Driely Meira 16/11/2017
Encantador e envolvente
“Não havia espaço em mim para o ódio quando eu queria apenas o amor.”
Durante anos, Celina viveu uma vida miserável onde mal tinha o que comer, vá dizer um bom lugar seguro para dormir. Mas agora que se casou com o riquíssimo deputado Ramon Moura Lenox, ela tem esperanças de que viverá a vida que sempre sonhara: como uma rainha, ao lado do homem que amava e que a amava da mesma maneira. Só que o romantismo com o qual ela tanto sonhara foi se dissolvendo aos poucos, à medida em que o tempo foi passando.
Quando Celina e Ramon voltam da lua de mel (que não durou praticamente nada, graças aos compromissos dele), ela percebe que vai ser difícil conviver com os filhos do marido, que parecem odiá-la. Drian e Lya não medem esforços para deixar claro o quanto desgostam da nova madrasta, mas para Celina aquilo não importava. O importante era que ela estava casada com o homem que amava. Mas por que eles dormiam em quartos separados, e por que ela não podia demonstrar afeto por ele quando não estavam juntos?
Confesso que, quando comecei a ler Proteja-me, eu não tinha lido a sinopse. Na verdade, eu tentei escolher entre os vários livros que tinha da Josy Stoque no tablet, e acabei me decidindo por este por causa da capa...hehe’ Mas aí eu comecei a ler e acabei não me envolvendo muito com a história, pois já no início fica claro que o relacionamento entre Celina e Ramon é um pouco, digamos, apimentado... E isso me assustou um cadinho. Meses depois, ao perceber que eu estava (vergonhosamente) negligenciando a parceria, decidi voltar a lê-lo, e não é que gostei?
“Eu me senti tão bem com aquele gesto que todo o pavor finalmente foi embora. Livrei-me da dor, do desespero, da agonia. Só restava meu marido e eu, duas pessoas que se amavam. Eu não podia estragar aquele amor com meus atos e pensamentos perversos. Cabia a mim nunca mais levar problemas ao nosso casamento.”
No início eu não entendia os motivos de Celina aceitar tal tratamento da parte de seu marido (ele a tratava como se ela fosse um mero objeto disposto ali para servi-lo), e muito menos como podia repetir, muitas vezes, que ele era um homem justo que só queria cuidar dela. Eu cheguei a querer estapeá-la para ver se ela percebia a borrada que estava cometendo, e visse que não merecia ser tratada como lixo. Ninguém merece. E sentia mais raiva ainda quando um certo alguém tentava ajuda-la, mas ela não sentia que precisava de ajuda. Mas, ao longo da história, as autoras mostram uma face de Celina que até então o leitor não tinha conhecido: a criança sofrida que ela foi. Só então eu pude entende-la, sentir compaixão pela personagem e gostar dela. E torcer MUITO para que ela visse o quão valiosa era, como ser humano e mulher, e que merecia muito mais do que recebia do marido.
“A sensação que eu tinha era de que cada integrante daquela família morava em seu próprio quarto, e o restante da casa era um lugar público onde a intimidade não se aproximava, um lugar baseado na educação extrema e na aceitação das regras.”
Já Drian... Bom, acho que nem eu e nem qualquer outra leitora poderia ter alguma coisa contra ele...haha’ Que menino apaixonante! Diferente de Lya, que é extremamente chata (já vou chegar nela), Drian percebe que a madrasta não está tentando roubar o lugar de sua mãe, e até se compadece ao ver quão iludida ela é. Como pode achar que o tratamento de Ramon é correto? E como pode aceitar tão pouco, quando pode muito mais? Quando ele decide que vai mostrar a Celina como uma mulher deveria ser tratada por um homem, eu decidi que ele era o meu personagem favorito do livro. Só senti raiva de Drian algumas vezes, quando ele deixava a si mesmo de lado pelos outros. Mas me identifiquei nisso também...haha’
Sobre Lya.... Bem, ela perdeu a mãe bem cedo, e logo o pai praticamente desapareceu. Ramon era frio, calculista, manipulador, machista e misógino, de maneira que Lya era apenas um passe para uma aliança futura com outra pessoa influente. Dessa forma, ela foi criada por Drian, mas ele, tentando compensar o amor que o pai não dava à menina, a mimou demais. De maneira que Lya era manipuladora, mimada, chata, irritante e birrenta. Só fui gostar dela (e bem pouquinho) lá pelo final do livro. Mas tá valendo, né?
“Meu pai estava, literalmente, minando o talento de Celina, apagando seu brilho natural e fazendo-a crer que não podia ter ou ser o que quisesse. Como alguém que dizia amar o outro era capaz de uma atrocidade daquele tamanho?”
A leitura de Proteja-me foi um pouco arrastada para mim em alguns pontos, contudo, ainda assim foi um livro que eu terminei bem rápido, por estar tão entretida e envolvida na história. Praticamente devorei o livro, e quanto mais perto do final eu chegava, mais tensa me sentia. O que será que iria acontecer? Eu torcia para um final feliz, mas quando percebi que não seria 100% “e viveram felizes para sempre”, comecei a entrar em pânico. Ainda assim, as autoras me surpreenderam. Que jogada, hein? Fiquei sorrindo enquanto lia, só conto isso.
Diferente do que alguns podem pensar, Proteja-me não é um livro erótico qualquer, onde a mulher só quer agradar o homem e só então se autodescobre. O caminho que Celina percorre é mais difícil e maior do que só isso, e envolve um pouco de loucura e tentativas de assassinato também, o que só deixa o leitor mais tenso. É claro que há toda uma crítica por trás da história, seja ela sobre violência física/emocional a mulher, estupro, pedofilia e até mesmo o desejo por sempre ter mais e mais dinheiro, por valorizar o físico e deixar de lado a família, o amor e a compaixão pelo próximo. Por tudo isso, Proteja-me é um livro que não vai sair da minha cabeça tão cedo, por mais que não tenha sido favoritado ou ganhado nota máxima. É uma história que vale a pena conhecer.
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