Lu 22/08/2017
O livro vai nos contar a história de Rafe, um garoto que se assumiu gay aos treze anos de idade e NUNCA teve problemas com isso ou sofreu bullying na escola. Pelo contrário, Rafe é muito bem aceito entre todos, mas carrega consigo o rótulo de garoto gay.
Querendo que tudo isso mude e tentando encontrar a si mesmo, Rafe decide se matricular em um colégio interno apenas para garotos e, além disso, decidiu que não contaria a ninguém sobre ser gay. Seria um novo Rafe, sem rótulos, sem estereótipo, apenas o Rafe. Suas prioridades e segredos começam a mudar e ser colocados em risco quando Rafe passa a fazer amigos. Primeiro Toby e Albie, seus colegas e, depois, Ben, por quem acaba se apaixonando.
Faz muito, muito, muito, muito tempo que li esse livro e me lembro pouca coisa dele, mas alguns aspectos da história ainda estão frescos na minha memória. Fiz a leitura de "Apenas Um Garoto" em novembro de 2016 e talvez eu estivesse esperando muito dele por ser um livro com um protagonista gay. Essa expectativa acabou comigo.
"Sim, eu saí do armário. Primeiro para os meus pais, quando eu cursava o oitava ano, depois na Rangeview, no nono ano.(...) E ninguém surtou. Ninguém ficou arrasado, assustado ou se sentiu insultado. Não muito, pelo menos. Tudo correu superbem."
Rafe é um protagonista extremamente egocêntrico, o mundo DEVE e PRECISA girar em torno dele, de seus sentimentos e do que ele acha correto, mas é claro que não pode girar em torno de sua opção sexual, ah, isso não.
A escrita de Bill é muito gostosa e a leitura flui muito naturalmente, o li em dois dias. O autor consegue fazer a história avançar mesmo com personagens irritantes como Rafe. Falando em personagens, senti falta de um pouco mais de profundidade em cada um deles. Em certo ponto da história, parece que existem apenas Rafe e Ben e todo o resto é completamente dispensável, mas não é bem assim.
"Não é exatamente verdade dizer que sempre quis me sentar à mesa dos atletas em Boulder. Quero dizer, eu gostava de sentar com minha melhor amiga, Claire Olivia. Nós ríamos muito, e algumas vezes à custa dos atletas. Mas admito que sempre me perguntei como seria estar no topo da cadeia alimentar."
Em muitos momentos fiquei me perguntando como Claire Olivia estava se sentindo sem seu melhor amigo ou como ela lidava quando Rafe ligava pra ela e era extremamente estúpido, sem pensar nos sentimentos da amiga. Claro Olivia foi um dos meus personagens preferidos, mesmo não tendo tanto destaque durante a história.
O mais engraçado é o relacionamento de Rafe e Ben. Não é o relacionamento perfeito, claro, mas Rafe achou uma pessoa como ele para tentar namorar. Ben é tão egoísta quanto Rafe e a última conversa que eles têm no livro é tão deprimente que nos deixa frustrados, desgostosos e com raiva, inclusive.
"– Eu deveria ter ouvido o que minha intuição tentou me alertar no primeiro dia. Eu sabia o que você era. (...)
– Gay? – perguntei.
– Não – disse ele, exasperado. – Uma pessoa muito desonesta."
Enfim, "Apenas Um Garoto" conta com uma escrita cativante, protagonistas de dar raiva e uma história para lá de clichê, cheia de momentos de busca pelo conhecimento da própria personalidade.
(resenha postada originalmente em 31/07/2017)
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