Stella F.. 04/05/2021
De cão humanizado a cão selvagem
Nesse livro o personagem principal é um cão, Buck, que vive na casa de uma família grande em Santa Clara, em um vale ensolarado.
"Buck não era um cachorro de casa nem um dos que ficavam no canil. Era o senhor de tudo. Ele podia mergulhar no tanque de água ou sair para caçar com os filhos do juiz. Escoltava Mollie e Alice, as filhas do juiz, pelos longos passeios ao pôr do sol ou pelas caminhadas matinais sem destino certo".
Todos gostavam muito dele, e ele possui tarefas já predeterminadas, como sair com os filhos do casal para acompanhá-los nas brincadeiras, e ficar com seu patrão deitado perto da lareira. Vivia calmamente até que um acontecimento mudou todo o rumo de sua calma vida.
Foi descoberto ouro nas geleiras do \Norte e todos os exploradores queriam cães para ajudá-los no desbravamento do local, na ajuda com o transporte. E um jardineiro da casa, viciado, em loteria, fazia de tudo para ter dinheiro e resolve vender Buck para obter esse dinheiro tão sonhado.
Ele foi maltratado, enjaulado, sofreu muito sem entender o que queriam dele e foi se tornando um cão raivoso que ele mesmo não reconhecia.. Viajou de trem até ser entregue ao seu destino. E não foi fácil porque lá ele apanhava de porrete, a cada vez que se rebelava. Era um tipo de aprendizado.
"Percebera sem nenhuma dúvida que não teria a menor chance contra um homem que tivesse um porrete nas mãos. Essa foi a lição que aprendera para o resto da sua vida. Aquele porrete lhe trouxera uma revelação. Foi sua entrada no reino primitivo e o primeiro contato com suas leis- apenas com parte delas".
Seus primeiros donos foram Perrault e François. Seguia as regras, mas não desenvolveu nenhuma afeição pela dupla. E Buck começou a entender que estava indo para uma região muito fria. Viu a neve pela primeira vez.
Buck foi atrelado a um trenó e todos os cães andavam quilômetros para chegar a determinado local de entrega e com pequenas paradas para descanso. O interessante era a relação de Buck com outros cães, alguns mais dóceis, outros competitivos, alguns na liderança, outros sendo subjugados, e ensinados, repreendidos pelos outros cães, que levavam o trabalho a sério. E Buck resolveu que seria tão selvagem quanto o meio que o cercava. E isso o tornou meio sensitivo, como estivesse recebendo um chamado de seus antepassados, como se tivesse retornando à sua origem, como se "várias gerações de antepassados domésticos despregaram-se dele".
E seu maior inimigo era Spitz, um cão líder, e Buck passou a querer essa liderança e depois de várias brigas e desentendimentos com ele, conseguiu após uma briga fatal.
Buck até liderou uma revolta, que o fez, depois de algum tempo assumir a tão esperada liderança. Mas agora os donos mudaram. Foram entregues a um mestiço escocês e passaram a fazer entrega de cartas, sendo um serviço mais repetitivo, todo dia igual e Buck não gostava muito. Mas trabalharam muito e ficaram desgastados para o serviço de correio, então foram vendido a dois sujeitos vindos dos Estados Unidos: Hal e Charles. Eram inexperientes, não entendiam nada de cães, trenós e trilhas no gelo. Não comiam, eram excessivamente usados com muita carga dos novos donos e seu pelo enfraqueceu. Então surgiu para salvá-lo aquele que seria seu grande amigo: John Thornton.
"Mas só depois que conheceu John Thornton foram despertados nele amor fervoroso e ardente, adoração e loucura".
Sua nova aventura era explorar a área onde havia o ouro, outros já haviam estado lá e morrido, mas John queria correr o risco e levar Buck com ele, era tudo ou nada.
Mas, Buck continuava a receber o chamado da floresta, um chamado que não sabia de onde vinha, nem onde o levaria.
"Nem imaginava respostas; o chamado ia dominando-o - o chamado selvagem. No entanto, em todas as ocasiões em que o grito da terra virgem e o vulto das árvores pareciam querer conquistá-lo, o amor por John Thornton trazia-o de volta para a beira do fogo".
Lutaram com índios e Buck os venceu. Mas na sua ausência seu dono sofreu uma tragédia e a partir disso, com essa sensação de vazio, Buck retornou à floresta, pois nada mais o prendia, e junto aos seus viveu como seus antepassados, junto à natureza, completamente selvagem, não mais domesticado.
"E só então o chamado chegou a Buck de forma inconfundível. Ele juntou-se aos outros, sentou-se e uivou".