spoiler visualizarLois 25/10/2018
"É preciso conhecer o problema melhor do que a solução, ou a solução se torna um problema."
Começo dizendo que ainda bem que eu não tinha expectativas para esse livro, pois elas teriam sido facilmente destruídas. Aqui nós acreditamos que iremos finalmente saber de tudo, mas na realidade, não sabemos de muitos detalhes e não existem muitos fatores relevantes, o que honestamente, em dez anos (o período que se passa o livro), deveriam existir.
Foi legal poder entender como a purgação realmente aconteceu, mas achei um pouco forçado o fato de eles quatro matarem os Cranks. Por mais que eles estivessem armados, eles ainda eram apenas quatro adolescentes, sem treinamento para aquilo, enfrentando vários adultos. Eu me conformo pensando que esses adultos estavam em um estágio avançado da doença, o que possibilitaria que aquilo realmente acontecesse.
"Cranks - respondeu Tereza - Não pessoas, Cranks."
Uma das minhas partes favoritas foi conhecer o relacionamento entre o Chuck e o Thomas e saber que existia uma conexão verdadeira entre eles antes do labirinto. O que torna a morte do Chuck ainda mais dolorida, por saber que foi uma morte pensada justamente pra ver as reações do Thomas e que o Thomas apesar de ter criado um sentimento por ele dentro do labirinto, nem sequer se lembra da relação entre eles antes disso.
Também foi triste conhecer a separação entre o Newt e sua irmã, o distanciamento entre os dois durante grande parte de suas vidas. Além de saber do fim do Newt sem ao menos se lembrar da sua própria irmã. Sofrer tanto pra no fim morrer daquela forma. Aí vem novamente aquele questionamento, feito em "Ordem de Extermínio": "Se ele soubesse o que viria depois, será que teria lutado tanto pra sobreviver?"
"Vamos lá gente. Vamos ver o que tem dentro desse buraco de inferno."
Cara, eu simplesmente adoro o Minho. Ele é especial pra mim, de verdade. Sua opinião forte e própria, sua garra, sua coragem, suas atitudes, tudo sobre ele me ganhou a cada livro. Mas eu gostaria de ter conhecido mais sobre o seu passado, com certeza ficaram faltando peças aqui.
Uma das agradáveis surpresas foi saber que na verdade a Chanceler que a gente sempre ouviu falar nos outros livros e que a Brenda chega a citar em "A Cura Mortal" como sendo boa e confiável, e que nesse mesmo livro ela é passada como uma pessoa boa, na verdade é uma das piores e que ela foi responsável pela purgação e até onde as experiências chegaram. Só que vamos ser honestos, a forma como a gente descobre isso foi muito teatral (aquele chá, sério?) e pobre. Um dos melhores fatores do livro perdeu grande parte do impacto por conta da maneira como foi apresentado.
Eu ainda não sei se compro a traição da Tereza. Ainda me pergunto seriamente se o James tinha isso definido antes de começar a escrever a história ou se foi apenas uma ideia que ele teve depois, pra ter mais um motivo pra lançar o "O Código da Febre". Isso ainda me dá uma séria coceira no cérebro, por esse motivo eu preciso reler os livros para ter uma opinião melhor formada, agora que sei sobre a verdade da Tereza e do Aris, muda bastante a perspectiva das coisas. De qualquer forma, eu ainda acho que a Tereza deveria ter sido tratada com maior relevância, principalmente no último livro "A Cura Mortal", a personagem dela deveria ter ganhado mais atenção, deveria ter sido melhor cuidada, eu ainda bato na tecla de que ela foi completamente deixada de lado naquele livro, quando na verdade, (temos a total certeza nesse livro) ela deveria ter sido levada muito mais em consideração.
Eita, Thomas. Acontece algo nessa história que nunca deixou que o Thomas me ganhasse de verdade durante todos os livros e nesse, eu finalmente compreendi o porquê. É o fato de que muitas vezes ele passa de "ingênuo e devagar" para "simplesmente tapado". O que é confirmado não apenas nesse livro, mas também nos outros, e foi isso que me fez diminuir a empatia por ele em tantos momentos. Além do fato de que sua inteligência é muito mais falada do que mostrada. Mas apesar disso, gostei de saber que ele foi um amigo honesto e fiel até o fim.
"E quem vai ser o primeiro a morrer?"
"Eles não vão deixar que isso chegue tão longe, respondeu Thomas. Não tem como."
Me incomoda profundamente saber que o Thomas simplesmente esqueceu isso tudo. Saber que ele esqueceu todos esses momentos com a Tereza, com os amigos, com a família e que mesmo se ele recuperasse a memória, ele não saberia da verdade completa. Incomoda quando ela promete que eles irão sobreviver. Na verdade, o livro todo incomoda (e quando uso o verbo incomodar, quero dizer que nos dá aquela coceira dolorida, aquela "pena", aquele apertinho no coração) exatamente por isso: saber o que cada um deles irão passar a partir dali, o quanto cada um irá sofrer, muitos até morrer, e tudo isso sem ao menos ter as próprias memórias para confortar. E isso é que o incomoda acima de tudo, acima do sofrimento físico que eles passaram.
"Eu vou salvar você, Newt. Eu vou salvar até o último de vocês."
E aí, o CRUEL é bom? Na situação atual do livro, depois de todo esse caos com o mundo, com a possibilidade da extinção da raça humana, é realmente admissível e politicamente compreensível o que eles fazem com as crianças? Mesmo que seja por um "bem maior"? Até onde "tudo pela cura" é aceitável?
"Eles vão pegar seu cérebro no fim. Eles vão removê-lo, olhar para ele por algumas horas e, provavelmente, comê-lo. Vocês deviam ter fugido quando tiveram a chance."
No fim das contas, terminei mais de trezentas páginas sem muitas coisas acrescentadas e sabendo que muitas coisas ainda estão faltando. Mas a partir de agora definitivamente prefiro completar os espaços vazios com a minha própria imaginação, então por favor James, por mais que eu adore essa história, pare, porque não está saindo nada de bom nos últimos lançamentos. O fato positivo desse livro foi a vontade que me deu de reler a saga, pra visualizar melhor as atitudes dos personagens, agora sabendo o que realmente aconteceu e matar um pouco da saudade, é claro.
"Eles nunca vão encontrar uma cura. E nunca vão parar."
Mas novamente, repetirei o que provavelmente já disse em todas as outras resenhas: Eu adoro a série. Os dois primeiros livros são os meus queridinhos. Eu adoro porque eu comprei a ideia do James, eu adorei essa ideia de distopia, do desastre do Sol, do caos, da doença, da insanidade e acima de tudo adorei os questionamentos feitos nessa história. Infelizmente ela foi executada pobremente em alguns fatores, mas ela nunca vai deixar de ter seu brilho. Sempre vou lembrar, apesar de tudo, dessa história e desses personagens com muitíssimo carinho.
"Thomas olhou para os da esquerda. Para os da direta. Eles eram todos diferentes, e ele tentou se concentrar na única coisa que fazia de cada um deles um indivíduo: um rosto, cabelo, biótipo. Porque em todos os outros aspectos eles tinham se tornado um só. Uma massa ensandecida de loucura, completamente inconscientes dos próprios atos."
Nota: 3.0