Nas Sombras do Estado Islâmico

Nas Sombras do Estado Islâmico Sophie Kasiki




Resenhas - Nas Sombras do Estado Islâmico


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Tamirez | @resenhandosonhos 23/08/2018

Nas Sombras do Estado Islâmico
Quando optei por fazer essa leitura, pelo que diz na contra capa sobre ela “se juntar ao Estado Islâmico”, imaginei que seu envolvimento com aquela situação tivesse sido completamente consciente. Porém, ao começar a ler a história, vi que Sophie foi uma vítima da depressão e da maldade das pessoas.

A depressão ainda é algo que gera muita discussão. Algumas pessoas não acreditam verdadeiramente nas coisas horríveis que essa doença pode causar na vida de uma pessoa e colocam tudo como uma frescura, quando na verdade é algo sério. A tristeza que consome a vida de quem sofre com isso é palpável e não está ali porque a pessoa quer, é uma condição do seu corpo e da sua mente.

“Agradeço àqueles que sabem que a depressão não é uma escolha, um modo de vida ou uma fraqueza moral: é uma doença terrível.”

A Sophie cresceu com isso, sendo tímida e mantendo-se isolada. Ela sentia falta da vida que tinha na África, da mãe e de tudo o que ficou pra trás. Como ela gostava de ajudar e conhecia os meninos, acreditou no que eles lhe diziam e viu na necessidade de voluntários para ajudar as pessoas na Síria, uma oportunidade de se fazer útil novamente. Isso sempre foi o que a moveu, ajudar os outros, trazer luz a vida alheia enquanto vivia na escuridão.

Com as palavras certas, aqueles jovens que ela conhecia e confiava conseguiram lhe pintar uma realidade distorcida, mas que era a isca perfeita para que ela fosse aliciada. Achando que estava indo por vontade própria e que poderia mudar de ideia a qualquer momento, ela embarca em uma viagem quase sem volta em que acaba por pôr em risco a vida do filho. O marido que ficou, do qual ela já havia a muito se afastado, quando descobre onde ela está e o que fez, faz o que era requisitado na época e a denuncia às autoridades, complicando ainda mais a sua situação.

“Assustada, me perguntava como pudera chegar àquele ponto, dependendo de desconhecidos, fugindo para salvar minha vida e carregando meu filho adormecido, em um país em guerra.”

Perdida em si e mantida em cativeiro por um grupo extremista ela bola planos para tentar escapar, falar com pessoas, pedir ajuda. Mas tudo é muito difícil. Ou ela está trancada ou não pode sair sozinha e também nunca se sabe em quem confiar. Quem faz parte do Estado Islâmico e quem não?

A religião muçulmana é vista por muito com maus olhos por causa de toda a carga de extremismo que vem com ela. Porém, política e religião não andam em todos os casos lado a lado. Quando conheceu o Islã através do Alcorão Sophie encontrou conforto, algo que aquietou sua alma, que lhe trouxe paz. Mudar um pouco os seus hábitos para estar mais plena com relação à religião a ajudou a melhorar, a se sentir mais viva.

Porém, infelizmente, também foi isso que lhe aproximou ainda mais daqueles que a ludibriaram e traíram. Sei que muitos podem dizer que ela sabia exatamente o que estava fazendo e mereceu o que a vida lhe reservou, mas a coisa não é bem assim. Ela tinha uma personalidade fraca em função da depressão, tinha no ato de querer ajudar as pessoas outra fraqueza e, claro, a afinidade que compartilhava com os garotos quanto a religião a fez mais suscetível a confiar.

“Não consigo encontrar um fato isolado, dentro da galáxia de pequenos acontecimentos que compõem minha vida, que possa explicar tudo. O grande erro seria acusar a religião como causa única e suficiente.”

Sophie Kasiki sofreu por ter perdido a mãe, sofreu com a depressão, sofreu pelo cativeiro, por ser afastada das coisas que conhecia, sofreu por ser enganada e, quando finalmente escapou, sofreu as consequências de ter ido a Síria. Quando pôs os pés na França, depois de uma arriscada fuga que temos um trecho logo no primeiro capítulo, ela foi julgada e condenada por ter “se juntado ao Estado Islâmico”. A culpa pelo que aconteceu pode ser de inúmeras pessoas incluindo a própria Sophie, mas jamais será de um fator só, como a quote que pus a cima diz. Não foi a religião, não foi a depressão, não foi somente os jovens ou somente a vontade de ajudar que aquela mulher sentia. Foi um combinado de todos esses fatores sob uma má influência.

O livro tem somente 160 páginas, mas não é uma leitura leve ou super fluída. Conheceremos a história de Sophie desde o começo, com capítulos bem separados entre os momentos de sua vida. A leitura é rica e enervante. Você realmente sente muito as coisas que ela está sentindo e percebe em suas palavras o peso que aquilo tem sobre ela. Parece que mesmo agora, depois de algum tempo, ela ainda não é capaz de explicar puramente como aquilo aconteceu. É impossível apontar somente um motivo, assim como pra Kasiki naquela época, era impossível enxergar os objetivos ocultos daqueles jovens que ela julgava inocentes.

As Sombras do Estado Islâmico é um livro bem diferente do que eu costumo ler. Foi meu primeiro contato com uma história que envolvia a religião muçulmana ou todo o conflito político que esses países sofrem. Uma das coisas mais normais ao ser humano é o ato de julgar e de tirar conclusões e aqui eu vacilei. Não consegui apontar o dedo para Sophie e dizer o quanto ela era “burra” por não ter percebido o que estava acontecendo, pois conheço tantas pessoas que são sensíveis, lutam contra a depressão, e estariam tão suscetíveis quanto ela. Há tanta gente no mundo passando por isso, pra coisas tão mais simples do que se juntar a um grupo extremista. As vezes é um relacionamento abusivo, uma amizade que suga tudo da pessoa, são os outros se aproveitando de você. Infelizmente é real e está próximo de todos nós.

Fiquei triste com o livro e com o que ela passou. Demorei um tempo para refletir sobre o peso de tudo o que li. Sou uma pessoa que não religiosa mas que acredita em Deus. Sou uma pessoa que não é simpatizante com nenhum partido político, mas sabe da importância da discussão e da militância. Porém essas coisas facilmente saem do controle, levando ribanceira a baixo muitos dos conceitos defendidos. Como falei anteriormente, a religião muçulmana não deveria arcar com o peso da guerra política e com o fato de muitos a usarem como motivo para atos terroristas ou desumanos. Há muita gente que encontra conforto em acreditar em Deus, seja a religião que for, e é tão errado julgar as pessoas por essa escolha quanto é unicamente pelas ideologias políticas.

Nas Sombras do Estado Islâmico é um livro pesado, mas que merece ser lido. A reflexão é enorme e as discussões da jornada contada nele são infinitas. Porém o que Sophie nos ensina com clareza é a não julgar e principalmente a buscar compreender que sofremos de maus diferentes, cada um de nós. A pressa, a depressão, a ansiedade, o excesso de trabalho, o desamor, a traição, a solidão. São todos maus que nos cercam e que nos tornam mais fracos e propícios a errar.

Não sei se há como justificar o que aconteceu, ou até mesmo perdoar para alguns envolvidos. Me pergunto o desespero desse pai ao saber que o filho era refém em um país sitiado. Porém não cabe a nós julgar. Cabe compreender, processar, e lutar por um mundo melhor, onde coisas assim parem de acontecer.

site: http://resenhandosonhos.com/nas-sombras-do-estado-islamico-sophie-kasiki/
Tailane Santos 28/08/2018minha estante
Uau! Fiquei impactada e nem li o livro ainda!




ritita 09/08/2018

Acho que a história é fake.
Reza a lenda que a história é autobiográfica. Será? Eu não acreditei.

Uma mulher que viveu no Congo, mora em Paris e trabalha, sendo "iludida" a respeito das "maravilhas islâmicas" por 3 rapazotes apenas conhecidos seus? (Sim, a história se passa em 2016).

Ah, mas ela estava depressiva e em busca de algo mais em sua vida, pois esta desculpa que a autora dá piorou tudo.

Nesta busca por "mudanças", a doida converte-se ao islamismo por conta própria, decora algumas suratas, deixa de comer carne de porco e se acha a própria muçulmana, mas pratica a religião tipo Nutella, sabendo apenas superficialmente o que é o Islã.

Após umas conversinhas, por telefone, com "os meninos' resolve partir para a Síria e leva junto o filhinho de 4 anos. Depois escreve um livro contando seus sofrimentos, padecimentos estes que nunca chegaram à metade dos horrores que as mulheres sofrem por lá.

Querida maluca, quem procura acha!

Lendo algumas resenhas do skoob, vi que alguns leitores ficaram impactados. Como? Vocês nunca leram nada sobre os horrores praticados pelos muçulmanos? Eu em nenhum momento me comovi que o que ela passou, fiquei foi com vontade de dar uns tabefes de virar-lhe a cabeça.

O que valeu na leitura? Perceber o quanto de doideira pode existir em todo o mundo, seja francês ou sírio.
Jessy 09/12/2018minha estante
Olha moça uma pessoa que sofre de depressão, principalmente num grau já elevado como era o caso da moça do livro( eu li este livro também) tem sua visão de mundo distorcida e sim pode ficar altamente suscetível a muitas coisas, inclusive a buscar mudança em alguma religião, ela estava desesperada em busca da libertação da prisão que vivia dentro de si mesma por conta dessa doença e infelizmente tomou descisões erradas por não ter tido forças para buscar ajuda nos apoios certos. A depressão dela não foi uma desculpa, depressão não é desculpa na vida de quem sofre desse mal e nem frescura! É uma doença devastadora que pode destruir vidas e a dessa moça quase foi.








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ritita 09/08/2018minha estante
Leio muito sobre o assunto e concordo totalmente com você. Nunca li nada tão irresponsável.




day 25/05/2018

impactante
Mas um livro com uma narrativa comovente e forte.

Nas Sombras Do Estado Islâmico conta a saga de uma jovem mãe que é aliciada pelo IE.

Mostra,como a solidão,depressão ,pode nos deixar fragilizados a nos envolver com algumas pessoas,que achamos que querem nosso bem,mas na verdade são mal intencionadas .

Sophie ,era casada,tinha um filhinho lindo,e um marido que amava.

Como todos passamos crises na vida,Sophie estava passando a dela.

Ela se reverteu ao islam e começou a conhecer várias pessoas que a ajudavam a estudar e entender sua religião.

Infelizmente ,ela se envolveu com jihadistas e se meteu em um drama,foi simplesmente enganada por eles.

O livro é maravilhosamente bem escrito,a leitura é cativante e nos envolve .

Nos mostra também como o EI ,não tem nada haver com a religião islâmica.

É um livro que todos deveriam ler,pois quebrará muitos preconceitos contra o islam.

eu super amei .



site: http://escreverdayse.blogspot.com.br
Jéssica 26/05/2018minha estante
Na realidade a Jihad é uma obrigação ao muçulmano fiel, tá escrito no livro sagrado deles. Pesquise sobre. O que acontece é que muitos mulçumanos são mulçumanos porque nasceram num país ou família mulçumana mas não praticam 100% da sua crença, muito a nem conhecem mesmo suas escrituras sagradas por inteiro.


Jéssica 26/05/2018minha estante
Será mesmo que não tem nada a ver com a religião? Sim a Jihad é parte da obrigação do mulçumanos fiel.https://natanrufino.com.br/audios/islamismo-audios/o-alcorao-manda-matar-os-outros/


day 26/05/2018minha estante
Não . Jihad é pra ser espiritual. Passei anos casada com um.muculmano. 15 anos,minha filha é árabe. Só conhecendo o Islam,podemos diferenciar o que é política, tradições árabes e religião. Eu tb estudei jurisprudência islâmica.




Dicas Literárias 15/11/2016

#Resenha 86, Nas sombras do Estado Islâmico, da autora Sophie Kasiki.
Sinopse:
O testemunho extraordinário da mulher francesa que se juntou ao estado islâmico e conseguiu sobreviver a uma jornada pelo inferno. Sophie Kasiki trabalhava como assistente social nos subúrbios de Paris quando três dos jovens que auxiliava abandonaram a França para se juntar ao Estado Islâmico, na Síria. Em pouco tempo, aqueles que ela carinhosamente chamava de “os meninos” voltariam a procurá-la. A princípio, Sophie ingenuamente esperava convencê-los a voltar, mas o que aconteceria seria exatamente o oposto. Em ''Nas sombras do Estado Islâmico'', Sophie Kasiki relata, de forma muito emocionante, todo o terror que passou na cidade de Raqqa, coração do Estado Islâmico na Síria.







#RESENHA

Ultimamente tenho trazido muitos livros sobre guerras, espionagem e conflitos para o blog, então deixa eu explicar.
Como todos nós sabemos o mundo está em uma terrível guerra, mas não uma mundial declarada ainda, porém uma guerra que está matando milhares de pessoas a cada minuto.
E por isso o interesse sobre livros dessa temática tem atraído o Dicas Literárias.
Este livro de hoje, é mais um, porém sobre o EI, esse grupo radical islâmico que está destruindo o Oriente Médio e tirando a paz da Europa.
Porém, a história é sob o olhar de uma mulher, que confesso ser bastante corajosa. Sophie é uma mulher que sofrera bastante, sua adolescência foi marcada pela perda de sua mãe e sua ida a França para morar com sua irmã foi apenas mais uma angústia para ela.
E ela sempre percebeu que faltava algo em sua vida. Conseguiu trabalho, uma família para ela, mas Sophie ainda achava que estava incompleta. Então é ai que ela decide se converter ao Islamismo.
Sua vida muda dai por diante.
Quando três jovens fogem para a Síria para se juntarem ao Estado Islâmico, ela começa a se questionar o porquê deles terem tomado essa decisão. Então desesperada e tomada por uma curiosidade imensa, pois está vendo o sofrimento das famílias dos garotos, Sophie decide fugir e ir atrás deles, levando com ela seu filho.
Acredito que você deve ter ideia, do que acontece.
Sophie irá sentir na pele o terror, o medo, o sofrimento que o EI, faz com aquele povo. Sua vida torna-se uma prisão sem saída alguma.
Um livro forte e que merece ser lido por você que tem curiosidade sobre esse povo, esse grupo terrorista que está causando terror em todo mundo.
Fica a dica.

Resenhado por Tony Ferr

site: http://dicassliterarias.blogspot.com.br/2016/08/resenha-86-nas-sombras-do-estado.html
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Na Literatura Selvagem 10/10/2016

Nas sombras do Estado Islâmico, um relato pessoal de Sophie Kasiki...
Devorei em poucas horas o relato surpreendente de Sophie Kasiki, sobre sua breve e apavorante estadia na Síria, depois de ter sido enganada por três rapazes que ela conheceu na França, onde morava com sua família...

Sophie nasceu no Congo e desde muito cedo perdeu seu pai e depois sua mãe... Sem compreender a morte, foi levada para a França, para ser criada por uma de suas irmãs mais velhas, mas desde que pôs os pés naquela casa, sabia que não pertencia aquele lugar, apesar dos esforços de sua irmã para que isso não acontecesse... Por oito longos anos, ela vivenciou o luto pela perda de sua mãe, que era seu alicerce na vida... Com isso veio a depressão que tomou conta dela durante boa parte de sua adolescência...

Quando ela finalmente sai da casa de Alice e encontra o homem com que se casa, Julien, ela sente que deve fazer algo para se sentir útil, e começa a trabalhar numa espécie de ONG, frequentada por crianças, jovens e mulheres árabes. O contato com essa comunidade fez com que despertasse nela um cuidado com as pessoas que se refugiavam na França e que haviam fugido da guerra que assolava a região... Havia também uma preocupação em fazer com que aquelas pessoas não sofressem com a segregação existente no país e que se integrassem aos programas do governo francês, para estimular o bom convívio deles com os franceses... Algumas famílias estavam ali há muitos anos, e seus filhos eram cidadãos franceses, mas as origens muçulmanas ainda constituíam barreiras na visão de alguns...

Em sua vida pessoa, tendo um filho pequeno [Hugo] e um casamento que a cada dia esfriava mais e mais, Sophie se viu envolvida com a história de três rapazes que m dado momento fugiram de casa e de suas famílias para se aliarem ao Estado Islâmico... Dando suporte às mães e irmãos, ela acabou se envolvendo mais com Mohammed, Idriss e Souleymane, se comunicando pela internet e logo veio um pedido/convite para que ela se juntasse a eles por algumas semanas, a fim de ajudar crianças de um hospital em Raca, na Síria. Ao longo dos meses, ela foi manipulada pelos três e via nessa viagem uma oportunidade de se fazer útil, e de dar um tempo no casamento, que estava em ruínas... Se converteu ao islamismo, planejou a viagem alegando que iria para a Turquia e finalmente embarca com seu filho de quatro anos, rumo ao desconhecido, confiando na palavra dos 'meninos' que viu crescer...

O problema é que ao chegar na Turquia e cruzar a fronteira, algumas coisas não passam despercebidas e ela percebe que a ideia da viagem pode vir a ter consequencias não muito agradáveis... Ao longo dos dias, ela percebe que a sombra dos meninos que ela conviveu na França foi ofuscada por homens cada vez mais radicais em suas concepções religiosas e ela então descobre que está refém deles... A fim de salvar a sua vida e a de seu filho, ela vivencia horrores para fugir do país e volar para sua casa...

A escrita de Sophie não me fez cair em prantos, confesso, mas em momento algum consegui me desvencilhar de sua leitura... Me coloquei no lugar dela em vários momentos e não sei como ela teve forças para não agir de maneira impensada, pondo em risco sua vida e de Hugo... Hugo, por ser tão pequeno, parecia compreender o ar sufocante em volta, e cooperou com sua mãe todo o tempo, mostrando-se corajoso para tão pouca idade...

Através de sua experiência, conhecemos os motivos que a levaram a se juntar aos terroristas do Estado Islâmico, a forma como eles 'recrutam' pessoas que - ao se depararem com a real situação - por vezes é tarde demais para retornar... Ela queria dar sentido a monotonia de sua vida,, mas não fazia ideia do pesadelo que iria encontrar...

Em suma, é uma leitura angustiante, que nos põe em reflexão sobre as nossas interações sociais, em quem se deve [des]confiar e também a valorizar o que já temos, que pode ser insignificante numa visão simplista, mas se revelam essenciais nos momentos de privação e desespero... Nas sombras do Estado Islâmico é um relato poderoso, forte e acima de tudo, real...

site: http://torporniilista.blogspot.com.br/2016/10/nas-sombras-do-estado-islamico-um.html
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Lê Golz 21/09/2016

Forte e real
Nas sombras do Estado Islâmico é um lançamento da Editora BestSeller, e me deixou imensamente curiosa por se tratar de uma obra de não-ficção e com um assunto tão vivo em nossa sociedade. A obra é um relato forte e real de Sophie Kasiki - pseudônimo usado para sua segurança -, uma assistente social que vivia em Paris até resolver viajar para a Síria em busca de um sentido para sua vida e acaba virando prisioneira.

A obra é narrada por Sophie, que tem uma vida tranquila em Paris, ao lado do filho Hugo e de seu marido Julien. Porém, essa tranquilidade não lhe bastava. Sophie já havia passado por uma depressão na infância após a morte da mãe, e já adulta ainda não havia se recuperado interiormente. Para ela a vida parecia não ter muito sentido, o casamento não ia bem, passava por complicações no trabalho e a felicidade que Sophie almejava lhe era desconhecida. É movida pela emoção que ela se deixa manipular por três rapazes, a quem ela carinhosamente sempre chamou de "meninos". Eles abandonaram a França para servir ao Estado Islâmico na Síria, e após um curto período entraram em contato com ela, e pacientemente a convenceram a ir ao encontro deles para auxiliar em um hospital na cidade de Raca. O que acontece é que Sophie percebe tarde demais a sua ingenuidade e sente na pele o terror que a mídia sempre mostrou e que ela não acreditava.

Com uma escrita simples, sem muitos detalhes e totalmente ágil, o relato de Sophie nos prende do início ao fim. O livro é bem curto, mas impactante. Há um equilíbrio entre uma narrativa focada nos fatos e nas emoções. Como o subtítulo descreve, temos aqui o relato de uma arrependida, então obviamente que Sophie sobreviveu, mas me entristece saber que inúmeras pessoas não conseguem escapar do temível grupo terrorista.

"De volta ao apartamento, olhei ao redor e, de repente, tive a impressão de enxergar mais claramente. Um belo sol de inverno brilhava em Raca, com todas aquelas mulheres de preto, aqueles combatentes na expectativa de batalhas e aqueles sírios confinados... O que eu fazia ali?" (p. 77)

É muito fácil julgar Sophie, sem obviamente ter passado pelos mesmos problemas que ela. Fica muito claro a sua imensa ingenuidade diante de verdades que estavam à sua frente, e que por pura emoção e carência de felicidade, ela se deixou manipular. Por outro lado, começamos a perceber que Sophie - ao contrário de muitos recém convertidos ao islã - percebeu logo nos primeiros dias que chegou a Síria, o tamanho da opressão daquele povo e todas as injustiças cometidas ali. É nesses momentos de angustia, de amadurecimento e redescobrimento de si mesma que a narrativa da protagonista se torna mais tensa e envolvente.

Atualmente a organização terrorista EI é um assunto polêmico e delicado, em se tratando de um grupo que aspira a autoridade sobre a religiosidade muçulmana do mundo. Nas sombras do Estado Islâmico é escrito de maneira simples, direta e com ausência de grandes detalhes, e ainda sim, forte e tenso. O livro é curto, fácil de ler, e dificilmente não agradará leitores que gostam de histórias verídicas. Recomendo esse livro para qualquer leitor, uma vez que trata-se de um assunto real e que muitas vezes está totalmente fantasiado na mente das pessoas, assim como esteve na de Sophie. Chega a parecer mentira o quanto ela se deixou enganar, mas felizmente arrependeu-se e conseguiu escapar, coisa que não acontece com a grande maioria. Vale muuuuito a pena essa leitura.

site: http://livrosvamosdevoralos.blogspot.com.br/2016/08/resenha-nas-sombras-do-estado-islamico.html
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Driely Meira 06/08/2016

Tenso e real
Sophie nasceu no Congo, onde viveu por nove anos, até sua mãe morrer. Após isso, ela foi morar com a irmã mais velha, na França, mas sentia-se invisível e uma intrusa na casa, já que a irmã já tinha marido e, depois, filhos. O luto pela morte da mãe durara anos, o mundo de Sophie não tinha mais cores, ela sentia falta da mãe, sentia-se sozinha, sem sentido. Até o nascimento de suas sobrinhas gêmeas, o que deixou seu mundo feliz mais uma vez, salvando-a da depressão em que se encontrava.

Com 17 anos, ela conseguiu seu primeiro emprego, e, alguns anos depois, passou a trabalhar como educadora especial num subúrbio de Paris, onde ajudava adultos com necessidades especiais. E, depois, quando ganhou Hugo, seu primeiro e único filho, trabalhou numa casa de bairro apoiando as famílias das redondezas, imigrantes do Norte e Oeste da África. Mas aquilo não a satisfazia. Sophie queria fazer mais, queria sentir-se mais útil, queria sentir-se completa.

E é aí que Sophie acaba convertendo-se ao islamismo. Encontrara na religião e nas ideologias algo que a completava, mas não contou ao marido, Julien, por medo de que ele fosse julgá-la, e o casamento deles não estava lá às mil maravilhas. Quando três dos meninos (Mohammed, Idriss e Souleymane) cujas famílias Sophie conhecia fogem e vão para a Síria, juntar-se ao Estado Islâmico, ela não consegue imaginar o que os levou a tal ato. Por que alguém abandonaria uma vida boa num país bom para ir a um país de guerra, juntar-se a uma organização terrorista?

"Dessa vez a ideia de partir para a Síria se apresentava como alternativa à vontade de morrer. Ou, então, era o meio que eu havia encontrado para me matar." – página 49

As famílias do trio ficaram inconsoláveis ao saber o que acontecera, e Sophie também. Eram bons meninos, porque fizeram uma decisão como aquela? Quando recebe um telefonema de Idriss, que queria saber como estava sua família, Sophie acredita que pode fazê-lo mudar de ideia, e trazê-lo de volta. Mas não é o que acontece. Fisgada pela ideia de ajudar os sírios, a cuidar de pessoas que precisam de ajuda e de salvar vidas, Sophie acaba tomando uma decisão: levando o filho consigo, ela parte para a Síria, ao encontro dos meninos.

"E a mãe voltava a chorar, inconsolável. O que ela deixara escapar? O que poderiam ter feito para os filhos partirem daquela maneira?" – página 41

Muitos podem pensar que as ações de Sophie foram muito irresponsáveis: ir a um país de guerra ao encontro do EI, e, ainda por cima, levar seu filho, sem conhecimento do marido. Mas, pensem comigo. Ela sofria de depressão desde pequena, estava sentindo-se inútil, vazia. Ajudar pessoas era o que mais gostava de fazer, e os meninos sabiam disso, por isso pintaram em sua cabeça a ideia de que ela faria muita diferença na Síria, além de falarem coisas maravilhosas sobre a cidade onde viviam, que era justamente a capital do EI. Sophie não sabia no que estava se metendo.

"Pela primeira vez, um tanto incrédula, me perguntei: será que passei por uma lavagem cerebral?" – página 76

Acompanhar os passos de Sophie e ver pelo o que ela passou foi tenso. Mais tenso que isso é imaginar quantas pessoas, no mundo inteiro, não passam pela mesma coisa: não são fisgadas pela ideia de ajudar na Síria e acabam presas no Estado Islâmico. Sophie teve sorte, do contrário, não sei o que teria acontecido com ela e seu filho, que, certamente, teria se tornado um combatente.

O livro é curtinho, e achei que o final ficou um pouco corrido, queria saber mais sobre o que aconteceu com Sophie após tudo isso. A última frase da obra me deixou um pouco triste, e eu ainda não sei como me sentir em relação aos três meninos; não sabemos o que se passava pela cabeça deles, tudo o que sei sobre Mohammed, Idriss e Souleymane é o que Sophie contou, mas ela não conhecia os novos Mohammed, Idriss e Souleymane, os soldados do EI. Ela conhecia os meninos que cresceram juntos e que cuidavam uns dos outros quando pequenos.

"Assustada, me perguntava como pudera chegar àquele ponto, dependendo de desconhecidos, fugindo para salvar minha vida e carregando meu filho adormecido, em um país de guerra." – página 10

Este livro é uma coisa incrível, é um depoimento triste e assustador que nos faz sentir raiva por saber que realmente aconteceu, e que pode estar acontecendo com várias pessoas neste exato momento. Fico feliz em saber que Sophie e Hugo escaparam, mas triste ao imaginar quantos não conseguiram o mesmo, e mais triste ainda ao imaginar quantos se renderam ao EI e que gostaram das atrocidades que o grupo comete.

Infelizmente, esta é a realidade de milhares de pessoas no mundo, e não há nada que possamos fazer para mudar isso. Espero do fundo do meu coração que Sophie (pseudônimo usado pela mulher, para evitar retaliações do EI) esteja bem agora, e que sua história inspire e impeça que outros façam o mesmo. Mohammed, Idriss e Souleymane não eram os mesmos, eles tinham mudado, mas Sophie não havia percebido isso. Não tinha como, ela confiava naqueles meninos, e tal confiança quase causou sua morte e a de Hugo.

"Concentro-me em uma só meta: tirar Hugo dali. Sobrevivo por ele. Se pudesse encontrar uma solução que o deixasse protegido, aceitaria morrer com alegria." – página 91

Nas sombras do Estado Islâmico é um livro que vale muito a pena ser lido, mas é uma história tensa do início ao fim, com passagens tristes, duras e realistas que podem não agradar a todos. Só queria que o livro fosse maior e que contasse mais sobre a vida de Sophie depois de tudo o que aconteceu.


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