Serivaldo 20/04/2013Lembranças de vida e morteDois velhinhos, Dom Eleutério (92 anos) e Dona Conceição (86 anos) vivem em uma cidade esquecida e abandonada pelo tempo no interior do Rio Grande do Sul, à espera da morte. Além deles, somente Teodoro, o coveiro, que já cavou as duas covas no cemitério que aguarda o casal.
O texto todo é recheado de diálogos saudosistas, lembranças dos familiares e amigos que já se foram. O tema da morte permeia todo o enredo, é a morte de todos os familiares (filhos e netos), dos antigos habitantes, é a morte da própria cidade. Tudo vai se acabando, as casas, as ruas, a comida, as forças, a vida.
Os velhinhos tinham sempre nítidas, as visões de um álbum de família invisível, no qual iam revendo imagens e cenas dos entes queridos e amigos, boas e ruins lembranças.
Existem muitas reminiscências a personalidades do Rio Grande do Sul, do início do século XX, importantes personagens e políticos da história do Estado, como Borges de Medeiros, Assis Brasil, Carlos Barbosa e outros, além de referências à própria história do Brasil, à revolução de 1930, a alguns presidentes e à guerras mundiais.
Ao lermos esse livro temos a sensação de imaginarmos nossa vida no futuro, o nosso próprio envelhecimento, revendo nossas próprias lembranças e imaginando como seriam nossos últimos dias.