Amós 13/03/2020Uma crítica ao irracionalismo e uma proposta de sociedade racional O livro Psicologia de Massas do Fascismo representa um texto que nos auxilia a compreender a realidade de nossa sociedade. Wilheim Reich foi um médico alemão que utilizando-se de conceitos da sociologia e da antropologia construiu sua carreira estudando o que ele chama de “economia sexual” e apesar das várias polêmicas e contradições em sua trajetória (incluo nisso seu flerte com as ditas pseudociências) o livro segue muito útil.
Publicado pela primeira vez em 1933, o pesquisador acompanhou a ascensão do nazifascismo na Europa e a partir desse ângulo único ele se preocupou em estudar o comportamento social das pessoas que adotavam essas ideologias tomando como contra ponto de sua análise a União Soviética e sua política sexual. Pelo correr do texto, Reich constrói argumentos de que muito do ódio utilizado pelo nazifascismo para ascender provém da frustação sexual do povo de maneira geral e de como isso se relaciona ao universo do trabalho. Aqui cabe dizer que ele estende isso ao ponto de dizer que doenças podem ser curadas pelo fim dessa frustação e de uma vida sexual mais saudável. Até onde isso é válido ou é pseudocientífico eu não sei dizer pois não sou estudioso da área, portanto irei me ater aos pontos relativos às ciências humanas
Dessa forma, seu livro corre na direção da construção de uma sociedade pautada pela “democracia do trabalho” onde o amor, o trabalho e o conhecimento deveriam ser os guias da vida cotidiana. Ele entende esse conceito como a cerne da existência comunitária e uma constante na história da humanidade. A ideia é de que as ditas “políticas irracionais” propagadas por partidos eleitoreiros, sejam de esquerda ou direita, são em grande parte desvios ideológicos da vida que falsificam a realidade. Trabalhos não vitais, guerras e a política institucional do estado são vistos como irracionais e sua ideia é de que o que realmente importa para uma vida mais feliz em sociedade gira em torno do amor, conhecimento e trabalho.
O que me trouxe a essa leitura foi saber que suas propostas se aproximavam de uma perspectiva anarquista de vida. Apesar de ter críticas ao seu trabalho a tese construída no texto muito se aproxima das experiências que já ocorreram na Espanha e na Ucrânia, pois houve a abolição do Estado e a vida giravam em torno dos conceitos citados pelo autor, apesar de essas experiências terem ocorrido anteriormente à publicação do texto. Enfim, aos interessados no livro digo que a leitura deve ser feita de maneira atenta e crítica, sempre lembrando o contexto que o texto foi escrito e o espaço onde o autor atuava. Deixo a frase inicial do livro que até agora me provoca grande reflexão: “Amor, trabalho e conhecimento são as fontes de nossa vida. Deveriam também governa-la.”
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