Gabriela 26/10/2017
Eu realmente entendo porque este livro está na lista da Bravo dos 100 essenciais da Literatura Brasileira e porque ganhou dois prêmios Jabuti no ano em que foi lançado. Mas sabe aquele livro sucesso de crítica que simplesmente não faz seu estilo? Pronto, foi esse o caso. Também entendo que o estilo do autor, que utiliza a linguagem da periferia, dos malandros, com frases curtas, repetições, tenha sido bem inovador na época. Mas lido agora, o livro não tem o mesmo impacto.
Os contos, 9 no total*, retratam a vida daqueles que vivem na periferia, dos moleques que ganhavam trocados engraxando sapatos no centro de São Paulo e dos malandros jogadores de sinuca. A primeira parte, chamada Contos Gerais, tem 3 contos cujos protagonistas são homens que vivem nos bairros pobres de São Paulo, mas não são os malandros. A segunda parte, Caserna, tem 2 contos com foco nos soldados. Essas duas partes juntas representam um terço do livro e achei que os contos foram ok, não eram exatamente o que gosto de ler, mas não achei ruins.
Os outros 4 contos da terceira parte, chamada Sinuca, é que não foram muito legais, com exceção do primeiro, Frio, que foi o melhor do livro. O mais chato foi o maior (um terço do livro somente para ele) e que dá nome ao livro. Tive que me forçar a terminá-lo, não podia abandonar o conto mais importante do livro, né? Francamente, eu estava pouco me importando com o que ia acontecer aos três malandros, jogadores de sinuca, que dão nome ao conto e ao livro.
Resumindo, se você estuda literatura, se gosta de escrever ou qualquer coisa parecida, você deve ler o livro para poder ver o estilo único do autor. Porém, se não for o caso, leia o conto Meninão do Caixote, que é um conto de transição entre os anteriores e a malandragem pura de Malagueta, Perus e Bacanaço. Se gostar, deve gostar do restante; se não gostar, provavelmente não gostará do resto, então avalie bem se vai querer se "arriscar".
* Na edição de bolso da Cosac Naify. Segundo a editora, eles usaram como base a edição de 1975, que foi a última revista pelo autor.
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