alineaimee 26/08/2019Lírico, sensível e informativo"Bluets" (2009), assim como o último livro da autora norte-americana Maggie Nelson, "Argonautas" (2015), é um ensaio de teor, ao mesmo tempo, acadêmico e autobiográfico, escrito na forma de pequenos fragmentos. Nele, Nelson discorre sobre o seu amor pela cor azul, sobre as diversas relações e reflexões sobre essa cor que ela compilou desde que identificou esse apreço, e sobre a dor decorrente do término de um relacionamento.
A escritora examina e investiga os diversos significados atribuídos à cor azul ao longo do tempo, e procura estabelecer ligações com certos sentimentos e relações interpessoais. Ela ressalta o caráter impreciso de uma cor, já antecipando, de certo modo, as reflexões acerca de definições binárias que faria futuramente em seu livro mais recente.
"Goethe describes blue as a lively color, but one devoid of gladness. 'It may be said to disturb rather than enliven.' Is to be in love with blue, then, to be in love itself the disturbance? Or is the love itself the disturbance? And what kind of madness is it anyway, to be in love with something constitutionally incapable of loving you back?"
Embora apresente argumentos, insights e informações muito interessantes, o livro como um todo não me impressionou tanto quanto "Argonautas", especialmente porque este, além de mais coeso quanto à conexão entre os temas, busca perscrutá-los com mais intensidade. "Argonautas" também me proporcionou reflexões mais conectadas a debates sobre os quais a sociedade vem se debruçando com interesse nos últimos anos, como identidade de gênero e configurações familiares.
Devo dizer, no entanto, que "Bluets" tem todo um lirismo e sensibilidade que fazem dele um belo texto e uma leitura agradável ainda assim.
("If I were today on my deathbed, I would name my love of the color blue and making love with you as two of the sweetest sensations I knew on this earth."
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