Enquanto houver champanhe, há esperança

Enquanto houver champanhe, há esperança Joaquim Ferreira dos Santos




Resenhas - Enquanto houver champanhe, há esperança


7 encontrados | exibindo 1 a 7


Angelica75 05/12/2023

Borogodó "comme il faut'.
Biografia do jornalista/colunista que foi muito além do colunismo social. Com detalhes deliciosos de ler, um passeio por um RJ dos anos 1960 até meados dos anos 1990.
Mais do que simplesmente registrar jantares, batizados e casamentos do ‘grand monde’, Zózimo frequentava a elite empresarial, política e intelectual para noticiar os bastidores da vida do País.

Assim como Millôr Fernandes, a certa altura Zózimo começou a cunhar frases, tais como:

• Quem pensa em dinheiro não ganha dinheiro.

• Hoje quase não há mais famílias, só pessoas jurídicas.

• Novo-rico me incomoda muito, mas novo-riquíssimo me incomoda muito mais.

• O Nordeste bota turista pelo ladrão. O Rio bota ladrão para turista.

• Viver bem é você ter um tipo de pretensão do tamanho do seu bolso — mesmo com o risco de ficar a um passo da inadimplência.

• O problema de Brasília é o tráfico de influência. O do Rio é a influência do tráfico.

• Epitáfio de um hipocondríaco: “Eu não disse?”



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@somegood.books 07/09/2023

Enquanto houver Brasil, há esperança
#LeituraFinalizada em um longo e muito bem preenchido tempo. ???

Logo que mudei para o rio, lembrei que tinha na estante essa biografia sobre um de seus mais marcantes personagens, Zózimo Barroso do Amaral, e comecei a leitura pensando no quanto seria interessante conhecer a cidade pelas duas vias, como moradora e pelo olhar atento desse que foi um de seus maiores admiradores e críticos.

Durante os longos meses que se passaram, percebi o quanto acertei nesse pensamento. Além de passear pela história do Rio e do Brasil, pude também conhecer melhor esse homem cheio de falhas, de humores, de vícios e de vontade de ser mais, de ir além, como somos nós todos.

Zózimo tinha como missão levar sorrisos às manhãs de seus leitores e, pelos trechos primorosos que li nesse livro, acho que ele conseguiu bem mais que isso. ??

Uma leitura pra ler, reler e sorrir sempre. Sensacional mesmo.
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Biblioteca Álvaro Guerra 09/03/2022

Ótima biografia de Zózimo, e mais que isso uma perfeita análise do jornalismo brasileiro (e especial o carioca) desde os anos 60. Muito bem escrito, o texto é fluido e preciso, com humor na medida certa. mesmo em meio a eventos mais pesados.


Livro disponível para empréstimo nas Bibliotecas Municipais de São Paulo. Basta reservar! De graça!


site: http://bibliotecacircula.prefeitura.sp.gov.br/pesquisa/isbn/9788551000151
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Luiza 05/02/2020

Zózimo e o Rio apaixonam... comme il faut !
Do começo ao fim, a biografia me fisgou e, ao longo da leitura, me diverti, me surpreendi, ri e chorei.
Ah, sim, como CHOREI quando a vida do jornalista termina!
A narrativa é fabulosa, é possível ver as "cenas" desfiando quadro a quadro... como um filme saboroso do Rio! O escritor nos pega pelo coração e nos conduz a uma viagem nostálgica, começando pela década de 40 e seguindo até os anos 90 da Zona Sul carioca.
É um passeio recheado de carioquices, que nos aproxima intimamente de Zózimo e seu universo: o jornalismo, o saudoso Jornal do Brasil, a Zona Sul do Rio de Janeiro, o carnaval, as festas e a política, os restaurantes, boates e bares, os amigos e as mulheres, a ditadura e seu final... Um passeio bonito, como um fim de tarde de verão na Lagoa, onde Zózimo pedalava.
Aqueles que viveram essas décadas com certeza se emocionarão, como eu me emocionei em todos os sentidos. Senti saudade do Rio! Saudade do que vivi, e também das coisas que não vivi - mas das quais senti os reflexos nos anos da minha juventude.
Agradeço ao Joaquim pelos 30 anos pesquisando e entrevistando personalidades para compor essa obra linda... Não imaginava que ela me abraçaria dessa forma tão terna e única. Termino o livro apaixonada por Zózimo e ainda mais pelo meu Rio e suas personagens, comme il faut... ♡

TRECHO SELECIONADO:

O português do botequim da praça Mauá do Rio já tinha visto de tudo naquele cenário de malandros, putas e marinheiros, mas lá estavam à sua frente, em 7 de setembro de 1985, cinco homens vestidos de militares americanos. Só usavam o inglês para pedir cerveja. No resto do tempo conversavam em português. Gargalhavam. Alguns, ligeiramente barrigudos, não tinham o physique du rôle necessário para integrar uma corporação militar — mas quem é que perde tempo com essas estranhezas no cais do porto? O portuga foi colocando na mesa as cervejas, mais de uma dúzia delas.

O gaiato pelotão de oficiais americanos era formado pelo psicanalista Hélio Pellegrino e os jornalistas Alfredo Sirkis, Fausto Wolff, Alan Riding e Zózimo. Estavam vindo de um quarteirão adiante, um galpão abandonado cedido para as filmagens de Tanga — Deu no New York Times?, a primeira e última aventura do cartunista Henrique de Souza Filho, o Henfil, como diretor de cinema. O grupo participava do filme no papel de um comando militar americano. Tinha ido parar no boteco porque o diretor, a pretexto de botar ordem no set, proibira a circulação de bebida durante as filmagens. “Eu não sou lavanderia para trabalhar a seco!”, teria gritado Fausto Wolff no estúdio, liderando a revolta. Rebeldes com uma causa, todos marcharam rumo ao botequim democrático.

A cena podia estar no filme — uma alegoria amalucada sobre as ditaduras do Terceiro Mundo, passada na miserável e fictícia ilha caribenha de Tanga. O protagonista, o ditador Herr Walkyria, como ato primeiro acabara com todos os jornais e deixara circular em Tanga apenas o New York Times — na verdade, um único exemplar, o do palácio. Só ele lia. Depois da leitura, feita numa privada-bunker, o ditador queimava as páginas. Do lado de fora, os sete grupos guerrilheiros que lutavam pelo poder tentavam decodificar as notícias segundo o volume e a cor da fumaça que saía pela chaminé do banheiro.

A ditadura brasileira estava chegando ao fim em 1985 e o filme, realizado alguns meses após a morte de Tancredo Neves, ocorrida em 21 de abril de 1985, cravava uma multidão de referências ao que se passara nos anos de chumbo. O New York Times havia sido a tribuna internacional na qual grupos brasileiros de oposição publicavam notícias sobre tortura. A base do filme era real. Henfil, na ditadura, passava para o jornalão americano os nomes de presos políticos, e só assim os advogados, de posse do exemplar, podiam entrar com um processo de busca de paradeiro, evitando que opositores do regime sumissem, mortos, nos porões. Entre verdades e mentiras, a comédia maluca seguia. Os militares de Tanga vestiam-se de cor-de-rosa. Herr Walkyria dormia abraçado a um urso de pelúcia. Finalmente dava para rir dos generais, e Henfil, censurado por eles, agora aproveitava.

Zózimo se relacionava bem com Henfil, seu colega de Jornal do Brasil. As tiras da Graúna, dos fradinhos e do bode Francisco Orelana por muitos anos saíram no Caderno B, em alguns momentos na página 4, no verso da coluna, e Henfil gostava de brincar dizendo que os dois (um mostrando a burguesia e o outro, os seus adversários) espelhavam bem o pluralismo do JB. O humorista era popular por causa de seus personagens, tirados das histórias do povo brasileiro, mas não era populista. Zózimo, colunista social, também não combinava com o estereótipo clássico do elitista. Os dois se identificavam nessas estranhezas.

Topar o projeto valia pela amizade com Henfil e pela nostalgia daquela noite, tempos atrás, como ator do Grupo de Orla. A turma tão heterogênea, inteligente e beberrona também garantia gandaia. O único convidado que relutou foi Alan Riding, correspondente do New York Times, preocupado com o que a matriz de seu jornal pudesse achar. Como soaria aos americanos um jornalista sério no meio daquela pândega? Era das boas piadas de Henfil, embora decifrada por poucos. Para Zózimo, a experiência com Tanga não rendeu um tostão e lhe custou o feriado de 7 de setembro. Mas foi divertido.

A cena em que aparece, de três minutos, tomou-lhe um dia no set. Nela, Fausto Wolff, o general do Pentágono, descreve para seu colegiado de milicos o perfil da ilha de Tanga, representada na reunião pelo sobrinho do ditador, um certo Kubanin (Henfil, em aparição no estilo Hitchcock). Tanga quer apoio para enfrentar guerrilheiros e os generais serão enviados com suas tropas. “É uma ilha tão grande quanto o Brooklyn, sem médicos, sem Congresso”, vai narrando Wolff num inglês de acento londrino, escandindo sílaba por sílaba. Sentados à mesa de reunião, Zózimo e demais militares ouvem. De vez em quando são varridos em close, como se o diretor quisesse escancarar o incrível casting. “A pesca alimenta o povo com peixes e o Estado com lagosta e camarões. É uma ilha com 99% de analfabetismo, com a maior mina de tangaína do mundo.” Nesse momento, coreografados, Zózimo e todos os militares da mesa acendem cigarros com movimento semelhante de isqueiros.

“Eles precisam de armas americanas para interromper a ofensiva comunista internacional de sete grupos guerrilheiros”, continua o personagem de Fausto Wolff. “O Partido Comunista Tanganês, o Ação Paranoica Radical, o Pentelho Luminoso” — em nova marcação cênica, os militares caem na gargalhada. “O Paralelo Zero”, continua Wolff relacionando os grupos, “a Vanguarda da Vodca Sectária, a Liga da Mulher Ideal e a Ação Insurrecional Democrática Sexual, AIDS.” Dito isso, a câmera mostra a mesa vazia. Apenas um vento sopra nos papéis que estão sobre ela, informando que, diante das quatro letras — o terror mundial de 1985 —, Zózimo e os colegas militares tinham dado no pé.

Acaba aí a participação de Zózimo em Tanga, um filme que passou como um raio nos cinemas e não entusiasmou o YouTube, onde tem registrados, na íntegra de seus noventa e seis minutos, cerca de 3 mil cliques em maio de 2016. A comédia política ficou confusa em sua profusão de metáforas, querendo passar para a Tanga fictícia o que tinha acontecido no Brasil. Tem ótima música de Wagner Tiso, o ator Rubens Corrêa como Herr Walkyria e outras atrações do surpreendente elenco, como o cartunista Jaguar num papel de bêbado, sempre olhando para fora de uma janela do castelo e perguntando: “E se os marines desembarcam?”

Hemofílico, Henfil morreu de aids em janeiro de 1988, logo após a estreia do filme, e virou notícia na página de obituários do New York Times. Dá para rir em alguns momentos do filme, mas seria melhor se ele tivesse colocado na tela algumas cenas dos bastidores, como a do fim da jornada de Fausto Wolff, Hélio Pellegrino, Alfredo Sirkis, Alan Riding e Zózimo. Eles voltam do bar do português na praça Mauá ligeiramente bêbados para continuar a filmagem. Henfil vira-se para a turma e diz: “Como é que eu posso filmar com esses irresponsáveis?”, e, pano rápido, todos caem na gargalhada.

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Celso 25/03/2017

Nada de espumante, por favor.
Enquanto Houver Champanhe, Há Esperança trata-se da biografia do jornalista Zózimo Barrozo do Amaral, sendo uma verdadeira aventura sobre o universo carioca e de um Brasil em alta transformação dos anos 1960 ao fim dos 1990. Escrito pelo também jornalista Joaquim Ferreira dos Santos, cheguei no volume de quase 700 páginas naquelas minhas peregrinações pelas livrarias a fim de fotografar capas de possíveis e futuras investidas literárias.

Enquanto Houver Champanhe é uma imersão em um estilo de jornalismo e de "colunismo social" (vão aspas aqui, pois tal denominação pode ser questionável, reduzindo um estilo a simples fotos de personalidades em festas e bailes) que se criou e ainda resiste nos poucos veículos impressos que temos no país. Mas, para quem é da época que os jornais diários eram quem traziam as novidades e "furos" para casa, Joaquim traz um relato fascinante de quase três décadas, sua sociedade, costumes, política e tipo de jornalismo feito aqui.

Enquanto conhecemos sobre Zózimo vamos percebendo a transformação de um país que em tão pouco tempo deixou de usar black tie e falar francês e passou a se juntar em boates e a imitar a turma do Tio Sam. Também está ali um Brasil que vai da opressora ditadura perversa a democracia corrupta.

Assim como a crônica diária é um estilo próprio na literatura brasileira, o "colunismo social" com notícias de todo o tipo, desde fotos de madames a furos sobre esportes, política e até mesmo economia, Zózimo foi o grande expoente deste estilo. Por isso, na leitura é possível dar boas e altas gargalhadas com sua verve ácida e bem humorada.

Ah, também era um Brasil menos chato e sem esta onda do politicamente correto que permitia algo assim: "-Consta que depois da operação, Roberta Close vai mudar de nome. - Vai se chamar Roberta Open."

Distante do Rio de Janeiro, acompanhei o colunista Zózimo em algumas entrevistas em revistas, jornais de grande circulação e programas de tevê, por isso a escolha do livro foi, antes de mais nada, a possibilidade de navegar por assuntos variados e aparentemente fúteis, mas que retratam tanto sobre a sociedade e o próprio jornalismo (afinal, fiz um ano deste curso!).

Tenho ainda verdadeira admiração pelos escritores-biógrafos como Ruy Castro e, aqui, Joaquim Ferreira dos Santos. Um volume com tantos detalhes, escrito após horas e horas de entrevistas e pesquisa me parece ser sempre uma feliz investida. Elaborado em capítulos curtos, mesmo narrado a partir de uma uma cronologia dos fatos é curioso como o autor propõe alguns temas e detalha em diferentes fases do mesmo Zózimo que foi do porra-loca ao quase budista, antes de falecer com câncer em 1997.

Recomendo, com certeza, Enquanto Houver Champanhe para quem gosta de boas histórias envolvendo pessoas que cruzamos ou assistimos ainda por aí. Fundamental para estudantes de Jornalismo (se ainda existe algum!) e para tantos "colunistas" espalhados por esse país que ainda enchem jornal com fotos de pessoas desconhecidas e fazendo aquele colunismo que já acabou na década de 70.


site: www.eurbanidade.blog.br
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KV 16/03/2017

Ta cada vez mais down no high society
Adorei a biografia. Muito mais que saber sobre a vida do colunista que foi a cara do Rio de Janeiro, da ascencao a queda da alta sociedade carioca, o mais incrivel nesse livro e o estilo da narrativa do autor Joaquim Ferreira dos Santos. Ele imprimiu o estilo Zozimo no seu proprio texto, pelo menos assim me pareceu. Sinceramente, muitas vezes fiquei achando que era o proprio Zozimo quem estava escrevendo a sua propria biografia. Um deleite. Sen-sa-cio-nal!
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Felicity 11/02/2017

Enquanto houver champanhe, há esperança
Este livro me surpreendeu , pois não é somente uma biografia é mais que isso, a narrativa é envolvente, foi um prazer ler o livro.
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