DaniM 05/01/2018
Conheço a obra de Rita, mas não sou sua fã. Sei de todo valor de seu trabalho, mesmo não curtindo-a musicalmente. Portanto, foi uma leitura desprovida de paixões. Não gostei da linguagem adolescente, dos textos por vezes desconexos, soltos, sem fios que os conectem entre si. Não gostei do modo pretensioso e prepotente com que fala de outros artistas. Me incomodou profundamente que ela fale, por exemplo, de falta de higiene da família dos irmãos Batista. Várias vezes. Em vários momentos do livro. Isso pra ficar somente do exemplo do desrespeito com uma família que a acolheu e a tratou como filha(ela mesma diz isso no livro)
Rita é um ícone da música, foi a primeira mulher brasileira roqueira de que se tem notícia, rompeu paradigmas e chutou a porta da música brasileira.
Mas quando conta sua própria história, opta por uma versão que me desagrada e não combina com a vida de que tenho notícia. Ela opta por conceder à sorte e a eventuais ajudas de paquerinhas o sucesso que obteve. Afirma não saber cantar, compor, tocar instrumentos nem dominar o palco. Chegou onde chegou porque o sucesso a perseguiu.
Rita se desvaloriza quando devia falar de boca cheia. No livro, se preocupa com fofoquinhas desinteressantes de bastidores. Poderia ter nos dado uma aula de música, composição, sucessos e fracassos, lutas femininas, crises, perseguições da ditadura e de roquenrou, mas optou por escrever - aos 70 anos - um diário adolescente. Uma pena, porque acho que tínhamos muito a aprender com ela.
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