Fabio Pedreira 31/01/2018Selene e o Dragão Desde pequeno meu gênero literário favorito é a fantasia, independente do sub gênero (Dark Fantasy, fantasia medieval etc), em contrapartida um gênero que eu nunca me dei bem foi o romance. Nunca consegui me identificar com esse tipo de leitura, porém, conheço pessoas que adoram e me desafiaram a ler algo do tipo. Também pensando em dar uma chance para novas leituras resolvi aceitar. Porém, para amenizar, caso a experiência desse errado eu resolvi misturar os dois, assim, caso não gostasse da parte romântica, eu poderia analisar a parte fantástica. Será que deu certo?
Selene e o Dragão vem nos contar a história de Selene, uma jovem que teve toda sua vila queimada, sendo ela a única sobrevivente. Fugindo desse desastre ela acaba encontrando um dragão na beira de um rio, este se encontra preso por uma rede. Dragões e humanos são inimigos há muito tempo, porém, Selene é diferente e acaba libertando o dragão da armadilha, e, ao ver que ele se encontra ferido e que caçadores se aproximam, ela acaba surpreendendo mais uma vez, usando a magia para transformar Drake (o dragão) em um humano. É surpreendente pois a magia foi banida há muito tempo.
Tudo isso é logo no começo do livro, então não é spoiler. Aí eu me debato com o primeiro problema do livro. Ao libertar Drake das cordas, e passar um ou dois acontecimentos, parece que os dois já se sentem atraídos um pelo outro. Eu não sou escritor, mas, caramba, não teve um desenvolvimento sequer dos personagens, e a cada momento que passa essa atração aumenta e, o pior, usando todos os maiores clichês do romance que existem, bem naquele estilo filme romântico B da sessão da tarde. E, me desculpem, mas não digo isso pelo fato do romance, mas sim pela forma como foi desenvolvida.
O romance é tão meloso nesse livro que a autora me saiu com uma ideia que eu só pude rir quando li, porque não acreditei. Dragões CASAM, siimm, não basta todo melodrama, tem que colocar os dragões para casar também, caramba kkkkkkk. Tudo bem que a ideia da divisão de castas entre dragões é algo interessante, afinal, ocorre com algumas espécies de animais na vida real, como formigas, por exemplo. Mas dragão casar? Achei um pouco de exagero, mesmo com toda a explicação que existe depois de como funciona.
Mas, enfim, parece que estou aqui para só falar mal do livro, e não é, ele tem pontos bons. Basicamente a autora vem para nos contar uma história que nos faça perceber que, mesmo em um mundo com tantas guerras, discriminação, conflitos e outros problemas, basta que pelo menos uma pessoa tente fazer o bem para que exista esperança. Eu sinceramente gostei da mensagem, pois não é porque possa parecer que a coisa esteja feia (pois está) que nós não devemos fazer nossa parte. Além disso, outras questões também são trabalhadas, como por exemplo em relação aos desejos de vingança, que apesar de parecer ser algo que vai lhe dar prazer, no fim você só consegue um sentimento de vazio e continua um ciclo sem fim... Aquela pessoa do qual você se vingou pode ter um parente, amigo que vai querer se vingar e assim sucessivamente.
Todas essas questão são trazidas por uma escrita que felizmente também é muito boa, é leve, e conduz o leitor de uma forma clara. O livro também tem uma diagramação boa, o que não vai cansar o leitor; letras grandes, capítulos relativamente médios e outros pequenos, tudo que agiliza a leitura de suas 300 páginas. Então, no fim, para mim, o balanço do livro foi um meio termo. A autora tem potencial, tem boas ideias e boas mensagens para passar, porém, ela pecou e muito (na minha opinião) no desenvolvimento dos personagens (inclusive isso afetou a trama com um vilão sem graça e um senso de urgência que não foi transmitido para o leitor) e no excesso de romantismo (utilizando os piores clichês possíveis). Eu dou 3 estrelas para ele.
Mas, claro, eu sempre digo e vou repetir. Você, leitor, não deixe de ler, se tiver interesse, por causa da minha opinião. O que eu achei ruim pode ser extremamente satisfatório para você.
Então, até a próxima e cuidado com quem você conversa, pode ser que não seja quem você acha que é. =*
OBS: Uma observação. Parando para pensar trata-se de um livro de fantasia, então dragões casar é sim algo totalmente possível, apenas me pegou de surpresa, porque é no mínimo inusitado. Mas não vou reformular o parágrafo no qual falei sobre isso com a intenção de mostrar que reconheço um erro de julgamento. =D. =*