mais afundo tanto no passado da história de nações mais conservadoras quanto no cenário de países que convivem com uma gama de culturas diferentes devido ao fenômeno da migração, Hall mostra como a crença na pureza da nação é um mito quanto que a ideia de homogeneização cultural é um exagero.

Ao finalizá-lo começamos a ver a mistura de identidade como algo inevitável, como um processo inerente à evolução humana mas ainda assim preocupante. Na pós-modernidade assumir mais de uma identidade é perfeitamente normal mas nem sempre todas essas identidades congruem para um mesmo ponto. Posso ser por exemplo brasileira com ascendência indiana por parte de pai, mulher e negra. Levando essa questão, para o âmbito político notamos que o reconhecimento de todas as facetas de nossa identidade é extremamente importante para não perdermos nossa história e nem naturalizarmos algumas situações só porque não as vivenciamos, como por exemplo: A maioria da população carcerária é negra. Isso é devido algum componente genético, acaso ou resquícios dos mais de 300 anos de escravidão no Brasil?
Compreender a história de nossa identidade é importante na hora de analisar políticas que visem diminuir o desequilíbrio social. Relativizá-la e ter em mente que ela não é a única e muito menos pura, nos torna mais tolerantes.

Enfim, leitura essencial pra quem gosta de sociologia e se interessa por movimentos sociais :)
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Eric Silva - Blog Conhecer Tudo 04/08/2017

Interessante
Um livro em alguns aspectos muito interessante e até instigante, sobretudo sua discussão sobre a homogeneização cultural pretendida pelo fenômeno de globalização. Aborda muitas questões extremamente atuais e complexas que se dão por todo mundo, mas de forma mais contundente no eixo Europa-África-Oriente médio, a exemplo da questão do fundamentalismo religioso, do hibridismo cultural e da migração das antigas colônias para os países centrais.
Contudo, eu que não me considero pós-modernista, ou o apenas não o compreenda o suficiente, quem sabe?, ainda me manteio bastante incrédulo quanto a emergência de uma pós-modernidade. Ainda falta-me os elementos para compreender se há de fato uma mudança objetiva nas relações homem-homem conduzidas pela lógica capitalista que possam de fato caracterizar uma ruptura com a modernidade.
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Sísifo Contemporânea 22/04/2017

Reflexões acerca de uma sociedade em que vivemos.
Li este livro no intuito de escrever o meu trabalho de conclusão de curso, serviu bastante (kkkkk), e além de cumprir minha meta na escrita me fez refletir bastante sobre nossa sociedade atual, recomendo a leitura se você procura algo mais para reflexão e crítica. É uma leitura rápida devido a quantidade de páginas que possui.
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João Pedro 26/08/2016

A "crise de identidade" na modernidade tardia
HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade / Tradução Tomás Tadeu da Silva, Guaracira Lopes Louro. Rio de Janeiro: DP&A, 2005. Título original: The question of cultural identity.

O livro A identidade cultural na pós-modernidade, do teórico cultural Stuart Hall discute uma “crise de identidade” na modernidade tardia. Logo em sua introdução, o leitor já se depara com as principais questões que serão abordadas ao longo do texto: “O que pretendemos dizer com "crise de identidade"? Quais acontecimentos recentes nas sociedades modernas precipitaram essa crise? Quais formas ela toma? Quais são suas consequências potenciais?”. A premissa de todas essas perguntas está no surgimento de novas identidades culturais, que fragmentaram o indivíduo moderno e geraram com isso uma “crise de identidade”. A partir disso, o autor se propõe a explorar as questões acerca da identidade, a fim de avaliar se essa crise realmente existe. Tratam-se de questões recentes, as quais são muito debatidas e refutadas no âmbito da teoria social.
Stuart Hall nasceu em 3 de fevereiro de 1932 em Kingston, Jamaica. É um intelectual da diáspora que trabalha no Reino Unido desde 1951, sendo um dos grandes contribuintes da perspectiva da periferia nos grandes centros. Trabalhou na Universidade de Birmingham e tornou-se o personagem principal do Birmingham Center for Cultural Studies. Foi professor da Open University, na Inglaterra, entre os anos de 1979 e 1997. Suas obras estão centradas principalmente nas questões de hegemonia e de estudos culturais, tendo destaque por sua visão pós-gramsciana.
O debate se inicia com aqueles que acreditam que as identidades modernas estão em 'colapso', considerando que há uma mudança estrutural nas sociedades modernas desde o final do século XX, que altera as paisagens culturais de gênero, classe, sexualidade, entre outras estruturas que transformam nossas identidades pessoais, por abalar a ideia de que somos sujeitos integrados. Essa perda do "sentido de si" é chamada de "deslocamento" ou "descentração" do sujeito. Esse duplo deslocamento - descentração dos indivíduos tanto de seu lugar no mundo social e cultural quanto de si mesmos - constitui uma "crise de identidade" para o sujeito. Hall apresenta então as três concepções de sujeito na História. O sujeito do Iluminismo se caracteriza como um indivíduo unificado, centrado e dotado de razão. Sendo, portanto, uma concepção individualista do sujeito e de sua identidade. Já no sujeito sociológico, que seria a concepção sociológica clássica da questão, a identidade é formada na interação do “eu” e a sociedade, refletindo a complexidade do mundo moderno. Por fim, em sua concepção de sujeito pós-moderno, a identidade torna-se uma "celebração móvel": formada e transformada continuamente em relação às formas pelas quais somos representados ou interpelados nos sistemas culturais que nos rodeiam, chegando a possuir identidades contraditórias que empurram em diferentes direções, de tal modo que nossas identificações estejam sendo continuamente deslocadas.
Seguindo esses conceitos, Hall levanta outro aspecto da questão da identidade cultural, relacionado ao caráter da mudança na modernidade tardia, em particular, ao processo de mudança conhecido como “globalização” e seu impactos sobre a identidade cultural, onde mostra que embora haja o contraste de leituras distintas como as de Anthony Giddens, David Harvey e Ernest Laclau, todas têm algo em comum ao romper ou desarticular as identidades do passado, mas criam novos aspectos e contradições sociais que geram diferentes identidades para o sujeito.
Segue sua análise dos impactos na identidade cultural com um panorama das principais mudanças ocorridas na teoria social e nas ciências humanas, apresentando as tradições do pensamento marxista, da descoberta do inconsciente por Freud, dos trabalhos do linguista estrutural Ferdinand de Saussure, da obra de Michel Foucault e seu conceito de “poder disciplinar”, e o impacto do feminismo, e demonstrando como esses descentramentos contribuíram na mudança do sujeito sociológico para o sujeito pós-moderno.
A influência das culturas nacionais também é mencionada ao abordar as relações do “sujeito fragmentado”. Hall observa que as culturas nacionais contribuíram para uma das principais fontes de identidade cultural, mantendo um repertório cultural com o qual um determinado grupo possa se identificar, a exemplo de um sistema educacional nacional, tornando-se um dispositivo da modernidade. No entanto, ele também analisa o distanciamento da concepção de sociedade como um sistema bem delimitado após a década de 1970, porque a modernidade passa a implicar na concomitância de duas tendências opostas: a existência da autonomia nacional e a propensão à globalização. Nesse novo processo podemos ver que, por um lado, as identidades nacionais, ou “locais”, estão sendo reforçadas em contraposição desse processo, e por outro, as identidades estão em declínio, sendo substituídas por novas identidades (identidades híbridas).
A partir disso, o autor aponta que a ideia de homogeneização das identidades é muito simplista e apresenta três contra-tendências ao processo de globalização: a primeira, de que paralelo ao impacto do “global” surgiria um novo interesse pelo “local”; a segunda, de que a globalização é distribuída desigualmente; e a terceira, de que há uma ocidentalização do processo de globalização (as formas de vida ocidentais passam a ser as regras para o restante do mundo), o modelo de relações desiguais de poder cultural entre o “Ocidente” e o “Resto”, fazendo parecer com que a globalização seja essencialmente um fenômeno ocidental.
Ao falar de fundamentalismo, diáspora e hibridismo, Hall analisa as contradições inerentes em cada um. De um lado, alguns acreditam que hibridismo e sincretismo são importantes fontes criadoras de novas culturas. Outros afirmam que o relativismo que envolve o hibridismo tem seus custos. Quanto ao fundamentalismo, o autor apresenta a tentativa de reconstrução de identidades purificadas baseadas no aprofundamento da tradição. Assim, Hall encerra sua obra colocando que a globalização produz deslocamentos variados e contraditórios e que, embora de maneira lenta, a globalização pode estar contribuindo para o descentramento do Ocidente.
Trata-se de um livro extremamente relevante para reflexão crítica de como a globalização influencia na formação das identidades culturais, tornando-se uma leitura obrigatória para diversas áreas do conhecimento. Dessa maneira, sua leitura auxilia na compreensão do sujeito pós-moderno através de sua identidade cultural e de todo processo histórico-social que culminou na modernidade tardia.
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Rafaela 13/06/2016

Hall, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade / Stuart Hall; tradução Tomaz Tadeu da Silva, Guaracira Lopes Louro – 11 ed. – Rio de Janeiro: DP&A, 2006. 102 p.
A modernidade trouxe diversas mudanças em âmbito global, tanto no que diz respeito aos adventos tecnológicos, quanto à mudanças simbólicas e intrínsecas ao indivíduo. A chamada “crise de identidade”, intimamente ligada a modernidade, é hoje tema recorrente em debates sobre a cultura e as sociedades devido a sua complexidade e as incertezas que a cercam.
Essas mudanças, características da modernidade tardia, expõem também, o declínio de noções antes propagadas sobre tradição e homogeneização da cultura. Stuart Hall, teórico e sociólogo Jamaicano, analisou essa e outras questões em seu livro A identidade cultural na pós-modernidade, refletindo sobre as identidades no contexto da globalização, suas consequências e a validade de noções antes vigentes.
Ex-professor de sociologia na Universidade Open University, e um dos fundadores da escola de pensamento “Estudos Culturais Britânicos”, Hall expandiu a área de análise dos estudos culturais, aderindo conceitos de raça e gênero à sua pesquisa. Entre suas principais obras destacam-se New Ethnicities (1988) e Identidades e mediações culturais (traduzido pela Editora UFMG).

O livro em questão, composto de seis capítulos, é escrito a partir de “uma posição simpática” a declaração de que as identidades modernas estão se descentralizando, ou seja, estão sendo fragmentadas. Com o propósito de explorar tal declaração, o autor analisa suas implicações, busca qualifica-las e ponderar suas possíveis consequências socioculturais.

O primeiro capítulo, intitulado A identidade em questão trata do conceito de identidade e sua relevância na teoria social.
É onde ele apresenta um contexto geral da obra e expõe suas características. Inicialmente Hall conceitua identidade e indivíduo e as mudanças em suas formas e como o vemos. Como base para seu argumento, ele trata de três concepções de identidade: a do sujeito do iluminismo –individualista; sujeito sociológico – formado na relação com outras pessoas; sujeito pós-moderno – que não possui uma identidade fixa, aquele que segundo Hall, efetiva a “celebração móvel”. Em seguida, analisa essas mudanças na perspectiva da globalização, expondo a constância e a velocidade com que elas ocorrem e distinguindo as sociedade tradicionais das pós-modernas.

No capítulo dois, “Nascimento e morte do sujeito moderno” o autor discorre sobre o surgimento desse sujeito, baseado no individualismo. É neste capítulo que Hall insere a questão do “descentramento” do sujeito cartesiano, o que estaria levando ao fim da noção de identidade até então vigente – com identidades fixas. Para apresentar esse evento, ele esboça “cinco grandes avanços na teoria social e nas ciências humanas” diretamente ligados a essa descentração. São eles: As releituras do pensamento Marxista nos anos 60; a descoberta do inconsciente por Freud – que possibilitou a reflexão sobre a origem contraditória da identidade; os pensamentos de Saussure acerca língua como um sistema social e não individual; a noção de “poder disciplinar” apresentada por Michel Foucault; e o impacto do feminismo ao abrir espaço para questões políticas e sociais. Obras que segundo Hall, permitiram o descentramento dos sujeitos por descreverem fundamentos do seu deslocamento, de sujeito iluminista para sujeito pós-moderno.

Ao longo do terceiro capítulo ele analisa esse “sujeito fragmentado” e sua definição no que se refere a identidade nacional. Aqui Hall trata particularmente a questão de como as identidades culturais nacionais estão sendo deslocadas na globalização, assumindo-as como “híbridos culturais”. Para isso ele põe a cultura nacional como fonte de significados culturais, ponderando a ideia de nação e sua contribuição na criação de padrões e homogeneização nacionais, considerando que apesar da supressão forçada das diferenças culturais existente em uma nação, as culturas nacionais ainda são atravessadas por profundas diferenças internas e o deslocamento gerado pela globalização é nítido.

A globalização é o foco do quarto capítulo, onde o autor examina os motivos do deslocamento das identidades culturais nacionais na modernidade. A globalização, sendo um “complexo de forças de mudanças”, está, invariavelmente, deslocando as identidades culturais nacionais. Nesta parte, Hall descreve três possíveis consequências desse contexto sobre as identidades: A homogeneização das identidades – como elas estão se desintegrando; o fortalecimento das identidades locais; a produção de novas identidades – híbridas. Para ele, o que está sendo discutido é a questão entre o “global” e o “local” na transformação das identidades, e considera que o efeito geral desses processos globais, têm sido o enfraquecimento de formas nacionais de identidade cultural.
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No quinto capítulo: O global, o local e o retorno da etnia, Hall examina a globalização em suas formas mais recentes, refletindo sobre a chamada “homogeneização cultural”, que considera exagerada e simplista, de forma que não avalia adequadamente a gama de processos que estão acontecendo na modernidade tardia. Em seu argumento ele apresenta três contra tendências ao quadro unilateral da homogeneização. A primeira contra tendência, originada do argumento de Kevin Robin diz que, o global não está substituindo o local, mas articulando-se a ele; a segunda diz que a globalização é um processo desigual, e tem uma “geometria de poder” própria, não podendo, desta forma, ser completamente homogênea; a terceira contra tendência refere-se a dominação global do Ocidente, onde trata da desigualdade de poder cultural entre espaços. Essas contra tendências tornam a sociedade mais plural e diversificada.
A globalização, portanto, tem um efeito de deslocamento das identidades de uma cultura nacional, porém seu efeito geral permanece contraditório graças a duas vertentes, analisadas por Robin: A tradução – incorporação de identidades, e a tradição – tentativa de recuperar a “pureza anterior”, o que aumenta o grau de complexidade na concepção das identidades culturais.

O sexto, e último capítulo, Fundamentalismo, diáspora e hibridismo, descreve as contradições entre Tradição e Tradução em um quadro global, refletindo sobre a forma como as identidades devem ser conceptualizadas. Hall se aprofunda no conceito de hibridismo e sua relevância no contexto sociocultural pós-moderno analisando o descentramento no Ocidente. Para ele, a globalização não está produzindo uma dominação do “global”, ou mesmo uma persistência das noções nacionais – “local”. Os deslocamentos, originados pela globalização são plurais e complexos. Sua tese é concluída com a perspectiva de variedade da globalização, tendo-a como um possível descentramento do Ocidente, marcado pela desigualdade de fomentação cultural e pela contradição.

Ao longo do livro, Hall passeia pela tese de diferentes autores, dialogando com eles e inserindo novos focos de análise, que não só complementam, mas abrem espaço para novas áreas de pesquisa, tais como as questões de gênero. Trazendo percepções contrastantes sobre as identidades culturais, ele insere seus argumentos de forma didática, buscando não tomar notas conclusivas sobre o tema, mas acrescentar, como base para outros.
A identidade cultural na pós-modernidade, portanto, responde uma série de perguntas que as análises culturais, em suas formas mais simplificadas, não se atentam. O debate sobre o deslocamento das identidades produzido pela globalização é de extrema relevância para a compreensão das sociedades contemporâneas, principalmente no que diz respeito à comunicação social, por sua análise do meio social, e necessidade de compreensão de suas formas simbólicas e culturais e suas pluralidades. Com uma habilidade de estimular a curiosidade sobre as identidades, Hall nos apresenta uma obra objetiva, que apesar das suas poucas páginas, traz uma gama de conceitos primordiais no que se refere ao tema, além de conseguir desenvolver sua tese, de forma que o leitor compreenda e reflita. Para isso, o autor se utiliza de conceitos perceptíveis no cotidiano. Por sua fácil assimilação e por seu forte conteúdo teórico, A identidade cultural na pós-modernidade, é um livro fundamental para todos os que buscam compreender as identidades pós-modernas em sua perspectiva culturológica.
R.M.L.
MrDurden 16/12/2018minha estante
Excelente resenha!




Elaine Cris 09/04/2014

A identidade Cultural
A questão da identidade cultural ainda é bastante complexa e complicada para que possa assimilar. Hall faz uma reflexão acerca de todas as formas de identidades discutidas e estudadas hoje por vários pensadores.
Ainda não me sinto apta a tecer algum conceito acerca deste fenômeno e da sua mutação. Pretendo ler mais acerca de globalização, capitalismo, cultura, e outras formas de fontes que possam me dar uma melhor visão concreta dessa identidade.
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Tauana Mariana 28/12/2013

Resumo
A identidade cultural na pós-modernidade | Stuart Hall
1. A identidade em questão
[…] as velhas identidades estão em declínio, fazendo surgir novas identidades e fragmentando o indivíduo
moderno, até aqui visto como um sujeito unificado. […] existe uma crise de identidade? p. 7
[…] as identidades modernas estão sendo “descentradas”, isto é, deslocadas ou fragmentadas. p. 8
[…] é impossível oferecer afirmações conclusivas (sobre a identidade) p. 9
[…] como nosso mundo pós-moderno, nós somos também “pós” relativamente a qualquer concepção
essencialista ou fixa de identidade – algo que, desde o iluminismo, se supõe definir o próprio núcleo ou
essência de nosso ser e fundamentar nossa existência como sujeitos humanos. p. 10
> Três concepções de identidade
a) sujeito do iluminismo: baseado numa concepção da pessoa humana como um indivíduo totalmente
centrado, unificado, dotado das capacidades de razão, de consciência e de ação, cujo “centro” consistia num
núcleo interior, que emergia pela primeira vez quando o sujeito nascia e com ele se desenvolvia [...]. O
centro essencial do eu era a identidade de uma pessoa. p. 10-11
b) sujeito sociológico: refletia a crescente complexidade do mundo moderno e a consciência de que este
núcleo interior do sujeito não era autônomo e autossuficiente, mas era formado na relação “com outras
pessoas importantes para ele”, que mediavam para o sujeito os valores, sentidos e símbolos – a cultura – dos
mundos que ele/ela habitavam. […] A identidade é formada na “interação” entre o eu e a sociedade. p. 11
A identidade, então, costura […] o sujeito à estrutura. p. 12
O sujeito, previamente vivido como tendo uma identidade unificada e estável, está se tornando fragmentado;
composto não de uma única, mas de várias identidades, algumas vezes contraditórias ou não resolvidas. p.
12
c) sujeito pós-moderno: conceptualizado como não tendo uma identidade fixa, essencial ou permanente. A
identidade torna-se uma “celebração móvel”: formada e transformada continuamente em relação às formas
pelas quais somos representados ou interpelados nos sistemas culturais que nos rodeiam. É definida
historicamente e não biologicamente. O sujeito assume identidades diferentes em diferentes momentos,
identidades que não são unificadas ao redor de um “eu” coerente. Dentro de nós há identidades
contraditórias, empurrando em diferentes direções, de tal modo que nossas identificações estão sendo
continuamente deslocadas. p. 13
A identidade plenamente unificada, completa, segura e coerente é uma fantasia. Ao invés disso, à medida em
que os sistemas de significação e representação cultural se multiplicam, somos confrontados por uma
multiplicidade desconcertante e cambiante de identidades possíveis, com cada uma das quais poderíamos nos
identificar – ao menos temporariamente. p. 13
* O caráter da mudança na modernidade tardia
Um outro aspecto desta questão da identidade esta relacionado ao caráter da mudança na modernidade tardia;
em particular, ao processo de mudança conhecido como “globalização” e seu impacto sobre a identidade
cultural.
As sociedades modernas são [...]sociedades de mudança constante, rápida e permanente. P.14
A modernidade, em contraste, não é definida apenas pela experiência de convivência coma mudança rápida,
abrangente e continua, mas é uma forma altamente reflexiva de vida[...]P.15
Mais importantes são as transformações do tempo e do espaço e o que ele chama de “desalojamento do
sistema social” […] P.15
*O que está em jogo na questão das identidades?
Uma vez que a identidade muda de acordo coma forma como o sujeito é interpelado ou representado, a
identificação não é automática, mas pode ser ganhada ou perdida. Ela tornou-se politizada. P.21
2. Nascimento e morte do sujeito moderno
O foco principal deste capítulo é conceitual, centrando-se em concepções mutantes do sujeito humano, visto
como uma figura discursiva, cuja forma unificada e identidade racional eram pressupostas tanto pelos
discursos do pensamento moderno quanto pelos processos que moldaram a modernidade, sendo-lhes
essenciais. P23
É agora um lugar comum dizer que a época moderna fez surgir uma forma nova e decisiva de individualismo
no centro da qual ele erigiu-se uma nova concepção do sujeito individual e sua identidade.P.24.25
As transformações associadas a modernidade libertaram os indivíduos de seus apoios estáveis nas tradições e
nas culturas.
Descartes acertou as contas com Deus ao torná-lo o primeiro movimentador de toda criação; daí em diante,
ele explicou ao resto do mundo material inteiramente em termos mecânicos e matemáticos. P.27
Descartes postulou duas substâncias distintas – a substância espacial (matéria) e a substância pensante
(mente). Ele focalizou, assim, aquele grande dualismo entre a “mente” e a “matéria”que tem afligido a
Filosofia desde então. p. 27
No centro da “mente” ele colocou o sujeito individual, constituído por sua capacidade para raciocinar e
pensar. “Cogito, ergo sum” era a palavra de ordem de Descartes: “Penso, logo existo”. p. 27 > sujeito
cartesiano.
Outra contribuição crítica foi feita por John Locke, o qual, em seu Ensaio sobre a compreensão humana,
definia o indivíduo em termos as “mesmidade (sameness) de um ser racional” - isto é, uma identidade que
permanecia a mesma e que era contínua com seu sujeito: “a identidade da pessoa alcança a exata extensão
em que sua consciência pode ir para trás, para qualquer ação ou pensamento passado”. > indivíduo soberano
p. 27-28
[indivíduo soberano] Ele era o “sujeito” da modernidade em dois sentidos: a origem ou o “sujeito”da razão,
do conhecimento ou da prática; e aquele que sofria as consequências dessas práticas […]. p. 28
[Raymond Williams, 1976, pp. 135-6] “a emergência de noções de individualidade, no sentido moderno,
pode ser relacionada ao colapso da ordem social, econômica e religiosa medieval. No movimento geral
contra o feudalismo houve uma nova ênfase na existência pessoal do homem, acima e além de seu lugar e
sua função numa rígida sociedade hierárquica”. p. 28
Emergiu, então, uma concepção mais social do sujeito. O indivíduo passou a ser visto como mais
“localizado” e definido no interior dessas grandes estruturas e formações sustentadoras da sociedade
moderna. p. 30
[o surgimento do Modernismo] Encontramos, aqui, a figura do indivíduo isolado, exilado e alienado,
colocado contra o pano-de-fundo da multidão ou da metrópole anônima e impessoal. p. 32
[Paris de Baudelaire | O Processo, de Kafka] Estas imagens mostraram-se proféticas do que iria acontecer ao
sujeito cartesiano e ao sujeito sociológico na modernidade tardia. p. 33
* Descentrando o sujeito
Aquelas pessoas que sustentam que as identidades modernas estão sendo fragmentadas argumentam que o
que aconteceu à concepção do sujeito moderno, na modernidade tardia, não foi simplesmente sua
degradação, mas seu deslocamento. p. 34
[…] cinco grandes avanços na teoria social e nas ciências humanas [que contribuíram para a compreensão e a
consolidação do] descentramento final do sujeito cartesiano. p. 34
1 > Marx: “homens fazem a história, mas apenas sob as condições que lhes são dadas”. P. 35
Louis Althusser: seu “anti-humanismo” […] teve impacto considerável sobre muitos ramos do pensamento
moderno. p. 36
2 > Freud: A teoria de Freud de que nossas identidades, nossa sexualidade e a estrutura de nossos desejos são
formados com base em processos psíquicos e simbólicos do inconsciente, que funciona de acordo com uma
“lógica” muito diferente daquela da Razão, arrasa com o conceito do sujeito cognoscente e racional provido
de uma identidade fixa e unificada – o “penso, logo existo”, do sujeito de Descartes. p. 36
A formação do eu no “olhar” do Outro, de acordo com Lacan, inicia a relação da criança com os sistemas
simbólicos fora dela mesma e é, assim, o momento da sua entrada nos vários sistemas de representação
simbólica – incluindo a língua, a cultura e a diferença sexual. pp. 37-38
Entretanto, embora o sujeito esteja sempre partido ou dividido, ele vivencia sua própria identidade como se
ela estivesse reunida e “resolvida”, ou unificada, como resultado da fantasia de si mesmo como uma
“pessoa” unificada que ele formou na fase do espelho. Essa, de acordo com esse tipo de pensamento
psicanalítico, é a origem contraditória da “identidade”. p. 38
Assim, a identidade é realmente algo formado, ao longo do tempo, através de processos inconscientes, e não
algo inato, existente na consciência no momento do nascimento. Existe sempre algo “imaginário” ou
fantasiado sobre sua unidade. Ela permanece sempre incompleta, está sempre “em processo”, sempre “sendo
formada”. p. 38
Assim, em vez de falar da identidade como uma coisa acabada, deveríamos falar de identificação, e vê-la
como um processo em andamento. A identidade surge não tanto da plenitude da identidade que já está dentro
de nós como indivíduos, mas de uma falta de inteireza que é “preenchida” a partir de nosso exterior, pelas
formas através das quais nós imaginamos ser vistos por outros. p. 39
3 > Ferdiand Saussure: argumentava que nós não somos, em nenhum sentido, os “autores” das afirmações
que fazemos ou dos significados que expressamos na língua. p. 40
A língua é um sistema social e não um sistema individual. Ela preexiste a nós. p. 40
Além disso, os significados das palavras não são fixos, numa relação um-a-um com os objetos ou eventos
nundo existente fora da língua. O significado surge nas relações de similaridade e diferença que as palavras
têm com outras palavras no interior do código da língua. p. 40
Como diria Lacan, a identidade, como o inconsciente, “está estruturada como a língua”. p. 41
As palavras são “multimoduladas”. Elas sempre carregam ecos de outros significados que elas colocam em
movimento, apesar de nossos melhores esforços para cerrar significados. p. 41
4 > Michel Foucault: Numa série de estudos, Foucault produziu uma espécie de “genealogia do sujeito
moderno”. Foucault destaca um novo tipo de poder, que ele chama de “poder disciplinar”, que se desdobra
ao longo do século XIX, chegando ao seu desenvolvimento máximo no início do presente século. O poder
disciplinar está preocupado, em primeiro lugar, com a regulação, a vigilância é o governo da espécie humana
ou de populações inteiras e, em segundo lugar, do indivíduo e do corpo. p. 42
[…] embora o poder disciplinar de Foucault seja o produto das novas instituições coletivas e de grande
escala da modernidade tardia, suas técnicas envolvem uma aplicação do poder e do saber “individualiza”
ainda mais o sujeito e envolve mais intensamente seu corpo. pp. 42-43.
[…] quanto mais coletiva e organizada a natureza das instituições da modernidade tardia, maior o
isolamento, a vigilância e a individualização do sujeito individual. p. 43
5 > Feminismo: esses movimentos se opunham tanto à política liberal capitalista do Ocidente quanto à
política “estalinista” do Oriente. p. 44
Cada movimento apelava para a identidade social de seus sustentadores. Assim, o feminismo apelava às
mulheres, a política sexual aos gays e lésbicas, as lutas raciais aos negros, o movimento antibelicista aos
pacifistas, e assim por diante. Isso constitui o nascimento histórico do que veio a ser conhecido como a
política de identidade – uma identidade para cada movimento. p. 45
[o feminismo] questionou a clássica distinção entre o “dentro” e o “fora”, o “privado” e “público”. O slogan
do feminismo era: “o pessoal é político”. p. 45
Aquilo que começou como um movimento dirigido à contestação da posição social das mulheres expandiuse
para incluir a formação das identidades sexuais e de gênero. p. 46
O feminismo questionou a noção de que os homens e as mulheres era parte da mesma identidade, a
“Humanidade”, substituindo-a pela questão da diferença sexual. p. 46
[…] o “sujeito” do Iluminismo, visto como tendo uma identidade fixa e estável, foi descentrado, resultando
nas identidades abertas, contraditórias, inacabadas, fragmentadas, do sujeito pós-moderno. p. 46
3. As culturas nacionais como comunidades imaginadas
[…] me voltarei, agora, para a questão de como este “sujeito fragmentado” é colocado em termos de suas
identidades culturais. A identidade cultural particular com a qual estou preocupado é a identidade nacional.
p. 47
O que está acontecendo à identidade cultural na modernidade tardia?
No mundo moderno, as culturas nacionais em que nascemos se constituem em uma das principais fontes da
identidade cultural. Ao nos definirmos, algumas vezes dizemos que somos ingleses ou galeses ou indianos ou
jamaicanos. p. 47
[…] na verdade, as identidades nacionais não são coisas com as quais nós nascemos, mas são formadas e
transformadas no interior da representação. p. 48
Segue-se que a nação não é apenas uma entidade política mas algo que produz sentidos – um sistema de
representação cultural. p. 49
Uma nação é uma comunidade simbólica e é isso que explica seu “poder para gerar um sentimento de
identidade e lealdade”. p. 49
* Narrando a nação: uma comunidade imaginada
As culturas nacionais são compostas não apenas de instituições culturais, mas também de símbolos e
representações. p. 50
As culturas nacionais, ao produzir sentidos sobre “a nação”, sentidos com os quais podemos nos identificar,
constroem identidades. p. 51
Como argumentou Benediet Anderson (1983), a identidade nacional é uma “comunidade imaginada”. p. 51
“As nações”, observou Homi Bhabha, “tais como as narrativas, perdem suas origens nos mitos do tempo e
efetivam plenamente seus horizontes apenas nos olhos da mente”. p. 51
Como é contada a narrativa da cultura nacional? p. 51
> Em primeiro lugar, há a narrativa da nação, tal como é contada e recontada nas histórias e nas literaturas
nacionais, na mídia e na cultura popular. p. 52
> Em segundo lugar, há a ênfase nas origens, na continuidade, na tradição e na intemporalidade. p. 53
> Uma terceira estratégia discursiva é constituída por aquilo que Hobsbawn e Ranger chamam de invenção
da tradição: “Tradições que parecem ou alegam ser antigas são muitas vezes de origem bastante recente e
algumas vezes inventadas.... p. 54
> Um quarto exemplo de narrativa da cultura nacional é a do mito fundacional: mitos de origem também
ajudam povos desprivilegiados a “conceberem e expressarem seu ressentimento e sua satisfação em termos
inteligíveis”. […] Novas nações são, então, fundadas sobre esses mitos. p. 55
> A identidade nacional é também muitas vezes simbolicamente baseada na ideia de um povo ou folk puro,
original. Mas, nas realidades do desenvolvimento nacional, é raramente esse povo (folk) primordial que
persiste ou que exercita o poder. pp. 55-56
* Desconstruindo a “cultura nacional”: identidade e diferença
Esta seção volta-se agora para a questão de saber se as culturas nacionais e as identidades nacionais que elas
constroem são realmente unificadas. p. 58
Em vez de pensar as culturas nacionais como unificadas, deveríamos pensá-las como constituindo um
dispositivo discursivo que representa a diferença como unidade ou identidade. p. 62
As nações modernas são, todas, híbridos culturais. p. 62
[…] quando vamos discutir se as identidades nacionais estão sendo deslocadas, devemos ter em mente a
forma pela qual as culturas nacionais contribuem para “costurar” as diferenças numa única identidade. p. 65
4. Globalização
O que […] está tão poderosamente deslocando as identidades culturais nacionais, agora, no fim do século
XX? A resposta é: um complexo de processos e forças de mudanças, que, por conveniência, pode ser
sintetizado sob o termo “globalização”. p. 67
A globalização implica um movimento de distanciamento da ideia sociológica clássica da “sociedade” como
um sistema bem delimitado e sua distribuição por uma perspectiva que se concentra na forma como a vida
social está ordenada ao longo do tempo e do espaço. pp. 67-68
[…] desde os anos 70, tanto o alcance quanto o ritmo da integração global aumentaram enormemente,
acelerando os fluxos e os laços entre as nações. p. 68-69
* Compreensão espaço-tempo e identidade
[…] tempo e espaço são também as coordenadas básicas de todos os sistemas de representação. p. 70
Os lugares permanecem fixos; é neles que temos “raízes”. Entretanto, o espaço pode ser “cruzado” num
piscar de olhos – por avião, a jato, por fax ou por um satélite. Harvey chama isso de “destruição do espaço
através do tempo”. pp. 72-73
* Em direção ao pós-moderno global?
Alguns teóricos argumentam que o efeito geral desses processos globais tem sido o de enfraquecer ou
solapar formas nacionais de identidade cultural. Eles argumentam que existem evidências de um
afrouxamento de fortes identificações com a cultura nacional, e um reforçamento de outros laços e lealdades
culturais “acima” e “abaixo” dos níveis do estado-nação. p. 73
Alguns teóricos culturais argumentam que a tendência em direção a uma maior interdependência global está
levando ao colapso de todas as identidades culturais fortes e está produzindo aquela fragmentação de códigos
culturais, aquela multiplicidade de estilos, aquela ênfase no efêmero, no flutuante, no impermanente e na
diferença e no pluralismo cultural descrita por Kenneth Thompson (1992), mas agora numa escala global – o
que poderíamos chamar de pós-moderno global. pp. 73-74
Os fluxos culturais, entre as nações, e o consumismo global criam possibilidades de “identidades
partilhadas” - como “consumidores” para os mesmos bens, “clientes” para os mesmos serviços, “públicos”
para as mesmas mensagens e imagens – entre pessoas que estão bastante distantes uma das outras no espaço
e no tempo. p. 74
Quanto mais a vida social se torna mediada pelo mercado global de estilos, lugares e imagens, pelas viagens
internacionais, pelas imagens da mídia e pelos sistemas de comunicação globalmente interligados, mais as
identidades se tornam desvinculadas – desalojadas – de tempos, lugares, histórias e tradições específicos e
parecem “flutuar livremente”. p. 75
Foi a difusão do consumismo, seja como realidade, seja como sonho, que contribuiu para esse efeito de
“supermercado cultural”. p. 75
5. O global, o local e o retorno da etnia
As identidades nacionais estão sendo “homogeneizadas”? A homogeneização cultural é o grito angustiado
daqueles/as que estão convencidos/as de que a globalização ameaça solapar as identidades e a “unidade” das
culturas nacionais. p. 77
Há, juntamente com o impacto do “global”, um novo interesse pelo “local”. A globalização […] na verdade,
explora a diferenciação local. Assim, ao invés de pensar no global como “substituindo” o local, seria mais
acurado pensar numa nova articulação entre “o global” e “o local”. p. 77
[…] parece improvável que a globalização vá simplesmente destruir as identidades nacionais. É mais
provável que ela vá produzir, simultaneamente, novas identificações “globais” e novas identificações
“locais”. p. 78
* O resto no Ocidente
* A dialética das identidades
O fortalecimento de identidades locais pode ser visto na forte reação defensiva daqueles membros dos grupos
étnicos dominantes que se sentem ameaçados pela presença de outras culturas. p. 85
Também há algumas evidências da terceira consequência possível da globalização – a produção de novas
identidades. p. 86
Como conclusão provisória, parece então que a globalização tem, sim, o efeito de contestar e deslocar as
identidades centradas e “fechadas” de uma cultura nacional. Ela tem um efeito pluralizante sobre as
identidades, produzindo uma variedade de possibilidades e novas posições de identificação, e tornando as
identidades mais posicionais, mais políticas, mais plurais e diversas: menos fixas, unificadas ou transhistóricas.
p. 87
Em toda parte, estão emergindo identidades culturais que não são fixas, mas que estão suspensas, em
transição, entre diferentes posições; que retiram seus recursos, ao mesmo tempo, de diferentes tradições
culturais; e que são o produto desses complicados cruzamentos e misturas culturais que são cada vez mais
comuns num mundo globalizado. p. 88
Tradução. Este conceito descreve aquelas formações de identidade que atravessam e intersectam as fronteiras
naturais, compostas por pessoas que foram dispersadas para sempre de sua terra natal. p. 88
Elas carregam os traços das culturas, das tradições, das linguagens e das histórias particulares pelas quais
foram marcadas. p. 89
As pessoas pertencentes a essas culturas híbridas têm sido obrigadas a renunciar ao sonho ou à ambição de
redescobrir qualquer tipo de pureza cultural “perdida” ou de absolutismo étnico. Elas estão irrevogavelmente
traduzidas. p. 89
6. Fundamentalismo, diáspora e hibridismo
Baumam tem-se referido a esse “ressurgimento da etnia” como uma das principais razões pelas quais as
versões mais extremas, desabridas ou indeterminadas do que acontece com a identidade sob o impacto do
“pós-moderno global” exige uma séria qualificação. p. 96
De acordo com as “metanarrativas” da modernidade, os apegos irracionais ao local e ao particular, à tradição
e às raízes, aos mitos nacionais e às “comunidades imaginadas”, seriam gradualmente substituídos por
identidades mais racionais e universalistas. Entretanto, a globalização não parece estar produzindo nem o
triunfo do “global” nem a persistência, em sua velha forma nacionalista, do “local”. p. 97
HALL, Stuart.A identidade Cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 2006.
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Liana Matos 03/04/2013

Identidade Cultural na Pós-modernidade
galera tem uma resenha que publiquei no blog do Grupo de GERTZ da Universidade Federal de Sergipe. Segue o link.
http://dialogosantropologicos.blogspot.com.br/2013/03/stuart-hall-e-as-identidades.html
Lá tem várias resenhas publicadas.
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Lílian 30/08/2012

Hall é indispensável para quem quer se aprofundar em questões ligadas à identidade. Ele tem uma escrita simples e atual e, nesse livro, aborda a construção e o lugar da identidade nas culturas pós-modernas. Sempre com uma veia crítica bem apurada.
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Natalia.Eiras 27/05/2012

A identidade em crise
Neste livro, Stuart Hall analisa a mudança que houve na identidade do sujeito (cidadão) desde os primórdios da humanidade até a época da globalização.

Segundo ele, existem três tipos de concepções da identidade:

1. Iluminista - fundamentada no nascimento do indivíduo, logo, se você nasce bom é por que você nasceu assim.

2. Sociológico - as mudanças culturais, o contato com novas experiências e as pessoas com que você convive na sociedade, modificam sua identidade. Ela é formada pelo conjunto de todas essas interações.

3. Pós moderno - não possui uma identidade definida, pois a todo momento, o individuo checa se seus valores se adequam aos valores da sociedade em que ele vive. Logo, o sujeito reorganiza sua identidade à todo momento para melhor se posicionar nessa sociedade.

Após isso, ele começa a desvendar como foram formadas a identidade cultural das grandes nações, e por que nos sentimos brasileiros, ingleses, franceses, etc.

Para ele, apesar de considerarmos que uma nação é formada por pessoas com a mesma cultura, com a mesma raça, ou a mesma lingua, na verdade, todos estamos errados, uma vez que os povos não foram formados por uma única etnia (o Brasil, por exemplo, é uma mistura de europeus, negros e índios).

Por isso, não deveríamos nos considerar um povo brasileiro, mas uma nação globalizada. Essa é justamente a temática da última parte do livro.

Nesta parte, somos convidados a entender o que a globalização mudou na identidade do individuo, que agora tem acesso com muito mais facilidade a outras culturas, logo, a interação (apresentada no sujeito sociológico) e a comparação de seus valores com outras pessoas, muitas vezes, em outros continentes (apresentado no sujeito pós moderno).

Pode-se chegar a conclusão que há uma crise na identidade do sujeito.

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