Açúcar de melancia

Açúcar de melancia Richard Brautigan




Resenhas - Açúcar de Melancia


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Mari Moraes 25/05/2020

Um suspiro de alívio na quarentena
Fazia muito tempo que eu não me encantava por um livro como me encantei por Açúcar de Melancia, e quando acabei indiquei pra todas as pessoas que eu pude. Meus olhinhos brilhavam toda vez que eu falava desse livro. Sendo assim, o que eu tenho pra apresentar aqui, é menos uma resenha e mais uma trajetória minha com açúcar de melancia.

Vamos lá, conheci o livro por causa de Harry Styles, mas veja bem, os dois chegaram na minha vida quase que simultaneamente. Eu nunca fui ligada à One Direction (a antiga boyband de Harry Styles), apenas não era algo da minha geração - tive minha cota de boybands no passado (BSB, N*SYNC, geração noventista). Depois a boyband acabou, Harry lançou seu primeiro album que também não tangenciou minha vida, até que dezembro de 2019 ele lançou o segundo e por indicação de amigos, comecei a ouvir. Gostei muito da sonoridade e rapidamente se tornou o álbum que eu mais ouvi no final de 2019 e nos primeiros meses de 2020. Quando gosto muito do artista ou de seu trabalho, vou logo procurando as referências, me interesso em saber exatamente o quê fez com que alguém tivesse tais visões, ideias, inspirações. E harry Styles falou, em mais de uma ocasião, que Açúcar de Melancia tinha sido uma das inspirações do seu CD (ele inclusive tem uma música com esse nome – Watermelon Sugar).

Ok, agora entra a parte do livro: Ao saber disso, e no começo da quarentena (segunda ou terceira semana de março), tratei de comprar pela internet o livro, comprei numa sexta e chegou na segunda, eu quase devorei de uma vez. Fiquei tão empolgada que comprei outra obra do autor que vende no Brasil - Como pescar truta na américa, que começou a ser vendido aqui em 2019.

Quando terminei procurei resenhas, fiquei com aquela sensação de querer debater sobre isso com alguém. Achei só um vídeo no youtube a respeito, não abordava nada de importante, vi algumas resenhas aqui do skoob, todo mundo achando a escrita infantil e achando que o livro era pra crianças. Fiquei um pouquinho decepcionada, e senti que precisava fazer justiça pelo livro incompreendido, hahaha.

Bom, acho que talvez ainda nem seja capaz de organizar meus pensamentos a respeito da obra. Vamos em partes:
O autor foi uma grande influência para o movimento hippie, que o venerava e mantinha suas publicações em suas mesas de cabeceira – como eu li em algum lugar – no entanto aparentemente o autor desprezava a comunidade hippie que emergia a epoca, a retratando em suas obras de forma marginalizada -isso fica claro 3m Açúcar de Melancia.

A outra coisa é: açúcar de melancia é um livro nonsense. Sem sentido em alguns momentos, mas extremamente sensível em outros. Em diversas passagens o livro descreve graficamente uma emoção, algum acontecimento, alguma problematização que ele quer que o leitor faça, isso é explícito de uma maneira visual, mas ele não vai te contar isso em primeira pessoa.
Outro ponto: talvez pela temática nonsense eu acabei achando a escrita bem parecida com Douglas Adams (Guia do Mochileiro das galáxias)

Enfim, se posso encerrar essa “trajetória” com uma dica, é: não tente decifrar o livro inteiro. Leia com a cabeça aberta, vai ter momentos em que ele vai comunicar mais com você e você vai enxergar além do que está escrito, e vai ter momentos que você vai falar “que viagem cara kkk”, o melhor de tudo é isso, o livro ainda tem um tom super levinho de humor, não aborda nada de uma forma que possa servir de gatilhos para alguém. Não é uma obra pretenciosa, mas faz questionar protocolos desnecessários que nos impomos enquanto sociedade, e que a vida pode ser mais simples.

No fim do livro tem uma nota da editora contando um pouco o trajeto literário do autor e explicando alguns pontos principais da obra, como a questão da euMORTE e o ID, ego e superego, mas esse é um tema que eu não domino muito para falar a respeito aqui, apenas achei que é um aspecto que agrega na interpretação do livro.

Ler esse livro foi como um suspiro de alívio na quarentena.
Recomendo para todas as pessoas que queiram ler uma coisa levinha e ainda assim se sentir entusiasmado por ter se emocionado.

Gatilho: uma personagem se suicida, mas isso é praticamente narrado da maneira que narrei agora, não faz o leitor passar por nenhum desconforto.
Louie 14/02/2021minha estante
Adorei sua resenha!
Acabei de terminar o livro (li em dois dias) e estou muuito encantada. Com vontade de já começar a reler, na verdade. hahaha
Também li por causa do Harry. Aliás, achei a lista de livros preferidos dele e essa é minha meta desse ano. Estou lendo Bukowski.
Você tem indicação de algum material sobre Açúcar de Melancia (textos, videos)? Quero me aprofundar no que eu li, criar algum contexto.


Maria 15/10/2021minha estante
Amei sua resenha concordo com tudo que disse .. perfieta assim como vc amei o livro e deverei ele em um dia(hoje 15/09/21 pq cara que livrooo




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@varaomichel 08/05/2020

Um Lugar Literário
Livro indicado por Haruki Murakami, escrito por um autor tido como o último dos Beatniks, cujo suicídio se relaciona fortemente com a temática presente na história, não tem, pra mim, o tom decadente que se pode supor. Apesar de ser apresentado como nonsense na quarta capa, eu não diria que ele não tem sentido, antes ele tem um sentido original, diferente da lógica a que estamos acostumados, há uma sequência clara. A sensação que tive ao lê-lo foi de estranhamento dos nossos sentimentos usuais porque há uma grande quebra de expectativa quando as personagens parecem pensar sempre de um outro modo antiintuitivo para nós. É um livro que, estéticamente, te leva para um lugar idílico e maravilhoso onde tudo é feito basicamente de açúcar de melancia e onde parece haver um fervor em torno da quebra da individualidade, mas que se você levar sua individualidade ao extremo, tudo bem. A inverossimilhança servindo para desautomatizar nosso modo de viver as coisas. Açúcar de Melancia se tornou meu segundo lugar literário favorito, depois de Macondo.
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Refugios das Letras 20/04/2020

A edição que li - maravilhosa, por sinal - vinha com um breve comentário de Murakami comparando o estilo do autor à Kurt Vonnegut. Deveria ser aviso suficiente para me manter longe, já que detesto nunca entendi a graça de Vonnegut. Porém, como comprei online tendo como referência uma miniatura idêntica a essa aí na esquerda, me passou batido a recomendação de Murakami: não compre, pode ter dragões.
Brautigan tem um estilo que me incomoda ao extremo: infantil. Se é de propósito ou não, não me interessa, acho ruim. Deve ter alguém que goste. E é muito estranho pensar que alguém goste de descrições infantis de assassinatos familiares ou suicídios grupais. Os capítulos, se é que podemos chamar assim, de meia página faziam meu instinto de preservação querer abortar a leitura, pior ainda quando o próximo "capítulo" só começava na outra folha! Nossa, quantos árvores morreram metade à toa. Talvez a edição não seja tão boa assim afinal.
Voltando à obra: Aqui reina o absurdo. Mas não aquele absurdo bem trabalhado, como um filme que dá vontade de ver a versão comentada pelo diretor depois... é aquele absurdo nas coxas, com um sentido tão raso (minuciosamente explicado em umas 10 páginas num posfácio, olha a dificuldade) que era até melhor não ter, pelo menos nisso o Vonnegut sai na vantagem. Sabe quando sua namorada pede pra você contar uma história para dormir e você engata num conto em que Miro, o vampiro sai pelas ruas da Tailândia procurando sangue humano temperado com molho de tamarindo? Imagino que não, mas é essa a pegada do livro.
Tem dragões, espero que esteja escrito grande o suficiente aqui.


site: https://refugiosdasletras.blogspot.com/2020/04/acucar-de-melancia-richard-brautigan.html
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Mokumura 19/04/2020

Resolvi ler porque falaram que esse livro era muito estranho, mas como era curtinho achei que podia pelo menos dar uma olhada. Fui surpreendida, é claro, fiquei perdidas algumas vezes, sem entender o que estava acontecendo, mas no final eu realmente gostei. Mesmo com aquela explicação no final fiquei um pouco perdida, mas ainda acho que entendi um pouco do que o autor quis passar.
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Lavinia 27/01/2020

"Açúcar de melancia", Richard Brautigan
"Açúcar de Melancia" é uma novela pós-apocalíptica que retrata a vida em euMORTE, uma comunidade em que muitas das coisas são constituídas de açúcar de melancia. O livro, publicado em 1968, é um símbolo da contracultura e traz muitas alegorias à vida nas comunidades hippies nos anos 60.

A história brinca com o realismo fantástico, ou seja, é muito louca. Porém, o livro nunca chega a ser chato ou difícil de ler, já que a escrita é minimalista, com períodos curtos e diretos. .

Não foi um livro que eu adorei mas ainda assim achei uma leitura válida para conhecer mais do autor, que inclusive é uma das influências de Murakami. Também, é interessante ver esse retrato das comunidades hippies. Admito que eu só quis ler o livro, porque achei que teria algo a ver com o último álbum do Harry Styles "Fine Line". Bem, não tem nada a ver, só serviu de inspiração para a música "Watermelon Sugar" mesmo haha. .

site: @sobrepaginas (instagram)
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Joice (Jojo) 31/07/2018

Autor da geração Beat demonstra que, diante do bizarro, ainda é o ser humano que choca
Eu não sabia o que esperar de "Açúcar de Melancia". Escrito por Richard Brautigan em 1968, o livro foca na fictícia comunidade de euMORTE, onde um protagonista sem nome nos conduz por um lugar onde tudo é feito de açúcar de melancia e onde o sol nasce de uma cor a cada dia da semana.

Há muitos mistérios relacionados à comunidade de euMORTE: os tigres falantes que assombravam a região no passado (e que mataram os pais do protagonista), as Obras Esquecidas, um lugar pós-apocalíptico onde se encontram objetos inusitados (e livros para serem incendiados), os túmulos luminosos e em formatos curiosos...

Apesar de toda essa estranheza, é fácil mergulhar nesse universo psicodélico de euMORTE. O chocante, contudo, é notar que mesmo com todas essas bizarrices ainda é o comportamento do homem que surpreende.

A escrita de Brautigan é às vezes infantil e às vezes fria e indiferente, como seu protagonista. É mais fácil entender a obra depois de ler sobre a vida difícil do autor (abandonado pela mãe, internado e tratado com eletrochoques contra a esquizofrenia, alcoólatra), que acabou por se matar em 1984.

"Açúcar de melancia" foi o livro mais estranho que já li, mas também um dos mais instigantes. reconheço, contudo, que não é para qualquer estante.

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Leila de Carvalho e Gonçalves 17/12/2017

euMorte
Richard Brautigan maltratou e foi maltratado pela vida. Alcoólatra, esquizofrênico e depressivo, chegou a ser preso e internado num manicômio. Em 1984, aos 49 anos, deu um tiro na cabeça e seu corpo só foi descoberto um mês depois, em adiantado estado de decomposição. Paralelamente, ele foi um um ídolo da contracultura, o último dos beats, considerado como um dos maiores escritores norte-americanos de sua geração.

Uma de suas obras mais conhecidas, "Açúcar de Melancia", foi lançada em 1968, no auge do movimento hippie, e prima pelos capítulos curtos além da escrita enxuta e infantilizada de um narrador cujo nome jamais é mencionado.

Tendo como cenário uma distopia surrealista e lisérgica, seu relato apresenta o dia a dia da comunidade onde vive e quase tudo que nela existe é feito de açúcar de melancia. Chamada euMorte ? o nome que sugere a perda da individualidade ou a morte do eu ? trata-se de um lugar mágico onde a paisagem muda constantemente e o sol nasce a cada dia de uma cor diferente. Se não bastasse, seus habitantes vivem apáticos e insensíveis nesse "Jardim do Éden pós-apocalíptico" desde que exterminaram seus únicos predadores, os "Tigres", uma bizarra alegoria sobre a perda da inocência que instiga o entendimento do leitor.

Outro desafio fica nos arredores. Conhecido como "Obras Esquecidas" seria um enorme depósito de lixo ou os destroços de uma antiga civilização? Sem dúvida, trata-se de um lugar misterioso que deveria ser deixado em paz, porém, um bando de delinquentes, dissidentes de euMORTE, anda destilando uma espécie de whiskey no local e seu efeito pode ser extremamente danoso, acenando para o clímax da narrativa.

Sem pé nem cabeça, essa foi minha primeira impressão sobre o livro. Confesso que quase abandonei a leitura, mas resolvi insistir e, pouco a pouco, a história foi tomando forma. O mais curioso é que ela permite distintas abordagens e após o desfecho, tomo a liberdade de concordar com o escritor japonês Haruki Murakami numa entrevista a 'Paris Review': "A primeira vez que li Vonegaut e 'Brautigan' fiquei chocado ao descobrir livros tão bons! Era como descobrir o Novo Mundo."

Finalmente não deixe de ler o posfácio do escritor e tradutor Jocas Reiners Terron. Nele, fica claro estreita relação entre a vida do escritor e sua obra. Aliás, esse é o melhor caminho para decifrar "Açúcar de Melancia".
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ElisaCazorla 08/09/2016

Bucólico, sombrio e apático
Para entender melhor o autor e este livro de forma geral, acho indispensável a leitura do posfácio escrito pelo tradutor Joca Reiners Terron.
Eu decidi ler este livro por causa do Joca. Gosto muito dele e ele fez muita propaganda do livro e do autor. Não sei ainda se me decepcionei. É definitivamente um livro muito diferente de tudo o que já li. É um tipo de coletânea de contos que se relacionam mas que ao final não apresenta muita coisa.
Os personagens são apáticos, perturbadoramente apáticos. A comunidade tem um líder muito estranho que é sempre obedecido e seguido. A comunidade tem rituais estranhos que faltaram descrições para que o leitor pudesse entender ou interpretar o que acontece. A morte é uma coisa muito jogada no livro. Falta narrativa! Faltam descrições. Tudo é muito jogado sem muito cuidado.
Depois da leitura nada se aproveita. Embora tenha sido uma ideia interessante, até certo ponto original, senti que faltou vontade de escrever mais para dar ao leitor uma visão melhor do ambiente e dos personagens. Muitas vezes a linguagem usada nos diálogos dos personagens é tão descuidada e tão vazia...algumas gírias me incomodaram.
O ambiente é bucólico, colorido, a história e sombria e os personagens apáticos. A mistura dessas três características muito diferentes foi a coisa mais interessante do livro. Mas, infelizmente, não foi muito bem elaborada e o autor não conseguiu construir algo muito além disso.
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Cheiro de Livro 29/08/2016

Açúcar de Melancia
“Açúcar de Melancia” é um livro BEM LOUCO. Então, antes de mais nada, mantenha a mente aberta. Publicado originalmente em 1968, a história é fruto do período da contracultura, e trata, de maneira um tanto sarcástica, da vida da comunidade que habita euMORTE, um lugar onde praticamente tudo é feito de açúcar de melancia. Bem, é isso mesmo.

Eu não sabia absolutamente nada sobre Richard Brautigan, e me interessei pelo livro inicialmente por causa da capa (compro livros pela capa, me julguem), depois porque amo melancias, e depois de ler a sinopse fiquei ainda mais curiosa porque tenho uma atração pelo surrealismo e pelo nosense. Procurei informações sobre o autor e descobri que a própria vida dele podia dar um livro. Um dos ícones do movimento contracultural dos Estados Unidos, Richard foi abandonado aos seis anos e, aos 20, pediu pra ser preso, pra não passar mais fome e frio. Tempos depois, já em um hospício, recebeu o diagnóstico de esquizofrenia e depressão e foi tratado com eletrochoques. No ano anterior à publicação de “Açúcar de Melancia”, publicou “Pescar Truta na América”, que alcançou milhões de exemplares vendidos. “Açúcar de Melancia” recebeu sua primeira edição no Brasil só este ano, pela Editora José Olympio.

Confesso que não foi uma leitura fácil. É algo pra abrir a mente e viajar junto realmente (ou eu talvez não tenha alcançado o nível de profundidade que deveria, não sei). A trama se passa em um mundo distópico e completamente surreal, onde, como eu já comentei, quase tudo é feito de açúcar de melancia. Lá os rios são pequeninos e os lugares em uns nomes estranhos, mas fora esses aspectos parte mágicos, parte curiosos, parte bizarro, tudo em euMORTE se passa como em uma cidade comum. A rotina, os dias de trabalho, as amizades, relacionamentos, tudo transcorre como é por aqui. No entanto, as coisas começam a ficar um tanto assustadoras no decorrer da história – que é contada por um narrador cujo nome nunca conhecemos -, e os personagens vão nos causando um estranhamento, um incomodo, muito maior do que qualquer aspecto estranho do local fantasioso.

Eu sinceramente terminei de ler “Açúcar de Melancia” e fiquei sem uma opinião completamente formada. Se por um lado não posso dizer que não gostei, por outro também não sei se gostei totalmente. O que eu posso dizer é que é daqueles livros que a gente lê pela experiência sentida no decorrer da leitura, pois essa sim, valeu muito. Nunca havia me deparado com uma história assim e aposto que nem tão cedo conseguirei encontrar algo que sequer seja parecido.

site: http://cheirodelivro.com/acucar-de-melancia/
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@retratodaleitora 18/08/2016

Açúcar de Melancia
Depois que todos os tigres foram mortos, euMorte se tornou um lugar melhor para se viver. Os animais praticamente dizimaram a população de Açúcar de Melancia, que conta agora com pouco mais de trezentos habitantes.

Nosso personagem principal não tem um nome comum, e no início pede para que o leitor invente um nome. Irei chamá-lo de Protagonista. Ele é um homem comum, que mora em uma cabana afastada e está trabalhando em um livro, que ainda não tem uma história de fato.

Esse personagem está em um momento de contemplação e nos apresenta aos poucos cada detalhe daquele estranho lugar, onde tudo é feito com açúcar de melancia, a obra prima deles. Pontes, roupas, construções... tudo - ou quase tudo - é feito do açúcar da melancia, e o óleo que acende as tochas e luminárias é feito de uma mistura de melancia e trutas , chamado de melantruta.

"Imagino que você esteja curioso para saber quem eu sou, mas sou desses que não tem um nome habitual. Meu nome depende de você. Me chame do jeito que quiser."

Os moradores do lugar são muito próximos e todo mundo conhece todo mundo, vivendo em harmonia. Mas euMorte já teve seus problemas, especialmente os ligados aos antigos moradores de Obras Esquecidas, uma gangue de bêbados que, uma vez, cometeram uma atrocidade... contra si mesmos.

O nosso Protagonista mistura o momento presente com alguns fatos do passado, consultando sua memória, e nos narra também como foi a morte dos seus pais, devorados pelos tigres anos antes (é comicamente trágico).

"Em Açúcar de Melancia os feitos estavam feitos e foram feitos de novo como minha vida foi feita em açúcar de melancia. Vou contar como foi, pois estou aqui e vocês estão longe. Não importa onde, a gente precisa fazer o melhor que pode. Fica longe demais pra viajar, e não temos nada aqui para viajar, a não ser açúcar de melancia. Espero que isso dê certo."

Açúcar de Melancia é um romance fantástico, com elementos da distopia. Um livro extremamente cativante, porém totalmente nonsense. Algumas coisas simplesmente não faziam sentido nenhum, mas quanto mais o autor viaja em suas descrições mais o leitor se sente atraído pela bizarrice do enredo.

Os diálogos são bem enxutos, e lembram os diálogos reais, do dia a dia. Nada é muito floreado e não temos grandes acontecimentos, apenas acompanhamos alguns personagens em dias mais ou menos comuns. Não temos grandes picos no enredo, é realmente bem linear: nada de muito exitante acontece, mas o ritmo da narrativa é rápido.

"Retiramos o suco das melancias e cozinhamos até não restar nada além do açúcar, e depois o convertemos na forma desta coisa que temos: nossas vidas."

O grande destaque do livro está, sem sombras de dúvida, na ambientação. É um lugar fictício, uma sociedade distópica onde as pessoas não possuem grandes emoções com nada, principalmente com a morte; evidentemente estão acostumados com isso.

Se eu pudesse, certamente descreveria aqui cada detalhe de euMorte, pois é um dos lugares fictícios mais interessantes da literatura em minha opinião; mas quero deixar para que você, leitor, tenha uma experiência completa nessa leitura e consiga se surpreender, como eu mesma fui surpreendida, com tanta criatividade.

É, realmente é um livro confuso, que não explica muito bem ao que veio, mas é a esquisitice da obra e as criticas, especialmente à sociedade na época em que foi escrita, que fazem de Açúcar de Melancia um livro ímpar; uma fantasia que pegará o leitor desavisado e o levará em uma viagem cuja paisagem é toda feita de açúcar de melancia.

"Tem um delicado equilíbrio em euMorte. Isso nos faz bem."

A edição possui uma capa muito bonita e a edição está caprichada. As fontes são grandes e as páginas amareladas. Não encontrei erros de revisão.


site: http://umaleitoravoraz.blogspot.com.br/2016/08/acucar-de-melancia-richard-brautigan.html#more
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Croniana 15/08/2016

Açúcar de Melancia é uma história no melhor estilo surrealista que causa estranhamento no leitor do início ao fim. Serpenteando entre os lugares Açúcar de Melancia e euMORTE somos apresentados à história desses locais e das pessoas que neles moram a partir da perspectiva de um rapaz que "não tem um nome comum", trata-se de alguém que tem seu nome definido pelo sentimento que invade o leitor no momento em que algo marcante ou mesmo banal acontece em sua vida, esse é o seu nome.

"Se estiver pensando em alguma coisa que aconteceu há muito tempo: alguém lhe fez uma pergunta e você não sabia a resposta. Esse é o meu nome. Talvez estivesse chovendo bastante. Esse é o meu nome. Ou alguém quis que você fizesse algo. Você fez. E então lhe disseram que aquilo era errado - "Desculpe pelo engano" - e você precisou fazer outra coisa. Esse é o meu nome."


Açúcar de Melancia (como local) é uma espécie de vila onde todos os moradores vivem harmonicamente, onde os cômodos da casa em que nosso narrador-protagonista faz suas refeições são à céu aberto e onde - viajem! - os dias nascem com sóis de diferentes cores. Não é exagero dizer que o livro provoca o leitor várias vezes a medida que os capítulos passam e o autor recorre às repetições de informações, às quebras da linha de narração e, principalmente, à própria bizarrice da história que vai desde um "antagonista"(?) que se chama naFERVURA até a descrição de rios de um centímetro que cortam a vila.

Além da provável intenção de chocar e provocar o leitor o autor também se permitiu encantar, há trechos extremamente poéticos na obra que nos fazem questionar qual seria mesmo a principal característica do estilo singular de Brautigan.

"[...] Segurei a mão dela. A mão dela tinha muita força por conta da ternura e essa força fazia com que minha mão se sentisse segura, mas também provocava certa excitação.Ela se sentou bem perto de mim. Eu podia sentir o calor do seu corpo através do seu vestido. Em minha cabeça, esse calor tinha a mesma cor do seu vestido, uma espécie de dourado."


Além dos dois locais acima mencionados a história também apresenta a peculiar e igualmente misteriosa Obras Esquecidas, um lugar tão metafórico quanto real para onde vão, literalmente, as coisas esquecidas; uma Margaret que pisa sempre na mesma tábua não importa a largura que a ponte tenha, apresentando diferentes opções de caminho e uma narrativa que não espera o clímax para surpreender, mas o faz através de cada escolha de palavras.

Ainda que tenha sua forma surpreendentemente original e sua narrativa sem furos não fez o meu estilo de leitura - aliás, não é mesmo o tipo de história que cai nas graças da maioria - e só por essa razão não dou uma nota maior. A diagramação do livro é ótima, sua fonte é confortável e seus capítulos curtos imprimem maior velocidade à leitura. Eu adorei a capa (na verdade foi o que me convenceu a ler o livro, AHAHAH) e mesmo que não tenha me identificado tanto com o estilo do autor recomendo a obra, principalmente se você está em busca de algo diferente, non sense e surreal, nesse caso, e talvez somente nesse caso Açúcar de Melancia esteja esperando por você para existir.


"Em Açúcar de Melancia os feitos estavam feitos e foram feitos de novo como minha vida foi feita em açúcar de melancia. Vou contar como foi, pois eu estou aqui e vocês estão longe."

site: http://www.cronicasemeira.com.br/2016/08/resenha-acucar-de-melancia.html
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Maria - Blog Pétalas de Liberdade 15/08/2016

Resenha para o blog Pétalas de Liberdade
“Não importa onde, a gente precisa fazer o melhor que pode.” (página 7)

Eu quis ler “Açúcar de Melancia” pela capa bonita (a capista Lola Vaz está de parabéns!), confesso, e também por gostar de melancia. Já está avisado nas orelhas que o livro tem um estilo non sense, e tem mesmo!

A história se passa num lugar chamado Açúcar de Melancia, onde tudo é feito de... madeira, plástico, papel? Não! É feito de Melancia! Nesse lugar, tem uma espécie de vila, uma coisa meio difícil de definir, chamada euMORTE, onde as pessoas se reúnem depois do trabalho para fazer as refeições; os cômodos desse "restaurante" são próximos/integrados com os rios e a natureza. Tem também uma espécie de lixão, lotado de coisas esquecidas, coisas sem uso, onde mora um cara chamado naFERVURA e sua gangue, que vivem bêbados.

E o narrador nos conta alguns acontecimentos do dia-a-dia desse lugar, onde, há muito tempo, havia tigres falantes que matavam e comiam os moradores, e como a população exterminou todos esses animais. Ele fala também sobre o fato de o cemitério ser dentro do rio. E há uma espécie de triângulo amoroso na trama.

"- Fico pensando por que eles sabem falar a nossa língua - ela disse.
- Ninguém sabe - eu disse -, mas eles também podem falar. Charley costuma dizer que fomos tigres há muito tempo e nos transformamos, porém eles não. Sei lá se é verdade. Mas é uma ideia interessante." (página 55)

Enfim, é um livro muito louco, a trama é uma “viagem”, que parece ter a intenção de apresentar um lugar e não de contar uma história, e eu vou ter que pesquisar a respeito por aí para ver se ela quer passar alguma mensagem, embora eu ache que não. (Se bem que, talvez, eu tenha feito uma conexão entre algo que um personagem faz e que Brautigan veio a fazer, e que pode ter sido um aviso que ele colocou na história, um pedido de socorro que passou despercebido, se alguém já tiver lido e quiser conversar sobre.) E por mais que, quem acompanha o blog, já esteja achando que eu não gostei do livro, venho surpreendê-los ao dizer que eu até que gostei. A escrita do autor é boa, é possível se imaginar nessa tal terra onde tudo é feito de açúcar de melancia, onde a natureza é integrada aos estabelecimentos e as prioridades são outras. O livro é curto, alguns capítulos tem poucas linhas, sendo possível finalizar a leitura em um ou dois dias.

"Aqui temos uma coisa interessante sobre o sol. A cada dia, ele brilha com uma cor diferente." (página 67)

Sobre a edição: capa linda (acho que é a mais bonita de todas as edições já publicadas até hoje!) e condizente com a trama, sem erros de revisão, páginas amareladas, diagramação com margens, espaçamentos e letras de bom tamanho.

E fica a sugestão de leitura para quem... é meio complicado saber para quem recomendar "Açúcar de Melancia! Na dúvida, recomendo para quem gosta de melancia. rsrs.

site: http://petalasdeliberdade.blogspot.com.br/2016/08/resenha-livro-acucar-de-melancia.html
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