JEOA71 29/09/2018
Faltou algo, pelo menos pra mim...
Confesso que comprei esse livro no impulso, porque as edições da Darkside são primorosas, e todos nós sabemos o erro que isso é hahaha. Porém, há de se dizer que a sinopse é uma forte influência, principalmente citando Senhor das Moscas e Precisamos Falar Sobre o Kevin como primos da obra, te levando a pensar que irá se deparar com a construção de um psicopata descrita de forma esmiuçada e completa. Não acontece dessa forma.
O grande problema desse livro, como em muitos outros que vejo por aí, é: não saber utilizar o tipo de escrita que está sendo usado. O protagonista te leva junto com ele em suas andanças diárias, fazendo descrições de ruas, bares, da sua casa, dos personagens à sua volta (de uma maneira bem infantil, preciso pontuar) e, principalmente, da sua tão adorada Fábrica de Vespas. O único problema nisso é que este é um livro escrito em primeira pessoa. E, pelo menos para mim, livros em primeira pessoa são a oportunidade perfeita para desmembrar profundamente a psico do personagem em questão. Tudo que mencionei anteriormente pode ser descrito, sim, pelo personagem que está nos apresentando o mundo em que ele vive; porém, senti falta da sensibilidade e profundidade que um ser humano normalmente teria ao relatar todas esses coisas, pois o prisma do Frank não me passou quase nenhuma sensação enquanto eu lia. Minto, com exceção dos 3 acontecimentos que o marcaram, e de suas conversas com Eric ou Jamie - uma muito interessante, devo elogiar, quando ambos faziam algo bem corriqueiro, como jogar video-game -, ele não me passou quase nenhuma sensação.
É um livro bastante arrastado e enfadonho, considerando os temas que retrata - a psicopatia e os problemas de uma família desconjuntada. Talvez, eu gostasse bem mais do livro se o mesmo fosse enxergado através dos olhos de Eric, personagem que achei, disparado, muito mais interessante do que o nosso protagonista aqui. E, talvez, esse tenha sido o verdadeiro motivo para que eu não gostasse dessa história: a total falta de empatia que tive pelo protagonista, que, em nenhum momento, me fez querer saber mais de sua própria história. Eu realmente só levei esse livro até o fim pela curiosidade que eu tinha pelo personagem Eric, tão inconstante em suas ações, e seu último ato, junto de Frank, foi o que me fez ficar tranquila com a sensação de que tudo estava no lugar - pelo menos por um momento.