Nu e As 1001 Nuccias 24/09/2016Resenha do Blog As 1001 NucciasRESENHA DUPLA!
Resenha dupla significa apenas duas pessoas comentando sobre a mesma leitura, mas uma não influenciou a opinião da outra. Assim, teremos duas avaliações independentes,
Resenhista Nuccia De Cicco:
Contando com 9 capítulos, a obra narra a história de vida da vampira e freira Madalena que atualmente vive em um monastério. Sua história, no entanto, começa anos, séculos antes e só começamos a descobri-la mais tarde.
Madalena se acha um monstro e uma juíza ao mesmo tempo, por escolher tirar a vida daqueles que mereciam perdê-la. Além disso, sempre teve uma ligação forte com a religião, ou como ela costuma afirmar "com a vontade de ser salva".
O que mais poderia adiantar sem que fosse spoiler? Vejamos... Madalena trabalha em um hospital dentro do terreno do Monastério. Lá, ajudava a curar e a aliviar a dor dos moribundos. Infelizmente, as coisas começam a mudar quando ela: 1- é assediada pelo padre; 2- faz o padre tarado de jantar; e 3- o novo padre é um problemaço, daqueles que os vampiros não gostam de jeito nenhum.
Antes que o padre caçador possa cumprir sua tarefa, Madalena faz um pedido que não pôde ser ignorado. E então, conhecemos a fundo a sua história. E que história!
Madalena narra todo o livro do seu ponto de vista. Logo, todo o conto é em primeira pessoa, então sabemos dos mais profundos desejos e sentimentos da vampira, mas não nos aprofundamos no íntimo de mais nenhum personagem.
Achei a narrativa bem cadenciada, com muitos detalhes, mas não me senti cansada durante a leitura, nem entediada. Dá para perceber o cuidado da autora com a parte histórica do Renascimento e das épocas posteriores, além de todo o pensamento filosófico que a personagem expõe e nos faz pensar com ela.
Muito do que foi apresentado condiz com o contexto histórico, o que só acrescenta na história. Nana foi feliz ao escolher o tema e desenvolvê-lo relativamente bem, conseguindo inclusive dar o tom narrativo, tom de voz, adequado à personagem, de forma a confirmar sua educação secular. Em outras palavras, pela forma que a personagem narra, percebe-se facilmente os 400 anos de idade e aprendizados que carrega.
Em alguns pontos, a construção das orações e dos pensamentos narrativos poderia ter sido mais simplificada: achei que muitos pronomes pessoais foram repetidos, bem como algumas expressões verbais. Mas isso cabe ao revisor. Erros de digitação foram muito poucos e nenhum erro grosseiro de português.
Talvez por ter lido A Divina Comédia, do ilustre Dante Alighieri, e estar acostumada com livros clássicos de escrita rebuscada, esta leitura tenha sido boa pra mim. Apesar dos detalhes acima, a premissa é ótima e a forma como foi desenvolvida é um ponto a favor da autora. É um tema comum (vampiros), mas sob uma nova ótica. Soma-se o fato de que Madalena não é uma daquelas vampiras que se jogam, que usam da sedução a cada 5 segundos. Ela é chique, môbem.
Já tinha acompanhado o conto durante sua primeira escrita, por postagens semanais no blog Livros & Tal, então pra mim, a leitura fluiu rapidinho, li em 3 dias. Da minha parte, o conto leva 4 lindas bruxinhas.
Recomendo a quem gosta de fantasia, especialmente quem curte vampiros e também a quem é chegado a um romance.
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Resenhista Gustavo Végas:
Este escrito me deixou deveras pensativo sobre a vida atual e passada da humanidade, certamente exigiu da autora muita pesquisa nas áreas de história e filosofia, mas antes que eu possa dar a minha opinião vamos à sinopse.
O livro conta a história de Madalena que é uma freira, mas também vampira, além de ter paixão pela arte de seu tempo. Sua história se passa parte nos dias atuais, parte no século XVII, passando por pequenos detalhes de sua vida e desventuras de sua juventude e consequentemente suas escolhas equivocadas.
É bom deixar claro que ir muito além desta premissa já é spoiler e consequentemente vocês não terão a possibilidade de apreciar a obra integralmente. Mas posso adiantar que religiosos de mente fechada não deveriam ler este livro, pois ele contém assuntos delicados para a instituição da religião. No entanto, abre um caminho largo para a discussão de filosofia e qual seria o caminho para aqueles excluídos da sociedade através dos tempos. Obviamente, o fato da contradição na premissa da história se trata de uma alegoria, esta representa o ontem, hoje e o amanhã.
Outra coisa que me incomodou muito foram as descrições recorrentes dos personagens, ao menos pra mim uma vez já seria o suficiente:
"...os seus olhos verdes esmeralda..."; "... sua pele pálida... era lindo..."
Isto me tirou um pouco da história, mas abstraindo isto, seria ótimo. Mas como o meu intuito era fazer uma resenha, não poderia deixar nenhum aspecto da narrativa de fora.
No entanto, existem aspectos mais profundos e pontos de reflexão apresentados pela obra que não serei capaz de aborda-los por falta de conhecimento sobre os assuntos. São pontos polêmicos da religião e ética, incluindo estupros e a falta de virtude do ser humano. Mas creio que a abordagem da autora foi bem apropriada para a época na qual a historia se passou, por vezes penso que esta situação cabe até mesmo nos dias atuais.
Mas vamos às considerações sobre o texto:
O modo de como a escrita decorre me parece fraca, ainda que o roteiro seja bem estruturado. Os narradores e personagens falam sempre da mesma maneira. Muitos artigos depois da virgulas e "que's" dispersos pelo texto.
Ao decorrer da leitura identifiquei poucos erros na digitação que estão à disposição da autora se assim desejar, todos estes erros ortográficos eram extremamente honestos, nada que prejudique a leitura.
A motivação dos personagens foi bem construída, mas algumas ações me pareceram inverossímeis, contrastando com a maioria do texto, mas se você é um leitor iniciante não irá se incomodar com estes detalhes, nem ao menos percebe-los.
Vamos às minhas conclusões finais: o roteiro é bom, premissa excelente, mas a técnica de escrita ainda é fraca, bem como a execução que deixou a desejar.
Voz do escritor: 4,0
Roteiro: 7,0
Ambientação: 5,0
Coerência: 9,5
Capa: 8,0
Diagramação: 7,0
Então é 5,75! Em resumo: A história vale a pena apesar da técnica narrativa pouco apurada. Demorei pra completar as 60 paginas do conto por conta da falta de fluidez do texto. Espero ler os próximos livros da autora para acompanhar a sua evolução.
*Leia a postagem completa com quotes e imagens no blog.
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