L.Felipe 06/08/2019
CARRIE, A ESTRANHA
O livro, Carrie - título original, foi publicado em 1974 pela editora Hodder & Stoughton. É a primeira obra do atualmente aclamado e nomeado autor Stephen King, sendo ela digna de duas adaptações cinematográficas. A primeira publicada em 1976, dirigida por Brian de Palmas, a produção conta em seu elenco com um nome de grande influência, como o do ator John Travolta.
O cenário da história se passa na cidade de Chamberlain, no Maine, em meados de 1979. A protagonista Carrie White mora com a sua mãe, uma mulher completamente devota a sua religião e a palavra da Bíblia. Margarette White fazia sua filha rezar constantemente, de maneira, que se ela se arrependesse de seus pecados, teriam chances de ser absolvida e passagem para o reino de Deus.
Entretanto, a estudante do segundo grau, apenas gostaria de ter uma vida normal de adolescente, porém dona de uma personalidade desajeitada e solitária, como estaria a salva do bullying provocado por seus colegas de classe. Aos poucos, ela percebe que possui uma habilidade telecinética, que a permite movimentar objetos com o poder de sua mente, no qual se manifestavam com mais frequência em momentos de muita tensão.
Em grande destaque, há dois momentos em que ela sofre maior humilhação e que seus poderes se rebelam, logo no início da história, uma brincadeira de mal gosto provocada por suas colegas no vestiário, trazem efeitos consideráveis a habilidade de Carrie. Porém, ela não contava que em conjunto com seus poderes, crescia dentro de si um sentimento maligno que estava preste a despertar.
No segundo momento, o ápice de toda a trama, uma vingança impulsionada pela inveja e pelo ciúmes de uma colega de escola, ocasiona maior estrago que mudará a cidade de Chamberlain para sempre. Carrie é convidada para ir ao baile de formatura pelo garoto mais popular da escola, e no dia, tudo parecia perfeito, como um conto de fadas. Porém, ela não imaginava que logo tudo se tornaria uma história de terror, na qual ela é a protagonista.
É possível que exista maldade em todos nós, e há aqueles que preferem aceitar que não somos perfeitos e que a perversidade é uma característica do ser humano. Mas, para outros esse é o desafio constante de reprimir tal repugnante sentimento, cujo se esconde na camada mais profunda e sombria de nossas almas. Este era o caso de Carrie, mesmo que pressionada por sua mãe, ela lutava para alcançar certo nível de santidade. Entretanto, como uma jovem com poderes telecinéticos, poderia controlar sua raiva e ódio ao meio de tanto sofrimento e humilhação.
Em minha visão, é nítido que o autor, de maneira interessante, quis trazer um tema que ainda se faz presente nos dias atuais, em vista disso, eis uma pergunta a se fazer: quanto o bullying pode contribuir para que uma criança ou jovem perca a inocência e venha a cometer uma atrocidade contra aqueles que lhe fizeram tão mal.
Nesta obra, o autor narra a história em terceira pessoa, em uma espécie de reportagem ou documentário, utiliza passagens de livros, biografias de sobreviventes da tragédia e até mesmo teorias sobre telecinética, trecho de coluna de jornais e documentos oficiais. A leitura de início é trabalhosa, exige atenção à narrativa, que é realizada entre alguns personagens e os documentos mencionados acima. Contudo, é uma leitura rica em detalhes sobre como uma trágica história é contada em seus diversos gêneros.