Amanda 16/09/2015Carrie foi o primeiro livro publicado por Stephen King, em 1974. Com ele, o autor conseguiu sair da pobreza em que sua família vivia, ganhando no primeiro contrato incríveis 200 mil dólares. E este foi o começo de uma longa e foda carreira.
Muitos já devem conhecer Carrie White e seus poderes telecinéticos, mas tentarei não dar grandes spoilers.
Eu já tinha visto o filme de 2013 antes de ler o livro, então já sabia a história. Mas o modo que ela é escrita, é bem diferente do que o que vemos nas três adaptações cinematográficas. Carrie é o que chamam de livro epistolar – ele é contado, principalmente, através de cartas ou pedaços de narrativas que contam a história através de outros meios.
Carrie é uma adolescente deslocada em seu último ano do ensino médio. Ela sofreu bullying praticamente a vida inteira, devido ao seu jeito quieto e por ter uma mãe extremamente religiosa, com hábitos bem peculiares. Certo dia no vestiário da escola, Carrie acaba tendo a sua primeira menstruação, bem atrasada. Não sabendo o que estava acontecendo, a garota acaba sendo motivo de chacota e é atacada pelas colegas de turma, e BEM humilhada.
Essa cena quase inicial é incrível, e o que desencadeia toda a história do livro. O que as pessoas não sabem, e o que Carrie vai descobrindo através dos anos, é que ela tem o poder de mexer as coisas com a mente, apenas com a sua vontade (a Força está com ela, só que não). E esse poder é desencadeado principalmente pela sua raiva.
A narrativa do livro, do ponto de vista de Carrie, é a menor parte. Ele é todo intercalado com pedaços de jornais, com diálogos da polícia e livros que foram lançados após o Prom Night (Baile de formatura), como eles começam a chamar o dia fatídico que ocorre no final do livro.
Sue Snell é uma das alunas que humilharam Carrie no vestiário, mas, sentindo-se culpada, ela obriga o namorado Tommy a levar a garota para o baile. Ele, muito obediente, faz o que ela lhe pede. Apesar de achar que isso faz parte de alguma brincadeira, Carrie aceita, querendo mudar a imagem que todos da cidade tem dela – mesmo sob os protestos de sua mãe religiosa. Cris é a garota rica e popular que começou tudo e que sempre infernizou a vida de Carrie, e ela acaba sendo proibida de ir ao baile de formatura por causa do acontecido – mas isso não a impede de querer dar uma lição na garota.
Uma rixa de adolescentes que acaba com uma grande tragédia.
As partes que eu mais gostei com certeza foram não a história, mas os trechos de livros sobre Telecinética, como se eles ‘estudassem’ o que aconteceu na tal noite; e os testemunhos das pessoas sobreviventes. Tudo isso fez uma construção muito bacana do que aconteceu. Claro, junto com toda a relação de Carrie e sua mãe doida, Margaret.
Sobre os filmes.
Após ler o livro eu assisti a adaptação de 1976, dirigida por Brian de Palma. Este eu achei perfeitamente adaptado, com muitas cenas idênticas ao livro e, claro, algumas a mais, já que boa parte do livro não é narrando a história cronologicamente. A única coisa que não gostei foi o John Travolta como Billy, o namorado de Cris. No livro ele é pura maldade e escroto, e o Travolta não foi nem um pouco assim (e toda vez que eu via ele, eu via o Danny Zuko de Grease).
Comparando com o filme de 2013. Chloe Grace Moretz não tem nada a ver com Carrie. Carrie é aquele tipo de garota que não é notada, mas não é feia. Que é apagada, mas pode ser vista se ‘se arrumar’ um pouco mais. Daquele tipo que você olha de um ângulo e ela é feia, ai você muda de perspectiva e ela é bonita. E a Moretz é sempre linda, então não fez NENHUM sentido no papel. E a atriz de 1976, Sissy Spacek é exatamente assim, e uma atriz bem melhor. No papel da mãe religiosa fanática, eu acredito que a Julianne Moore (2013) ganhou de lavada da Piper Laurie (1976), ela é diva em todos os sentidos.
Ambos os filmes tem aproximadament 1 hora e 40 minutos, mas o maior diferencial entre eles, que eu achei, foram as cenas no baile de formatura, onde acontece muita destruição. Logicamente, a tecnologia favoreceu a versão de 2013, que fez tudo ficar muito mais foda e realista, e que também prolongou os acontecimentos. No livro diz que naquela noite morreram centenas de pessoas, mas no filme de 1976 não parece abranger algo tão grande.
Mas de qualquer modo, ambos são bons e merecem ser vistos – e o de 2002 eu vou ignorar mesmo por preguiça de ver.
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http://escritoseestorias.blogspot.com.br/2015/09/resenha-104-carrie-mes-do-autor.html