Onde os velhos não têm vez

Onde os velhos não têm vez Cormac McCarthy




Resenhas - Onde os Velhos Não Têm Vez


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Paulo Sousa 26/04/2018

Onde os velhos não têm vez
Livro lido 3°/Abr//21°/2018
Título: Onde os velhos não têm vez
Título original: No Country for Old Men
Autor: Cormac McCarthy (EUA)
Tradução: Adriana Lisboa
Editora: @editora_alfaguara
Ano de lançamento: 2005
Ano desta edição: 2006
Páginas: 256
Classificação: ??????
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"Perdi vários amigos ao longo desses últimos anos. Nem todos mais velhos do que eu. Uma das coisas que você descobre sobre ficar mais velho é que nem todo mundo vai envelhecer junto com você. Você tenta ajudar as pessoas que estão pagando o seu salário e é claro que não dá para evitar pensar no tipo de registro que você deixa" (Posição no Kindle 2458).
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Já fui um leitor inveterado de romances western, isso há muitos anos atrás, quando ainda claudicava no hábito da leitura. É claro que a ocasião e os livros propriamente deixaram apenas um resquício de saudades.
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Mas, a despeito de tão antigas lembranças, uma das coisas boas das mídias sociais é o poder de interagir e sugerir. E foi pela sugestão de um post do amigo remoto e leitor dedicado @erick_oliveira.sp que decidi - finalmente - ler algo do escritor americano Cormac McCarthy.
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E foi o ótimo "Onde os velhos não têm vez", publicado nos Estados Unidos em 2005, e posso dizer que foi uma feliz decisão, principalmente por ser, por assim dizer, tragado pela escrita forte, ágil e poderosa, deveras violenta de McCarthy.
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No livro há três núcleos, típicos nos livros do gênero: o da LEI, personificado pelo xerife do condado Ed Tom Bell; o do "MOCINHO OPORTUNISTA, na figura de Llewely Moss e finalmente no CRIMINOSO, cuja figura central, Anton Chigurh é a alma do puro western dos foras-da-lei. Mas quem brilha mesmo no livro é o Xerife Ed Tom Bell. Encarregado do caso de vários assassinatos em seu condado, muitos deles por Chigurh, perpetrados pelo matador profissional Anton Chigurh, Bell é um veterano da Segunda Guerra que funciona como alter ego de McCarthy (na época, com mais de setenta anos). Suas considerações abrem cada capítulo e são a alma da narrativa. Desapontado com a profissão e assustado com a crescente onda de violência na década de oitenta, ele não compreende o presente, teme pelo futuro e tem os olhos voltados para o passado. Talvez tenha chegado a hora da aposentadoria, o ponto nevrálgico do enredo.
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Sem dúvida, um livro que vale a lida. Que venha agora o aclamado "Meridiano de Sangue", considerado o melhor livro do autor!
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r.morel 24/09/2017

Resenha Telegráfica
A história é desenvolvida com cuidado e rigor formal. Os detalhes das ações dos personagens são relatados minunciosamente. Entendo a escolha dos irmãos Coen. O livro é quase um roteiro cinematográfico com os diálogos e as cenas que podem se transformar em belas - ou chocantes - imagens.

Trecho:
“Mandei um garoto para a câmera de gás em Huntsville. Foi só um. Eu prendi e testemunhei contra ele. Fui até lá conversar com ele duas ou três vezes. Três vezes. A última foi no dia da execução. Eu não tinha que ir, mas fui. Claro que não queria ir. Ele tinha matado uma garota de catorze anos e posso te dizer hoje que nunca tive muita vontade de conversar com ele, muito menos de ir à sua execução, mas fui. Os jornais diziam que tinha sido um crime passional e ele me disse que não havia paixão nenhuma naquilo. Andava saindo com essa garota, mesmo tão jovem como ela era. Ele tinha dezenove. E me disse que estava planejando matar alguém desde quando era capaz de lembrar.”

site: popcultpulp.com
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Alan Martins 12/03/2017

ONDE OS VELHOS NÃO TÊM VEZ – CORMAC MCCARTHY
Título: Onde os Velhos Não Têm Vez
Autor: Cormac McCarthy
Editora: Alfaguara
Ano: 2006
Páginas: 256
Veja o livro no site da editora: http://www.objetiva.com.br/livro_ficha.php?id=491

Neste post tenho a enorme responsabilidade de falar sobre um dos maiores escritores do último século e da atualidade. Não é à toa que Cormac McCarthy já recebeu um prêmio Pulitzer, em 2007, com seu romance “The Road” (A Estrada, no Brasil). Só por ter ganho esse prêmio, fica claro que não se trata de qualquer um. E não digo que ele é bom apenas por possuir um prêmio de grande expressão. Não, o cara realmente escreve de uma maneira ágil, que prende a atenção do leitor; tornando a leitura gostosa.

Bem, o autor tem uma maneira particular de escrever. Ele não usa sinais para indicar o início de diálogos, tudo é escrito em texto corrido, como se fosse um parágrafo comum. Há vezes em que o diálogo começa no meio da frase, a única indicação de que se trata de um diálogo é a letra maiúscula que surge de repente. Isso pode parecer estranho quando começamos a ler, mas é fácil se acostumar. A narrativa deixa bem claro que se trata de um diálogo e qual personagem está falando. É bem comum vermos o uso da conjunção e aparecer na separação de orações coordenadas. Cormac não escreve de maneira “difícil” ou rebuscada, a escrita é bem simples, aliás. As orações são curtas, é raro encontrar orações enormes nesse livro. Todos esses elementos, aliados a uma magnifica trama, tornam a leitura rápida, fluida e fácil. O ritmo desse livro é de tirar o fôlego. Uma outra coisa que me chamou a atenção é que o autor não descreve muitas características das personagens, no máximo vamos saber que um personagem é baixo e possui olhos castanhos. Algumas outras características são dadas por algum personagem durante um diálogo, mas apenas uma breve descrição. Acredito que dessa maneira seja até melhor, assim podemos criar a imagem em nossa mente, estimulando nossa fantasia e criatividade.

O enredo do livro é cheio de ação, bastante violento em certos momentos, um pouquinho romântico e bastante triste e melancólico. Temos três personagens principais nessa história: o Xerife Bell, que podemos caracterizar como o mocinho, e também é o narrador em algumas partes; Moss, que não se trata de um homem bom ou mau, ele apenas fez escolhas e arca com elas no decorrer do livro; Chigurh, o vilão, um vilão dos mais terríveis, frio e calculista. Trata-se de um faroeste moderno, que se passa nos anos 80, onde o tráfico de narcóticos assola a região do Texas, gerando violência e medo. A narrativa retrata bem a guerra causada pelo tráfico de drogas, uma guerra entre a própria sociedade. Uma terra quase sem lei, dominada pelos grandes traficantes, chacinas acontecem em plena luz do dia, a esperança de um mundo melhor já não mais existe, mesmo entre aqueles que estão do lado da lei.

Uma boa reflexão sobre o assunto pode ser retirada ao concluir a leitura. A guerra contra as drogas não acaba com o tráfico, nem diminui o número de usuários; ela apenas gera violência e sofrimento. Isso fica bem claro no livro, fortunas são acumuladas nas mãos de traficantes, e pessoas comuns tentam se virar para conseguir ganhar algum dinheiro e se proteger da violência. Moss é um grande personagem, mas também um coitado. Seu azar foi estar na hora errada, no lugar errado. Chigurh não cria inimigos, ele os extermina antes. O vilão não para até alcançar seus objetivos, sempre matando quem o atrapalhe. Ele caracteriza essa guerra sem fim contra os narcóticos: por mais que você tente combate-la, ela sempre estará ali, nunca será extinta. O Xerife Bell representa a esperança e a falta dela. Apesar de seu desejo por um mundo melhor e por sua luta para proteger seu condado, tudo se mostra em vão. O mundo já não é o mesmo, as pessoas não são as mesmas, não há respeito, nem educação.

Onde os Velhos Não Têm Vez é um livro curto, gostoso de ler e possui um dos melhores vilões da literatura. Com toda certeza é uma leitura muito mais do que recomendada. Garanto boas horas de emoção e ação de perder o fôlego. Além da oportunidade de poder conhecer a obra de um dos maiores escritores mundiais de todos os tempos. A história foi adaptada para o cinema em 2007 e foi lançado por aqui com o título “Onde os Fracos não Têm Vez”. Não assisti ao filme, mas deve ser tão bom quanto o livro, pois traz um elenco de peso e recebeu oito indicações ao Oscar, vencendo quatro. A edição da Alfaguara está muito bonita, seguindo o padrão usado para todos os livros publicados sob o selo, utilizando papel Polén, páginas grossas e fonte de bom tamanho para a leitura.

Minha nota (de 0 a 5): 5

Alan Martins

Visite meu blog.

site: https://anatomiadapalavra.wordpress.com/2015/10/12/minhas-leituras-2-onde-os-velhos-nao-tem-vez-cormac-mccarthy/
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JJ 03/02/2017

Com uma excelente transição para o cinema, o livro por vezes parece um rascunho de roteiro - não há aqui nenhuma crítica pesada. A profunda visão do conservador norte-americano do Meio-Oeste por vezes exagera no racismo e na xenofobia para fincar sua posição de estranhamentos aos novos tempos. De leitura um pouco difícil pela ausência de pontuação, não é um livro agradável, mas importante para entendermos um pouco da onda conservadora atual. Nos faz questionar porque alguns veem obras como esta como proposta e não apenas como mero retrato.
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l. r. Silva 11/01/2017

"O mundo que vi não fez de mim uma pessoa espiritualizada."
Pra começar, diria que a escrita de McCarthy é algo complicado de se acostumar no início, mas quando você pega o jeito, a leitura dispara, e o enredo vai te puxando cada vez mais para dentro dele, e não te dá nenhuma chance de sair. O que quero dizer é que você não quer deixar a história, quer ficar ali, nas páginas, em meio ao sangue e a pólvora, quer ver o que vai ocorrer em seguida com Bell, Chigurh, Llewelyn, Carla Jean. Não espere um final típico de velho oeste, com duelo ou algo assim, nada estaria mais longe da verade.
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Theo 16/09/2016

Meus destaques:
1. Poucos diálogos mas os que tem são simplesmente fodas! Muito bem escritos, Principalmente os do chigurh (vilão).

2. O "vilão" é um psicopata muito foda (ninguém sabe sua aparência pois ele sempre escapa dos crimes e não deixa vítimas) com características peculiares (uma delas é que em alguns momentos ele decide se mata tal pessoa pelo famoso "cara ou coroa", sim, o destino de alguns é decido por uma moeda), ele é a cereja do bolo.

3. Todo início de capítulo tem relatos do xerife Bell, como se ele estivesse escrevendo para nós, com reflexões. Achei bem diferente, gostei.

Nota 8.
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Our Brave New Blog 26/08/2016

RESENHA ONDE OS VELHOS NÃO TÊM VEZ - OUR BRAVE NEW BLOG
Na roda dos amigos sempre tem aquele filho da mãe que é o do contra, não gosta do que todo mundo gosta, gosta do que ninguém gosta e geralmente faz isso só para ser do contra mesmo. Eu sei disso porque geralmente essa pessoa sou eu. Só que eu não faço isso quando eu realmente gosto do filme ou do livro, só quando eu acho que eles são supervalorizados, ou quando eu não gosto mesmo. Onde os Velhos Não Tem Vez está, pelo menos, na primeira categoria.
Caso você não esteja ligando os nomes, esse livro é o que inspirou a adaptação Onde os Fracos Não Têm Vez, dos irmãos Coen e vencedor do Oscar de melhor filme em 2008. E sim, a minha opinião é a mesma sobre o filme. McCarthy é um cara bem famoso e respeitado lá nos States, chegou a ganhar um Pulitzer com A Estrada, livro que alguns disseram ser infinitamente melhor que esse, mas por enquanto eu só posso dizer que ele parece não ter a mesma maestria de outros americanos contemporâneos como Paul Auster e Philip Roth.
Vamos para a sinopse então: Llewelyn Moss estava de boa na vida caçando, mas, enquanto anda pelo deserto, ele encontra vários caminhões cheios de droga e pessoas cravadas de balas, e, mais a frente, um cara com uma maleta cheinha de dinheiro. Então ele resolve meter a mão na grana e automaticamente passa a ser procurado por várias pessoas dentro e fora das gangues, entre eles Chigurh, o assassino de aluguel mais louco que você já viu. Mas tem alguém caçando Chigurh também, e esse alguém é o Xerife Bell, quarentão que está seguindo o rastro de morte que o psicopata deixa quando passa.
O livro tem alguns méritos, mas alguns problemas. O principal mérito é, obviamente, Chigurh e a sua filosofia de vida, um personagem bem interessante que pensa sobre o destino de uma forma peculiar, ele às vezes me lembra o Coringa, porém achando que está fazendo a coisa certa. Bell também é um personagem interessante de se ler, é também o que tem mais foco no livro, que é dividido entre capítulos e o que parece ser o diário do Xerife, que reflete constantemente sobre a violência civil e como muita coisa mudou de 40 anos até os dias de hoje, um velho desiludido eu diria. Já na escrita, o que mais se destaca é a forma diferente que McCarthy narra, quase nunca usando vírgulas, apenas jogando “e” para fazer a história ter um ritmo frenético e os ótimos diálogos muito realistas, com a sacada dos pontos usados em horas “erradas” para emular o tom de voz das personagens.
Porém, o livro tem problemas justamente na hora de manter o seu ritmo frenético na narrativa, ora porque McCarthy descreve demais, ora porque o ritmo está tão intenso que você esquece tudo que acabou de ler, justamente por não ter pausa dentro do parágrafo.

CONTINUE LENDO NO BLOG: http://ourbravenewblog.weebly.com/home/onde-os-velhos-nao-tem-vez-por-cormac-mccarthy

site: http://ourbravenewblog.weebly.com/home/onde-os-velhos-nao-tem-vez-por-cormac-mccarthy
l. r. Silva 11/01/2017minha estante
Xerife Bell, um quarentão? o cara é velho, lutou na Europa. Talvez o Moss sim, seja um quarentão, veterano do Vietnã.


Hernani 17/03/2018minha estante
boa resenha, mas como leitor de Auster e Roth, discordo veementemente de que ele não tem a mesma maestria. na verdade o considero o melhor dos três. Se ler Meridiano de sangue ou A travessia vai mudar de opinião (espero). por isso recomendo. abraço!




Ricardo Rocha 25/02/2016

às vezes ler uma resenha pode deixar a gente meio perplexo. dar uma estrela "porque" não existe zero estrela" a este livro e fundamentar a avaliação em que é um carnaval (está se referindo ao monólogo interior que o autor usa) é de fazer a gente pensar de novo e de novo qual é a graça de ler um livro desse tanto de páginas não abandonar (*jéque é tão "ruim") e depois vir no site para nos aconselhar a não ler (nossa, nem proust se atreveu a tanto, por menos que gostasse de um autor). mas não é nem isso que espanta, mas que não são leitores quaisquer, vc vê a estante e tem qualidade, há uma lógica na crítica, enfim. é a velha história. uma coisa é não gostar outra fazer apologia do próprio gosto, desdenhando de uma obra que é o trabalho da pessoa, a gente goste ou não.
aliás, pelas mesmas razões que não gostam, eu adoro. a penúltimo (salvo erro) capítulo, quando ele fala pelo personagem da questão do mundo atual, tráfico de drogas e corrupção, é de uma beleza indizível, sem fazer qualquer análise intelctual, apenas colocando as dúvidas do homem e enfatizando o amor da mulher que o ama, dos melhores trechos já escritos desde sempre
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Literatura Policial 11/02/2016

Recomendo livro e filme, programa duplo de impecável qualidade
No livro, quem brilha é o Xerife Ed Tom Bell. Encarregado do caso, ele é um veterano da Segunda Guerra que funciona como alter ego de McCarthy (na época, com mais de setenta anos). Suas considerações abrem cada capítulo e são a alma da narrativa. Desapontado com a profissão e assustado com a crescente onda de violência na década de oitenta, ele não compreende o presente, teme pelo futuro e tem os olhos voltados para o passado. Talvez tenha chegado a hora da aposentadoria, o ponto nevrálgico do enredo.

Violento, destilando testosterona e sem falsas esperanças, McCarthy possui uma escrita poderosa e sua narrativa oferece uma maior dimensão para a história!

Leia a resenha completa no blog: literaturapolicial.com

site: http://literaturapolicial.com/2016/02/11/onde-os-velhos-nao-tem-vez-de-cormac-mccarthy/
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Gleyson 19/09/2015

Bom livro e boa adaptação pro cinema
O livro é bem legal e me fez perceber que a adaptação também é muito boa.

Anton Chigurh é um dos melhores personagens que eu já vi. Merecia um outro livro (vou até procurar ).

O Bell (no filme, o Tommy Lee Jones) faz um pouco mais de sentido no livro, embora continue meio chato.

A história não segue a jornada clássica do herói e é meio trágica, muita gente não gosta.
Mas o livro explica melhor umas poucas coisas que o filme não deixa claro, embora também com muitas pontas soltas.

Em resumo é um livro bem legal e bem alinhado com o que a gente já viu no filme. E pelo perfil trágico/meio inacabado, não é pra todos os gostos.
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GilbertoOrtegaJr 26/04/2015

Onde os velhos não tem vez – Cormac McCarthy
Como sempre começo falando o que me fez escolher determinado livros, vamos lá; os motivos são simples, trama atraente e o simples fato do autor já ter ganhado os prêmios Faulkner Award, National Book Award e National Book Critics Circle Award, afinal qualquer leitor que se guia por prêmios ou livros elogiados pela crítica já fica de antena em pé só de ouvir um destes prêmios, todos estes no currículo de um mesmo autor então nem preciso dizer.

No deserto entre Texas e México, nos anos 80, o caçador Llewelyn Moss encontra um carro, cheio de tiros, e com homens mortos, além disso dentro deste carro está um carregamento de heroína e mais de dois milhos de dólares. Moss pega o dinheiro e foge, mas após ele ter pego este dinheiro passa a ser perseguido pelo frio assassino Anton Chigurh, que tenta recuperar o dinheiro, este por sua vez passa a ser seguido pelo xerife Bell, que é o xerife do local onde o crime aconteceu.

Em 252 páginas é narrada uma perseguição cheia de violência, suspense a adrenalina, Moss e Chigurh são personagens de ação, mas muito pouco papo, se Chigurh é um assassino profissional, Moss por sua vez não deixa nada a desejar em suas capacidades de ações e estratégias na fuga, devido ao fato de ser veterano do Vietnã, a diferença entre ambos é que Chigurh mata a todos que entrem no seu caminho, seja os de forma direta ou indireta, matando-os com frieza e crueldade, enquanto Moss só quer seguir sua fuga para um lugar seguro.

Desde o começo da trama já sabemos que só um destes dois personagens poderão sobreviver no fim, pelo simples fato de serem do tipo rústicos e direto, e isso não somente o leitor sabe como ambos também, afinal o livro é típico faroeste, e não sei vocês mas eu logo que penso em faroeste penso naquelas cenas de confronto cada um de um lado da rua com seu revolver, isso não acontece (esta cena exata).

Ao contrário de ambos o xerife Bell é um homem reflexivo e cordial com todo mundo, mas também muito inteligente e competente, é nele que em meio a cenas de violência e crueldade exploradas abundantemente dentro da trama, vemos um lado mais humano gentil e afável, em especial se é com relação a sua mulher, com quem tem um casamento duradouro e feliz de muitos anos.

O autor narra o livro de um jeito seco, bem pouco descritivo, e direto, seus diálogos são ao estilo Saramago; sem aspas e sem travessão. Dentro do livro está cheio de frases de efeito, quem muitas vezes podem ser sublinhas, ou tidas como ditos memoráveis, mas decidi não sublinhar livros e ler direto mesmo. No começo achei que esta linguagem fosse me causar estranhamento, mas não houve nenhum, somente achei que em certos pontos estas frases de feito e cheias de certezas dos personagens me exasperam, ainda bem que eles não seguem a linha fala muito e não faz nada.

Enfim gostaria de ter pensado mais sobre o livro e tal, mas ele tem um ar de fatalista, do tipo quando acaba não a lacunas se ficar pensando (ou seria minha preguiça que me fez pensar pouco sobre ele? …. Mistérios), o que cabe deixar claro aqui é que se você não estômago ou pique para muita testosterona é bom não ler ele, porque este é um livro de personagens rústicos, e por tabela obtusos, que estão em busca de dinheiro e não de um ideal de nobreza e etc., a exceção é o xerife Bell, mas mesmo com isso o livro consegue ser uma grande obra de arte, ou simplesmente um divertimento de alto nível ( mesmo que viesse sem isso na contracapa; “No fundo, McCarthy é o maior escrito americano da atualidade.” Harold Bloom).

site: https://lerateaexaustao.wordpress.com/2015/04/27/onde-os-velhos-nao-tem-vez-cormac-mccarthy/
Ladyce 27/04/2015minha estante
Gostou?


GilbertoOrtegaJr 27/04/2015minha estante
Muito, umas quatro estrelas daria




Newton Nitro 22/09/2014

De cara com um Profeta da Destruição!
No Country for Old Men / Onde os Velhos Não tem Vez é um tour de force, uma viagem brutal por uma espécie de comédia de erros escritos em sangue. O livro derrama tensão em cada página, e impressionou a fidelidade que a versão cinematográfica teve em replicar as cenas do livro. É claro que o estilo cinematográfico de Cormac ajudou, a narrativa quase nunca entra dentro da mente dos personagens, tudo é narrado pelo lado de fora, pelo que uma câmera filmaria se estivesse na cena com os personagens. A vida interior é mostrada por indução e pelos diálogos. E que diálogos!

O livro se passa durante os anos 80, no sudoeste do texas, quando um veterano da guerra do vietnam encontra um monte de traficantes mortos, junto com heroína e 2.4 milhões de dólares em dinheiro. A partir desse evento, a narrativa acelera em uma caçada humana descrita dentro da prosa impecável do Cormac McCarthy.

O personagem que unifica a narrativa é um sherife, no melhor estilo velho de guerra, que está cançado da sua vida de luta contra o crime e preocupado com a monstruosidade dos criminosos da nova geração. Esse aumento progressivo da monstruosidade, da crueldade sem sentido ressoa por toda a história.

A narrativa parte inicialmente do ponto de vista do xerife Ed Tom Bell tem de lidar com a amoralidade crescente que afeta sua pequena cidade de fronteira, como resultado do tráfico de drogas. Bell, que já está cançado de sua profissão, chega ao limite ao enfrentar uma onda de violência que envolve pelo menos dez assassinatos.

Llewelyn Moss é o grande azarado da história é o próprio cara que encontra os milhões de dólares do narco tráfico. Azarado porque, para persegui-lo, Cormac criou um dos maiores monstros que já vi na literatura de crime, Anton Chigurh.

Chigurth, o "profeta da destruição", é um sociopata psicótico, a encarnação do mundo violento do comércio de drogas,, uma nova forma de assassino, determinado em remodelar toda uma nação. Chigurth é uma força primal no livro, quase como um deus no submundo. Quando ele aparece na narrativa eu prendia a respiração, sabendo que algo sombrio da condição humana seria revelado. Junto com o Frank Ballard do Child of God, e o Judge do Blood Meridian, Chigurth é mais um dos monstros realistas do Cormac, mais um personagem que congela as veias dos olhos durante a leitura.

Em termos de estilo, o que dizer? Prosa perfeita, essencial, nem uma palavra sequer desperdiçada, diálogos medonhos de tão bem escritos. E mais uma vez Cormac prova que é um dos mais poderosos descritor de paisagens que eu já li na vida. Dotado de uma visão emocional poderosa, é medonho ver o que ele consegue fazer apenas com frases declarativas, e descrições extremamente cirúrgicas e breves. Um livro para ser estudado por quem curte escrever.

O livro não fecha as narrativas nem se preocupa com justiça poética. Esse é o mundo brutal de Comarc, tirando o "A Estrada"/The Road, nenhum dos seus livros se preocupam com qualquer forma de "final feliz". Os finais de seus livros, dos quais o No Country for Old Men é um exemplo clássico, não resolve muita coisa, os elementos da narrativa não se encaixam perfeitamente e ele deixa muita coisa para a livre interpretação do leitor.

Recomendadíssimo (mas li o livro no original, em inglês, fica a torcida para que a tradução para o português tenha sido bem feita)!

E depois dessa pausa com o Cormac, de volta a leitura das Crônicas Saxônicas, com O Cavaleiro da Morte / The Pale Horseman (O Cavaleiro Pálido). Da sangueira do Texas para a sangueira saxônica! :)
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Manu 14/03/2011

Deixe envelhecer
http://www.artilhariacultural.com

No Country precisou envelhecer na minha memória para que eu lhe desse mais valor. Há nele qualquer coisa que agrada mas não arrebata, e só com um pouco de tempo consegui distinguir o que seria.

A trama se desenvolve nos arredores da fronteira texana com o México, nos anos 80. Llewelyn Moss é um ex-combatente que, após uma caçada mal-sucedida, encontra perto das calderas uma mala de dinheiro entre carros e corpos de narcotraficantes. Graças a uma compassiva imprudência, Moss é descoberto, tornando-se presa de uma facção numerosa e também do frio assassino Anton Chigurh, que sozinho é mais temível que todos os outros. Enquanto perseguição e fuga desafiam o senso de sobrevivência de Moss, o velho xerife Ed Tom Bell (que só não imaginei gordo e suado por causa de Tommy Lee Jones) tenta compreender quem é e como se pode parar esse impassível mercenário. Dita nesses termos, esta é a parte do livro que não arrebata. Poderia ser uma história qualquer de um velho oeste modernoso se o personagem mais “desinteressante” não fosse, ao mesmo tempo, velho, fraco, reflexivo e um dos narradores do livro.

Enquanto os fatos são contados cruamente em um ponto de vista externo, as reflexões Bell na abertura de cada um dos capítulos dão ao livro a profundidade que o suspense não alcança. As considerações são feitas com a perplexidade de um homem que não está preparado para conviver com as rápidas mudanças sociais ocorridas desde o pós-guerra, e compartilha de forma íntima com o leitor seus temores, fraquezas, ponderações e pecados. É como se Este País… contasse a saga de uma nova forma de brutalidade cheia de ética e firmeza de caráter, enquanto mostra o declínio moral da lei e da força policial anêmica pela indiferença social e pelo desprezo por parte dos criminosos. Bell, já sem a esperança da juventude, tem a sabedoria dos velhos, mas logo se apercebe de que ela é inútil frente à insensibilidade generalizada do mundo em que vive. Seu único refúgio é a mulher, que serenamente o acompanha em sua difícil transição para a aposentadoria.

Para ambientar melhor o livro, McCarthy faz breves usos de expressões mexicanas, principalmente nos diálogos. Pena que o autor se utiliza abusivamente dos “e”, fazendo desse recurso de linguagem um certo enfado para o leitor. Outra possível dificuldade é a ausência de travessões para separar a narração dos diálogos, mas quem lê Saramago tira isso de letra.

De fato, o país talhado por McCarthy não tem vez para os velhos. Nem para a velha esperteza encarnada por Moss, nem para a velha moralidade vivida por Bell nos anos idos. A nova bestialidade tão bem interpretada por Bardem, digo, descrita em Chigurh, é a conseqüência última da entrada de entorpecentes no território e no coração americano. A ética peculiar e inflexível brinca com o destino humano num jogo de cara ou coroa, sem remorsos nem culpa, pois o executor vê em si mesmo um agente do destino, que vai dar a cada um a paga por suas escolhas – nem que seja a opção por um lado da moeda. Dita nesses termos, esta é a parte que não desagrada. Talvez eu tenha gostado do livro, mas posso ter sido afetada pela indolência ou pela frieza dos personagens. Pode ser também que a qualidade do filme tenha jogado pra cima minhas expectativas em relação ao texto. De toda forma, se quiser tirar suas próprias conclusões sobre a história, você pode procurar por ela nas locadoras livrarias. O texto foi publicado no Brasil em 2006 sob o título de Onde os fracos não têm vez, pela Editora Objetiva.
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Aline 07/03/2011

Onde os Velhos não têm Vez
[ http://blog.meiapalavra.com.br/2011/02/14/onde-os-velhos-nao-tem-vez-cormac-mccarthy/ ]

Onde os Velhos não têm Vez é um romance do escritor norte-americano Cormac McCarthy, adaptado para o cinema em 2007 pelos irmãos Joel e Ethan Coen, com uma fidelidade quase absoluta e poucas vezes vista antes. Mas esta não é a história da adaptação vencedora do oscar de melhor filme em 2008, e sim da excelente obra de McCarthy.
A história é a da fuga de Llewelyn Moss, homem que acha uma válise (e alguns corpos de homens mortos) em meio a um deserto com mais de dois milhões de dólares. A partir do momento em que decide pegá-la para si, é perseguido incessantemente por Anton Chigurh, um assassino psicopata em busca da válise. Por sua vez, o xerife Ed Tom Bell investiga as mortes relacionadas à operação que falhou e deu fim à maleta, se envolvendo assim na história da perseguição de Moss.
O título do romance (no original, No Country for Old Men) se refere justamente à personagem do xerife. Em certa passagem, ele diz que antigamente os professores das escolas tinham que se preocupar apenas com conversas em salas de aula e crianças mascando chicletes. Anos depois, as preocupações são bem mais graves: assassinato. Estupro. Bell não se conforma com os efeitos dos narcóticos sobre as pessoas. É como se não houvesse mais lugar para pessoas como ele, que ainda possuem valores morais e princípios.
O escritor alterna a narrativa entre os diversos personagens, mostrando alguns pensamentos de Bell em primeira pessoa, (dando a ele uma dimensão que os outros personagens não possuem) e simplesmente descrevendo as ações dos demais em terceira. A narrativa é crua e com pouco espaço para reflexões, exceto as do xerife e segue por isso em um ritmo quase cinematográfico. McCarthy possui um estilo de escrever que pode irritar os leitores no início: o uso excessivo de es e a falta de vírgulas, travessões ou aspas, fazendo com que as vezes fiquemos perdidos entre as frases. Porém a narrativa é ágil e hipnotizante. Ele não se demora muito em descrições; assim a história flui tranquilamente.
Por fim, vale mencionar outro personagem: o psicopata Chigurh. Mesmo vendo apenas suas ações e diálogos, conseguimos ver toda a loucura e princípios deturpados do personagem, que aposta vidas no cara ou coroa. Mas enfim, fico por aqui para não dar mais spoilers sobre a trama. A quem se interessar pelo livro, só digo uma coisa: vale MUITO a pena.
Angelo 27/06/2011minha estante
Ótima resenha. Vai direto para a minha lista de futuras leituras.




Pseudokane3 09/11/2010

Filme ou livro?
Ainda não é desta vez que vou elevar a minha voz para dizer que sou fã do Cormac McCarthy, mas, definitivamente, não tem como permanecer psicológica e/ou sociologicamente incólume depois que se lê qualquer um de seus livros. Estou ainda no segundo, mas já tive a oportunidade de assistir a algumas bem-sucedidas adaptações cinematográficas de obras suas, sendo o ótimo “Onde os Fracos Não Têm Vez” (2007, de Joel & Ethan Coen), sem dúvida, o ponto máximo. E, não por acaso, entre as 14h e 23h de hoje, estive entretido, possuído, vidrado na leitura de “Onde os Velhos Não Têm Vez”, livro que o norte-americano Cormac McCarthy lançou em 2005. Escritor macho é aquele ali. E, portanto, cada página virada e cada vírgula eventualmente ausente eram como um soco de punho fechado em minha cara!

Não sei se parecerá de bom tom comparar o que filme e livro têm de diferentes, um em relação ao outro, mas existem tons bastante específicos em cada uma das versões da mesma estória. Se o filme dos irmãos Joel & Ethan Coen tomam algumas liberdades supressoras em relação ao livro (o tráfico de drogas é muito mais secundarizado no roteiro, a composição do matador Chiguhr é ainda mais lacônica e invulgar do que a descrição pormenorizada de seus olhos azuis faz supor, alguns personagens secundários são abandonados na versão fílmica), este é muito mais claro em sua “lição de moral”, em sua profunda visão de mundo, entrecortadamente pertencida ao envelhecido Xerife Bell, que abre cada capítulo com brilhantes e amargas reflexões sobre a decadência dos valores contemporâneos, o que explica porque o aparentemente pacato Llewelyn Moss se mete na enrascada em que se meteu por causa da valise de dinheiro sujo que encontra no deserto ou porque dois garotos brigam por uma nota de cem dólares que não queriam aceitar quando prestam socorro ao acidentado Chiguhr. E é o Xerife Bell quem tem a oportunidade conscienciosa de alertar-nos de que existe algo bem pior do que vender drogas às crianças nas portas das escolas: as crianças compram! E, como ele mesmo diz, “alguém que não saiba a diferença entre estuprar e assassinar pessoas e mascar chiclete tem um problema muito maior do que o meu”. E eu estava ao lado dele nesta conclusão!

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