Pam 27/01/2017
Não desgasta, não!
Ok, a saga da Isabela-personagem poderia ter acabado no livro anterior. Já tá bem desgastada a fórmula. Pelo amor de Deus, Intrínseca, deixa a coitada da menina escrever não-ficção! Embora ela fale umas baboseiras no Twitter de vez em quando, venho digitar essa resenha com menos antipatia pessoal da Isabela depois de uns vídeos dela que eu assisti. Principalmente o dos diários antigos, em que ela aceita e se diverte com as bobajadas da adolescencia, de uma forma "adulta". Esse tom adulto dela aparece um pouco mais nos conselhos do livro. Mas a parte ficcional continua terrível!
A Isabela-personagem continua terrivelmente imatura, falando de desapego mesmo não praticando. Nesse livro, ela é convidada por um portal por causa de um blog pessoal - que expunha pessoas conhecidas dela - para ser colunista de conselhos, sem nenhuma formação, nem um mísero curso pra aperfeiçoar a escrita dela e obviamente é detestada por 90% dos seus colegas. Na redação, conhecemos Bruno, mais um homem perfeito personagem orelha sem vida própria, que aparece como um anjo para dar conselhos, a Karen (tem um erro falando sobre ela: duas vezes, a Isabela diz que ela sempre aparece com outra pauta. Pra que repetir????) a editora carrasca que no meio do livro passa a ir repentinamente com a cara da menina e o Sr Bigode, o chefe, que dá a maior bronca nela e depois, por UMA FALA, vira amigo e conselheiro, como todos os outros personagens. Esse povo não tem vida própria nem sentimentos e mal sabemos do trabalho deles. Esse é um pecado que seguiu sendo cometido em todos os livros: os personagens estão lá só pra aconselhar ou beijar ou atrapalhar a Isabela. Totalmente superficiais. Além do emprego na redação da Zureta, a Isabela está escrevendo um livro, que depois descobrimos que é o próprio "Não se apega não".
O conselho de não se enrolar aparece porque a Isabela e o Pedro estão juntos porém não muito (enfiando a lingua na garganta dele, QUE NOJO DESSA EXPRESSÃO REPETIDA 125 VEZES), porque ela acha que ele tem medo de compromisso e ela, uma mulher de 24 anos, independente e experiente com relacionamentos não tem coragem de ter uma conversa com ele pra esclarecer. A menina chega a se esconder dele na escadaria do prédio. Aí fica o livro INTEIRO variando o discurso entre "ninguém precisa de um amor pra ser feliz" e "meu Deus, vou morrer sem ele". Ela tem crises de ciúme por causa da produtora lixo dele, a Giu. Pedro, por sua vez, faz show com covers, mas em alguns momentos, tá escrito no livro que ele toca suas próprias composições. Ué?! Ele é uma espécie de Tiago Iorc, explodindo só fazendo cover, em são Paulo, como se ninguém fizesse isso, especialmente em bares, como ele. A produção (!) chega a marcar um show pra ele no Citibank Hall, posteriormente desmarcado porque ele briga com a produtora. Assim, facilmente. E o público? Sem multas?
Isabela dá conselhos sobre requisitos ideais numa relação, mas ela mesma não faz NADA disso. A personagem é totalmente incapaz de agir com alguma racionalidade na maior parte do tempo. Ela é totalmente contraditória, por exemplo: há uma parte em que ela diz que "se tem uma coisa que eu faço nesta vida é dar certo" e páginas depois ela afirma que (...)para não fazer nada de errado. Porque você sabe, sempre faço". Ué?! Dá certo ou errado?? Se foi irônica, pra que repetir?. Ela também aparece explicando didaticamente o que é um parque do Ibirapuera, a 25 de março e até o Citibank Hall, me senti no telecurso 2000. Todos amam a Isabela, parece a Rory Gilmore. Seu primeiro livro é um fenômeno e as fãs entram na livraria gritando na noite de autógrafos.
Tudo isso só pra ela conseguir se declarar pro Pedro e eles decidirem namorar. Aí o livro acaba. Vai ter continuação. A história foi bem vazia, tudo sempre se resolve facilmente, sem nenhum conflito REAL (já que é um livro com ADULTOS), o romance é chato, o Pedro dá preguiça porque...Quem é ele mesmo? Qual a personalidade dele? Do que ele gosta, além de fumar, ser galinha e música? Então: é só um falso bad boy vazio, as amigas são chatas, os conselhos, agora mais maduros, parecem jogados no meio de um livro tão bobo...
Olha, sinceramente, nem me entreter esse livro conseguiu. O anterior até teve umas partes mais interessantes, teve mais história, prendeu mais, mesmo eu não gostando. Esse aqui é o famoso filler. Acho que não é nem culpa da Isabela, é culpa da editoria mal feita da Intrínseca, que parece deixar com que ela vá escrevenvo intuitivamente e depois publicam assim mesmo, sem conferir. Espero, sinceramente, que ela acabe essa série logo e possa escrever umas coisas melhores. Até um livro SÓ de auto ajuda seria melhor. Ficção não tá rolando.
Claro, meu objetivo aqui é só dar a minha opinião e expor o que eu não gostei. Nada contra a pessoa dela. Também não sou profissional. É só um aviso pra quem estiver em dúvida se deve ler. Se você não tem paciência, assim como eu, pra um livro com essas falhas/características, não leia. Tem livros da mesma categoria melhores.