Mia Fernandes 17/03/2021
Blake era louco e divertido. Charles era responsável e adulto.
Maxine é uma mulher multiatarefada, consegue ter uma carreira bem estabilizada, reconhecida no meio da psiquiatria, atendendo pacientes e dando consultorias sobre traumas em crianças e adolescentes, mantém na linha três filhos – Daphne (13), Max (12) e Sam 6 anos respectivamente, sendo uma pessoa charmosa e independente nos seus 42 anos.
“Se algum dia fosse se envolver para valer como alguém de novo, sempre dizia que gostaria que fosse uma pessoa com quem pudesse contar”.
“O copo já estava cheio e, como pôde ver na terça, transbordava com facilidade”.
Diferente das mulheres da sua idade, Max não esta a procura de um namorado, de um homem. Sua vida já estava completa com o seu trabalho e seus filhos. Sua rotina é uma loucura, pois seu trabalho exige que ela vá atender pacientes de madrugada em hospitais, depois de tentativas de suicídio. Existe uma outra peça nessa vida, que é o seu ex marido e pai dos seus filhos, Blake.
Ambos se casaram bem jovens. Blake sempre foi mais divertido e solto, do que Max, que preza estabilidade e responsabilidade. Quando Blake ganhou uma fortuna num dos seus negócios, a parada desandou legal entre o casal. O lado “deixa a vida me levar” levou Blake para o mundo das festas, iates. O seu dinheiro permitiu a ele uma vida de Peter pan. Porém, isso o transformou em um marido e pai ausentes. Tanto que Sam, o caçula, não teve o pai tão presente na sua vida. E nos últimos anos, isso foi a gota dagua para Max: pois nunca sabia onde estava o seu marido, que a cada dia podia estar em Londres, Paris, Marrocos....
“Seria bom se você pudesse ficar em algum lugar onde pudesse ser localizado, só para variar um pouco. Isso é ridículo, Blake. Se alguma coisa acontece, eu nunca consigo achar você”.
“E todos, incluindo Maxine, queriam que ele fosse responsável e que ficasse em algum lugar onde pudesse ser encontrado. Nunca ficava. Não foi diferente dessa vez”.
“Ele não conseguia mais ficar parado, o mundo estava aos seus pés e nunca era grande o suficiente. Tornou-se um marido e pai ausentes quase do dia para a noite, ao passo que Maxine tentava contribuir para melhorar a qualidade de vida de crianças e adolescentes suicidas e traumatizados.”
Apesar do divórcio, ambos mantinham uma boa interação. Max não foi aquele tipo de ex-mulher que impede os filhos de verem o pai. A relação pós casamento era amigável. De um jeito que poucas pessoas entenderiam.
Blake Willians é o personagem que carrega o título do livro: Um homem Irresistível. Blake tem aquele carisma, leveza e sabe conversar e encantar qualquer pessoa. Por ter ficado rico tão cedo, ele se aposentou e agora vivia ao sabor do vento. Em festas, iates na companhia de belas mulheres. Era um homem rico, mas sem aquele alter ego CE0, seus bens, suas casas e seu barco estavam sempre a disposição da sua ex mulher e filho, quanto para amigos. O seu único defeito é ele não ter crescido e assumido responsabilidade, ficar e fincar a suas raízes.
“Blake gostava das mulheres jovens, animadas e soltas. Só queria se divertir. Não machucava ninguém. E, quando acabava, elas iam embora com joias, peles, carros, presentes e as melhores lembranças que já tiveram”.
“Era apenas um turista que passava pela vida deles, um turista charmoso. Blake era um cometa lá no céu”.
O que se pode dizer das crianças? Um doce, que se torna amargo quando seus pais começam a sair com outras pessoas. Quando Max se interessa por Charles, e Blake por Arabella. Ai, o prêmio para a bitch, vai para Daphne, que consegue ser aquela adolescente sem papas na língua.
“Arabella queria dizer que o problema era a porra da filha dele”. (Sim, o garotinha irritante, mimadinha, o centro do universo).
“As crianças ficaram bastante surpresas. Não saio com ninguém há muito tempo. Elas estão acostumadas com as mulheres do pai, mas acho que nem imaginam que um dia talvez eu tenha alguém também”.
Apesar de que tenho até que concordar com os filhos de Max. Charles é o oposto de Blake. Ele é medico, não tem filhos, é um homem centrado e que gosta de ordem. Tem muita coisa em comum com Maxine. Porém, ele detesta as crianças e algumas das suas falas para Maxine, me faziam querer voar na cabeça dele, tipo chamar ela de mulher assanhada.
“É mesmo? E onde ele esteve durante toda a vida dos filhos? Em festas e iates e caçando mulheres. Você mesma me falou que nunca consegue localizá-lo, e não é por causa de terremotos. Esse cara é um babaca, Max. E você vai dar a volta ao mundo para fazer com que ele fique bem na foto ajudando um bando de sobreviventes de um terremoto? Dá um tempo. Eu quero que ele se dane”.
Esse romance, Max com Charles, foi desenvolvido tão rápido, que o amor não me convenceu, entende? Porque mais da metade do livro, mostra Max com os seus pacientes e na rotina com os seus filhos. Em nenhum momento, a vemos como uma mulher solitária e que fosse se apaixonar assim tão instantaneamente.
Esse relacionamento é estranho e ai vemos como a vida centrada de Maxine começa a ter reviravoltas e conflitos. E além dos casos dos seus pacientes também que interfere bastante na sua falta de rotina.
“Sabe de uma coisa? Quando ficamos juntos, tudo faz sentido de novo. Mas, quando eu me vejo naquele hospício que você tem, na sua vida de novela, eu simplesmente fico maluco”.
Um homem irresistível tem um ritmo diferente do que eu estou acostumada. O inicio foi um tanto confuso, com vários personagens ao mesmo tempo. E o marasmo em fazer a história se desenrolar – o que só acontece lá pra mais da metade do livro. Os últimos capítulos, o motivo para mudar o rumo da protagonista, e é tão dramático. Que você fica “oi, como assim, você vai lá pra o outro lado do mundo, ajudar ele. Quando era você que precisava mais dele, e ele estava ai rodando os continentes?”. Isso, não é um spoiler, porque está na sinopse. E eu fiquei esperando isso o livro inteiro.
“Blake pediu algo incrível, e ela achava que não conseguiria fazê-lo. Por outro lado, ele nunca havia pedido nada parecido, e Maxine tinha certeza de que Blake estava envolvido de corpo e alma naquilo. Estava comprometido a fazer tudo o que podia, com as próprias mãos e com o próprio dinheiro. Era o tipo de trabalho mais gratificante para Maxine”.
O final já era previsível, mas eu esperava que fosse melhor trabalhado. Mostrasse que realmente que as coisas seriam diferentes, que não seria somente o desejo da protagonista.
XOXO
Mia Fernandes.